Desajustadas escrita por KitKatie


Capítulo 13
Maquiagem


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus lindos! Como vão?
Adivinha que conseguiu postar a tempo sem atrasar? Euuuuu, eita milagre dos bons ^^
Esse capítulo esta puro amorzinho, espero muuuito que gostem ^^
Boa leitura ♥



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Katie suspirou frustrada, pela terceira vez. A garota já estava a, no mínimo, meia hora no banheiro tentando, inutilmente, cobrir aqueles diversos machucados. O corte na bochecha recebeu um esparadrapo bege e um pouco de base e pó por cima, não havia ficado tão ruim; os machucados pelos ombros, braços, pernas, barrigas haviam sido cobertos por uma calça simples, botas e um moletom verde (graças aos deuses a temperatura havia abaixado, permitindo a garota pode usar roupas assim sem levantar suspeitas), o grande desafio era o olho roxo, que além de manter o tom vivo e chamativo ainda estava inchado.

A grande verdade era que Katie era um desastre no quesito maquiagem, ela possuía alguns produtos (a maioria presentes de antigas amigas de sua mãe ou de rifas que ganhara) mas não possuía capacidade, ou conhecimento, para usa-las. Conseguia se virar no básico, mas aquele olho roxo pedia muito mais do que o básico, já estava além das habilidades de Katie.

Mas, infelizmente, precisava fazer algo, se continuasse faltando logo a escola viria atrás dela e seria pior, sem mencionar Thalia, céus, a menina estava louca atrás de Katie, já havia mandado pelo menos umas 40 mensagens (só na noite anterior).

Respirou fundo e tentou o melhor que pode, passou base, pó e até mesmo uma sombra clarinha, colocou sua franja de lado, tentando cobrir parte do rosto e rezou para que ninguém percebesse. Não prendeu o cabelo, afinal a franja ajudava e muito a disfarças, passou um pouco de blush para disfarçar a palidez e saiu do banheiro.

Deu um “tchauzinho” a suas flores, pegou sua mochila e seguiu para o colégio. Não encontrou com seu pai pela casa, graças as suas preces desesperadas, e no colégio não trombou com nenhuma das “nojentinhas”, apelido carinhoso dado ao trio de Drew, porém não escapou do abraço sufocante que recebeu de Thalia, e dos xingamentos.

—Meus deuses, você está bem, Katie? –Perguntou Thalia.

—Sim. –Respondeu, forçando um sorriso, que saiu muito verdadeiro, anos fingindo rendem algo.

—Ótimo, porque eu vou matar você. –Thalia mudou seu semblante para sombrio e começou a dar tapinhas de leves, apenas de brincadeira, em Katie. O que ela não sabia é que mesmo sem a intenção de machucar a garota isso acabou acontecendo, graças aos inúmeros machucados. Katie não queria preocupar a amiga por isso riu, para disfarçar a dor. Riu quando na verdade queria chorar.

—Para. –Disse forçando o riso.

—Você me preocupou de verdade, Katie. –Thalia suspirou. –Não suma mais assim sem avisar.

—Desculpe. –Murmurou.

—O que aconteceu? Você é tão certinha que para faltar deveria ter sido espancada. –Thalia soltou uma risada, mas logo ficou séria, havia conhecido o pai de Katie, afinal. –Você não foi espancada, não é?

—Claro que não. –Katie soltou uma risada, mesmo sentindo vontade de concordar e abraçar Thalia até toda aquela dor sumir. –A minha vizinha foi viajar e não tinha ninguém para cuidar do filhinho dela, de 9 anos, e ela é uma senhora tão gentil, não tinha como negar. Sem contar que ela elogiou meu cabelo.

—Ah, sério? As velhas que eu conheço te chamariam de assombração. –Thalia soltou uma gargalhada, sem desconfiar da história de Katie, a vizinha realmente tinha um filho. –Então quer dizer que enquanto eu me matava de trabalhar a senhora ganhava dinheiro cuidando de um pirralhinho?

—O que? –Katie fez uma cara incrédula. –Eu não estava ganhando dinheiro.

—É o que, filha? –Agora Thalia estava incrédula. –Você cuidou de uma criança remelenta de graça? Não cobrou nadinha?

—Pelo amor, Thalia, não chame do Bobby de remelento. –Katie corrigiu, séria, mas logo soltou uma gargalhada. –Ela me deu uma torta de maça.

—Justo. –Thalia concordou e ouviu o sinal. –Merda, tenho física e você?

—Educação física. –Respondeu.

—Oh, sorte. –Thalia balançou a cabeça em negativa. –Até depois.

