Desajustadas escrita por KitKatie


Capítulo 32
Deriva


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Não sei se alguém lera isso.
Já faz quase um ano que não atualizo, quase 4 anos que essa história começou. Altos e baixos marcaram essa trajetória.
Me ajustei e desajustei (RS)
Aproveitei o capítulo, caso alguém esteja aqui (desculpe a quem ler e tiver que reler para entender, eu também me perdi, sinto muito)



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Katie sentia-se a deriva. Como num mar calmo. Flutuando, a maré lhe envolvendo e uma névoa cobrindo o céu. Podia ouvir vozes suaves ao fundo. Não estava no mar. Forçou seus olhos, abriu lentamente as pálpebras, sentindo a luz arder. Coçou a garganta, sentia muita sede. Respirou fundo e uma pontada forte lhe deixou tonta. Resmungou.

 -Uma moça vestida com roupas brancas sorriu para si. -Que bom que está acordada.

—O que... -Tentou dizer, mas a sua garganta doía demais. Flashes vinham em sua cabeça, pouco a pouco lembrava-se do ocorrido.

—A senhoritas acidente doméstico. -A enfermeira disse, com uma expressão preocupada. -Lesionou a cabeça, nada que alguns pontos não resolveram. Mas agora precisamos encaminhá-la para a aula de neurologia, para exames de prevenção... 

A medida que a enfermeira explicava o que seria feito mais Katie sentia o coração pulsar, ela definitivamente não tinha dinheiro para bancar uma estadia num hospital como aquele. Tentou sentar na cama mas sua visão ficou turva.

—Senhorita, precisa evitar esforços. -A enfermeira veio a seu auxílio e a repreendeu.

—Senhora, houve algum engano... -Katie olhou ao redor do quarto e viu que estava num lugar de última geração. -Eu não deveria estar aqui, eu não tenho... -Engasgou para completar a frase.

A enfermeira lhe sorriu. -Preocupe-se comente com sua recuperação, menina. Agradeça por ter ótimas amigas.

A enfermeira deixou o quarto e Katie se perdeu em questionamentos, ótimas amigas? Ela estava confusa, não se lembrava como viera parar no hospital. Suspirou frustrada e pegou um copo de água, ao lado da cama, surpreendendo-se ao notar um belo vaso de flor com girassóis e lavandas bem cuidadas. Tocou as pétalas e sorriu, alguém estava cuidando de si.

—Katie...? – A voz de Silena soou na porta. A menina abria delicadamente e junto a ela, Katie viu Thalia e Annabeth.

Katie sentiu os olhos marejarem. Feliz

—Você finalmente acordou, garota. -Thalia, que já estava no quarto agora, disse sorrindo. -Depois de 1 dia inteirinho...

Katie arregalou os olhos. Muito tempo. Um dia todo num quarto de hospital como aquele, com tantos equipamentos e serviços, ela já sentia sua respiração acelerar.

—Thalia!- Annabeth repreendeu a punk, com uma cotovelada. -Ela acabou de acordar, respeita o momento. – A loira aproximou-se da cama e segurou a mão de Katie. -Fico feliz que tenha acordado e esteja recuperada!

—Oh, obrigada, Annie. -Katie lhe deu um sorriso, mas mudou a expressão ao ver a mão enfaixada dela. -Sua mão também está machucada...

—Isso que eu chamo de amizade, ela levou pontos para combinar com você! -Thalia gracejou. As quatro meninas riram e naquele momento Katie sentiu o coração quente, ela definitivamente tinha boas amigas. Thalia era um raio de sol, mesmo com todas aquelas roupas pretas; Silena era tão doce quanto um pedaço de caramelo e Annie, sabia que ela era uma menina incrível e queria mais do que tudo tornar-se uma grande amiga dela.

Aos poucos Thalia e Silena contaram a situação a Katie, como a encontraram e o que de fato aconteceu. Pela falta de reação de Katie ao ouvir sobre a agressão do seu pai, confirmaram que as violências eram, de fato, recorrentes. Aquilo pesou no coração delas. Annie, que havia ouvido a história toda, sentiu o coração apertado, já gostava da hippie e não conseguia conceber a ideia de alguém machucar aquele ser humano tão gentil.

Katie sorriu maravilhada ao ouvir que as meninas ficaram no hospital esperando por ela, claro que primeiro preocupou-se com o bem estar delas, mas depois sentir-se totalmente amada, um sentimento novo para seu coração machucado.

Thalia e Silena não comentaram da briga com Zeus, definitivamente não era o momento. Um dia, Zeus esclareceria tudo.

Ficaram a manhã toda no quarto, contando histórias, rindo e criando algo forte, o laço da amizade. Eram quatro meninas quebradas que num abraço coletivo conseguiram colocar os cacos de volta no lugar. Nenhuma delas poderia estar mais feliz.

Eventualmente, Katie foi realizar os exames e aliviou a todos quando deu negativo para qualquer complicação e sequela. Recebeu alta pela tarde e quase brigou com Thalia quando a punk fez questão de pagar todas as despesas hospitalares, mas a garota sabia realmente ser persuasiva e no fim convenceu Katie a aceitar, com muito custo.

As quatro saíram do hospital de braços dados, rindo de alguma piada. Andaram pelas ruas, devagar para não forçar Katie, e passaram o resto da tarde rindo, olhando vitrines e comendo.

Era um dia de primeira vezes para todas: pela primeira vez Thalia passou uma tarde sem sentir-se uma falha; pela primeira vez Silena comeu e riu com amigas sem se contar as calorias; pela primeira vez Annie passou uma tarde sem estudar e não importou-se com isso; pela primeira vez Katie sentiu-se amada.

O elo do desajuste passava a ajustar-se. A união das meninas crescia, em seus corações sabia que selavam um pacto: uma por todas e todas por uma.

