Desajustadas escrita por KitKatie


Capítulo 31
Sozinha


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem veio atualizar depois de uma semana, bem certinho?
Issoo ai, palavra cumprida

Hoje, ainda não é o desfecho da Katie mas é um capitulo que eu, particularmente, adorei escrever.

Espero que gostem!
Boa leitura ♥



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Annie chorava compulsivamente. Abraçada a suas pernas e jogada em sua cama, cercada por livros abertos, o silêncio do quarto quebrado por soluços. O que saía de seus olhos não era nem comparável a vertente de seu coração. Doía.

Sentia vontade de pegar Percy e dar inúmeros tapas nele e em seguida dar um beijo em cada machucado. Gritou de raiva. Desde quando cultivava esses sentimentos em si? Annabeth nunca tempo para perder com essas idiotices, sentimentos são uma estupidez considerada necessária por pessoas fúteis, ela não era fútil.

Mas isso não importava, tentava a todo custo por em sua cabeça que Percy não passava de um cara babaca e infantil que não merecia seu tempo, mas seu coração se mostrava irredutível e ali estava ela. Estava cogitando seriamente e possibilidade de se enfiar nas cobertas e comer sorvete enquanto assistia algum filme romântico clichê idiota. Annabeth não desceria a isso. Percy idiota, aquele cabeça de alga havia a tornando uma tonta apaixonada.

Apaixonada. Um gosto amargo subiu em sua garganta. Droga de sentimento. Detestava isso. Amor é cruel. O amor destruiu a vida de seu pai e despedaçou a sua. Amor não a levaria a faculdade e muito menos colocaria comida a mesa. Suspirou, tentando respirar pelo nariz já entupido. O amor era uma fraqueza e Annie não era fraca.

—Beth... –Seu  pai, parado ao batente da porta, mordia o lábio, ponderando sobre o que falaria, não sabia reagir a cena em sua frente. Sua doce menina sempre fora inabalável, entretanto ali estava ela, chorando entre livros na cama. –Está tudo bem, querida?

—Sim. –Ela respondeu, tentando normalizar a voz embargada.

—Isso... É... Um problema do coração? –Não tinha muito tato para esses assuntos, era um homem de meia idade largado pela esposa, não saberia aconselhar a filha adolescente sobre amor, pelos deuses, sequer imaginaria Beth com um namoradinho e seja lá quem fosse o babaca que a fez chorar, oras, quebraria ele.

—Pai, meu coração está ótimo. –Respondeu, firme. –Executando a única função dele: bombear sangue ao meu corpo.

Seu pai soltou uma risada melancólica, ela era tão parecida com Atena. Queria poder deitar ali com Annabeth, mima-la um pouco, enquanto faziam qualquer coisa juntos mas não podia, logo tinha que sair ao trabalho; naqueles momentos se sentia o pior dos pais, há quanto tempo não afagava os cabelos de sua menininha? A amava tanto e por esse amor se sacrificava, juntaria dinheiro para manda-la a melhor faculdade do país.

—Filha, eu realmente queria te pegar no colo nesse momento... mas eu... –o pai dela mordeu os lábios.

—Eu sei, trabalho. –Sentou na cama e sorriu. –Eu estou bem, sério. Chorar é só mais uma das funções fisiológicas do meu corpo, estou apenas mantendo ela regulada e em uso. Pode ir trabalhar, sem problemas.

Deu um beijo na testa na filha e enquanto saia para trabalhar rezou aos deuses para que cuidassem do coração de sua menina, Beth merecia encontrar alguém para a amar.

Annabeth levantou da cama assim que seu pai saiu, odiava esse sentimento egoísta mas as vezes deseja ao menos um pouco de atenção, sempre esteve sozinha, ela por ela.

Não queria mais considerar Percy um amigo, era um sentimento bobo de revolta mas ele estava lá, com Febe, a garota que mais lhe atormentava, enquanto ela própria esperava por ele.  Deu alguns passos para fora do quarto, alimentou falsas esperanças, sabia disso.

Percy era simplesmente perfeito, lindo, atlético e gentil com todos, ele apenas a tratava como tratava todos, foi estupida em achar que ele podia sentir algo por si.

Andou ate a cozinha, precisava fazer o jantar. Mais uma vez comeria sozinha, assistindo alguma palestra. Pegou legumes e pôs-se a cortar.

Seu coração clamava em desejos bobos. Queria se encontrar com Percy, esclarecer as coisas, nem queria mais falar sobre sentimentos, queria apenas sentar e estudar com ele, nadar com ele, fazer qualquer coisa desde que fosse com ele. Tudo ficava mais calmo e alegre com Percy, suave, como a cor azul.

Perdida em pensamentos. Queria fugir de seus próprios sentimentos mas não queria fugir de Percy. Annie não queria ser como sua mãe.

