Sonhando Acordada escrita por nandapirees


Capítulo 6
Capítulo 6 - Confusão




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A primeira coisa que notei quando cheguei ao lugar, foi a gritaria.
Dessa vez ao invés de boate, a festa era na casa de alguém. Com piscina e tudo. O dono? Não sei. Fui praticamente arrastada pela Isa e a "turminha" dela o caminho todo. Eram quatro garotas e dois meninos, que percebi mais tarde, eram gays. O lugar estava ainda mais cheio do que a boate Serpentina, se é que isso é possível. Ao invés de bartenders, garçonetes sexys circulavam entre as pessoas servindo todos os tipos de bebidas, e ao invés de Dj, uma banda estava perto da piscina com quatro dançarinos, duas garotas e dois garotos, tocando e dançando todos os estilos musicais. Era uma casa grande, quatro andares, - quantas pessoas moram aí, duzentas? - toda branca, e um jardim enorme, ao qual esse estava rolando a festa. A gritaria veio da beirada da piscina, um bolo de gente se formou ali, gritando vaias, assobiando. 
          - O que está acontecendo? - disse Liza, uma das garotas que estavam com a gente. - Parece briga. - Outra? 
          - SAI DAQUI, FILHO DA PUTA! - disse uma voz um pouco familiar, vindo de dentro do bolo.
          - Isaac! Isaac! - chamou Liza. Um cara loiro com pinta de surfista que estava assistindo a briga veio em nossa direção. 
          - Ei, Lizz! - deu um abraço nela.
          - O que está acontecendo? - perguntou, apontando o dedo para o amontoado de gente.
       - É o Nathan! Ele apareceu aqui agora a pouco, e nossa, - disse passando a mão pelos cabelos - o cara estava furioso! Já chegou quebrando a cara do William. Parece que tem alguma coisa a ver com a Hayla, o cara é um babaca total, não sei o que ela viu nele. - Espera aí... Hayla? De repente lembrei por que a voz vindo do amontoado era familiar, é o senhor Arrogante! Não esperei por mais, vencida pela curiosidade, fui entrando no meio das pessoas até chegar na briga. O senhor arrogante estava segurando com as duas mãos, a gola da camisa de um cara que já estava toda cheia de sangue. Os olhos do cara já estavam inchados, o lábio inferior principalmente. Sangue jorrava do seu nariz, parece estar quebrado, ai! O senhor Arrogante começou a falar, com a voz rouca, baixa, e assustadora. 
         - Vou falar apenas uma vez. Chega perto dela de novo, e eu te caço até o quinto dos infernos. Você não voltará a ver a luz do sol outra vez. Ou melhor, não voltará a ver mais nada. Deu para entender? - disse pausando a última palavra. 
        - S-sim. - ele soltou o cara. O cara caiu no chão, levantou e correu, com o rabo entre as pernas. Que arregão! Esse cara além de um arrogante, é obsessivo. Quebrar a cara de alguém assim por motivos de ciúmes? Quanta covardia. Voltei o olhar para ele. Nossos olhares se encontraram. Percorreu meu corpo lentamente com os olhos, me fazendo arrepiar por inteira. Voltou a fixar o olhar no meu. Desviei o olhar e saí da multidão. Procurei pelo jardim algum sinal de Isa ou do resto do grupo. Nada. Entrei dentro da casa. Era toda trabalhada em cores neutras. A decoração era perfeita. Quadros e mais quadros preenchiam as paredes, na sala de estar um sofá de couro grande estava ocupando uma parede inteira. Do sofá até o painel com a TV, um tapete de veludo cinza se estendia pelo chão. Tudo era bem elegante. Olhei para as pessoas, tentando encontrar Isa. Tinha gente se beijando nos corredores, no sofá, nas escadarias e - sério? - na mesa de sinuca. - Espera aí, é o casal de gays que vieram com o grupo. Fiquei tentada a ir lá perguntar pelos outros, mas decidi não interrompê-los. Fui procurar na cozinha. 
