Kevin Bryan e o Sumiço da Garota Dafne escrita por Gewkordeiro Silva


Capítulo 8
A jornada dos Maltrapilhos


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo, faço uma recapitulação dos fatos para que o querido leitor não se perca, mas se situe na história, tendo em vista uma trajetória um tanto complexa. E os mais chorões estejam com seus lenços a seu alcance, porque a seguir, aja coração Kkkkkk!



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Afinal, quem realmente era a Dafne? Dafne, para quem não entendeu ainda, não era uma garota bonita, ela era uma garota linda, tanto que Bóris a escolheu a dedo a pedido do Dário Ronan para doá-la ao seu amado filho, não pra casarem-se, mas para tê-la como uma cocombina, coisa que ela não admitiria nunca, por causa de seus princípios e por causa do seu amor Jon.
Dafne ao contrário de muitas garotas, sua beleza não estragou sua personalidade, ela tinha qualidades humanas inigualáveis, ela era simples, meiga, bondosa, responsável, educada, despretensiosa, atenciosa, sinônimo de inocência e de uma sensibilidade incomum, Jon tirara a sorte grande, olhando por essa perspectiva.
Certa vez, quando tinha oito anos, ela mesma resolveu fazer seu próprio aniversário surpresa, convidou a vizinhança em peso com dia e hora marcada sem o conhecimento de sua família. No dia e na hora marcada, ela ainda estava tentando inocentemente fazer seu bolo de aniversário, como não conseguira, começou a chorar, mas alguém que gostava muito dela comprou um bolo pronto e todos cantaram parabéns e todos se divertiram nesse momento diferente, feliz e marcante.

Quando ela sumiu, todos os seus colegas, amigos e conhecidos mostraram-se solidários e entristecidos. Nas redes sociais, eram constante o alerta sobre seu sumiço. Tanto que, com a sua volta, houve grande aglomeração em frente a sua casa. A sua família era tradicional, ainda conservava os traços de uma boa família regida, pelos bons costumes, amor, princípios e bem estruturada. Seu pai trabalhador honesto, sua mãe uma boa criatura de onde Dafne herdara, toda sua formação. Seu irmão Alexandre, também chamado Álex, era um menino bom, estudioso e dedicado. Jon, o namorado de Dafne, se mostrava sempre muito solícito e atencioso. E finalmente Kevin, que dispensava todo tipo de esclarecimentos, que além de ser muito amigo de todos, foi o mentor de toda a ação de investigação e resgate.

É bom que se saiba que quando os jovens conseguiram fugir dos domínios de Dario Ronan, de sua Robben Island, eles tiveram que voltar e pousar na ilha novamente, para abastecer, onde foram perseguidos pelos lobos, que por pouco não devoraram Dafne, causando-lhes escoriações, e perseguidos também pelos homens de Ronan. Nesse evento por questão de segundos, Jon não ficara para trás.
Para complicar, durante o voo, foram intimados a voltar pro seu lugar de origem no evento da invasão do espaço aéreo e intimados também a voltar para ilha sob ameaça de serem também abatidos pelos homens pilotos de Ronan, porém, Kevin voou baixo se ocultando do radar dos que ameaçaram primeiramente, e o projétil que seria endereçado a Kevin e seu grupo, atingiu o avião de Dário Ronan.

Depois disso, pousaram numa outra ilha chamada de Georgetown aparentemente deserta para novo abastecimento, onde os terríveis indígenas com sua cultura estranha de canibalismo, quase capturaram nossos heróis.
Na continuidade, fizeram um pouso forçado numa praia brasileira de Vitória do Espírito Santo e finalmente, estavam em território brasileiro numa jornada a caminho de casa no interior de São Paulo.E é bom não perder de vista, a promessa que eles fizeram que era libertar Helter, Neil e todos escravos da ilha, num total de mais de duas mil pessoas.
Finalmente em território brasileiro, os quatros jovens vinham numa caminhada por uma rodovia aventurando carona, mas quem daria carona a uns maltrapilhos andarilhos com umas mochilas nas costas? Poucas pessoas fariam essa caridade. Mas mesmo assim, estavam felizes. Pois apesar de estarem muito longe de casa e com aparência de mendigos esfomeados, estavam sentindo-se realizados pelo sucesso da missão.