—Até. –Acenou para Thalia e dirigiu-se para o ginásio, já se preparando psicologicamente para os berros do Treinador Hedge.

Não deu outra, ouviu berros a aula todinha, ser chamada de cupcake por um anão assustador é bem traumático. Teve que dar 10 voltas em torno da quadra, fazer agachamentos, polichinelos, flexões, abdominais e uma série toda de exercícios, no final da aula mal se aguentava de pé, o rosto e o corpo pingava de suor e o fato de estar completamente encasacada não ajudava nem um pouco.

—Olha só. –Duas meninas loiras, que não eram bonitas o bastante para entrar no grupinho de Drew (palavras da mesma, não me olhe dessa forma) mas venenosas o bastante para darem orgulho a oriental, sussurravam e riam de Katie.  –O rosto da hippiezinha ‘tá derretendo.

Automaticamente Katie levou a mão em direção ao seu rosto e sentiu a papa gosmenta de base misturada com suor, que em um momento havia sido a sua maquiagem, escorrer. Sem pensar correu ao banheiro, desesperada com a possibilidade de alguém perceber seus machucados.

Entrou, o mais rápido que pode, no banheiro e fechou a porta, porém não conseguiu trancar. Encarou seu reflexo no espelho e constatou, para sua infelicidade, que aquela massa escorrida já não podia mais ser chamada de maquiagem. Ficou tão frustrada que nem mesmo conseguiu conter as lágrimas, limpando o resto da papa de base e pó em seu rosto.

Pensou no que poderia fazer, poderia colocar o dedo na garganta e tentar provocar o próprio vomito e conseguir licença para ir embora, sim, ela faria isso. Mas no momento em que abriu a boca a porta abriu e Katie se virou assustada.

Ali parada na porta, encarando Katie, estava uma garota de cabelos castanhos, olhos azuis, segurando uma bolsa, Katie conhecia ela, Silena alguma coisa, ela estava na sua classe de educação física, possivelmente havia vindo para o banheiro retocar a maquiagem.

Katie desviou o olhar e virou o rosto, ótimo, agora uma das popularzinhas a havia visto sem maquiagem, com o rosto todo machucado, parabéns, Katie, acabou de ganhar o passe “zoação do ano”.

—Você está bem? –A voz suave veio seguida de uma mão em seu ombro.

—Sim. –Respondeu com a voz trêmula.

O silêncio se estabeleceu e só foi quebrado pelos soluços de Katie, a outra garota não estava se maquiando, apenas olhava para Katie e isso a irritava, não queria dó, não queria que sentissem pena dela. Suspirou e se virou para a garota, pronta para falar algumas verdades mas a menina foi mais rápida.

—Eu não sei o que aconteceu com você, gostaria de saber mas não irei te pressionar. –Começou, com a voz suave e constante. –Não vou te oferecer consolo porque isso te faria parecer uma coitada e se você teve a coragem de sair de casa mesmo machucada isso significa que “coitadinha” não é algo que possa te definir.

Katie não sabia o que dizer, estava um tanto perplexa pelas palavras da garota. O jeito como ela entendia a situação dela, não querer a pena dos outros, não querer ser taxada de coitada, só poderia significar duas coisas: Ou ela era uma aspirante a psicóloga muito boa ou passava pelos mesmos problemas, e pelo semblante gentil e compreensivo dela, Katie julgava correta a segunda opção.

—Posso não ser tão boa assim em consolar sem cair nos velhos clichês, sabe? “Ah, não fique assim” ou “Isso passa” são coisas muito ridículas de se dizer, serio, se alguém me dissesse isso eu não me importaria de acabar com a minha manicure na cara dela. –Katie soltou uma risada meio anasalada e Silena completou. –Mas sou boa em maquiagens, posso te ajudar se quiser, sei como é querer se esconder atrás disso, disfarçar seus defeitos, faço isso sempre...

—Você não parece o tipo de pessoa que tem defeitos. –Katie sentiu a necessidade de dizer isso, afinal aquela garota ali, que Katie havia julgado tão mal, estava a consolando, sem pedir nada em troca, sem nem mesmo conhecer Katie. –Na verdade, toda a vez que olho para você, nos corredores ou na aula, o único adjetivo que consigo pensar é “perfeita”, com todo o respeito.

Silena arregalou os olhos surpresa e em seguida soltou um riso.

—É muito gentil de sua parte, e é um pouco irônico também. –Comentou, sorrindo. –Eu queria te consolar e no fim você acabou me consolando.

—Por que está fazendo isso? Você nem me conhece...

—Isso é verdade, mas não quer dizer que não podemos nos conhecer. –Silena disse e mudou de assunto. –Você não disse se aceita ou não minha proposta? Da maquiagem, sabe...