          - Aonde é que elas se meter... Ai!
          - Duas vezes na mesma noite? Já está virando um hábito nos esbarrarmos. - encarei-o. Seus olhos estavam presos nos meus de novo, aquela negritude dava vontade de... Foco, Melanie! Foco.
       - Saia da minha frente. - tentei fazer uma imitação barata de sua voz mais cedo. Não funcionou. Seus olhos ainda estavam me encarando, como se soubesse cada segredo escondido dentro da minha alma.
           - Qual é o seu nome? - disse, quase em um sussuro. Me vi respondendo sem pensar. 
           - Mela... Argh! Não é da sua conta! - vociferei. Fiz menção de sair. Ele se pôs no meu caminho.
           - Mela? Que nome lindo. - ele estava tirando sarro da minha cara?
           - Saia da minha frente! 
           - Quanta arrogância. - sua voz saía calma, baixa, sexy...
           - Irônico, não? - rebati. Ele abriu um sorriso, pela primeira vez desde que o vira.
           - Me chamo Nathan. - silêncio. Ele estava esperando uma resposta. Dei um suspiro.
         - Melanie. Agora, por favor - disse, enfatizando as últimas palavras, tentando mostrá-lo o que é educação. - Pode me dar licença? - esperei. Nada. Continuou parado ali na minha frente, com as mãos nos bolsos, com uma postura relaxada e confiante. Sua camisa preta lisa de manga comprida não disfarçava o abdômen definido. Ele era todo definido. Nunca fui muito fã de piercings, mas aquele ali em particular na sobrancelha dele, o deixava ainda mais sexy. Mordeu o lábio. Eu estava analisando-o sem discrição alguma, percebi. Droga. Desviei o olhar.
         - Está bem. - disse, e foi embora. Soltei o ar que não percebi estar segurando até agora, e subi para o segundo andar, ainda procurando por Isa. Onde ela se metera?
            O andar era grande, assim como lá embaixo, vários quadros nas paredes. Cheguei perto de uma das várias portas. Ouvi gemidos vindo lá de dentro. Argh. Corri para o outro lado, longe daquela porta. Ouvi passos, - provavelmente mais um casal - pessoas rindo, subindo as escadas. Entrei por uma porta sem pensar duas vezes, rezando para que não tenha ninguém. Não tinha. Uma cama de casal king size com lençóis e fronhas pretas, ocupava o centro do quarto.Na parede esquerda, havia um guarda roupa, também preto. Uma prateleira lotada de livros, ocupava a parede de frente para a cama. Grandes janelas de correr ocupavam o lado direito da cama. Fui até elas. Dava para ver a piscina, o jardim, toda a festa lá embaixo. O lugar tinha um leve cheiro de hortelã...
             - O que você está fazendo aqui? - olhei em direção à porta. Nathan me encarou, com a testa franzida.
             - Eu... eu subi para procurar uma amiga. - ele arqueou a sobrancelha.
             - No meu quarto? - droga. Ele morava aqui?
             - Você mora aqui? - silêncio. É claro que mora, e esse é o quarto dele! - Eu... Ahn... Já estou indo embora. - disse, já correndo para a porta. Quando fui passar por ela, Nathan agarrou meu braço. Minha pele formigou com o contato. Nathan se aproximou. O cheiro de hortelã vinha dele. Senti sua respiração no meu rosto. Com aqueles saltos, Nathan estava pouco mais alto do que eu.
             - Por quê? - perguntou ele.
             - Por que minha noite está péssima.
             - Por quê? - repetiu.
             - Por que sim! - Soltei-me dele, e desci as escadas correndo. 
              Saí para o jardim e fui para a perto da piscina. Peguei meu celular para tentar ligar para Isa. Então de repente uma garota bêbada caiu em cima de mim me fazendo cair. Dentro da piscina. Argh! O quê que eu fiz de errado, Deus? Voltei à superfície e nadei até a borda. Olhei meu celular. Já era. Um braço estendido apareceu na minha frente.
