A primeira vez que Barry a sentiu, ele não tinha mais que sete anos. Estava correndo em sua casa, brincando de pega-pega com seu pai em uma manhã de domingo, quando sentiu um forte ardor em seu pescoço e sua cabeça começou a latejar. A dor não durou mais que dez segundos, mas mesmo assim foi o suficiente para assustar o garoto.

 Aquela foi a primeira vez que seus pais lhe explicaram o estava acontecendo. Naquele mesmo dia, quando os Allen estavam preparando seu filho para dormir, Nora se sentou ao lado do menino na cama e lhe disse com uma voz calma e doce.

— A dor que você sentiu hoje mais cedo, meu amor, não era você

 Quando tudo que obteve foi um olhar confuso, ela continuou.

— Sabe a marca que você tem?

 O garoto assentiu levando a mão inconscientemente para o que achava ser uma linha pontilhada que se encontrava em cima de suas costelas.

— Ela não é só uma marca

— Então o que é? -  Barry perguntou com a curiosidade de uma criança

— Lá fora, em algum lugar, existe alguém com esse mesmo sinal. E vocês dois estão ligados de mais formas do que você pode entender.

— Como assim? - Ela continuou confuso.

 Nora apenas riu.

— Quando você estiver mais velho vai entender. O que precisa saber agora, é que de vez em quando você vai poder senti-la,sentir o que ela sente, como hoje cedo.

 Barry recebeu a informação com uma careta.

— Quer dizer que eu vou sentir a dor de outra pessoa? Isso não parece bom

— Vai valer a pena, meu garoto bonito...Vai valer. - Nora Allen lhe respondeu com um sorriso amável e logo depois lhe dando um beijo de boa noite, deixando o garoto apenas com seus sonhos e varias perguntas ainda não respondidas.

...

 Caitlin Snow conseguia senti-lo desde que se entendia por gente. Ao contrario dela, sabia que sua alma gêmea tinha uma grande tendência a se machucar. mas o que realmente a marcou. A dor que ela não era capaz de esquecer...Essa não veio de nenhum machucado físico. Ela sabia disso... Ela podia sentir.

 Foi em uma noite quente, particularmente normal. Ela tinha ido dormir cedo, se preparando para uma prova de matemática que teria no dia seguinte. Tudo estava normal, exceto que não estava. Cait acordou em um pulo sentindo uma dor terrível em seu coração. Lagrimas inundaram seus olhos e ela gritou. Um grito tão alto que fez sua garganta doer.

 Seus pais correram para seu quarto assustados, querendo saber o que estava errado, mas ela não conseguia falar, apenas chorar com uma mão pressionando o lugar em que seu coração estava. Seus pais estavam desesperados, no inicio acharam que tinha algo errado com ela, depois quando ela parou de chorar e adormeceu, acharam que talvez a alma gêmea dela poderia ter morrido.

 Quando acordou ela estava triste, era como se uma nuvem carregada tivesse coberto o sol. Seus pais perguntaram como ela estava, o que tinha acontecido, mas ela não sabia. A única coisa que tinha certeza era que em algum lugar, ele ainda estava vivo, só que incrivelmente mal.

...

 O tempo passou pra ele, e passou pra ela. E ambos de certa forma pararam de acreditar... Acreditar que essa coisa de almas gêmeas era realmente tudo o que diziam. Claro que acreditavam que era real, também, tinham a marca e todas aquelas sensações para provar isso. Mas pararam de acreditar que um dia iriam se encontrar, que a pessoa com quem compartilhavam o símbolo era a pessoa certa com quem iriam passar o resto da suas vidas, afinal haviam almas que nunca se encontravam, que conheciam outras pessoas e eram capazes de amar e viver felizes. E ambos tinham seus motivos pra acreditar que esse era o caso. Que todas as histórias que lhes foram contadas, não passavam disso... Histórias.

...

 Barry caiu de amores por Iris West desde o momento que foi acolhido pelo pai dela. Ele a amava em segredo pois tinha medo de perder sua amizade se um dia ela soubesse, e ele não tinha a coragem necessária para arriscar. Para o homem que hoje era um cientista forense, não havia nada que pudesse sentir por outra mulher, que superasse o sentimento que era destinado a sua melhor amiga.

 Quando era menor, ele podia jurar que era ela. Afinal se não fosse, quem mais poderia ser?

 Mas as coisas não eram assim. Quando ele viu a marca em forma de um escudo, estampada nas costas da morena, não pode evitar de ficar decepcionado. Não era ela, mas ele passou a não se importar. Talvez o destino tivesse cometido um erro ou sei lá. Com a sorte dele bem que era possível.

...

 Já Caitlin Snow havia focado na sua carreira. Se tornou uma brilhante bioengenheira e amava seu trabalho. Foi nele que ela o conheceu. Ronnie Raymond. Um homem que pouco a pouco foi se tornando alguém muito importante para a doutora. Não era segredo nenhum que ele se interessou por ela no momento que a conheceu, mas que foi difícil conseguir uma brecha para entrar em seu coração...Ah, isso foi.

 Por mais centrada e lógica que fosse. Ainda havia uma parte dela que nutria a esperança de achar um amor como o de seus pais. De que encontraria aquela única pessoa e conhecer o que é amar e ser amada por sua metade. Porém ela estaria mentindo se dissesse que não se apaixonou por Ronnie. Que ele não lhe fazia bem.

 Mas não era ele. O pássaro em chamas desenhado em sua canela era a prova disso. Porém Raymond não se importava. Ele gostava de Cait e era o que importava. E para ela, isso foi o que importou. Por que ficar esperando um homem que ela nem sabia se iria encontrar? Por que se privaria de amar?

 Ela foi feliz? Sim. Ela o amou? Sim. Ela pulou de alegria quando ele a pediu em casamento? Claro que sim! Mas ela viveu feliz para todo o sempre? Não!

 O pior dia da sua vida, ironicamente deveria ser um dos melhores. Eles iriam ligar o acelerador de partículas. O trabalho de sua vida iria finalmente dar frutos. Ela estava radiante naquele dia. Durante a palestra que Dr. Wells dava mais cedo, ela não podia evitar de sorrir com a ansiedade e orgulho daquele momento. Porém quando eles finalmente o ligaram, tudo deu errado. De repende havia correria por todos os lados. Aquilo iria explodir, e quando fizesse muitos iriam se machucar.

 Ronnie havia ido tentar ajudar os outros a conter o que estava acontecendo. Ela não queria que ele fosse, era perigoso. "Cait, eu tenho que ir". Ah como ela odiou essa frase. Não queria perde-lo, não podia.

  A próxima lembrança clara que tinha era a constatação de que Ronnie iria morrer. Ele havia se sacrificado para diminuir o raio de destruição do acelerador. Ele se foi... Se foi sem conseguir ao menos se despedir.

 A dor de tê-lo perdido, nublava seu sentidos. O acelerador explodiu, mas por causa de Ronnie eles estavam a salvo, mais pessoas estavam a salvo. Cisco, seu melhor amigo Cisco , a estava levando para o mais longe de toda aquela confusão. Ela ia seguindo-o no automático até que sentiu um formigamento e mais rápido do que poderia processar,  uma dor pareceu queimar todo o seu corpo, e parti-lo ao meio, deixando apenas a escuridão.

...

  Talvez ambos ainda não entendessem seu sinal. A constelação de Horologium. O relógio. Não havia uma lenda, nada que era associado a ele. Porém para cada um havia varias interpretações dele. Para Barry Allen e Caitlin Snow...Ah para eles era apenas uma questão de tempo.