Desajustadas escrita por KitKatie


Capítulo 37
Coragem


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos! Como estão?
Um capitulo fresquinho por aqui, espero que gostem
Boa leitura



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Thalia não tinha noção do quão rápido era possível agir por impulso até estar com os lábios colados com o de Luke. No meio do pátio. No meio da escola. Aquilo renderia a eles, no mínimo, uma suspensão, se fossem pegos.

É difícil ter consciência dos próprios atos quando está nos braços de uma pessoa que ama, mas, quando a fresta de lucidez passou por sua cabeça revoltosa, Thalia tentou afastar-se do garoto. Sem sucesso. Luke demorou alguns segundos para entender o que estava acontecendo mas tão logo notou que estava, finalmente, beijando Thalia não perdeu tempo e a segurou firme, aprofundando o tão esperado beijo.

A punk não queria mais pensar em nada. Dane-se as consequências. Apertou Luke ainda mais e perdeu-se em sentimentos. Não era momento de pensar era momento de sentir.

Não saberia dizer quanto tempo passou, em que momento pararam de beijar para simplesmente ficar com as testas encostadas, tudo que sabia é que estava segura ali, nos braços dele. Trocaram olhares furtivos e sorriram. Tudo parecia certo demais.

—Eu não entendi o que aconteceu. –Luke sussurrou. –Mas eu definitivamente não vou reclamar.

Thalia soltou uma risadinha. –Eu também não sei o que aconteceu. Foi bom.

Não era preciso muitas palavras. Ficaram todo o resto do horário do almoço ali, abraçados, em silêncio, conectados. Relutantes, separaram-se para ir a aula. E, somente em sala, sentada sozinha em sua carteira, é que Thalia pode repassar mentalmente todos os acontecimentos.

—Caramba. –Sussurrou, olhando as próprias mãos, tinha mesmo beijado Luke Castellan.

—Olá, dona beijoqueira. –Ouviu uma risadinha doce ao seu lado, Silena ocupará a cadeira ao lado da sua e sorria maliciosa. –Usou a boca para outra coisa ao invés de comer nesse almoço, hein?

—Olha quem fala. –Thalia riu. –Aposto que adoraria fazer o mesmo com o Baeckendorf. –Levantou as sobrancelhas sugestiva e riu mais ao vê-la ficar vermelha.

—Tenha modos, Thalia Grace. –Retrucou. –Eu e o Charlie não temos nada.

—Ainda. –A punk deu de ombros. –Estão caidinhos um pelo outro e ainda não admitiram. Quanto drama.

—Uma boa história de amor precisa de um certo toque de drama. –Silena tentou argumentar. Não adiantaria negar que estava caidinha mesmo por Charles.

—Quanto mais fácil melhor. Isso de correr atrás, intrigas, dramas e blá blá só é divertido na ficção, na vida real as pessoas cansam. –Olhou para a amiga de canto de olho. –Não estou dizendo que o garoto lá cansaria de você, isso é meio impossível, ele te olha como se você a oitava maravilha do mundo. Só quero dizer que se você gosta dele e vê que ele gosta de você, esperar para que? Cenas e paranoias só vão te machucar. –Sussurrou a última parte.

—Você é bem corajosa. –Silena sorriu e arrumou uma mecha do próprio cabelo, pensativa.

—Não sou naturalmente assim. Eu me fiz assim. –Thalia piscou o olhou. –Eu precisava ser e me tornei, a vida é assim.

Silena nada disse, mordeu os próprios lábios e tentou concentrar-se no professor e sua longa explicação de álgebra mas sua mente viajava até um par de olhos castanhos, seus novos olhos favoritos no mundo.

—Acha que eu devia me declarar para o Charlie? –Silena questionou a Thalia, num sussurro, tentando não ser notada pelo professor.

—Você deve estar bem desesperada para estar pedindo conselhos amorosos para mim. –Thalia riu debochada.

—Você parecia bem entendida de amor lá, agarradinha com o Luke. –Silena sorriu maliciosa.

—Eu não, exatamente, me declarei, eu simplesmente o beijei. –Sussurrou de volta, tentando parecer natural.

—Uau. –Silena fez uma expressão surpresa. –Você é mais safada do que eu pensei.

—Silena. –Thalia a repreendeu em voz alta e levou uma bronca do professor. A punk ficou com o rosto vermelho e a amiga teve que controlar-se para não rir.

—Ok, safada não, mas bem corajosa, hein?! Acho que eu desmaiaria só de pensar em tentar beijar ele. –respondeu, pensando em Charles.

—É só não pensar. –Thalia resmungou.

—Não é tão simples assim.

—É um beijo, não uma formula de matemática. –Thalia revirou os olhos, por mais que ela também concordasse com a amiga. –Não é como se você não soubesse beijar. E também, acredite, rejeição é a ultima coisa com a qual você precisa se preocupar, aquele garoto lá, com toda a certeza está na sua.