Não percebeu que não tinha mais nada em mãos para cortar e pensava tão profundamente nos olhos doces do menino que não notou a faca indo de encontro a sua mão. Quando o sangue jorrou e um berro engasgou em sua garganta já era tarde. Acertará em cheio sua mão e imaginava ter pego uma veia, considerando a quantidade de sangue que saia.

Puxou uma toalha de cima das louças e amarrou o pulso, envolvendo o sangue e correu para discar do telefone fixo. Chamou ate cair na caixa, seu pai não a viria. Precisava ir ao hospital e porcaria do celular do seu pai parecia sequer receber a ligação.

Annie não tinha carro e o hospital mais próximo de sua casa ficava há, pelo menos, 20 minutos de corrida dali. Engolindo seu orgulho, discou um número que conhecia de cor, Percy. Chamou até cair. Annie se desesperou e rezou baixinho, pelos deuses, ela não tinha mais ninguém. Tentou mais uma vez e quase desmaiou ao ouvir a voz de Percy.

—Alô, quem fala? –A voz dele soou.

—Percy? –Annie disse em um quase gemido de dor.

—Annie? –Ele respondeu. –O que quer? –Foi rude.

—Por favor, Percy... Eu preciso de sua ajuda. –Sua voz tremeu, infernos, aquilo doía.

—Que linda. –A voz do menino saiu acida. –Só me procura quando precisa da minha ajuda.

—Percy... Não é assim, me escuta, eu....- Tentou explicar a situação, mas foi bruscamente cortada.

—Eu cansei, Annabeth. Cansei de fingir que sou só seu amigo estupido, eu mereço um tratamento melhor, eu mereço explicações. –Ele disse apressado. –Você me magoou e nem notou, você não tem ideia do quão chateado eu estou. Não me procure se não for para pedir desculpas.

E desligou. Simples assim. Não deixou nem mesmo Annie falar. A menina então soltou as lagrimas, não sabia o que doía mais: sua mão ou seu coração.

Nesse momento a toalha já estava encharcada de sangue. Não tentou ligar a Percy novamente, ele já havia deixado claro o quanto se importava com si. Saiu de casa, precisava ir ao hospital e iria sozinha. Como sempre esteve, sozinha. No fim, confirmou seus pensamentos, era ela por ela, sempre.

Estava um pouco tonta mas seguia seu trajeto, esperava conseguir chegar ao hospital e rápido. Só conseguia pensar em quanto doía sua mão e no quanto Percy era egoísta; aos poucos a magoa abria lugar a raiva, custava tê-la ouvido?

Suspirou, não podia culpar Percy; Annie sabia que as vezes realmente era má com o garoto, era sua autopreservação, tinha tanto medo de se apegar a ele e no fim passar pelo que seu pai passou que construiu uma muralha de má temperamento para mantê-lo longe. No fim não adiantara, ele quebrará sua muralha e a magoará.

Sentiu-se pequena, pelo jeito ele não se importava tanto assim com ela. Annie percebeu, em seu coração, que se a situação fosse ao contrário, ela correria de encontro a Percy assim que atendesse o telefone, e perceber que se importava assim, doía.

Assim como o sangue ainda quente em sua mão, as lagrimas jorravam. Droga de sentimentos.

Agora nem mesmo queria a amizade de Percy mais. Iria se convencer disso. Precisava se convencer disso.

Andava o mais rápido que podia, com medo de aquecer seu corpo e piorar o sangramento. Alivio lhe invadia ao reconhecer a rua do hospital a frente. Tinha conseguido chegar, sozinha. Como sempre fora.

Apertou o passo e já podia ver a entrada do hospital e ouvir uma discussão. Oh não, a ultima coisa que precisava era um grupo trancando a entrada do hospital.

Ao se aproximar, conseguiu identificar o que acontecia ali e, com pesar, constatar que conhecia algumas pessoas ali. Thalia Grace, a Punk que já havia conversado antes e Silena Beauregard, a Barbie perfeita de sua turma. Havia mais algumas pessoas ali, um garoto negro alto, parado como um guarda ao lado da bonitinha e um cara loiro com uma cicatriz próximo de Thalia e mais ainda, reconhecia dois adultos.

Conseguiu ouvir alguns gritos e notou o quão alterada a mulher adulta parecia. Ouvia alguns berros desconexos.

—Essa menina não é filha de Zeus, aquela puta da Demetér nunca deixou-nos fazer um exame de DNA na bastardinha. Ela é filha do bebum mesmo.

—CALA A BOCA. –Thalia estava visivelmente nervosa e olhava ao redor como se quisesse fugir. –Eu não quero ficar ouvir essas merdas. Minha amiga está lá dentro, precisando da minha ajuda.

—Você não consegue ajudar nem a si mesma, patética. –A mulher respondeu e Annie viu Thalia cerrar os pulsos e desviar o olhar.

