A minha historia começa quando faço 15 anos. Estava no início do ano, todos na escola estavam empolgadíssimos, menos eu.

Havia ali um garoto que nunca tinha visto antes, se fosse só isso não teria problema, mas ele tinha uma energia estranha, como se já conhecesse o lugar e os alunos com uma exceção, eu.

Ele ficava me encarando sem se preocupar se eu percebia ou não, simplesmente ficava escorado na coluna me encarando com seus olhos verdes. Ele estava vestindo um casaco com capuz mesmo estando em pleno verão.

Estava muito intrigada com ele me encarando ali sem mais nem menos, então comecei andar em direção dele, abrindo espaço no mar de pessoas. Finalmente cheguei perto dele, e o aluno do casaco vermelho continuava a me encarar, estava procurando por algo.

—Oi! Você é novo por aqui?

E ele respondeu com um ar triste.

— Não já estudei aqui antes, há alguns anos- ele fez uma pausa, respirou, - com você.

Fiquei surpresa eu com certeza não me lembrava dele.

— Sério? Bem, não consigo me lembrar. - pausa- como você se chama?

Ele me olhou come se pudesse ver todos os meu pensamentos. Respirou fundo, e respondeu com melancolia.

— De todas as pessoas deste local, pensava que você seria a única a se lembrar de mim. - fez uma pausa mais longa que o necessário, pensou e continuou- eu me chamo...

Priiiim.

 O sinal tocou na pior hora possível. Todos os alunos se dirigiram para perto do palco, para sabermos em que sala e com que alunos passaríamos o resto do ano.

 A chamada começou com o 1° aninho, e os professores foram chamando e chamando um após o outro. Enquanto eles chamavam eu não conseguia achar o garoto estranho.

Depois de quase 20 minutos, chegou à vez do 9° ano onde eu seria chamada finalmente.

— Alexa Cristira Gray?

 Então me dirigi à frente, fiquei esperando restante dos alunos serem chamados. Metade de mim ansiava estudar junto ao garoto misterioso, já a outra agradeceria se ele não aparecesse nunca mais.

—kiíro Shagumi?

 Fiquei surpresas, não me lembrava de ninguém com esse nome, então comecei a olhar os alunos que restavam, mas todos estavam pensando a mesma coisa que eu ‘ quem é esse cara?’.

 Chamou de novo.

—Kiíro Shagumi! Venha para frente.

 Então começou um rebuliço na parte mais afastada do palco, ele apareceu, o menino do casaco vermelho. Ele se colocou ao meu lado e enquanto os professores continuavam a chamada, ele ficava de cabeça baixa esperando ir para a sala logo.

Finalmente fomos para a sala e escolhi um lugar de fronte ao quadro, do lado da parede. Minha melhor amiga uma garota alta, cabelo longo, liso e castanho com uma farta franja que de vez em quando caia em seus olhos cor de mel. Ela também é meio fora da casinha e ama animais.

— Oi Cloe!- disse para a ela- Sente aqui- apontei para a carteira do meu lado- Como está o Macarrão?- Macarrão é um gatinho de pelo laranja com listras um pouco mais escura, ele é um filhote com duas semanas de vida, ele se chama Macarrão porquê  a Cloe é doida por essa comida.

— Obrigada- ela sentou-se ao meu lado- Sim, o Macarrão abriu os olhos há uma semana. E descobri- ela fez uma pausa dramática (ela sempre é dramática) e continuou- O Macarrão é vesgo.

— Sério?!- então Kiíro entrou na sala e continuou- Posso me sentar atrás de você?- e apontou para a carteira a qual se referia.

 Fiquei sem palavra tinha me esquecido completamente dele enquanto falava com a minha amiga. Só consegui assentir com a cabeça. Ele sentou-se e colocou a bolsa ao lado da parede e ficou fitando a mesa. A Cloe continuou a falar do Macarrão e de gatos fofos. Enquanto ela falava eu ficava olhando para ele.

 O professor entrou na sala e nos cumprimentou.

— Bom dia classe! Eu sou o professor de matemática Sr. Silvino.

 Olhei rapidamente para frente. O professor era de estatura mediana meio cheinho e o cabelo começando a ficar grisalho.

 Toda a sala o cumprimentou com um simples ‘oi’. Depois de cumprimentar ficava olhando o kiíro e divagando sobre que ele era e se falava a verdade sobre me conhecer. Assim continuou até o termino da aula.

 No lanche eu tentei achar o Kiíro, mas a Cloe não parava de falar (o que é normal) sobre os novos professores.

 Só no final da aula é que consegui fugir da Cloe e ir falar com ele.

— Oi!- falei cansada por ter corrido atrás dele- No início da aula você disse algo sobre nós já termos estudado juntos.

Ele olhou para mim não acreditando que eu ainda não me lembrava.

— Sim você esta certa. Foi no 2° ano e você era a única aluna que não me ignorava- ele me olhou queria saber se eu já tinha me lembrado. Não era como se eu não estivesse nem ai, eu realmente passei quase 4 horas pensando nisso, mas era como se estivesse vendo por uma janela embaçada- E também me defendia quando alguém falava mal de mim ou me agredia, o que era frequente.

 Fiquei perplexa, me lembrava que no 2° ano eu ia frequentemente para a secretaria, mas o motivo eu não conseguia me lembrar.

— Agora me lembro ia sempre para a secretaria só não estava claro o motivo- Falei isso olhando os olhos brilhantes dele.

 Quando acabei de falar ele virou o rosto ficou fitando o chão, então posse de costas para mim e balbuciou:

— Me desculpe- E saiu correndo.

 Fiquei perplexa olhando para ele sem entender o motivo dele ter corrido o das desculpas. A Cloe finalmente me achou e foi me empurrando e falando até a minha casa.