Eles continuavam na caminhada desgastante. Quando apareceu ao longe, uma velha perua. Dafne deu a mão, e o motorista parou. Olhou para eles, e vendo que não eram pessoas desonestas deu carona aos quatros jovens.
De repente, o motorista enquanto dirigia o veículo, olhou para a garota e disse:
— Acho que estou te reconhecendo garota! Seu nome é Dafne né? Vi uns cartazes seu numa cidadezinha do interior, como desaparecida. Jamais esqueceria esse rosto!
— Sou eu mesma! Estamos voltando pra casa!
— Olhe eu estou sempre viajando por essas paragens e nunca vi uma mãe gostar tanto de um filho, para espalhar tantos cartazes por aí como a sua! Você está ficando famosa!
—Esperamos chegar em casa o mais rápido possível!
— Sei. Que Deus abençoe vocês e que consigam voltar para casa o mais rápido possível mesmo, pra tranquilidade de sua família.
O homem percebeu que os jovens estava esfomeados e perguntou:
— Vocês estão com fome?
— Só um pouquinho! - respondeu o Álex.
— Olhem garotos... aí dentro desse porta luvas tem uns biscoitos, vocês podem comer até conseguirem algo melhor!
— Obrigada! Como é o seu nome?- perguntou Dafne, enquanto comia uma bolacha recheada de chocolate.
— Meu nome é Lincoln Lancaster,
— Que nome lindo! - exclamou Dafne.
— Mas ninguém me chama desse nome não! Me chamam de Xexéu! Não sei porque pobre tem essa mania de botar nome chique em seus filhos se nunca vão ser chamados pelo nome chique. De Lincoln Lancaster para Xexéu tem muita diferença, né? E bota diferença nisso!
Os meninos explodiram na risada. Foi a primeira vez que eles riam à vontade.

Seu Xexéu era muito engraçado e conversava enquanto dirigia sua velha perua:
— Lá onde eu moro - continuou seu Xexéu, cuspindo para fora da cabine, a poeira da garganta - tem uma mulher que costuma copiar a vizinha em quase tudo! Vocês acreditam que ela fez o marido comprar um fusca preto só porque o marido da outra comprou um fusca branco!? E quando a outra colocou o nome do filho de Washington, a invejosa colocou o nome do seu filho de Nova York? Pode? Coitada dessa criança, com nome de cidade!

Todos caiam na risada como se já se conhecesse a muito tempo. Depois da carona do seu Xexéu, eles fizeram uma grande caminhada cansativa e pegaram outra carona num caminhão parecendo um pau de arara. Eram um grupo de romeiros que durante toda viagem, cantavam cantos religiosos que foram até Guarapari. Desceram e caminharam como verdadeiros andarilhos e numa outra carona chegaram a Itaipava, dali pra Nova Canaã. Campos dos Goytacazes, Nova Friburgo, Teresópolis, Volta Redonda, Guaratinguetá, Taubaté, São José dos campos, Piracaia e Bragança Paulista em São Paulo onde Dafne residia. Toda essa jornada foi cansativa, com muitas caronas e caminhadas, porém, muito venturosa e muito divertida. Eles compreenderam o quanto o Brasil é enorme, e com muitos lugares bonitos, certamente não seria necessário as pessoas viajarem tanto pro exterior tendo tantos lugares maravilhosos no Brasil para fazerem turismo.

