Now You've Got To Breathe escrita por LStilinski


Capítulo 28
Acordada


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo galera (aaaaaah) estamos chegando ao fim :(



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Antes que tivesse que se preocupar em começar a escola no meio do ano em outro país, Lydia fazia o melhor que podia para aproveitar seu feriado. Sentou no banco da praça perto da casa da tia e abraçou-se, tentando manter-se quente com todas as camadas de roupa que vestia.  
 
Ah, ela sentia falta do sol da Califórnia. Sentia falta do calor. Olhava para cima e tudo o que via era o cinza. E estava frio. Lydia suspirou. Estava em Londres haviam duas semanas e ainda não sabia se queria construir uma vida ali ou não. Talvez ela pudesse se acostumar com o frio e falta de luz solar. Será que teria que abrir mão de suas saias e vestidos?  
 
Bem, ela ainda tinha que analisar todos os lados da ideia.  
 
Levantou-se e foi andando para casa pelo caminho que agora conhecia muito bem. Observou as pessoas na rua, usando roupas consideravelmente leves para o tempo como aquele. Bem, para eles, era verão. Ela podia ser uma daquelas pessoas, com sotaque britânico, usando saias curtas no frio, rindo com seus novos amigos. Ela podia fazer isso... Certo? 
 
— Cheguei! - ela anunciou ao entrar na casa grande onde agora morava, fechando a porta atrás de si. Suspirou quando o ar morno do aquecedor a atingiu.  
 
— Ótimo! - o sotaque forte da tia veio da cozinha. - Acabei de fazer chá! 
 
Lydia foi encontrar com a tia, que colocava na mesa duas canecas e o bule. Sentou-se e agradeceu, tomando um gole do líquido quente. Monica sentou do outro lado da mesa e a lançou um sorriso cheio de expectativa. A garota sorriu de volta, sem ter certeza do que fazer. Será que ela queria conversar? Sobre o que?  
 
— Então...  - começou. - Como foi seu dia? 
 
Monica deu de ombros, bebendo seu chá.  
 
— O mesmo de sempre, você sabe. - Lydia assentiu, levando a caneca aos lábios. - Como foi o seu? 
 
— Foi, hm, legal. É, foi legal, - ela respondeu, sem saber se tinha dado uma resposta satisfatória.  
 
Mantiveram uma conversa agradável até ambas as canecas estarem vazias. Lydia pediu licença e foi para o quarto de hóspedes. Não chamava o quarto de "seu" porque ele realmente não parecia ser dela. As paredes eram vazias e cor de areia, suas roupas ainda não estavam arrumadas no guarda roupa. Talvez ela já tivesse decidido que não ficaria, que não faria dessa casa seu lar. Sabia que precisava recomeçar de alguma maneira, mas não conseguia.  
 
 
Lydia olhou para o relógio na parede e correu para pegar seu notebook, como fazia todos os dias no mesmo horário, desde quando chegara. Entrou no Skype e logo o rosto da sua mãe apareceu na tela.  
 
— Oi, mãe, - a garota disse, sorrindo.  
 
— Oi, querida.- A mulher sorriu de volta. - Como Londres está te tratando? 
 
Lydia revirou os olhos. Sua mãe insistia que conversassem todos os dias, mesmo que não tivesse nenhuma novidade para contar.  
 
— Está me tratando bem, mãe. Assim como ontem, e anteontem.  
 
— Desculpe... É que eu sinto tanto a sua falta! 
 
— Eu sei, mãe, também sinto sua falta. Mas nada está realmente acontecendo por aqui. Quero dizer, é praticamente a mesma coisa todos os dias.  
 
— Desculpe, mas... Você não estava esperando que as coisas simplesmente acontecessem, certo? Primeiro, você tem que descobrir o que você quer, e depois correr atrás.  
 
Lydia suspirou.  
 
— Esse é o problema. Eu... Eu não sei o que quero. - Ela percebeu o olhar preocupado que sua mãe a lançava e abriu seu coração. Falou sobre tudo que sentia e pensava, até o sol começar a se pôr. Seu medo de não se encaixar, o número infinito de perguntas sem respostas, suas dúvidas, suas esperanças, seus planos que podiam nunca funcionar, tudo isso simplesmente escapou pela sua boca. Falou até sobre a única coisa sobre o que evitava pensar: Stiles. Pensar em seu nome parecia piorar tudo.  
 
