Talita escrita por Haruka hime


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Já era final de tarde e Talita acabara de chegar a casa. Estava chovendo e pela janela da sala podia ver praça da cidade. O sol alaranjado e as gotas de chuva proporcionavam uma bela visão à garota que parou para admira-la.

Seu pai a despertou do sonho e a ajudou com as malas. Ela voltava de viagem e estava vindo morar com o pai já que era mais perto da universidade em que estudaria. Prestara prova para psicologia e passara com a pontuação desejada.

— Pai – perguntou sentando no sofá da sala. – acha que eu vou me sair bem nessa faculdade?

— Claro que vai filha. Não paguei uma escola particular e uma matricula tão cara para você desistir no meio do curso, e você também é inteligente o suficiente para levá-lo numa boa.

Sempre direto, era uma das características que ela gostava no pai. Nunca a enrolava, sempre dizia sim ou não. Ele levou suas coisas para o quarto e voltou a cozinhar. Preparava uma lasanha para a filha que pela expressão aprovou a comida.

Morava num apartamento de luxo que seu pai tinha comprado como presente à sua mãe no aniversário de cinco anos de casado, antes de se separarem. A mãe de Talita era arquiteta e nos fim de semana levava a filha para aulas de balé.

Talita foi para o seu quarto arrumar suas roupas. Da janela pode ouvir um toque. Era o som de uma guitarra que tocava Speed of Lights do Iron Maiden. Ela gostava da banda, mas não gostava muito do estilo musical. Curiosa, ela olhou pela janela e encontrou no prédio ao lado um rapaz que tocava vivamente. Pulava, rodava e jogava seus cabelos castanhos que passavam um pouco dos ombros.

Riu com a situação. Quando a musica terminou ele estava ofegante. Olhou para a janela e seus olhares se cruzaram, mas rapidamente ela desviou o olhar. Ele apenas fechou a janela.

“Que vizinhança agradável”, pensou. “Espero que ele não toque a noite também”

Para sua sorte, ele não tocou mais. Ela colocou uma música suave e foi ler o manual do estudante entregue pela universidade.

***

Antoni tomou um banho e resolveu jogar algo. Escolheu um game entre vários que ficavam na estante, organizados em ordem de preço, mas acabou por jogar uma Control Striker no computador que ficava na sala. Depois muito tempo jogando, se deu conta de que já passara da hora de dormir.

Quando se deitou, lembrou-se da garota que o olhava pela janela. Nunca a tinha visto, mas certamente conhecia o dono do apartamento. O senhor Edward era um de seus clientes mais fiéis. Sempre prestava algum serviço, desde consertar o computador até desenhar para ele.

— Chega por hoje, melhor eu dormir.

***

No outro dia, Talita acordou animada. Arrumou os cabelos castanhos num coque. Colocou uma saia roda pastel até os joelhos, uma camisa branca e resolveu ir conhecer o prédio onde estudaria. Como a universidade que escolhera era particular, o dinheiro que entrava mantinha os onze prédios que a formavam.

Antes de sair, reparou nos quadro que seu pai colocou nas paredes do corredor. Eram todos muito belos e abstratos. As cores vivas como vermelho, amarelo e laranja eram predominantes na maioria deles e, frequentemente, se mesclavam ao preto. Pensou que, quando aprendesse, poderia traçar o perfil psicológico do autor por meio daquelas pinturas. Na assinatura leu “Tarpud”.

— Pai quem fez esses quadros aqui do corredor?

— É Antoni Duprat. – gritou da cozinha.

— Mas por que assina como ‘Tarpud’?

— ‘Tarpud’ é Duprat ao contrário.

— Ahh, você o conhece?

— Sim, todos os quadros da casa foi ele quem pintou. Alguns eu comprei, outros eu ganhei dele. Ele mora no prédio ao lado e sempre me ajuda com algo – ele veio ao corredor para falar.

— Uau! – ela o olhou. –Bom, vou indo.

— Boa sorte. – ele beijou-lhe a testa.

***

Depois de muito tempo andando, Talita chegou ao prédio de psicologia. Lá ela foi conhecer seus futuros professores. Conversou com a professora Ana Lara que lhe recomendou a biblioteca, e até cumprimentou o diretor do prédio Carlos que passava por lá.

Quando entrou na biblioteca recomendada, só faltou surtar de alegria. A biblioteca era a coisa mais linda. Todas as estantes organizadas por tema e as prateleiras por nomes, os livros pareciam convidá-la a lê-los. Ansiosa, ela se perdeu em um devaneio e acabou por esbarrar em alguém.

— Desculpe – pediu imediatamente e olhou para a pessoa, mas não acreditou quem era.

Kaleo, seu antigo colega de classe, olhava para ela com o mesmo espanto. Ele estava mais alto e mais bonito. Seus cabelos eram curtos e pretos. Sua pele parecia mais morena do que ela lembrava e seu sorriso, mais bonito. Não sabia o que dizer.

— Talita? – perguntou – Que bom te ver.

— Kaleo, o que faz aqui? – ela arrumou a roupa desajeitadamente.

— Eu estudo aqui, faço o terceiro ano de psicologia. E você?

— Eu sou novata. Vou começar psicologia esse ano. Vim conhecer o prédio - sorriu um pouco corada.

— Você ficou bonita. Há quanto tempo não nos vemos, três anos?

— Três e meio. Você também está ótimo.

— E esta morando com seu pai?

— Sim.

— Ótimo! Converso às vezes com ele. Qualquer dia desses, passo lá na sua casa pra gente conversar. – deu uma piscadela – Boa sorte.

