Porto-Seguro - Corações Incompletos I escrita por Bia Zaccharo


Capítulo 8
Uma Conversa e Uma Manhã Diferente


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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—Responde. —Mamãe pede. —É isso que você pensa?

Kate se levanta e assim como ela os outros saem do quarto, até Cacau corre para fora do quarto.

Deito-me na cama e olho para o teto.

—Ana eu estou esperando. —Diz mamãe.

—Eu não quero falar sobre isso.

—Mas eu quero, muito. Porque você nunca teve coragem de me falar isso?

—E eu precisava falar? Estava óbvio, ou vai dizer que é mentira? Desde que eu cheguei tudo o que você e o Ray fazem é brigar.

—Eu não sabia que você se sentia assim.

—Mas agora você sabe, e não faz diferença.

—Faz sim.

—Não, não faz. —Levanto-me e encaro minha mãe. —Quando eu te conheci eu te achei a mulher mais boa do mundo... Mas você mudou tanto... Eu sei que é difícil lidar com uma adolescente problemática.

—Você não é problemática.

—Sou sim, mas essa não é a questão. Eu sei como é difícil lidar comigo, sei que na maiora das vezes eu mereço uma boa surra. Sei o quanto eu consigo sei fria ou até mesmo mal educada, mas infelizmente eu não pedi para tudo isso acontecer. Se eu soubesse que seu casamento acabaria por minha causa eu preferia ter morrido na mão daqueles dois.

—Nunca mas diga isso.

—Por que? Porque é a verdade?

—Ana...

—Por favor, me deixa sozinha.

—Eu não vou te deixar sozinha... Eu sou sua mãe.

—Mas preferia não ser.

—Isso não é verdade.

—É sim, eu sei muito bem o quanto você queria que sua fiha fosse normal, mas infelizmente eu não sei ser a filha perfeita, e muito menos lidar com o amor que você me dá... Mas tudo o que eu tenho visto ultimamente são brigas, e agora o papai te bate. Eu não sei lidar com isso. Eu mal sei lidar com meus sentimentos e emoções.

—Eu sinto muito por tudo isso.

—Eu também sinto, mas infelizmente sentir nada vai mudar nada.

—Me perdoa? Por tudo?

—Só se você me perdoar também.

—Eu não tenho que te perdoar. Eu te amo.

Sorrio e me aproximo de mamãe, acaricio seu rosto e ela faz o mesmo, ao sentir seu toque o medo vai embora e eu lembro a primeira vez que a vi. Abraço-a e choro baixinho.

—Eu te amo minha menina, mais que tudo.

Solto mamãe e sorrio.

—E por que a senhorita não está na escola?

—Ops... —Encolho os ombros.

—Tudo bem dessa vez, mas da próxima você fica de castigo.

—Você nunca me colocou de castigo. —Semicerro os olhos.

—Nunca é tarde para se começar algo novo.

—Ok. —Sorrio.

—Bem, eu vou preparar um lanhce para seus amigos, e você vai limpar o rosto. Sua maquiagem está toda borrada.

—Ah meu Deus! —Exclamo e corro para o banheiro.

Desço as escadas e quando entro na sala vejo Cacau toda derretida recebendo carinho de Christian. Fuzilo-os com os olhos e cruzo os braços.

—Parece quem alguém está com cíumes. —Diz Kate.

—Da cachorra ou do Christian? —Elliot provoca.

Sento-me no sofá e cruzo os braços vendo a cena. Chamo Cacau, mas ela se recusa a vir e continua com Christian.

—E se você fossem dormir lá em casa? —Mia sugere e todos à olham. —Ia ser tão legal!

—Seria uma boa mesmo. —Christian diz.

—Claro. —Diz Elliot com sarcasmo. —Nossos pais nem pirariam com seis adolescentes.

—Cinco... —Diz Kate. —A Ana não dorme fora de casa...

Sorrio para ela.

—Por que não? —Mia pergunta.

—Ela não sai sem a Cacau. —Diz Ethan.

—Então vão ser seis adolescentes e uma cachorra. —Diz Mia. —Eu vou ligar para a minha mãe.

Mia levanta e liga para a sua mãe, ela fala algumas coisas e pelos gritos estéricos acho que sua mãe deixou.

—A mamãe ficou superfeliz, e disse que sim. —Mia dá pulinhos.

—Ana. —Mamãe entra na sala. —Eu estou indo.