Quando finalmente terminou de falar, já estava escuro do lado de fora e ela ainda estava sentada em sua cama, sentindo-se cem quilos mais leve. Natalie, que havia ouvido cada palavra, sorria simpaticamente para a filha.  
 
— Ah, senti falta das nossas conversas, - disse, fazendo Lydia rir.  
 
— Eu também, - ela suspirou. - Acho que nem percebi que precisava desabafar.  
 
— É muita coisa para manter para si. - O sorriso de Natalie foi sumindo, substituído pelo mesmo olhar preocupado de antes. - Não deveria... Você sabe que há pessoas que realmente se importam com você, não sabe? Allison, por exemplo, está sempre perguntando por você, então, você sabe, se precisar de uma amiga... 
 
Lydia suspirou e balançou a cabeça, cansada de ouvir a mesma coisa várias vezes.  
 
— Sei que nós éramos amigas, mãe, mas não é a mesma coisa! Ela é legal, e tal, mas não vou me abrir para alguém que eu mal conheço.  
 
— Sim, eu entendo... - Natalie assentiu. - Sinto muito.  
 
— É, eu também. - Lydia olhou pela janela, sem querer mais conversar. Sentia-a cansada, mesmo sem ter feito nada o dia todo, tudo que queria fazer era tomar um banho e se enroscar na cama. - Olha mãe, vou dormir agora. Falo com você amanhã.  
 
— Ok. Boa noite, querida.  
 
Desligou o notebook, foi para o banheiro, onde tomou um longo banho, depois voltou para a cama e se cobriu com o edredom quentinho. Sua tia bateu de leve na porta e entrou para desejar boa noite, e depois disso Lydia ficou sozinha no quarto escuro. Suspirou, fechando os olhos. Mais uma noite de sono antes de um dia exatamente igual.  
 
Lydia adormeceu pensando no que possivelmente podia acontecer para deixar o amanhã um pouco diferente.  
 
XXXXX 
 
Muitas horas se passaram. Lydia abriu seus grandes olhos verdes e encarou o teto, sem se mexer. Sua respiração era superficial enquanto sua mente corria a mil por hora. Tantas coisas passavam pr trás dos seus olhos que parecia estar tendo um furacão dentro da sua cabeça.  
 
Lydia piscou. Estava acordada.  
 
— Puta merda, - arquejou. As pontas dos seus dedos formigavam com a onda de alegria que tomou conta do seu corpo. Sentia que podia se rir, ou chorar. Seu coração batia como uma bateria em seu peito. Tudo era muito real para ser um sonho. Beliscou-se; não, não estava sonhando. Aquilo estava mesmo acontecendo.  
 
Afinal de contas, não podia ser um sonho se estava acordando de um pesadelo.  
 
Uma batida leve na porta a fez pular.  
 
— Ei, Lydia, está acordada? - sua tia perguntou.  
 
— Sim, - ela murmurou, acostumando-se com a ideia de que sim, havia despertado. Lydia sorriu. - Sim, estou acordada! Estou acordada! 
 
Ela pulou para fora cama e correu para a porta, abrindo-a e encarando a tia surpresa com um largo sorriso no rosto.  
 
— Estou acordada! - Lydia a abraçou, dando pulinhos. - Eu. Estou. Acordada! 
 
Monica deu tapinhas nas costas da sobrinha, sem saber o que estava acontecendo.  
 
— Sim... Isso eu posso ver... 
 
— Não acredito! - A garota ria e pulava como uma boba. Monica a segurou pelos ombros e analisou seu rosto, confusa.  
 
Lydia, o que está acontecendo? 
 
— Eu me lembro! - a garota quase gritou. - De tudo! 
 
— O que?! - ela exclamou. Abraçaram-se de novo, e desta vez as suas deram pulinhos pelo corredor. - Então, o que vai fazer agora? - Monica perguntou ofegante.  
 