Annie engoliu em seco, já havia vistos cenas assim antes. Hera lembrava-a de sua mãe, como sua mãe era má com seu pai nos últimos anos de casamento. Era apenas uma criança mas jamais esqueceria do dia que sua mãe disse a mesma frase ao seu pai, um pouco antes de sair de casa, para nunca mais voltar.

Baixou o olhar, decidiu que faria por Thalia o que gostaria de ter feito por seu pai. Seria para Thalia, naquele momento, o que nunca foram para si, seria seu apoio.

—Thalia...? –Chegou próxima do grupo, logo, recebendo toda a atenção. Fez sua melhor expressão dolorida, o que, na atual situação, não era difícil. –Graças aos deuses, te encontrei. Eu preciso de sua ajuda...

—Annie. –Thalia parecia confusa por um momento mas ao desce o olhar para a mão da menina, de um salto e correu até ela. –O que aconteceu?

—Tive um acidente enquanto fazia o jantar. –Respondeu e sentiu a menina examinar sua mão. –Como eu sabia que estava neste hospital, corri para cá, é bom ter um apoio amigo nesses momentos. –Disse, mentindo em algumas parte. –Você pode entrar comigo? Tenho medo de hospitais...

Thalia não tardou em entender que Annie estava a ajudando a sair do meio daquela briga estupida. Sorriu, não conseguindo a expressar para agradece-la.

—Claro, vamos. –Thalia a ajudou a entrar. –Silena, venha, nossa amiga precisa de nós.

—Ei, mocinha, pode voltar aqui, ainda temos assuntos... –Hera tentou se aproximar de Thalia, mas o garoto loiro se pôs entre eles.

— Thalia vai me ajudar agora, depois você desconta nela suas frustrações por um casamento ruim. –Annie respondeu, fria. –Aproveite o tempo livre e vai pastar, sua vaca.

Entrou no hospital, ouvindo o riso de Thalia, do menino loiro, que as seguia e de Silena e seu guarda.

—Oh meus deuses, você é minha nova melhor amiga. –Thalia tinha um sorriso agradecido. –Me tirou de perto daqueles idiotas e ainda chamou Hera de vaca... –Ela ria.

—Eu te venero. –O loiro disse, rindo.

—Annabeth, certo? –Silena questionou, doce. –O que fez na mão, exatamente?

—Estava cortando legumes e decidi colocar carne junto, infelizmente não tinha nenhuma no freezer e tive que apelar ao canibalismo. –Deu de ombros, tentando disfarçar a dor. –Acho que acertei uma veia, preciso de pontos.

A seguir, tudo foi um borrão a si, entrou na sala, levou 9 pontos na mão, no total, recebeu um curativo e algumas instruções de como cuidar da ferida e higienizar. Cerca de 1 hora depois estava novamente na recepção, dessa vez, atordoada em como iria paga a conta do hospital.

—Oh, Annie. –Thalia sorriu ao ver a menina.

Annabeth se espantou ao ver todos ali, sentados.

—Olá. –Sorriu e levantou a mão. –Agora sim, novinha em folha.

Thalia sorriu e chamou ela para se sentar com eles.

—Estamos esperando nossa amiga, Katie, ela foi internada mais cedo, se machucou em casa, logo ganhará alta. –Silena respondeu o questionamento de Annie, sobre o que estavam fazendo ali, ainda.

—Se quiser esperar conosco, depois vamos ir comer. –O loiro disse e recebeu um olhar de lado de Thalia. –Ei, eu estou dizendo que vou pagar pizza a todos assim que a menina lá ganhar alta, é meu presente.

Thalia riu e o clima ficou ameno. Annie se envolveu nos assuntos rapidamente, conseguiu distrair sua mente do que lhe atormentava, Percy. Não foi difícil notar que Luke, como descobrira se chamar, era apaixonado por Thalia, o jeito como ele a olhava e fala com ela era fofo, idem Charles, o menino ao lado de Silena, que babava a cada movimento dado pela menina.

Annie riu das constatações e, por alguns momentos se sentiu apenas uma adolescente comum, no meio de amigos.

Ate se lembrar que estava no hospital e precisava descobrir como pagar seus gastor.

—Annie. –Thalia chamou-a e como se lesse pensamentos. –Espero que não se importe, eu paguei sua consulta aqui, é uma forma de agradecimento por ter me salvado e dado um lição na vaca. –Sorriu doce. –Alias, você deu a ela o melhor apelido possível, era o mínimo.

Annie sorriu e quase chorou, emocionada. Os deuses estavam finalmente olhando para si.

Naquele momento, Annie não se sentiu mais sozinha.

 

 


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Notas finais do capítulo

Finaalmente juntei as meninas!!! Só falta minha doce Katie e ai vai estar tudo perfeito!

O que acharam? Morteee ao Percy (brincadeira, juro que vocês vão entender as ações dele!)

Até a próxima!