Almas Presas escrita por Gregorius


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Hello,
It's me... Não sei o que falar sobre esse capítulo, só leiam.
Tô tendo muitas ideias, preciso as organizar para que não fique uma bagaceira isso aqui.



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               - Greg me espera! Greg!

Ele nem ao menos tentou fingir não escutá-la, e saiu pedalando a mil.

Kath estava perplexa quando Caliel e Bem a alcançou.

               - Ele não é mais o Greg... Caliel, o que está acontecendo?

               - Queria de saber... e se a gente falasse com a tia dele, sei lá, dizer a ela pra impedir que ele namore Florenzza?

               - Além de não adiantar nada, ele também se revoltaria conosco, ademais, não devemos nos envolver com aquela mulher, sabe muito bem o que dizem – baixou o tom de voz, como se querendo evitar que fossem ouvidos.

               - Desse jeito fica difícil...

               - Isso!

Benjamim, após ter sido ignorado por todo o tempo, deu sinal de vida.

               - Isso o quê?

               - Eu sabia que já tinha visto o cordão do amigo de vocês em algum lugar. Agora eu me lembrei aonde foi.

               - Então diz logo.

               - Foi num livro da minha mãe, tinha uma imagem, parece ser idêntica ao cordão.

               - Mas não era uma revista? Ou sei lá, um livro de história, arte – Caliel falava rápido e movia as mãos impacientemente – porque assim, os livros de história sempre trazem objetos, jóias e roupas, para ilustrar fatos, costumes, culturas...

               - Não Caliel! Era num livro da minha mãe, não sei ao certo o que é, mas é um dos livros de feitiçaria dela, porque ela é uma feiticeira... bem, na verdade ela não imagina que eu saiba disso.

Um longo silêncio. Até que Caliel o quebrou.

               - Humn... cara, sem querer ofender, mas a gente não te conhece. Na verdade você é bem esquisito, mas de todo modo foi um prazer conhecê-lo. Até mais – e tentou escapulir com Katherina.

               - Larga de ser ridículo! O que vocês dois têm? Eu aqui de toda benevolência, carisma e dentes brilhantes, tentando ajudá-los, e vocês me gastando?

               - Me desculpe Benjamim, mas tudo que você disse, não faz nenhum sentido...

               - O que não faz nenhum sentido, é você e Caliel fingirem que não se amam. – falou despreocupadamente.

A vergonha se instalou entre Katherina e Caliel, como tinta na água, e mal conseguiam se olharem.

               - Isso... isso não é verdade. – Kath gaguejou.

               - É amor! Mas tanto faz. Eu vou pegar esse livro e a gente se vê a noite na lanchonete da rua de trás. Estejam lá.

               - Ele é completamente doido – Kath falou soltando o ar, quando Bem já tinha ido.

               - Pois é, completamente pirado.

Se encararam em silêncio tentando ler os pensamentos uns dos outros, até que Kath desviou o olhar.

               - Você vai se encontrar com ele?

               - Não sei, você vai?

               - Não sei também. Não o conhecemos. Quem sabe ele seja um estuprador.

               - Acho pouco provável, só se parece um pouco lunático mesmo. Mas se ele realmente tiver esse livro? O Greg mudou de uma hora pra outra, não é normal. Acho que deveríamos ouvir ele. Ou então quem sabe falar com a Srª Krava.

               - Tudo bem, eu vou.

               - Que bom, porque você me deve uma Pepsi, lembra?

               - Não, não devo nada a ninguém. Você está mentindo – abriu seu grande sorriso e jogou os cachos vermelhos.

               - Caloteira.

Não fazia sentido a maneira como a vida acontecia. De repente, fogo e loucura, e do nada, tudo era paz e sorrisos. Era preciso ser um equilibrista para continuar vivendo.

*

Lá pelas 19h40min nós chegamos à lanchonete que Benjamim nos ordenou ir, e sua cara não era das melhores. O que na realidade era bem estranho, porque ele sempre estava tão disposto a mostrar todos os dentes da boca, num sorriso.

               - Caramba, vocês demoraram.

               - Não demoramos não – Kath o encarava como em um desafio.

               - Tá. Eu andei lendo aqui, e realmente acho que estou certo – virou o livro para nós – não é o mesmo cordão que Gregorius usa?

De fato era igual mesmo. Eu apenas olhei a imagem desenhada com riqueza de detalhes, e tive certeza, mas Kath estava lendo o que dizia.

               - Nada disso faz sentido. Que tipo de livro é esse? – ela o virou, para ver a capa.

Ele era grosso com uma capa de couro marrom e cintas também de couro, que o prendia de um lado a outro. Tinha um selo em alto relevo no centro, onde se lia. “pago com a vida” “Frida Benett.”

               - Quem é Frida Benett? – perguntei

               - Não sei, acho que é o nome da pessoa que o escreveu. É como se fosse um catálogo pessoal, com desenhos e anotações...

               - Aqui diz que esse cordão pertenceu a uma feiticeira russa, que o usou para estar na cabeça do amado, mas que acabou o enlouquecendo e o fez se jogar da torre da igreja.

               - Sim e diz também que o objeto reapareceu como a jóia da rainha portuguesa Dona Maria I, a rainha louca, que jurava ver o pai queimando no inferno até a sua morte.

               - Porque sua mãe teria esse livro?

               - Eu já disse que ela é um pouco feiticeira.

               - Não existe isso de um pouco feiticeira. Mas como você sabe sobre isso, se ela mesma não diz.

               - Ela tem esses livros e coisas esquisitas escondidas no porão e já a vi falando em línguas estranhas.

               - Isso não é possível.

               - Não é porque você não acredita, que quer dizer que não exista.