Nessa jornada muitas pessoas ajudaram, quando sabiam do que havia acontecido. Essa jornada foi uma grande aventura. A alimentação foi corriqueira entre diferentes lugares e conheceram diferentes petiscos, com a mudança de lugares.
Finalmente, em Bragança Paulista, o grupo chegou a rua onde a família de Dafne morava. Dafne havia colocado um chapéu na cabeça para não despertar a atenção de curiosos, escondendo um pouco o rosto. E continuaram caminhando em direção a sua casa. Numa distância de uns vinte metros ela viu seus pais sentados no passeio na beira do meio fio. Dona Zuleika estava estava com o rosto encostado no peito de seu Armando que a acolhia, ele estava com a cabeça encostada na cabeça de Dona Zuleika que olhava a foto da filha com os seus olhos cheios de lágrimas.
Seguida por Álex, Jon e Kevin, Dafne olhava aquela cena de cortar o coração de qualquer pessoa. Aproximou-se sem ser vista por trás dos seus pais e ficou olhando para eles nessa posição e pensava o quanto aquelas duas criaturas eram importantes para ela. Muitos filhos só dão a devida importância aos pais quando não os têm mais. Contudo, Dafne sabia o quanto eles preenchiam a sua vida, eles realmente eram um pedaço dela. Dafne se aproximou mais dos seus pais, com os rapazes mantendo uma certa distância, Ela se aproximou deles que estavam sentados na beira do passeio de costas e com os olhos repletos de lágrimas balbuciou com a voz fraca e sensibilizada com a grande emoção do momento:
— Mãe! Pai!
Dona Zuleika ouvindo aquela voz que lhe parecia familiar, procurou de onde tinha vindo e virando o rosto sofrido disse:
— Ô meu Deus! É nossa filha, Armando! Ela voltou!
Levantou-se desesperada e a abraçou de uma maneira que nunca tinha abraçado antes. Seu choro foi inevitável. Seu Armando da mesma maneira abraçou as duas, sob os olhares dos rapazes que jogaram as mochilas no chão, e consternado com a cena, se juntaram num só abraço.
Entraram e foram se reconfortar. Principalmente a Dafne que estava cansada, maltrapilha, debilitada. Seu cabelo lindo estava opaco e maltratado, seu rosto aparentemente magro, mas resguardava muito ainda de sua beleza. Mãe e filha sentaram-se no sofá e ficaram abraçadas, enfim, a paz retornou a sua casa. O gato branco de Dafne, que ela tanto adorava, se enroscou em suas pernas ronronando, muito feliz com seu retorno, ela o pegou colocou no colo depois de muito cheirá-lo com os olhos cheios de lágrimas. Ela apesar do tamanho e idade, ainda guardava os traços de criança.
Dafne ficou oito meses enclausurada sob o domínio de Dário Ronan. Finalmente, ela estava em casa em meio as suas coisas, familiares e amigos. Lá fora muitas pessoas já tinhas percebido o acontecimento e se aglomeravam à frente da casa com muita curiosidade. Queriam ver a Dafne, porém Kevin apareceu na porta e dirigiu-se a multidão:
- Meus amigos! Atenção! Estamos muito agradecidos com a solidariedade de vocês! Porém, Dafne está muito cansada e debilitada, precisando descansar, ela sofreu muito com esse rapto. Peço a compreensão de vocês, e encarecidamente, peço à todos que vão para suas casas que logo, logo ela falará com vocês, queiram nos desculpar por isso, esta bem?. Muito obrigado à todos!
Só assim Jon e Kevin ligaram para as suas famílias tranquilizando-as. E, por enquanto, tudo voltou à normalidade.


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Notas finais do capítulo

Para quem leu o capítulo na íntegra, pôde perceber o quanto foi forte mais essa carga de emoção. O reencontro com a família depois de um certo tempo distante marca por demais qualquer ser humano. Como sempre espero que tenham gostado, e comentem entre amigos, pois prometo muito mais, bjs à todos. Xau!