Lá estávamos nós, prontos para dar mais sustos.

Como eu cheguei aqui? Isso é bem interessante. Quando criança, uma moça muito bonita me ofereceu doces. Ela usava roupas coloridas e o cabelo era preto azulado. O que dava impressão de que ela era uma pessoa alegre. Mas, ao invés de me oferecer doces, me amaldiçoou. E agora aqui estou eu, fantasiado de mágico e com partes animais de urso pardo, atração de um brinquedo de terror. Um castelo “assombrado”.

Não foi somente eu. Mais três crianças vieram junto comigo, e acabaram virando meus amigos.

O nome do parque era Carousel, eu não sei o porquê. Mas, dizem que o carrossel que tem nesse parque... Não é normal.

Admito que aqui é bem animado e “feliz”. Apesar de ter se passado oito anos e nada mudou, eu continuo nessa droga de parque. E logo terei que me preparar. Não entendo, por que as pessoas pagam para tomar sustos, ou podem até mesmo ter um enfarte.

Eu e meus amigos estávamos em uma pequena tenda branca, como aquelas de circo. A dona do parque e também a pessoa que arruinou minha vida, Cindele. Deu essa pequena tenda para podemos comer, dormir e essas coisas.

— Vamos Freddy, está na hora. – Disse Chica, uma das crianças condenadas.

Me surpreende ela conseguir ser assustadora as vezes. Quando está na hora da nossa pequena “apresentação” seus olhos ficam totalmente negros, o que me dá medo. Porém, eu gosto de suas vestes. Um vestido amarelo com um lasso preto enorme atrás. Os cabelos loiros e longos amarrados em um rabo de cavalo. Ela tinha os lábios roxos, não era batom, seus lábios ficaram dessa cor quando amaldiçoada e para completar ela tinha um desenho de cupcake no olho esquerdo.

Chica tem um amiguinho, que Cindele deu de presente a ela, um cupcake. Um cupcake que pode falar, ela adora ele.

Antes de ser amaldiçoada seu nome era Katy. Mas, ela acabou se acostumando com seu nome artístico.

O meu era Lucca, e agora é Freddy.

O do garoto a minha esquerda era Ben, mas agora é Bonnie.

O da minha direita era Nick, mas agora é Foxy.

Bonnie tinhas partes animais de coelho roxo, o que Chica adorava.

Ele usava um terno roxo com uma gravata vermelha da cor de seus olhos. E seu cabelo, também roxo.

Foxy usava roupas de pirata, porém eram um pouco rasgadas. Ele tinha cabelos vermelhos e os olhos amarelos.

Todos posicionados e prontos para começarmos o “show”.

Tinha algo que nos ajudava, cada um tinha um poder simples.

O da Chica não ajudava em quase nada, mas era um delícia, ela podia invocar comida. Eu podia me teletransportar. Bonnie podia levitar as coisas. E Foxy, nunca usou seu poder e até hoje eu não sei qual é.

— Esperem, vocês não vão se apresentar hoje.

Olhei para trás e lá estava Cindele, com as mesmas roupas de sempre.

Ela fez surgir um sofá do nosso lado e apontou para ele com o queixo.

— Minhas pequenas crianças. Ou melhor, adultos, vocês já fizeram vinte anos de idade, e eu nem consegui fazer uma festinha... Vocês vão ficar um tempo “sem funcionamento”.

— Por que? – Perguntei furioso, essa é a nossa única diversão apesar de tudo.

— Estou faturando pouco dinheiro com esse brinquedo. As pessoas estão dizendo que estão enjoadas de todo dia o mesmos sustos e os mesmos rostos.

Todos cruzamos os braços encarando-a.

— O que você vai fazer então? – Perguntou Foxy irritado. – Nos matar?

— Claro que não meu pequeno Foxy, vou trazer novos amiguinhos para vocês. – Ela sorriu maliciosamente.

— Como assim? Vai arruinar mais vidas? Não pode fazer isso, já basta nós. – Rebateu Bonnie se levantando.

— Sente-se Bonnie, ou eu lhe mato agora mesmo.

Todos estávamos furiosos. Eu queria pular em cima dela e matá-la, mas se eu fizer isso, ela me faz virar pó na mesma hora.

— Você vai amaldiçoar mais crianças? – Perguntou Chica Intrigada.

— Não Chica, vou procurar adultos de vinte anos, a idade de vocês. Quando pequenos vocês foram um desastre, só começaram a fazer sucesso quando completaram quinze anos.

— Quantas pessoas irá “pegar”? – Me levantei.

— Seis, mas eu já tenho alvo em uma, que acho que dará uma bela anja negra.

— Seis?! Mas assim terá dez de nós!

— Por isso mesmo, quanto mais pessoas, mais dinheiro.

Foxy queria avançar, mas não podia.

— Aguardem até amanhã, já terei trago pelo menos alguém.

Ela saiu da nossa tenda. Saí para ver ela mas havia sumido na mesma hora.

Eu voltei Chica estava roendo as unhas nervosa. Foxy dava socos na parede e Bonnie andava de um lado para o outro preocupado.

Me sentei do lado da Chica.

— E agora?

— Eu não sei... – Ela suspirou.

— Teremos mais pessoas para conversar, mas... pense como elas vão sofrer. – Disse Bonnie.

— Talvez não sofram tanto assim, para ser sincero minha vida é melhor aqui do que quando era pequeno. – Falou Foxy.

Foxy, ele dizia que sempre foi solitário quando criança. Mas mesmo aqui, ele prefere ficar escondido atrás das cortinas da Pirate Cove que existe no pequeno castelo.

Por mais que a Cindele tenha arruinado nossas vidas, ela sempre tenta nos agradar. Tornando Foxy um pirata, deixando Bonnie escutar rock alto quando quer, deixar Chica comer o quanto quiser. E eu, ela nunca consegue me agradar. Eu preferia estar vivo com meus pais, feliz e até mesmo namorando alguma garota. A culpa é minha por ter confiado em uma estranha.

Me levantei e saí da tenda para dar uma volta. Aliás, todo mundo acha que eu sou um humano fantasiado de mágico/urso pardo.

Ao sair do castelo vejo que a placa que tinha nossas fotos foi substituída pelo aviso:

¨Retornaremos em breve¨

Suspirei e continuei andando. Vi vários palhaços e donos de barracas, distribuidores de balões, acompanhantes. E de noite aqui fica cheio de coisas estranhas. Principalmente aquele carrossel, que nunca abre... mal sabem os “humanos” que estamos amaldiçoados, presos a essas formas... para sempre.