Ao fim da tarde, Annie chamou Katie para dormir em sua casa, sob a desculpa de passar os conteúdos que ela havia perdido. Na verdade, nenhuma delas queria que Katie ficasse debaixo do teto daquele miserável que havia a machucado e aquele momento serviria para Annie proteger a mais nova amiga e também criar mais relações com ela.

Katie aceitou de bom grado, já tinha um lugar reservado em seu coração para a loira.

Despediram-se e seguiram o caminho, Thalia foi para casa e deu glórias ao não encontrar Hera e Zeus; Silena, foi para academia, treino da noite e Annie guiou Katie até sua casa.

—Não repare na bagunça... -Annie sussurrou. Sua casa era pequena, simples e sentiu uma pontada de vergonha dali.

— Sua casa é adorável, Annie. -Katie sorriu. -Se me permite... -A menina colocou o vaso de lavandas e girassóis, que havia trazido do hospital, em cima da mesa. -Traz mais vida pro ambiente, não acha?

—Se seu namorado não ligar de você deixar o presente aqui... -Annie deu risada enquanto ia preparar algo para beberem.

—O que disse? Meu namorado? -Katie soou realmente confusa. -Não foi você e as meninas que me deram as flores?

Annabeth soltou uma risadinha e apontou para um cartão rosa, escondido entre as flores, que Katie sequer havia notado. Curiosa, o pegou e abriu: “Espero que se recupere logo para que possa encher um jardim de flores, jardineira”. Franziu o cenho, quem havia lhe dado aquilo?

—Pela sua cara não foi um namorado. -Annie riu e entregou um copo de suco a menina. -Uma admirador secreto então...?

Aquilo foi um clique para só. Será que poderia ter sido o garoto da festa? Suspirou e tratou de espantar esses pensamentos. Não queria criar expectativas... Mas era impossível não sorrir com as belas flores que alguém havia lhe dado.

—Beth, querida, cheguei. -Um homem atravessou a sala e parou no lugar, com olhos arregalados, ao ver uma jovem com cabeça enfaixada na cozinha. -Olá, senhorita.

—Meu nome é Katie, deve ser o senhor Chase, é um prazer. -Katie lhe cumprimentou com um sorriso. -Sua filha é uma amiga querida minha, espero que não se importe, ela me chamou para passar a noite aqui, para repor as matérias que perdi, eu estava no hospital...

— Ah, claro, sim, sim... -O pai estava perdido em pensamentos, sorrindo feito bobo, tudo que mais desejava era que sua filha levasse amigas e vivesse uma adolescência feliz, não podia estar mais eufórico e ao ver Beth sorrir no canto da cozinha sentiu o peito se encher de felicidade, sua menina finalmente havia feito amigas.

O resto da noite foi tranquila. Jantaram juntos, Katie era adorável e senhor Chase não poderia estar mais feliz pela amizade das duas. Conversam muito e foram estudar, Annie era uma professora sensacional e Katie logo estava confiante nós conteúdos, sentia como se houvesse recuperado um mês de dúvidas.

Conversam mais e mais até terem que desligar as luzes, tinham aula no dia seguinte, afinal. Katie sentia-se bem o suficiente para ir a aula mas notou Annie excitante, com se algo a incomodasse, e ela definitivamente não era o tipo de teria dificuldade em ir a escola.

—Sabe que pode confiar em mim, não é, Annabeth? – Katie soltou, assustando Annie. Ambas já estavam deitadas no escuro, dividindo o colchão da dona da casa. Annabeth sentia-se sem respostas, sua garganta fechada.

—O que aflige seu coração? -Katie sussurrou. -Eu sei que está escondendo algo no seu coração, eu também sou do tipo que esconde sentimentos, por isso posso ver bem em você, que algo está te afetando...

Não foi preciso muito tempo para que os soluções de Annabeth preenchessem o quarto. Não queria mais guardar lágrimas. Katie a ninou e lhe enchia de palavras de consolo enquanto acariciava os cabelos da amiga.

—O amor... Por que é tão difícil? -Annie disse, entrecortada pelo choro.

—O amor não é difícil, nós é que complicamos. -Katie sorriu.

—Eu não queria gostar dele. Nunca dei permissão para que ele invadisse minha vida e minha mente, ele simplesmente não liga para o que eu falo, veio e levou minha sanidade e meu coração junto. -As palavras de Annabeth quase não faziam sentido. -Fez eu me sentir a garota mais especial do mundo para então me tratar igual lixo. Eu odeio ele.

Seu coração doía.

— Mas eu amo ele. -Confessou e sentiu como se um peso saísse de seu peito.

—Você não odeia ele. -Katie limpou as lágrimas dela. -Você odeia a atitude dele. Você o ama.

—É muito doído odiar alguém que eu amo.

Katie não disse mais nada, não foi preciso. O turbilhão no peito de Annie não seria resolvido com palavras ali, mas o ato de ninar ela, acalmou Annabeth. Ela não tinha colo de mãe para chorar mas encontrou em Katie um ombro que sempre precisou. Estava grata por poder desabafar.

As duas pegaram no sono assim, abraçadas. Annie com o coração mais leve por ter chorado no colo de uma pessoa queria e Katie por ter encontrado alguém para cuidar e amar, retribuindo assim o que fizeram de bom para ela. 

Katie já não se sentia mais a deriva, em suas amigas havia encontrado o porto seguro que tanto necessitava.


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Notas finais do capítulo

Desajustadas tem um peso enorme no meu coração e eu simplesmente não podia acabar com a história assim, sem dar a ela o final digno que ela merece.
Essa história foi meu começo e ela merce um fim.
Nesse momento meu foco é finalizá-la. A quem ler, meu muito obrigada.



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