— Não sei... - Lydia disse, tirando o cabelo do rosto. - Acho que tenha que voltar para casa.  
 
Sem esperar por uma reação, ela voltou rapidamente para o quarto. Pegou as malas bagunçadas e as colocou sobre a cama, jogando as roupas que estavam espalhadas, sem nem se preocupar em dobrá-las. Monica entrou e começou a ajudá-la, de forma que, em alguns minutos, todos os seus pertences estavam devidamente guardados. Lydia queria ir correndo para o aeroporto, mas sua tia a lembrou que ambas ainda usavam pijamas.  
 
Depois de tomarem o café da manhã mais rápido do mundo, entraram no carro e foram ao aeroporto, Lydia roendo as unhas de ansiedade durante todo o caminho. Quando chegaram, foram direto para o balcão, onde a atendente disse que o próximo voo só sairia em duas horas. Lydia gemeu e correu as mãos pelos cabelos impacientemente enquanto a tia comprava a passagem. Ficaram juntas até a hora de ir, quando Monica deu uma abraço apertado na sobrinha.  
 
— Boa sorte, - disse. - Te desejo toda a felicidade do mundo.  
 
— Obrigada, tia. Por tudo.  
 
— Ok, vá logo! - Monica riu, enxugado uma lágrima do rosto. Lydia lhe deu um beijou na bochecha e foi para o terminal, acenando. Lá, passeou ansiosa pelas cadeiras, inquieta demais para sentar e esperar.  
 
Lydia sentia que estava em chamas. Mal podia acreditar que passara tanto tempo sem suas memórias. Elas compunham uma parte tão grande de quem ela era, que a ideia de ter essa parte deletada era absurda. Agora, sentia a alegria de finalmente lembrar aquela palavra de estava na ponta da sua língua e dava sentido a toda a frase - exceto que era o sentido da sua vida que estava votando.  
 
Se ela achava que esperar duas horas para embarcar, não estava preparada para o voo em si. Demoraria mais onze horas até que chegasse em casa, sendo que, dentro de aviões, o tempo não passa. Dormiu bastante, leu revistas, assistiu o que passava na pequena TV, e o voo ainda parecia durar uma década.  
 
Depois de uma vida, finalmente chegou em Beacon Hills. Era muito cedo, a cidade toda deveria estar adormecida, mas Lydia não sentia-se nem um pouco. Pagou ao taxista depois que ele a ajudou com as malas e procurou por suas chaves na bolsa.  
 
— Mãe! - berrou quando entrou em casa. Ah, sentiu falta dessa casa. - Mãe! 
 
Natalie apareceu correndo no topo da escada, com o cabelo todo bagunçado usando pijamas.  
 
Lydia?- ela perguntou, descendo os degraus, olhando para a filha sem acreditar. - O que...?  
 
Lydia abriu um sorriso largo; estava com tantas saudades.  
 
— Minha memória voltou, mãe! - exclamou. Natalie arregalou os olhos. - Lembro de tudo! 
 
— Oh Lydia, isso é... maravilhoso! - disse, puxando a filha para um abraço apertado. - Meu bebê, isso é tão bom! Estou tão feliz! 
 
— Acredite, eu também! - disse a garota, fazendo a mãe rir.  
 
Ficaram abraçadas por muito tempo antes de se separarem. Ambas enxugaram as lágrimas, os sorrisos ainda nas faces.  
 
— Vamos, vou fazer café, - disse Natalie, acariciando o cabelo da filha e a levando para a cozinha.  
 
Lydia sentou na mesa enquanto sua mãe preparava o café da manhã; não havia percebido a fome que sentia até sentir o cheiro de ovos. Quando a comida estava pronta, a mulher sentou em frente a garota, apoiando o queixo na mão.  
 
— Então, como aconteceu? - perguntou.  
 
Lydia deu de ombros, engolindo uma garfada de ovos.  
 
— Não sei, eu acordei e estava tudo lá.  
 
— Isso é maravilhoso, mal posso acreditar... - Ela balançou a cabeça. - O que estou dizendo, claro que acredito. Andei rezando, sabe.  
 
— Rezando? Você? 
 
