P.O.V Cindy:

Manuela subiu as escadas com uma rapidez impressionável.

— The Flash? — brincou Noah.

— Talvez — nós rimos. — O que será que ela foi fazer?

— Só esperando para saber.

Depois de um pequeno tempo de espera, ouço um barulho de passos. Olho para a escada e vejo Manu descendo-as. Ela carrega um notebook. Eu e Noah nos entreolhamos desconfiados.

— Então... a surpresa está aqui... — diz Manuela.

— Aí? — pergunta Noah, sem entender nada.

— Claro, meu querido — uma voz diz. — Eu sou uma linda surpresa. A melhor de todas.

De onde está vindo isso?

Vendo lindos pontos de interrogação sobrevoando nossas cabeças, Manuela aponta para o notebook.

Claro! O notebook! Espera... webcam?, penso.

Manuela vira a tela – mais precisamente, a câmera – do notebook em nossa direção e percebo que uma garota loira e uma morena nos observam. Sem saber o que fazer, eu sorrio e Noah me acompanha.

— Oi, eu sou Sarah CampBell — fala a loira. — E apenas Sarah para os íntimos.

Manu ri. Consigo ver que a morena revira os olhos e que a loira que se denomina Sarah percebe o ato da colega com quem divide a tela do computador.

— E esta aqui, que adora revirar os olhos, é Kim Parker — Sarah Campbell apresenta a outra garota.

— O que você disse, Sarah?! — diz a tal Kim. Sarah apenas ri.

— Noah Crawford, prazer — Noah se apresenta e sorri.

— Cindy Antariksa — faço o mesmo.

— Kim e Sarah são minhas amigas de Athens. Achei que seria legal se conhecerem — explica Manu. — Mas, o motivo de eu ter mandado parar o jogo, é que gostaria que cantássemos juntos, já que Kim e Sarah sabem a letra...

— Vai ser demais! — diz Sarah, animadíssima. Perdoe-me, Manu, mas sua amiga parece/é uma patricinha.

— Por mim tudo bem — exclama Noah. Eu e Kim assentimos com a cabeça.

— Então, vamos lá! — fala Manu, depositando o notebook em uma mesinha da sala. Logo após, ela pega a guitarra do jogo.

Noah se posiciona no banquinho da bateria e eu pego o microfone e o controle.

— Prontos? — pergunto.

— Qual é a música mesmo? — pergunta Kim rindo.

— Mulher de Fases, Raimundos — responde Manuela. — Como nos velhos tempos.

— Como nos velhos tempos... — diz Kim.

— Bateu uma nostalgia agora... — fala Sarah e nós rimos.

— Atuais tempos. Novos tempos — revela Noah. Não tinha uma frase menos clichê, amigo?

— Não vão me responder? — digo rindo.

— Prontos — exclamam em coro. Dou play e a música começa a tocar. Noah começa com a bateria, seguido por Manu solando na guitarra.

— ’’Que mulher ruim. Jogou minhas coisas fora — começo a cantar.

— Disse que em sua cama eu não deito mais não. A casa é minha, você que vá embora — continua Sarah.

— Já pra saia da sua mãe e deixa meu colchão — Manu entra no coral.

— Ela é pró na arte de pentelhar e aziar. É campeã do mundo — Kim não continuou, então eu o fiz.

— A raiva era tanta que eu nem reparei que a Lua diminuía — como ninguém demonstrou que iria continuar, Manu canta.

— A doida ’tá’ me beijando há horas. Disse que se for sem eu não quer viver mais não — Noah, do nada, começa a cantar conosco.

— Me diz, Deus, o que é que eu faço agora?! — Sarah continua.

— Se me olhando desse jeito ela me tem na mão...?! — continuo.

— Meu filho aguenta, quem mandou você gostar... — Kim finalmente entra no coral.

— Dessa mulher de fases! — cantamos/gritamos em coro.

— Complicada e perfeitinha... — canto.

— Você me apareceu... — Noah canta novamente.

— Era tudo que eu queria... — Sarah continua.

— Estrela da sorte — Manu canta.

— Quando a noite ela surgia... — Kim canta novamente. Talvez ela seja tímida para cantar...

— Meu bem, você cresceu... — Noah canta novamente.

— Meu namoro é na folhinha — Sarah canta sorridente.

— MULHER DE FASES!’’ — cantamos/gritamos em coro novamente e Noah e Manu fazem o desfecho da música na guitarra e bateria. Não sei porque, mas não continuamos/repetimos a música. Parece que foi combinado por telepatia assim.

Quando todo o som cessa, olhamos uns aos outros e sorrimos. Fizemos um bom trabalho.

— Na próxima vez, vamos gravar — diz Manuela sorrindo.

— Então será pessoalmente — digo.

— Claro, por que, senão, como minha beleza irá aparecer?! — diz Sarah. Kim revira os olhos e nós rimos.

— Já volto! — Manu larga a ’’guitarra’’ no sofá e sai para o local que acredito ser a cozinha.

— O que será que ela vai fazer? — pergunta Noah.

— Para onde ela foi? — pergunta Kim.

— Acho que para a cozinha — respondo. — Ela foi para lá — viro a webcam para a direção que Manu seguiu, mostrando para Kim e Sarah.

— Acertou. Lá é a cozinha, se não me engano. Com certeza ela foi buscar algo — responde Sarah. — Sempre tão receptiva e atenciosa...

— Como você sabe que lá é a cozinha? — pergunta Noah com um das sobrancelhas erguidas, desconfiado.

— Manu já nos mostrou a casa por webcam, porque Sarah insistiu muuuuuuiiiito — responde Kim, com cara de paisagem.

— Ei, nem foi tanto assim! — Sarah faz bico.

— Desculpe Sarah, mas foi sim — Manu aparece na divisória da sala rindo e carregando uma bandeja com doces, sanduíches, etc. Nós rimos do comentário dela. Ela passa a bandeja para nós.

— Obrigada — digo pegando um sanduíche.

— Valeu, Manu. Você é demais! — Noah faz o mesmo, porém com muita empolgação.

— Tudo isso só por um sanduíche? — Manu ri.

— Comida é vida! — Noah ri. — Até rimou!

Nós rimos mais.

— Kim, Sarah; eu até ofereceria para vocês, mas algo me impede — diz Manu rindo.

— Esse ’’algo’’ chama-se tela — comenta Kim com uma cara de tédio. — E distância também.