A Guardiã escrita por Fernanda Melo


Capítulo 1
A Queda da Guardiã


Notas iniciais do capítulo

Essa não é minha primeira fanfic sobre Arrow, mas é a primeira de uma linha de tempo diferente que eu decido escrever, então, espero que gostem e boa leitura.



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Ele perdeu o foco quando viu o corpo de sua garotinha caindo sem vida sobre seus braços, já era tarde demais. Eles tentaram, lutaram o máximo que podiam, mas ela se foi e a dor que se instalou em seu peito era imensamente forte a ponto de deixa-lo até mesmo sem reação quando a espada do Anjo Demônio pousou em seu pescoço. Se não fosse pela tragédia seu instinto agiria rapidamente e logo aquela garota também estaria no chão, assim como sua filha.

                - Não era para vocês sofrerem a perda de sua filha.

A garota tirou a máscara deixando todos ali presentes espantados, o sangue escorria de sua cabeça em uma linha tênue. Oliver e Felicity conseguiam ver, através do olhar, que a alma do Anjo Demônio não existia mais dentro dela, havia restado apenas dor e sofrimento. 

— Era para ela sentir isso, saber como é perder a família como eu também perdi a minha, como todas as outras como nós sentiram antes dela. – Mais uma vez ela apontou a espada para o corpo de Olivia. – Mas mata-la foi diferente, foi tranquilizador e de todas as outras foi a que mais lutou por sua família, sintam-se lisonjeados pelo sacrifício dela.

— Você disse que seu objetivo era matar a família de todas elas. – Oliver gritou quando a garota virou-se dando as costas para ele. – E por que está indo embora sem cumprir sua missão?

— Eu falhei e não irei matá-los, agora não importa mais se vivem ou se morrem, ela não vai poder sentir esta dor. Será inútil cravar minha lâmina em vocês se ela não puder saber como é viver sem uma família.

O Anjo Demônio abriu suas asas, mas antes de partir ela viu a sua ultima pena branca cair, ela sabia que quando todas elas fossem substituídas pela coloração negra que sua alma estaria perdida em um caminho sem volta, mas ela escolheu trilhar aquele caminho e agora estava disposta a viver com suas responsabilidades. Ela abaixou e pegou a pena em sua mão, sorriu pela ultima vez lembrando-se de sua mãe e o quanto ela lhe fazia sentir a garota mais especial do mundo, do seu mundo.

Ela olhou de relance, antes de partir, para Felicity e Oliver o choro da mulher lhe chamando a atenção e o modo como eles enfrentavam aquela dor de maneiras tão diferentes, mas mesmo assim mantendo uma união incomum. Seus pensamentos apenas foram interrompidos por uma dor cortante em seu ombro, uma flecha havia atravessado o local e aquilo a despertou de seu transe para sair do local.

— Will o que está fazendo? – O garoto de cabelos castanhos e aparência serena de apenas 17 anos segurou um dos braços de seu irmão. – Ela se foi William, não podemos fazer mais nada. Não seja como o Anjo Demônio, não busque por vingança, Olivia não iria querer isso de nós.

— De agora em diante ela não vai querer mais nada Connor. – William olhou friamente para o irmão com as lágrimas escorrendo em seu rosto. – Ela merecia morrer também.

— Garotos agora não. – Oliver repreendeu os garotos ainda abraçando o corpo da filha no chão. – Nós precisamos sair daqui. – Ele olhou nos olhos de Felicity buscando amparo, buscando um pouco de luz para impedir que sua raiva tomasse conta de seus pensamentos.

Oliver já tinha toda uma mentira em mente que seria contada quando os policiais chegassem, pediu para que os meninos fossem embora e que ficassem em casa. Quando os garotos saíam usaram um telefone publico para fazer uma denuncia anônima sobre o ocorrido de acordo com o plano e tudo ocorreu do jeito que Oliver havia passado.

Quando chegaram em casa Connor foi o único a pensar que Don Allen ainda não sabia do acontecido, pegou seu celular e com pesar ligou para seu amigo seria doloroso, mas ele merecia saber.

***

Rapidamente o novo velocista desceu as escadas de sua casa avistando seu pai estudando algo com sua mãe, seus olhos estavam embaçados devido às lágrimas e era perceptível notar que algo estava errado com o garoto. Barry levantou-se rapidamente do sofá e foi para perto do filho colocando suas mãos sobre os ombros do rapaz, mas isso não o fez falar nada, apenas fez com que as lágrimas começassem a cair e com muita dificuldade ele conseguiu dizer.

— É a Olivia pai. – Don abraçou o pai enquanto sentia seu cabelo ser afagado por sua mãe, ele chorava descontroladamente e seus soluços eram ouvidos claramente. – Ela se foi.

— Mas... – Barry não sabia o que dizer estava desorientado, acreditava que a qualquer sinal de perigo eles pediriam ajuda, Oliver não era mais aquele homem de ir enfrentar um inimigo sozinho.  – Oliver não nos avisou, como isso aconteceu?

— Eu não sei, o Connor me ligou e estão todos em estado de choque eu não consegui perguntar nada pra ele depois do que disse. – Ele passou as mãos pelo cabelo seu nervosismo fazendo-o agir de forma irracional. – Eu pensei que eles estivessem apenas precisando de ajuda.

— Filho, acalme-se. – Iris segurou o rosto de seu menino em suas mãos atraindo pela primeira vez o olhar desesperado dele para si, ela conseguiu com que Don voltasse a ter uma respiração mais compassada.

— Eu preciso ir vê-la. – Ele não esperou um consentimento e nenhuma resposta e apenas correu. Barry foi atrás do filho não querendo deixa-lo sozinho em um momento como aquele, mas ele via que algo poderia estar prestes a acontecer. Don correu como nunca ele havia feito, ele gritou com todas as suas forças até que seus pulmões queimaram por falta de ar e sua garganta queixou-se de dor.

