Um beijo seu escrita por Hermione Granger


Capítulo 17
Epilogo




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"Four years later"

 


O dia amanheceu com sol, muito sol. Porem o que se sentia na verdade era frio. A claridade no quarto seria incomoda e faria Hermione levantar na mesma hora se o conforto da cama quente não estivesse falando mais alto. Era mais uma daquelas típicas manhãs de final de verão, anunciando o equinócio que chegaria dali a poucos dias.

Hermione manteve os olhos fechados por uns instantes na tentativa de que a luz do sol não lhe furtasse o sono, mas ela sabia que ele já havia a muito ido embora, assim que a presença da pessoa que deveria estar ao seu lado, foi sentida. Abriu os olhos contra vontade, respirando fundo e aspirando todo o odor daquele quarto. Ele não estava ali no momento, mas o cheiro dele parecia ser a única coisa que seu nariz conseguia captar. Ela sorriu. 
Virou-se para o lado vazio da cama, passando suavemente a mão pelo lençol amarrotado com o formato do corpo dele. Ainda estava quente indicando que ele saíra dali há pouco tempo.

Sorriu ao ver na escrivaninha ao lado dele, a foto dos dois. A foto do dia em que seria o casamento. Lembrou-se da tarde em que ele lhe fez o pedido. Um pedido nada convencional como normalmente uma garota espera, mas para ela foi o melhor que poderia receber.


flashback
"four years ago"


Os dois estavam largados no sofá depois de um cansativo de trabalho. Ambos os sapatos estavam largados no chão e Ron já havia se livrado de sua gravata e camisa social. Hermione estava sentada entre as pernas do namorado com as costas apoiadas no peito dele. A chuva batia suave no vidro da janela, mas o barulho que fazia era suficiente para dispersar a atenção que eles tentavam manter na televisão. Mas a chuva na verdade era apenas uma desculpa, pois a atenção de ambos na verdade nunca esteve focada na tevê, seja lá qual fosse o programa. Eles gostavam de poder chegar dos dias estressantes de serviço, se largar no sofá e comentar maldades sobre os ocorridos no dia.

— Essas garotas estão cada vez mais abusadas. – dizia Hermione. – Marianne olha para você como se você fosse um pedaço de presunto com pernas.
— Presunto?! – questionou Ron, resmungando com a comparação. Hermione riu.
— Foi apenas uma expressão. – disse ela rindo. – Mas ela falta arrancar sua roupa com os olhos.



Hermione diariamente resmungava das colegas. Nenhum dos dois havia comentado sobre o inicio do relacionamento no trabalho e sempre que Ron ia até sua mesa chama-la para almoçar (uma atitude comum que não levantava suspeita dos demais), Hermione tinha que aguentar os comentários da colega sobre Ron.

— Jane sempre me pediu para falar sobre ela pra você. – disse ainda reclamona. Ron riu pelo nariz. – E quando eu disse que você estava namorando, ela teve a cara de pau de dizer que você só estava se divertindo.

— Não deixa de ser uma meia verdade. – disse ele. – Eu estou me divertindo, de uma forma séria.


 
— Mas não é o que elas pensam. De qualquer forma, eu tive que dizer a elas.
— Você disse? – perguntou Ron olhando para ela sorrindo. – Eu pensei que você queria discrição.
— E eu queria, mas não é muito agradável ter um bando de mulheres comentando sobre seu namorado, toda vez que ele passa.
— Eu gosto desse seu lado ciumento.
— Eu percebi e tenho a leve impressão de que você fica desfilando por elas de proposito.
— Eu só tento chamar a sua atenção, mas aquele monte de papel com cheiro de mofo parece mais atraente para você.

Hermione riu dando um beijo na bochecha do namorado. Ele envolveu os braços na cintura dela a trazendo para mais perto e ela deitou a cabeça no ombro do rapaz. Ficaram em um silencio gostoso por um tempo só sentindo os carinhos que um dava ao outro. Hermione nunca pensou que ocupar o seu tempo com nada, fosse tão bom.


— Mione... – chamou ele. – Se eu te pedisse em casamento, agora, o que você diria? – perguntou Ron de forma descontraída e repentina. Ele sempre era assim, mas ela nunca se acostumava.