               - Meu bisavô se envolveu com essas coisas e fez atrocidades, destruiu vidas.

               - Minha mãe não é uma má pessoa, ela não faz maldades por aí. Você tem que confiar.

               - Porque você está fazendo isso Benjamim? – perguntei, porque era muito estranho, como tudo estava louco hoje.

Ele tirou os cabelos loiros cacheados da cara e olhou pra nós com olhos grandes.

               - Entendam como quiserem. Loucura ou dom, mas eu preciso estar com vocês, fazer parte disso, sinto que vivi todo esse tempo a beira da vida, introspectivo, reservado, na minha, talvez até amargurado, para que os encontrasse naquela biblioteca. E quando isso aconteceu tudo dentro de mim fez sentido, como se eu tivesse respirando pela primeira vez. Não é bom se sentir sozinho.

  Eu sei que não pode se exigir o mesmo dos outros. Só peço que me deixe ser amigo, de tê-los.

Não havia argumentos contra aquilo.

Quem é esse garoto? Porque age assim, como se implorando por amigos, como se fosse bondade nossa, gostar dele? O que aconteceu com ele?

Se realmente concordarmos em ter sua ajuda, estaríamos dispostos também a desvendar Benjamim.

Olhei para Katherina e ela sorriu nervosa, com aquela cara, que na minha mente significava: “eu confio em você, meu amor.”

               - Hum... é, então vamos falar com sua mãe.

*

               - Amendoim? Onde você esteve? Não me disse que ia sair.

               - Mãe, não me chame de amendoim na frente dos meus amigos.

               - Amigos? – nem sendo uma atriz ela seria capaz de disfarçar a surpresa com o que o filho havia dito, e era um pouco triste.

Ela se vira na poltrona e nos vê.

               - Olá, hum... seus amigos são Caliel Petrova e Katherina Moore?

               - Os conhece?

               - Conheço as famílias – ela tinha um olhar frio e postura séria, mas os cabelos compridos que caiam sobre os ombros suavizavam suas expressões. – Safira Zariff, muito prazer em conhecê-los – esse com certeza era um clichê poderoso, porque você não pode dizer que é prazeroso conhecer uma pessoa, se você não a conhece.

Safira esticou a mão em direção a Kath, que estava a ponto de desmaiar. Então eu a cumprimentei e ela sorriu brevemente.

               - Mãe, precisamos da ajuda da senhora. Acredito que um amigo esteja enfeitiçado, com isso – mostrou o livro aberto na página do cordão russo.

Por um instante  vi a senhora Zariff perder a postura de sacerdotisa, mas foi muito rápido.

               - Benjamim, me dê este livro. Não sei do que você está falando..

               - Eu sei que sabe mãe. Não tente mentir para mim. Eu sei o que a senhora é.

               - Eu realmente acho que não deveríamos estar tendo essa conversa na frente de seus amigos.

               - Nosso amigo, senhora, precisa de ajuda, se tudo isso for verdade, ele corre risco de morrer.

               - Todos nós corremos esse risco! – Se virou para nós – Um Petrova e uma Moore, que combinação... inusitada? Não. Repetitiva... perigosa.

               - Mãe!

               - Ela se vira para Ben, um pouco assustada. Acredito que não conhecia esse lado do filho.

               - Não acredito que isso seja como dizem. Esse objeto – apontou para o livro – está perdido a bastante tempo, e digo que muita gente o procura, não acho que esteja aqui. Afinal quem é o garoto “enfeitiçado”?

               - Gregorius De Lemond, sobrinho/neto da dona Aurora Krava.

Ela levantou os olhos para cada um de nós, séria, e os fechou logo depois.

               - Resolverei isso. Agora podem ir.

               - Não! O que vai fazer? Exijo participar!

Safira se moveu bem rápida com a mão na frente do rosto de Kath, lhe apontando um dedo.

               - Garota petulante! Comigo você não exige nada!

Entrei no meio delas, com os braços ao redor de Kath. Não sei ao certo o que pretendia, mas é isso que devemos fazer; defender quem amamos.

               - Eu disse que era uma péssima ideia Caliel, a feitiçaria é obra do demônio. Vamos embora, nunca devíamos ter confiado nele.

               Benjamim estava muito assustado e teria chorado. Acredito que faria isso em breve.

Sua mãe agora estava olhando para ele, com os olhos que eu nunca tinha visto antes. Tinha algo ali que quebrava tudo dentro da gente, não quebrar de uma maneira ruim, mas de um jeito que nos faz derreter aos poucos. A mulher austera jamais venceria o coração cheio de amor, que apenas as mães possuem. Ela faria tudo pelo filho, só não o faria sofrer.

               - Tudo bem, me desculpe. Isso tudo é verdade. O que vocês não sabem é que desde a chegada dele na cidade, uma energia oposta tem crescido. Era como se ele a atraísse, quando o conheci fui capaz de entender. Algumas pessoas nascem com duas almas, isso é bem raro, mas acontece, a ciência explica como quimerismo. O que digo é que esses indivíduos possuem uma energia fortíssima para a magia, como se fossem fenômenos da natureza, mas eles também podem se tornar receptáculos.

Houve um certo silêncio desconfortável.

               - Receptáculos significam o que estou pensando?

               - Sim garoto Petrova. Gregorius possui duas almas e é um bom rapaz, o que pode acontecer é que essa condição poderia ser corrompida, então ele seria um instrumento poderoso e maligno, um receptáculo para as trevas. Não estou falando incorporar demônios, estou falando em trazer o próprio inferno para cá. E se realmente  ele estiver com esse cordão, alguém já está fazendo isso.

               - Florenzza.


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Notas finais do capítulo

Obrigado queridos.
XOXO .-.



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