Two hearts for one - Season 1 escrita por Vênus


Capítulo 2
Capítulo 2 - Impossível




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Lembro do dia de minha infância que vinha chorando no ônibus escolar, tinha 6 anos e meus cabelos eram curtos no ombro, extremamente lisos e pretos. Eu sabia que meus pais iriam perguntar motivos e isso causaria problemas, lembro que tentei conter o choro e Beatriz sentada no meu lado apenas olhava para a janela, ela só havia sentado ali porque era lugar marcado. Chegamos em casa e ouvi a voz macia e doce da Sojin "Vênus? Vênus?", eu estava de novo no ônibus, não entendi nada, peguei no ombro de Beatriz e tentei virar seu corpo, ela não virou até que eu me joguei em cima dela para falar olhando em seus olhos e ela estava sem rosto. Acho que meus olhos nunca doeram tanto por ter arregalado, me joguei pro outro banco, eu não conseguia respirar, apenas cai do banco e me afastei rastejando de costas até que bati em uma parede, olhei para trás era a parede dos fundos da escola, olhei para frente e estava Beatriz e todas as crianças da sala, todas estavam com uma pedra na mão e Beatriz gritou "PARA QUE VOCÊ NUNCA TENTE ROUBAR OS PAIS DE MAIS NINGUÉM AQUI!", todos jogaram suas pedras e saíram correndo, voltaram correndo de costas, como quem rebobinasse a ação, Beatriz repetiu "PARA UQE VOCÊ NUNCA TENTE ROUBAR OS PAIS DE MAIS NINGUÉM AQUI!", denovo, denovo, denovo, meu rosto começou a despedaçar e eu comecei a sumir, eu parecia feita de vidro, ACORDEI. 

Sojin: - Bom dia bebê.

EU APENAS DEI UM PULO NO SEU PESCOÇO E CHOREI DESESPERADAMENTE. 

SJ: - Você sempre reclama quando chamo você de bebê, oque aconteceu? Calma filha, calma, eu estou aqui, eu estarei sempre aqui para você.

Beatriz tinha acabado de chegar quando Sojin falou isso.

Beatriz: - Eu não sei qual das duas eu mais odeio.

 Bateu a porta do quarto para que ecoasse em toda a casa. Meu pai estava no quintal e ouviu.

Selton: - Está tudo bem aí? - Gritou de longe.

Eu olhei para minha mãe por três segundos e logo a soltei, "eu deveria ser mesmo culpada por isso?", coloquei um casaco por cima do pijama, peguei minha carteira em cima da cômoda, "porque eu preciso passar por isso?", desci as escadas correndo e saí correndo até a porta, coloquei o sapato, "eu não quero mais ser um problema." saí correndo, apenas correndo, correndo até estar tão longe que não conseguisse mais lembrar meus pensamentos, onde estava, porque estava, para que estava, olhei em volta, "eu queria poder ter alguém para estar", eu só tinha uma escolha, mas eu não havia levado nem o celular.

Andei por um tempo olhando para o céu, fingi estar voando por lá. Quando eu olhei para frente eu vi uma placa avisando que o shopping ficava a trezentos metros, logo lembrei de Morena dizendo "Eu moro atrás do shopping, você deveria ver as arvores que tem na minha casa", bem, eu poderia arriscar, eu não tinha nada a perder mesmo. Por trás do shopping havia três casas com arvores na rua, novamente, eu não tinha nada a perder mesmo. Toquei a campainha da primeira casa e ninguém atendeu, fiquei uns minutos, estava silêncio total. Pensei que eu não levei em consideração que ela poderia ter saído. Na segunda casa quando olhei tinha um casal tomando chá na varanda com uma criança, lembro de Morena dizendo que seus pais eram separados e que havia apenas um irmão mais velho. Certo, terceira casa, três é meu número da sorte, vamos lá, respirei, toquei a campainha, ouvi uma voz um tanto na defensiva falar no interfone.

— Quem é?

— Oi, boa tarde, é... Vênus, gostaria de saber se Morena está em casa.

— Espere.

Fiquei cerca de cinco minutos esperando olhando as arvores, dessa vez eu me imaginava pulando entre os galhos. Não notei quando Morena chegou.

Morena: - Vênus! Oque faz aqui? Como chegou a minha casa? Que surpresa! Eu estava ensaiando uma música para te passar, acredita?

Nossa, ao mesmo tempo que eu levei um susto ao ouvir sua voz, por estar um lugar completamente longe de qualquer problema meus músculos relaxaram, eu me senti acolhida em todas aquelas simples palavras, naquela alegria simples e verdadeira, em suas palavras animadas e grudadas umas nas outras na fala, eu não pude contar, falei com os olhos lacrimejando.

V: - eu apenas preciso ficar um tempo do seu lado, posso?

M: - Claro, aconteceu alguma coisa? Entre.

Fomos andando até a sua garagem, tinha notebook e uma garrafinha de água, ela estava mesmo ensaiando. Ela usava um tênis, uma blusa de colégio antiga e um short. Acho que ela percebeu que eu andei bastante por estar suada e ofegante.

M: - Você quer água?

V: - Sim, por favor.

Minha voz estava saindo um pouco tremida, como eu estava em um lugar desconhecido tendi a segui-la, mas com um tanto de dó na voz ela disse:

M: - Você pode esperar aqui? Meu irmão é um tanto anti social e está em casa hoje, mas eu volto logo, não se preocupe, quiser colocar uma música que goste a pasta de MVs está aberta no notebook.

Assenti com a cabeça e voltei para frente do notebook, fui ver oque tinha na pasta enquanto lembrava da voz do interfone, parecia mesmo alguém que não gosta de visitas, encontrei Just One Day do BTS e cliquei no vídeo sem pensar duas vezes. Quando Morena chegou eu estava abraçada com minhas pernas e estava chorando cantando o rap do suga.

M: - Ei, ei, ei.

Morena falou isso em um tom de voz tão doce que ela mal chegou perto de mim para me abraçar e eu já desfiz a posição e encaixei minha cabeça debaixo da sua, quando ouvi sua respiração me senti a salvo. Apenas fui me acalmando bem aos poucos e a música ia se repetindo. Morena conseguia ver minha hesitação em falar sobre porque estava assim, as vezes eu suspirava para falar mas as palavras apenas não saiam, sem contar que eu já a conheço para saber o quanto sensível é, não queria deixar triste aqueles olhinhos tão carinhosos, então apenas me conformei com seu apoio. E após a música repetir algumas vezes ela decidiu distrair um pouco minha cabeça.

M: - Porque essa música?

Eu saí do abraço, dei pausa na música e olhei em seus olhos.

V: - Existe algo de especial nela, o Suga, embora eu goste de todos os meninos, tem algo de destemido nele, quando ele canta eu consigo ver em seus olhos o quanto ele idealiza tudo aquilo que fala, ele não apenas reproduz, não que os outros não sejam assim, mas acho que é algo na sua história de vida que me faz olhar mais atentamente para ele, você sabe como é uma relação de idol e bias, mas eu nunca o vi como um idol, mas sim como um de nós, apenas um humano suscetível a erros e acertos, ele me dá coragem para continuar sobrevivendo. "Eu imagino isso todos os dias, porque é um só sonho sem sentido mesmo" (trecho da música Just one day).

A porta se abriu silenciosamente e eu ouvi um coro:

M: - Eu entendo.

Suga: - Eu entendo.

eu levantei o rosto para ver quem havia falado. 


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