—Ah, sim, se não foi te incomodar...-Katie respondeu um pouco tímida.

—De maneira nenhuma. –A menina respondeu, de forma tão doce que fez Katie se sentir aquecida.

Silena se aproximou dela e a fez sentar-se sobre a bancada, os saltos de Silena a equilibravam deixando dá altura de Katie. A menina começou limpando a face de Katie, tirando os restos da antiga maquiagem e em seguida aplicando uma nova, muito mais natural e bem feita.

—Você é muito boa. –Katie disse com um sorriso, olhando seu reflexo no espelho, nem mesmo parecia que estava maquiada.

—Ainda não acabei, mas obrigado. –Comentou com um sorriso.

Continuou delicadamente, passou um pouco de blush nas bochechas de Katie “para dar um ar mais saldável”, palavras dela, corrigiu as sobrancelhas dela com uma pinça, ensinou até mesmo alguns métodos para cuidar da pele e evitar espinhas, cravos e manchas e por fim passou um pouco de gloss incolor.

—Agora sim está pronto. –Disse e Katie se virou. –O que achou? –Perguntou, ansiosa, encarando com Katie o reflexo dela.

—Uau...-Foi tudo que Katie conseguiu murmurar. –Está incrível, nem dá para perceber nada. Você é uma artista, Silena.

—Gentileza sua, Katie. –Respondeu, com um sorriso aliviado, estava com medo de que a garota não gostasse.

—Sabe meu nome? –Katie questionou, surpresa, não esperava que Silena soubesse seu nome.

—É claro que sim, é difícil não lembrar o nome da única hippie do colégio. –Comentou, não com acidez de Drew, como quem ridiculariza, mas com simplicidade, quase como se admirasse ela. –Acho seu estilo incrível e suas roupas são maravilhosas, queria saber onde vocês as compra, nunca vi em loja nenhuma...

—A maioria eu mesma faço. –Katie deu de ombros. –Compro o tecido e depois costuro e estilizo, acho divertido. –Comentou sem imaginar o efeito que isso causaria em Silena.

—Jura? –Silena quase berrou, impressionada. –Você mesma faz suas roupas?

—Bem, a maioria sim. –Katie falou com simplicidade, é claro que ela não diria o porquê, já que o motivo era seu pai, que era muito limitado na questão distribuição de dinheiro, o tanto que ele liberava para roupas dava apenas para os tecidos, não que ela estivesse reclamando, Katie adorava fazer as próprias roupas.

—Você é minha nova heroína. –Disse sorrindo e em seguida, como se uma luz a tivesse iluminado respondeu, animada. –Tive uma ideia brilhante.

—Qual? –Katie disse, sorrindo.

—Eu te maquio amanhã e depois, até seu rosto estiver melhor e você faz uma roupa para mim. O que acha? –Perguntou, dando pulinhos. Não que ela estivesse cobrando uma espécie de pagamento, ela faria de bom grado sem receber nada, mas ela sonhava muito em ter uma dessas roupas maravilhosas que Katie fazia (que Silena sabia que Drew invejava internamente) e esse não era o único motivo, essa ideia acabaria aproximando Silena e Katie e era isso que ela queria, ser amiga de Katie.

—Ok. –Katie disse sorrindo, mas logo completou. –Só que no momento não tenho tecidos...

—Isso é o de menos, posso arranjar todos. –Disse animada. –Você pode me medir e todas essas coisas, né? Você faz um desenho antes ou vai costurando? Que tipo de linha usa? Qual o tecido mais gosta de trabalhar? E...

Silena enchia Katie de perguntas, que a menina respondia sorridente e sem se incomodar. Passaram o resto da aula ali, no banheiro discutido sobre as melhores roupas, tecidos, desenhos e materiais de costura. Bom, até que a zeladora apareceu a expulsou sob a ameaça de chamar o diretor, não que isso as assustasse mas, bom, nunca se sabe.

Katie, pela primeira vez no dia, sorriu verdadeiramente e quem diria que o motivo seria a patricinha que antes julgou tão mal? É, o destino e suas peças...


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Notas finais do capítulo

Acho que conseguiram ver que este está um pouco diferente, né? Só tem o ponto de vista da Katie, e eu digo o porque, bom, como o segundo ponto de vista seria o da Silena ela estava junto da Katie mudar o ponto de vista mas manter no mesmo lugar poderia ficar um pouco confuso por isso decidi optar por manter só, espero que não tenha ficado ruim.
Talvez outros capítulos também tenham essa formatação, já que as meninas vão estar juntas em grande parte, espero que entendam ^^
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