             - Vem, anda. - disse Nathan. Hesitei. - Vai vir ou não? - olhei para ele. Seu rosto formou-se em uma carranca. Peguei a mão dele. Assim que saí da piscina a garota bêbada apareceu. 
             - Me desculpa, eu me desequilibrei e...
             - Está tudo bem. Maneira no álcool, ok? - respondi. Ela assentiu e saiu, cambaleando.
             - Você está molhada. - disse Nathan. Revirei os olhos.
             - Ah, jura? - agora foi a vez dele revirar os olhos. Pegou minha mão e saiu me puxando.
           - Vamos subir, te empresto uma toalha. - já ia reclamar, mas que opção eu tenho? Estou tremendo de frio, encharcada. Uma toalha seria bom. Subimos para o quarto dele. Ele abriu seu guarda roupa, tirou uma toalha branca de lá e jogou para mim. Agradeci e comecei a me secar o máximo que pude. Olhei para ele de soslaio. Estava deitado em sua cama, me observando.
             - Você não me disse o motivo de sua noite estar péssima.
             - Por que se interessa tanto? - silêncio. Me exaltei. - Eu fui assediada, vomitei no banheiro de uma boate, provavelmente magoei uma pessoa com qual eu me importo, não consigo encontrar minha melhor amiga, e agora estou sozinha em um quarto com um cara arrogante e obsessivo! - ele arqueou a sobrancelha.
             - Obsessivo?
             - Sim! Um cara que espanca uma pessoa igual você fez, por... por ciúmes, é um cara bem obsessivo na minha opinião. - ele continuou me encarando.
             - Ciúmes? - não respondi. Ele deu um suspiro. - Não foi ciúmes.
            - Ah, não? Por que fez isso, então? Por que fez sua namorada chorar? - disse, me lembrando da ruiva/Hayla, no banheiro mais cedo. Ele deu um pulo da cama e parou na minha frente.
             - Eu não namoro.
             - Pior ainda!
             - Ela é a minha irmã. O cara que eu "espanquei", - disse, usando aspas com os dedos - filmou sem o consentimento da minha irmã, o dia que ela entregara sua virgindade para ele. O vídeo circulou na faculdade em que estudamos. Eu não podia deixar o cara impune, não depois de tê-la feito passar tamanha humilhação.
             Olhei para ele, perplexa. Eu era uma idiota, entendi tudo errado!
             - Ah! - foi tudo o que eu disse. Ele me encarou, com uma carranca.
             - Por que está tão interessada?
             - Não estou interessada. - rebati. Ele sorriu.
             - Entendo. - seus olhos estavam fixos nos meus, seu cheiro dominando meus pensamentos.
             - E-eu preciso ir. Preciso encontrar minha amiga, já está quase amanhecendo. 

            Saí correndo do seu quarto pela segunda vez hoje. Dessa vez ele não me chamou. Cheguei ao pé da escada quando avistei a cabeleira loira da Liza. Suspirei de alívio.
             - Liza! - chamei. Ela se virou e veio na minha direção.
             -  Melanie, achei você! - disse ela. Ela estava nervosa?
          - O que houve? Onde está a Isa? - ela franziu a testa.
          - Bem, estávamos lá fora na entrada da casa, quando um carro surgiu de repente na nossa frente. um cara saiu lá de dentro parecendo um louco! Começou a arrastar a Isa à força até o carro, fui tentar impedi-lo, mas ela disse que estava tudo bem, que era para te avisar que ela foi embora mais cedo. - gelei. 
           - Como era... Como era o cara? - perguntei, com medo da resposta.
          - Bem... tinha olhos azuis, cabelos pretos, era mais ou menos da minha altura... Ah! Tinha uma cicatriz no queixo. - Christian.


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Notas finais do capítulo

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