—Mesmo que eu ache ele o garoto mais gentil do mundo sempre existe a possibilidade dele partir meu coração e eu ter que catar os caquinhos sozinha. –Silena tentou dar uma risadinha mas soou amarga.

—Mesmo que em uma realidade paralela exista a possibilidade do Baeckendorf partir seu coração... –Thalia revirou os olhos, aquele garoto era totalmente louco pela amiga. –Você não estaria sozinha para concertar seu coração. –A garotou segurou a mão de Silena, que a olhava surpresa. –Você não precisa ter medo de cair, Si, eu estou aqui para te segurar. Quero te ver voar, ser feliz. Eu e as meninas cataríamos todos os caquinhos do seu coração, prometo. Você não está mais sozinha.

Silena teve que segurar as lágrimas em seus olhos. Quantas noites chorou sozinha? De quantas festas voltou sozinha? Passou tanto tempo com amigas superficiais, que nunca estavam ali verdadeiramente. Era tão estranho ter pessoas reais. De algum jeito a ficha ainda não tinha caído. Mas ali estava, de um jeito totalmente improvável, Thalia Grace, com seus cabelos revoltosos, roupas pretas e maquiagem pesada, segurando sua mão com esmalte cor de rosa, sorrindo para si. Verdadeira.

—Obrigada. –Silena estava agradecendo por tudo. Tudo. Thalia existir já era motivo suficiente para a menina ser grata. –Você me inspira, vou tomar sua coragem como exemplo.

Trocaram um sorriso. E o momento foi interrompido pelo professor que colocou-se no meio das duas – “Atrapalho algo?” –, a conversa já estava encerrada, de qualquer forma.

Thalia sentia-se feliz em poder ajudar Silena de algum jeito. Não era de longe um exemplo e se quer sabia que palavras usar mas por suas amigas faria tudo que estivesse ao seu alcance, elas eram a família que ela escolheu, afinal.

Ao fim da aula, saiu um tanto apressada, despediu-se de Silena e foi ao pátio, os olhos ávidos procurando por Luke. Perambulou pela escola até sentir um par de mãos cobrir seus olhos e um perfume familiar lhe envolver. Era impossível não sorrir.

—Se não adivinhar quem é, serei obrigado a te dar um beijo. –Luke sussurrou em seu ouvido.

—Hm... Um fauno? –Respondeu, risonha.

—Olha, só, parece que você errou. –Luke soltou seus olhos e a virou, puxando o corpo dela para perto do seu. –Senti saudade. –Sussurrou, após deixar um selinho casto nos lábios da menina.

—Se passaram só 2 horas. –Thalia riu e acariciou os cabelos dele.

—Qualquer minuto longe de você é uma eternidade. –Ele respondeu, a olhando fundo.

—Que galanteador. –Thalia deu-lhe a língua, sem demonstrar o quão afetada ficava com essas declarações.

—E esse partidão aqui é todo seu. –Fez graça, dando-lhe mais um selar na boca.

—Os deuses me abençoaram muito, então. –Ela encostou a cabeça no peito dele.

—Não tanto quanto me abençoaram. –Ele sorriu, passando a mão pela bochecha dela. –Quais são seus planos para essa tarde, cara donzela?

—Fugir com esse bom cavaleiro em minha frente.

—Seu desejo é uma ordem, madame. –Luke estendeu-lhe a mão, pomposo. Thalia retribuiu com uma reverencia desajeitada e logo entrelaçou os dedos com o dele e saíram da escola, assim, de mãos dadas, rindo bobos.

—Seus amigos foram um casal muito bonito. –Charles disse a Silena. Os dois estavam na saída da escola, olhavam os dois sorrindo e andando pela rua.

—Ela está tão feliz, o amor a deixou ainda mais linda. –Silena empolgou-se. –Ele faz bem a ela e isso que importa. Eles tem minha benção.

Olha-los, tão leves, encheu Silena de coragem. Esticou sua mão e tentou entrelaça-la com a de Charles. Seus dedos passearam pela palma dele, calejada pelo trabalho de oficina, mas antes que seus dedos se encontrassem, Charles puxou sua mão, com rapidez, assustando Silena. O garoto a olhou, os olhos arregalados e tratou de enfiar as mãos no bolso de seu casaco.

—Eu... –Silena tentou dizer algo mas foi interrompida por uma buzina, seu pai tinha vindo busca-la.

—Tchau, Silena. –Charles abaixou o olhar e afastou-se da menina.

Silena esperava que a promessa feita por Thalia mais cedo fosse verdadeira, ela definitivamente precisava de alguém para ajudar a catar os caquinhos de sua dignidade e coração.


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Notas finais do capítulo

Acharam a atitude do Charles estranha? Calma, que terá uma explicação ahahah
Gostaram?
Nos vemos no próximo capitulo!