— Funcionou, não funcionou? - A garota riu, comendo mais uma garfada. - Ah, você deveria ligar para a Allison.  
 
— Allison! - gritou, com a boca cheia. Saiu correndo da cozinha para pegar seu celular na bolsa. Ligou para a amiga e andou pela sala impaciente, esperando ela atender.  
 
Lydia? - disse Allison, numa voz baixa e rouca, já que provavelmente estava dormindo. Parecia confusa, o que também dava para entender, já que ela e Lydia mal eram amigas. - Está tudo bem? 
 
— Tudo está ótimo! Eu, hum... - Lydia mordeu o lábio. Como iria contar uma coisa dessa por telefone? Queria ver a expressão em seu rosto, e abraçá-la. - Ouça, eu sei que é um pouco cedo, mas será que pode vir para a minha casa? Tipo, agora? 
 
— Você está em Beacon Hills? 
 
— Sim, rápido! - disse, desligando. Ficou em pé na sala, quase pulando de excitação. Natalie foi ficar com ela, mas sentou-se no sofá, assistindo a filha agir como uma criança no natal. Quando a campainha finalmente tocou, Lydia correu para atender. Abriu a porta com um sorriso largo no rosto. Allison a olhou por quase um minuto inteiro antes de abraçá-la. Assim, sem precisar dizer uma palavra; conheciam-se muito bem.  
 
— Senti tanto a sua falta! - disse a morena.  
 
— Eu também! 
 
Passaram a manhã toda conversando, e era bom rir de novo. Era como se Lydia houvesse passado muito tempo presa num lugar sem luz, sem cores, e agora tudo era colorido e brilhante e ela estava amando. Mas havia algo faltando; sua felicidade não estava completa e ela sabia porque.  
 
— Tenho que ver Stiles,- ela disse, pulando do sofá, seu coração já acelerando de antecipação. Não podia simplesmete ligar; queria vê-lo, tocá-lo, beijá-lo. Tinha que pedir desculpas.  
 
Natalie e Allison trocaram olhares estranhos, quase... culpados.  
 
— Que foi? - a garota perguntou. A mãe pigarreou.  
 
— Bom, Lydia, Stiles não está mais aqui.  
 
Lydia piscou.  
 
— Como assim não está mais aqui? Onde ele está? 
 
— Ele... está com Scott.  
 
— Oh. - Essa foi uma surpresa. Bem, nem tanto, comparado com o passado dele. - Ok, então eu vou lá, só me diga... 
 
— Na verdade, - disse Allison. - ele pode não estar mais lá.  
 
— Que? Como assim? - Lydia perguntou, perdendo a paciência.  
 
— Ele, hum... 
 
— Allison, fala logo! 
 
— Tudo bem! Hum... Eu estava falando com Scott alguns dias atrás e ele me disse que Stiles estava planejando uma viagem maluca de carro. Palavras dele, - ela disse, observando a reação da amiga.  
 
— Uma viagem? - Lydia quase gritou. - Para onde? 
 
— Eu não sei! Nem Scott sabe, á propósito. Ele me contou que Stiles disse que queria conhecer lugares novos e que não sabia quando iria voltar, ou... - a morena se interrompeu, mordendo o lábio.  
 
— Ou o que? 
 
— Ou se iria voltar.  
 
Lydia arquejou. Então ele estava fugindo? No fundo, sabia que não era sua culpa, mas não pode evitar odiar-se por ter o machucado dessa forma.  Queria estar segura nos braços dele alguns minutos atrás, mas agora ele escapa pelos seus dedos. Correndo dela, colocando quilômetros e mais quilômetros de distância entre ele e a bagunça que ela fez. Tentando fazer o mesmo que ela, e esquecer tudo.  
 
Exceto que ela lembrava dele, e o amava. E nunca, em um milhão de anos, ela o deixaria ir.  
 
Lydia pegou sua bolsa.  
 
— Allison, ligue para Scott e faça com que ele te conte tudo que sabe. E tente ligar para Stiles.  
 
— Onde você vai? - Natalie perguntou quando a filha pegou a chave do carro e foi para a porta.  
 
— Bom, eu vou atrás do homem que eu amo, - ela respondeu, saindo sem olhar para trás.


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