Hermione arregalou os olhos e se virou para encarar Ron. Ficou muda por um tempo, pois sua boca por mais que se abrisse e fechasse varias vezes, não emitia som algum.

— Isso é um pedido? – perguntou já se recuperando e abrindo um sorriso.

— Bom, depende da sua resposta. Se for uma resposta positiva então, sim Hermione, é um pedido. Agora se for negativa... – ele fez cara de quem pensava no que deveria fazer caso a resposta quanto ao seu pedido fosse negada. – Então... Finja apenas que eu te perguntei as horas.

Hermione riu por um momento mais logo voltou a encarar Ron, mais séria. Sempre se permitia viajar pela sua mente quando olhava para Ron e ela sempre sentia uma pontada de arrependimento por não ter ficado com ele a mais tempo.


Era tão bom ter Ron, que a presença dele amenizava a ausência daqueles há muito perdidos por circunstancia da vida. Sempre quis, como uma garota normal, apresentar o seu namorado aos seus pais. Imaginava como sua mãe mimaria Ron e como seu pai olharia para ele com as sobrancelhas franzida fingindo desgosto, apenas esperando que Ron fosse embora para comentar com a esposa que ele era um bom rapaz. Pensava como seria almoçar em um domingo com a mãe e comentar com ela sobre como ele a fazia se sentir, planejar almoços entre famílias e se sentir envergonhada sempre que sua mãe e a de Ron engatavam conversas sobre a infância dos dois. Mas toda sua euforia em relação a Ron só poderia ser compartilhada consigo mesma.

Não podia dizer como se sentia no momento. Queria rir feito uma idiota, mas também sentia uma vontade quase incontrolável de chorar. Seu cérebro parecia trabalhar na decisão sobre qual dos dois sentimentos prevaleceria e eis que as lagrimas venceram e se fizeram visíveis. E ela chorou. Mas exageradamente do que era necessário e ela mesma não conseguia se acostumar com seu descontrole, mas ela chorou. Soluçou. Olhou para Ron que, sem reação, a olhava com espanto e preocupação.

— Ah não, desculpa. Não precisa chorar também, olha... – Ele tentava acalma-la segurando suas mãos e limpando as lagrimas sem muito sucesso, pois logo outras voltavam a encharcar as bochechas já vermelhas de Hermione. – Tudo bem, calma. Eu não pergunto mais, ok? Não chora Mione.


— Não. Não. Não. – murmurava ela chacoalhando a cabeça negativamente de forma brusca.
— Tudo bem, eu não contava com tantos "nãos", um só ja teria traumatizado Eu deveria ter escutado Harry quando ele me disse sobre possíveis reações com um pedido tão precoce. – Ele olhou para ela ainda tentando enxugar as lagrimas da garota com a manga de sua blusa. Deu a ela um sorriso para que ela se acalmasse e tento amenizar a choradeira. – Então, finja que eu te perguntei as horas... Que horas são?

— Não. Eu não sei, eu não uso relógio. – disse ela sorrindo entre as lagrimas e indicando o pulso esquerdo para o namorado.
— Oh, é verdade, eu sempre me esqueço disso...
— Mas eu quero...
— Ah! Tudo bem, eu posso te comprar um quando...
— Não seja burro, eu não quero um relógio. – disse agora deixando as lagrimas de lado e se entregando a anterior vontade de rir. Segurou o rosto de Ron o fazendo olhar para ela. – Estou me referindo ao pedido, eu estou dizendo que sim Ron...não seja lento.

