The only treasure escrita por AllBlueSeeker


Capítulo 8
Dois sorrisos, um bigode e muitas lágrimas


Notas iniciais do capítulo

E aí, galera? :D

Prontos pra mais um capítulo? Aí vai! Preparem os lenços/toalhas de papel/afins

(Ah, e se tudo correr bem, tem capítulo hoje e amanhã, porque eu vou ficar fora o fim de semana :D)



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Acordei com uma brisa estranha batendo no rosto. Abri os olhos e me vi deitado à sombra de uma árvore enorme, sem nenhum ferimento, usando minha bermuda preta de sempre e descalço:

[Ace]-Ué... Desde quando eu virei sonâmbulo? Sabo! Luffy! Oyaji! -e ninguém respondeu- Pera, essa não é a casa do Sabo. Onde diabos eu vim parar?

Levantei e bati as mãos na bermuda que eventualmente estava cheia de carrapichos e mato. De repente, um cheiro de broa e café tomou conta do ar. Eu, como bom "cafélatra" fui seguindo o cheiro até uma casa enorme e simples, com um carro cinza na garagem. As portas estavam abertas e vi meu chapéu pendurado numa cadeira do lado de fora, além das minhas botas atiradas ao lado. Achei aquilo bem estranho, até mesmo pra mim... Quase nunca deixava minhas coisas fora do quarto. Entrei com cuidado, seguindo o cheiro até a cozinha:

[Ace]-Erh, com licença, não pude deixar de notar o cheiro de café vindo de longe. Parece ótimo, será que...

Como uma miragem, fiquei congelado com aquela cena:

[Roger]-Ah, filhote! Você finalmente saiu do campo! Venha venha, chegue mais! -disse o sorridente homem de bigode que lia um jornal- Minha flor, parece que ele lembrou que tem família.

[Rouge]-Eu sabia que ele viria pelo café. Conheço muito bem meu bebê. -a mulher que mexia na pia denotava um sorriso sereno

[Ace]-Ma...mãe.... P-pai?!

[Roger]-É o que diz o teste de DNA. Qual a surpresa?

Minhas pernas perderam a força e eu caí de joelhos na porta da cozinha:

[Ace]-Q-que.... C-como vocês estão...

[Rouge]-Eu disse ao seu pai que você precisava da gente. Parece que conseguimos nos encontrar. Não está feliz?

Eu tremia. Não conseguia dizer nada, apenas ficar como uma criança impressionada:

[Roger]-Levanta daí, Ace! Sua mãe já vai trazer o lanche. Eu colaborei com o bolo! -ele sorria como um vitorioso

[Rouge]-Roger, você só colheu o milho. Qualquer um poderia fazer isso.

[Roger]-Olha minha flor, não do jeito que eu faço. A parada aqui é na precisão!

Puxei a cadeira e sentei. Ainda tremendo, tentei abastecer a caneca amarela (estilizada com um belo A em chamas) que estava à minha frente:

[Roger]-Aí! Já está fazendo bagunça... Meu Deus, filho. Pegue o pano da pia que eu sirvo você.

Fiz isso. Tentei não olhar nos olhos da minha mãe quando me aproximei da pia:

[Rouge]-Ace...

[Ace]-S-sim?

Ela sorriu:

[Rouge]-Estou feliz que você tenha vindo ver seus pais.

Voltei rápido para a cadeira e passei o pano na toalha azul. Uns minutos depois, minha mãe tirou o bolo do forno e sentou-se na cadeira vaga. Ver aqueles dois ardia como lava dentro de mim. Era inacreditável! Eu tive meus momentos "em Família" com meus irmãos, a Dadan e até mesmo com o Oyaji, mas nenhum deles me dava a sensação daquele momento: Paz. Eu poderia chorar como uma torneira mal vedada, e até queria, mas estava segurando muito para não parecer uma criança. De repente, minha viagem foi quebrada por um pratinho estendido na minha direção com uma "coluna de bolo":

[Rouge]-Ô! Ô ô! Presta atenção, filho.

[Ace]-Ah? Ah, ah tá. Obrigado. Tem manteiga?

[Rouge]-Querido.

Num movimento giratório desgovernado, meu pai alcançou a geladeira e pegou a manteiga:

[Roger]-Tá na mão. 

[Ace]-Você é sempre assim?

[Roger]-Haaaaahahahahahaha! Eu já fui pior...

[Rouge]-Até nos casarmos. Tive trabalho pra educar seu pai.

[Ace]-Educar?

[Rouge]-Conte a ele, amor.

[Roger]-Ah... Meio que eu botava os pés sujos na mesinha de centro da sala toda vez que vinha do lamaçal. Também, usava todas as canecas da casa e não lavava nenhuma... Essas coisas de um homem de meia idade preguiçoso.

Sorri, sem graça:

[Rouge]-Eu vi essa cara, hein.

[Ace]-Ah mãe, que que eu posso fazer? Demora a lavar... 

[Roger]-Esse é meu garoto! Uhuuuuu!!!! -ele ergueu a caneca

[Rouge]-Meu Deus, eu criei dois monstros... Aliás, como está o lanche?