—Ok. —Sorrio. —Eu vou dormir na casa da Mia hoje.

—Ok querida. —Ela sorri e beija a minha cabeça. —Até amanhã.

—Até.

Minha mãe sai e a sala fica em silêncio.

—E então? Vocês querem ir agora? —Mia pergunta.

—Pode ser, mas eu tenho que arrumar as minhas coisas e a da Cacau.

—E eu e o Ethan temos que ir em casa arrumar nossas coisas, mas se formos agora nossos pais vão nos matar por estarmos cabulando.

—Então vamos ficar aqui até a hora do colégio acabar. —Sugiro. —Depois vamos.

—Está bem, mas o que vamos fazer até lá? —Pergunto Elliot.

—Que tal algum filme? —Pergunto. —Nós podemos fazer pipoca e brigadeiro também.

Todos concordam e sobra para mim fazer a pipoca e o brigadeiro, mas Christian se oferece para ajudar, nós entramos na cozinha e eu começo a separar as coisas para fazer.

—Sabe Ana... —Christian sussurra. —Sobre o que você viu hoje mais cedo...

—Você e a Leila? —Pergunto distraídamente. —Eu realmente não tenho nada a ver com isso.

—Mas eu não gosto dela, foi ela quem me beijou.

—Eu percebi, você a empurrou.

—Mas você não me deixou explicar.

—Christian, eu vi tudo, não precisava de explicações, não acha?

—Você tem razão.

Coloco a pipoca no microondas e depois começo a preparar o brigadeiro.

—Quem te ensinou a fazer essas coisas? —Christian pergunta.

—Minha primeira mãe. —Sorrio. —Ela me deixava cozinhar com ela, acho que era o único momento que ela demonstrava ter algum sentimento por mim.

—Eu sinto muito por tudo que você passou.

—Tudo bem, já passou.

—Ela era tão ruim assim?

—Não... Acho que não, ela cuidava de mim, por mais ruim que fosse, eu sempre achei que ela fazia tudo aquilo por causa do meu pai, não sei ao certo, mas ela tinha muito medo dele.

—Medo?

—Sim... Minha mãe era um prostituta, ele era o cafetão, mas pai também. Ele batia muito nela, e se ela não fizesse essas coisas comigo ele a maltratava. Quando ele saia ela cuidava bem de mim, me dava comida e tudo mais.

—Então nem tudo foi ruim?

—Não, teve coisas boas também. Eu gostava dela.

—O que aconteceu com eles?

—Eles estão presos... Meu pai os prendeu, e acho que não vou vê-los nunca mais.

—Você fica triste por isso?

—Um pouco. —Digo calmamente. —Eu sempre tive vontade de revê-los, tentar entender por que eles fizeram tudo isso.

—Entendi...

—Mexe aqui para mim.

Entrego a colher na mão de Christian e ele faz o que eu mando enquanto vou olhar a pipoca.

—A Mia e o Elliot preferem refrigerante ou pipoca? —Pergunto.

—Minha irmão com certeza suco, e o Elliot refrigerante.

—Ok.

Jogo a pipoca nas tigelas e depois pego algumas latinhas de refrigerante e uma jarra com suco. Coloco tudo em uma bandeja e vou ajudar Christian com o brigadeiro.

Depois que terminamos tudo voltamos à sala e colocamos as coisas em cima da mesa de centro.

—Escolheram o filme? —Pergunto.

—Sim. —Kate diz e dá um sorrisinho maquiavélico.

O-ou.

—De terror? —Pergunto.

—Sim.

—Filha da puta! —Exclamo rindo.

—Você tem medo? —Elliot pergunta rindo.

—Medo? —Ethan ri. —Ela morre de medo. Até chora.

—Eu não choro. —Digo fazendo beicinho.

—E aquela vez que você chorou? —Kate pergunta.

—Eu estava de TPM, ok? —Falo rindo. —E ele tinham matado um cachorro, isso é um absurdo, ok?

—Ah claro! —Kate e Ethan dizem em uníssono.

—Coloca logo. —Pede Mia.

Elliot coloca o filme e nós sentamos nos pufes, Christian senta do meu lado e segura minha mão, mas Cacau rosna para ele, ela se aproxima e deita sobre as minhas pernas.

—Ciumenta. —Digo passando a mão em sua cabeça.

O filme começa e eu mal consigo ver, por fecho os olhos na maioria das cenas, mesmo com todo dizendo que já passou, eu não confio, eles são loucos, só pode.


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