Ron sorriu aliviado e não disse nada, apenas destribuiu beijos pelo rosto salgado por lagrimas de Hermione

fim de flashback

 
 Suspirou com a lembrança do dia. Havia se passado quatro anos desde então. O pedido feito por Ron foi decorrente de apenas dois meses de namoro e Hermione acharia uma loucura aceitar um pedido tão precoce. Acharia em outras circunstancias, com outra pessoa, mas não com Ron. Sentia que não precisava se preocupar com tempo quando estava com Ron, porque ela sempre se sentia certa sobre o que queria. Poderia passar dois dias de namoro ou apenas um minuto, ela aceitaria mesmo assim. Afinal, o tempo nada tinha de empecilho, pois passara quatro anos com Vitor e nunca se imaginou casada com ele.
A data do casamento também não foi com tanta demora. Eles não tinham pressa, mas também nada tinham a esperar. Mas o casamento foi cancelado nos últimos minutos para desespero de Ron. A bolsa de Gina estourou quando ela ajudava Hermione a ajeitar os cabelos e o pequeno James nasceu no momento em que seria celebrada a cerimonia. Foi adiado em uma semana, suficientes para que Gina se recuperasse e pudesse entrar como dama de Hermione.


Foi o melhor dia da vida dela e o mais triste também. O sr. Weasley se ofereceu bondosamente para leva-la pelos braços até o filho que a aguardava no altar, já que o pai dela não poderia faze-lo. Ela se sentiu grata por isso, mas era inevitável não sentir um aperto no coração ao entrar na igreja e não ver nem um só membro da própria família, mas o sorriso da nova família a confortava. 

Respirou fundo e voltou a deslizar a mão pelo lençol na parte vazia da cama onde antes Ron ocupava, já estava frio. Pensou em se levantar, já que sabia que não voltaria a dormir, mas o barulho da maçaneta da porta girando suavemente a fez sorrir, e ela voltou a fechar os olhos e fingir que continuava dormindo.

O som dos passos no assoalho de madeira era suave como os passos de alguém que caminha com cautela para não provocar o barulho. Sentiu o peso sobre o colchão, denunciando a presença de mais alguém na cama.
Um beijo quente e carinhoso foi colocado sobre sua bochecha esquerda sendo seguido por mais dois, três, quatro... Parando apenas para que a bochecha direita fosse também presenteada, mas com um beijo mais leve e com a mesma intensidade de carinho.

Hermione sentia uma vontade quase incontrolável de rir, mas se manteve firme.

— Parece que os nossos beijos não estão funcionando. – sussurrou aquela voz rouca matinal que ela tanto gostava. – Ela deve estar em um daqueles sonos profundos como as princesas das historias que você gosta. O que você acha? Devo fazer como os príncipes e tentar acorda-la com um beijo ?

— Eu não sei... – disse uma voz mais fina. – Talvez, mas ela já não é mais princesa. Eu que sou.

— Oh! É verdade. – disse ele como se tivesse cometido a maior gafe de sua vida. – Como eu poderia esquecer isso.

— E você é o rei. – completou ela.

— Extremamente justo. – concordou ele, estufando o peito. – Bom, sendo você a princesa, e eu o rei, o que a mamãe é?

— Ora, a rainha. – disse a menina como se aquilo fosse a coisa mais obvia do mundo.
— Oh não, Rose. Você errou. A mamãe é a nossa criada, Vamos, repita com o papai: C-R-I-A-... AI!

Hermione não pode conter o riso e beliscou o braço de Ron que ele usava para se apoiar na cama deixando-o vermelho. Rose soltou um riso de deboche para o pai que mostrou a língua para ela de maneira infantil.

— Sinto lhe informar, majestade... – disse Hermione segurando o riso. – Que devido a sua malcriação, a criada está em greve e o senhor será privado de todas as suas formas de diversão.

Ron a olhou com os olhos arregalados de indignação.

— TODAS as formas?
— Todas elas. – repetiu Hermione.

— Pois eu não acho isso justo. – contestou ele estufando novamente o peito com cara de superioridade. – E sendo eu o Rei, apenas eu e a minha princesa aqui é que podemos ditar as ordens. E você está proibida de me privar dos meus momentos de diversão.

— A é? – disse Hermione erguendo a sobrancelha.
— Sim, e Rose concorda comigo. – Rose apenas ria com a situação.

Hermione se virou para filha.

— Você concorda Rosie? – perguntou Hermione. Rose olhava da mãe para o pai sem tem certeza sobre a quem deveria agradar mais.

— Sim, ela concorda. – respondeu Ron. – Veja. Diga Rosinha, você gostaria de ter um irmãozinho?

Rose abriu um sorriso para o pai como quem queria dizer que concordaria inteiramente com ele, e bateu as palmas das mãos freneticamente dizendo:

— Sim, sim.