[Ace]-Incrível! Eu nunca comi desse bolo antes!

[Roger]-Depois do 4º pedaço, dá pra ver que nunca comeu mesmo... -meu pai me encarava

[Rouge]-Você, fique quieto. Deixa o garoto comer!

[Roger]-Aaaaaaaaaaaah, não é justo! Eu também quero um bolo exclusivo.

[Ace]-Só chora, idoso. -eu ri, com aquela parede amarela nos dentes

[Roger]-Ora, seu....

Senti um ar frio vindo do lado da mamãe, e logo depois meu pai sentando como um cachorrinho arrependido de ter rasgado as correspondências:

[Ace]-Não tá frio aqui?

[Roger]-É a sua mãe e esse olhar mortal dela.

[Rouge]-Eu? Eu sou um amor, ora essa! -ela sorriu

 Logo depois do bolo, ela trouxe uma fornada de pães de queijo:

[Roger]-Finalmente! Já posso comer?

[Rouge]-Claro. Esses sim são pra você.

Ele sorriu e esfregou as mãos:

[Roger]-Todas as unidades, atacaaaaaaaaar!!!!

Puxei três do canto da vasilha:

[Roger]-Ou ou ou ou, que abuso é esse? 

[Ace]-Isso se chama "tributação", pai. Eu apenas coleto os impostos. Reclame com o chefe.

[Roger]-Eu realmente preciso ter uma conversa com o Barba Branca... Aquele maldito ainda me deve uma garrafa de whisky.

[Rouge]-Por falar em whisky, você não está esquecendo de nada?

Ele a estudou por um tempo com a cara mais idiota o possível:

[Roger]-É o quê?

[Rouge]-Você não ia ao centro da cidade?

[Roger]-Ah! Putz! Eu tenho que fazer meu jogo da semana! O que seria de mim sem essa mulher? -ele a beijou- Filho, eu não devo demorar. Assim que eu voltar, podemos pescar no rio!

[Ace]-Sério? Isso!

Minha mãe se levantou e voltou para a pia:

[Roger]-Adeus família! Voltarei logo logo como o homem mais rico do mundo! -ele balançava as chaves do carro enquanto andava de costas

Me distraí olhando para a caneca por um tempo. Estava admirando o desenho dela quando fui chamado:

[Rouge]-Ace.

[Ace]-Sim?

[Rouge]-Seu pai já foi. Você já terminou de comer?

[Ace]-Hmm... Sim.

[Rouge]-Me acompanhe.

Levantei e a segui até a sala. Ela sentou no sofá e fez sinal para que eu me sentasse também:

[Rouge]-Você não tem nada que queira contar à sua mãe?

Aquilo soou estranho dentro de mim, como se eu tivesse ficado mais pesado. Ela pôs as mãos no meu rosto e me deitou em seu colo:

[Rouge]-Você já pode chorar, filho. Eu sei muito bem que você precisa disso.

[Ace]-Mã...

[Rouge]-Shhh... -ela passava a mão no meu cabelo

Não sei o que ocorrera, mas eu já não era capaz de conter as lágrimas. Meu choro silencioso era quente:

[Rouge]-Você acha que nós não estamos sempre ao seu lado, meu amor? Sabemos do que aconteceu com você. Me senti orgulhosa por você ser tão homem a ponto de honrar seus desejos com aquela garota. Mesmo não podendo criar você de forma direta, eu e seu pai sempre estivemos ao seu lado. Coração de mãe é o melhor sensor que existe.

Eu não conseguia falar nada, apenas chorar e soluçar como uma criança:

[Rouge]-Posso não estar mais viva, mas você tem o meu ombro, meu colo, meu carinho. Sempre que quiser, pode conversar comigo. Você não vai ouvir as minhas respostas, mas eu vou escrevê-las no seu subconsciente. Eu sei que você quer se chamar de fracassado, que você detesta viver sozinho, que já passou anos nessa escuridão infinda, e que ama aquela garota... Olha filho, você é um homem incrível! Eu me orgulho do que você se tornou e ver o quanto você é respeitoso com aquela garota me fez muito feliz. 

O calor das mãos da mamãe me fazia chorar mais e mais:

[Rouge]-Vá atrás dela. Se eu estivesse lá, teria oprimido aquele toupeira de boné. "Ah, mas ele poderia ter atirado em você também." Não com seu pai e o Barba Branca lá. Conheço o Newgate desde que conheci seu pai. Eles são amigos de colégio. Sei que ele sente a responsabilidade de te criar como seu pai de consideração porque é algo que o próprio Roger pediu. Ele confia o bastante no Newgate pra ter deixado que nosso tesouro ficasse sob a guarda dele. Você já pode parar de chorar agora, meu bem.

Levantei a cabeça e limpei o rosto. Ela mantinha o mesmo sorriso sereno:

[Rouge]-Você parece uma criança com essa cara. -ela beijou minha testa- Você é louco por ela, não é?

[Ace]-Sou.

[Rouge]-Já pensou em pegá-la de volta?