Quando ele saiu, ela suspirou. Fazia tempo que não falava com o amigo e a ultima vez que o vira, os dois se beijaram. Aconteceu numa festa, quando Talita tinha 15 anos. Ela quem dera a festa em comemoração ao boletim excelente. Infelizmente, ele estava de partida. Sua mãe havia se separado e ele escolhera viver com ela. Triste, ele pediu para conversarem a sós e acabaram se agarrando. Depois, ele só se despedira e nunca mais se viram.

Confessava que tinha uma queda por ele. Agora, já estava um homem e provavelmente teria uma namorada. Isso entristeceu a menina que resolveu voltar para casa.

***

Era quatorze horas. Antoni passeava pela praça carregando um violão. Quando não tinha que trabalhar, gostava de fazer algo relacionado à arte, desde desenhar até a tocar na praça. Era terça feira, mas como muitas pessoas ainda estavam de férias a movimentação lá era grande.

Antoni se sentou num banco perto de um quiosque. Lá havia uma família que aparentemente parava para comprar algo, um grupo de meninas e mais algumas pessoas que observavam a paisagem. Tirou o violão da capa e começou a tocar uma melodia doce. Algumas pessoas que caminhavam pararam para ouvir o rapaz que não se importou muito.

Apesar de simples, Antoni gostava quando alguém apreciava seu trabalho. Tocava desde pequeno e nunca teve a aprovação dos pais que queria decidir o seu futuro e achavam que as artes não eram algo interessante para ele.

Seus pais eram rigorosos em tudo: nos estudos, no comportamento, na aparência. Erick, seu pai, era médico cirurgião e muito sério. Dizia sempre que se fosse fazer algo era para ajudar os que precisam.

Sua mãe, Bella, era professora de ética em algumas universidades, trabalhava em período integral, mas aos finais de semana fazia alguma atividade esportiva como caminhadas, Slackline ou algo que tivesse dinâmica.

O pai queria que ele prestasse medicina, ou economia e ajudasse as pessoas, a mãe queria que ele fosse um esportista. Por esse motivo brigou com ele aos dezessete anos quando ia ingressar na faculdade de teatro. Saiu de casa e foi morar no apartamento que ganhara de presente.

Só voltou a falar com os pais após dois anos. Eles se desculparam por tentarem forçá-lo a fazer algo que não queria. Ele também se desculpou pela atitude infantil de sair de casa tão cedo.

Após tocar mais três músicas ele parou para descansar. Guardou o violão e foi até o quiosque para comprar um sorvete ou algo do tipo. Para sua surpresa encontrou Talita que pedia uma vitamina de banana. Ele pediu um Milk Shake e sentaram juntos.

— Olá, meu chamo Talita. – ela estendeu a mão

— Prazer, Antoni. – ele a cumprimentou.

— Antoni Duprat? -

— Sim, como...

— Meu pai me falou de você. Têm uns quadros seus lá em casa. São muito bonitos.

— Ahhh, então você é a filha do Sr. Edward. – Tomou um gole da bebida – Ele não disse que tinha uma filha.

— Ele parece gostar muito de você. – ela tomou um gole da vitamina.

— Eu sempre o ajudo com algo. Ele me ajudou quando precisei... Mas e você, porque veio morar com ele agora?

— Eu morava com minha mãe, mas vou começar a faculdade esse ano e aqui é mais perto.

— Hummm, vai fazer o que? – ele perguntou olhando para a garota.

— Psicologia.

— Nossa! - ele riu baixo

—“Nossa” o que? – ela perguntou franzindo o cenho.

— É que... É meio difícil alguém concluir esse curso, deve estar determinada, a maioria que começa, desiste no segundo semestre.

— Mas eu não vou desistir. – disse cruzando os braços.

— Vai fazer na Universidade Particular de Sant'Andrea?

— Sim.

— Trabalho lá.

— Você? – ela perguntou incrédula.

— Sim, por quê? – ele parecia ofendido.

— Quantos anos têm?

— Vinte nove.

— Sério, tem cara de vinte - Ela disse espantada.

Com aquilo Antoni não pode segurar a risada que a contagiou. A risada dele era gostosa o que chamou atenção de Talita. Ela parou de rir e ficou a sorrir enquanto ele se recompôs, limpou a garganta e passou a mão pelos cabelos os jogando para trás.

Antoni tinha os olhos castanhos claros e usava camisa branca. Seu cabelo estava um pouco bagunçado graças ao vento, mas não deixava de realçar a beleza do rapaz. A forma como ele olhava para a paisagem, cerrando os olhos e mordendo os lábios, tudo isso Talita reparou naquele momento e não pode deixar de pensar o quão bonito ele era.

— Enfim. – ele falou quebrando o silencio – Espero que se saia bem no curso.

— Obrigada. – ela sorriu - E você, o que faz na escola?

— Eu sou Analista de Sistemas, mas como estão faltando outros técnicos eu acabo tendo que fazer tudo sozinho.

— Humm, mas você também pinta, certo?- ela perguntou.

— Sim, mas isso é só quando tenho tempo livre.

— Ahh, sempre quis aprender a pintar, mas não tenho jeito para arte.

— Não é questão de jeito, mas sim de querer. – ele a encarou docemente.

— Gostei de falar com você, mas eu tenho que ir – ela disse se levantando – qualquer dia desses a gente se fala.

Talita deu o beijou no rosto e saiu. Sozinho ele terminou o Milk Shake e voltou para casa.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler até aqui!



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