— Ótimo, mas para isso a mamãe tem que divertir o papai. Então vamos fazer assim: Você vai para o seu quarto, e quando voltar daqui umas...três horas, já terá um irmãozinho.

— Ronald! – censurou Hermione beliscando mais uma vez o braço do marido.

— Au! O que é Mione? Será que um pai não pode mais agradar sua filha?

— Eu não posso ficar? – perguntou Rose para o pai. – Eu queria saber como são feito os bebes.

Hermione riu alto ao ver as bochechas de Ron passar rapidamente de vermelhas para roxas.

— Você saberá quando chegar aos 77 anos e quando eu já estiver morto. – disse Ron. – Agora que tal você ir buscar o presente da mamãe? A proposito, feliz aniversário, amor.

Hermione mal se lembrava de seu aniversário. Recebeu um carinhoso beijo nos lábios de Ron e um pequeno beijo um tanto babado de Rose que logo após pular na mãe cantarolando o “Happy birthday, dear mum!”, saiu saltitante do quarto.

— Pronto. – disse Ron olhando para porta do quarto se fechando. – Temos mais ou menos oito minutos ou dez, até que ela alcance o presente em cima da bancada.
Ron sorriu de maneira maliciosa e engatinhou para cima de Hermione lhe dando beijos na boca, bochecha e pescoço.

— Ron, por Deus. Não, ela pode voltar...

— Eu sei, infelizmente ela nasceu com seu cérebro e logo vai dar um jeito de pegar o presente. Então vamos logo com isso. Ela ficara chateada se não fizermos um irmão para ela e a culpa da infelicidade da sua filha será apenas sua.

Hermione riu enquanto tentava não se entregar aos beijos de Ron.

— Mesmo que fizéssemos isso, não seria possível fazer um irmão para ela nesse momento.

— Não seja pessimista. – dizia ele mordendo a ponta da orelha de Hermione para provoca-la, – O tempo é pouco, mas eu sou eficiente.

— Não, Ron. – dizia rindo e sentindo os familiares arrepios. – Isso é impossível no momento. É impossível por um bom tempo, na verdade. 

— E por quê? 

— Porque nos já fizemos o irmão dela.

Ron parou instantaneamente os beijos e erguei a cabeça para olhar Hermione com seus olhos tão arregalados como duas bolas de golf. Hermione riu com o espanto.

— Nós... Já... Você?... – gaguejava ele olhando do rosto de Hermione para a barriga.

— Sim. – respondeu ela.

— Você... Tem certeza? – ele parecia tentar não sorrir como se não quisesse demonstrar felicidade sem ter certeza de tudo.

— Absoluta certeza

— Uau! Isso é... – tentava dizer com o sorriso tonto já dominando seu rosto.

— Olhando assim até parece que você nunca teve um filho.

— Acho que podemos ter doze filhos, eu sempre terei a mesma reação. – o sorriso se alargava cada vez que olhava para a barriga agora levemente descoberta de Hermione.

— Epa! Doze filhos não! É muita coisa, nem pensar. Sei que sua família é volumosa, mas acredito que dois seja o numero perfeito.

— Eu não me importaria em ter doze.

— Mas certamente se importaria de estar casado com uma mulher gorda, flácida e cheia de pelancas. Porque é exatamente assim que eu ficarei após doze filhos.

— Dois é um ótimo numero. – Ele riu concordando com ela.

— Acho que já podemos dizer a Rose que o irmão está pronto. – ela disse sorrindo enquanto sentia as mãos de Ron lhe acariciar a barriga.

— O que? Esta louca? – perguntou ele fazendo-a olhar para ele confusa. – Espera mais um pouco. Não quero que ela saia por aí dizendo às amiguinhas que o pai dela pode fazer um irmão para ela é menos de dois minutos. Tenho uma reputação a zelar.

— Você é patético. – disse ela puxando-o para um novo beijo.

— Eu amo você. Muito. – Ele disse acariciando o rosto dela com a ponta do dedo. – Vocês três.

Ela abriu um sorriso ainda maior.

— Nós amamos você também.

THE END


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