[Ace]-Já... Mas ela vai se casar com o enfermeiro boiola. 

[Rouge]-Invada o casamento.

[Ace]-Você ficou louca, mulher?! Como espera que eu faça isso?

[Rouge]-Foi só um pensamento alto... Não quer dizer que você deve fazer isso. 

[Roger]-Falando sobre garotas sem mim? Estou desapontado, Gol D. Ace. 

[Ace]-Há quanto tempo você está aí?

[Roger]-Pra saber que sua mãe te fez desabafar? Não muito. Sei bem do que sua ela é capaz. Mas vamos ao que interessa aqui: A tal menina do cabelo rosa!

[Ace]-Eu já disse: Ela vai casar. Não há mais nada que eu possa fazer... -desviei o olhar para o chão, levemente desolado

[Roger]-Mas claro que há! -ele sorria psicoticamente- Finja ser um pirata! Seja impiedoso! Roube! Conquiste! Tome o que é seu e oprima aquele enfermeiro baitola com uma bomba de peido!

[Rouge]-Roger, olha a ideia! -mamãe cruzou os braços e fechou a cara

[Roger]-O quê? Isso era popular na minha época... 

[Rouge]-Dentro de uma Igreja também?

[Roger]-Ah, que que tem? Depois ele paga promessa. Né não filho?

 Eu me senti mais leve. De repente, minha visão escureceu totalmente. Tentei me debater e acordei de novo, agora já na cama da casa do Sabo. O Barba Branca estava sentado numa cadeira, lendo um jornal:

[Barba Branca]-Gurarararara! Bom dia, Ace. Depois de três dias, você resolveu acordar.

[Ace]-Por que estou com isso no braço? -apontei para a espécie de soro

[Barba Branca]-Era o único jeito de alimentar você. Chamei um amigo meu pra trazer esse material aqui. Diga... Você estava sonhando?

[Ace]-É... Um sonho.... -comecei a sorrir lembrando dos dois

[Barba Branca]-Parece que foi algo bom o bastante pra não ser interrompido. Você não me ouviu esse tempo todo.

[Ace]-Desculpe, Oyaji...

[Barba Branca]-Se você encontrou aquele idiota do Roger, já sei o tipo de assunto tratado. Gurarararara! -ele ria- Como está sua perna?

[Ace]-Eu acho que já posso andar. -coloquei a ponta do pé no chão e tentei levantar- Tem rango?

[Barba Branca]-Imaginei que você fosse dizer isso. A panela de pedra do fogão é sua.

Retirei a agulha do braço e amarrei um pano onde ela estava para o caso de sangrar. Fui apoiando nas paredes até a escada:

[Ace]-Sabo! Luffy!

[Luffy]-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAACEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!!!!

[Sabo]-Ei ei ei, Luffy! Não largue a escada assim! Amooooooooooooooooor, socorro!!!

[Koala]-Ah, pelo amor das deidades!

Ouvi os passos rápidos de um chinelo se aproximarem e um moleque pular pra me abraçar:

[Luffy]-A gente achou que você tinha morrido. Seu viado, não faça isso de novo! -ele me xingava ao mesmo tempo que chorava

[Sabo]-Repito o Luffy. -Sabo limpava os olhos

[Koala]-Você perdeu 10 refeições, cunhado. Tô chateada com o meu provador oficial. -ela fechou a cara

Eu sorri:

[Ace]-Senti a falta de vocês também, galera. Agora, o que tem pra comer?

[Luffy]-Ah, é mesmo. Tá na hora do almoço. -ele concluiu aquilo com ar de filósofo grego- Sabo, eu quero carne!

[Sabo]-Minha Deusa, temos almoço pronto?

[Koala]-Hmmm... Deusa. Gostei do respeito, meu bem. Fui prevenida em já deixar pronto. Ah Ace, o seu Newgate disse que o seu almoço está na panela de pedra. Foi ele quem fez.

[Luffy]-Pera, por que o do Ace é exclusivo?

[Ace]-Porque eu sou foda. Chora.

[Luffy]-Eu também quero exclusivo. Vou ligar pra Han-....

Um chinelo acertou a nuca do Luffy:

[Koala]-ISSO AQUI NÃO É RESTAURANTE PRA VOCÊ ESCOLHER O QUE COMER! -uma aura de raiva emanava dela

Fui até a cozinha e abri a panela de pedra:

[Ace]-CARALHO! É O ARROZ COM CAMARÃO MAIS LENDÁRIO DO PLANETA! E É PRA MIM? OBRIGADO OYAJI! -virei todo o conteúdo numa cumbuca que estava no escorredor próximo à pia

[Sabo]-Vai bater laje, pedreiro? -ele zombou

[Ace]-É claro. Vou construir um arranha-céu. E eu tô com uma fome absurda!

[Luffy]-Eu pos...

[Koala]-Não.

[Luffy]-Ah...

Sentei-me à mesa e comecei a comer com a fome de um país inteiro.


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Notas finais do capítulo

Eu tenho sentimentos sim, caso queiram saber.



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