— Don, não. – Barry gritou e tentou impedi-lo, mas tudo aconteceu em uma sequencia rápida demais. O rapaz apressou-se ainda mais e deixou sua ultima lágrima cair antes de tudo acontecer.

2 semanas antes...

— Família? Voltei. – Olivia abriu a porta sorridente avistando seu irmão Connor no sofá ainda vidrado em passar de fase em seu jogo, mas no mesmo momento em que ouviu a voz de sua irmã levantou-se e correu em sua direção esperando apenas que Felicity soltasse a filha de seu abraço eterno.

— Que saudade de você minha garotinha. – Felicity beijou a testa da filha em seguida averiguando para ver se sua menina encontrava-se inteira. Olivia observando este ato girou de forma brincalhona.

— Eu estou bem Sra. Queen. - Olivia voltou a abraçar a mãe e depositou inúmeros beijos em sua bochecha.

— Pensei que não quisesse voltar mais para casa. – O rapaz a abraçou tirando-a do chão. – O campus é tão maneiro assim?

— Connor era a ultima semana de provas e eu pedi ao professor um prazo um pouco maior para a entrega do meu trabalho e ele me fez prometer que teria que ser o trabalho mais perfeito que ele já recebeu da vida, então, eu me senti um pouco pressionada e não dormi durante dias e viajar da maneira que eu me encontrava não era viável.

— Você fala muito por dois motivos ou está nervosa ou empolgada. – Oliver descia a escada sorridente ao ver sua garotinha de volta ao lar. – Você herdou isso de sua mãe.

                - Pai. – Ela ergueu os braços abraçando fortemente o homem loiro. – E essa barba? – A menina disse passando a mão na barba de seu pai que se encontrava um pouco maior que o habitual.

                - Gostou?

                - É para ser sincera?

                - Eu também pensei a mesma coisa. – Felicity se manifestou desviando o olhar do homem enquanto fingia brincar com seu brinco.

                - Acho melhor deixar pra lá. – Oliver revirou os olhos indo para o lado de sua esposa. – Onde está Will?

                - Acho que ele está tendo um probleminha lá em baixo do tipo Melissa. Alguém pode me atualizar sobre o romance? – Olivia se jogou no sofá ao lado de seu irmão caçula.

                - Simples ela conseguiu um estágio em outra cidade, que não se resume a esta região de Star City e ainda quer manter o relacionamento e Will não acredita que isso possa dar certo, então estão brigando mais ou menos uns 3 dias seguidos. – Connor disse mantendo sua atenção na TV.

                - Que chato. – Ela parou para observar o jogo do irmão sem estar prestando a real atenção. – Hei, o que vai fazer durante a noite?

                - Nada por quê? Tem planos? – Connor olhou sorridente para sua irmã.

                - Comida japonesa o que me diz?

                - Eu topo. – O rapaz aceitou rapidamente adorando saber que teria mais a presença de sua irmã durante as férias escolares. Ele gostava do tempo que passavam juntos era como se nada fosse mais divertido do que aqueles momentos família.

                - Pai? Mãe?

                - Estava pensando em tirar o dia de folga e deixar a cidade ser protegida por outros vigilantes. – Oliver concordou e Felicity fez o mesmo.

                - Ótimo, vou subir para tomar um banho. – Olivia se retirou da sala subindo para seu quarto suspirando aliviada por finalmente ter um momento de descanso. Ela sentia seu corpo exausto como se carregasse um enorme fardo em seus ombros, acreditou que ainda era a sobrecarga de tensão do final do semestre, todas aquelas provas e trabalhos sem contar na cobrança por parte de si mesma em sempre tentar ser melhor.

                Ela se despiu observando seu reflexo ser refletido no espelho, cada cicatriz em seu corpo ia se revelando aos poucos a primeira delas de uma cirurgia realizada ainda na infância quando ela quase terminava seus 8 anos resultado de uma apendicite. Ela deixou seu longo cabelo loiro cair sobre as costas e aos poucos ser molhado pela água do chuveiro sentindo progressivamente um alívio se instalar ao longo de seu corpo.

                Ela sabia que aquela tensão não era culpa somente da universidade, tudo bem que ela havia escolhido um curso que exigia demais dela, porém, ela sabia que aquele não era 100% o real motivo tinha isso e as ameaças misteriosas que chegavam todos os dias em seu quarto no campus. Ela mal conseguia fechar os olhos para apreciar ainda mais aquele banho logo seus pensamentos eram inundados de memórias daqueles pesadelos terríveis que vinha tendo, ela odiava sentir-se vulnerável e tinha que confessar que estava com medo, de todos os inimigos que ela já ajudou capturar em sua luta como vigilante nenhum sabia sua identidade e ela estava protegida sendo uma civil comum, mas este inimigo era diferente, ele sabia da Guardiã e sabia sobre Olivia Queen e isso não era o problema para a jovem de apenas 22 anos e sim as ameaças contra sua própria família.

                Ela estava disposta a lutar, ninguém em sua mente poderia ameaçar sua família e sair impune. Quando os bilhetes começaram a chegar ela achou que deveria ser um trote, os rapazes viviam fazendo isso, mas logo as coisas começaram a tomar proporções ainda maiores e bastou ela receber apenas uma foto de seu irmão saindo do colégio para ela pedir ajuda ao seu pai. Agora todos sabiam da ameaça e estavam cientes que a qualquer momento algo poderia acontecer.

                - Filha? – Oliver bateu na porta que estava aberta observando a garota pentear seus cabelos cuidadosamente. Ele ficava completamente em transe quando olhava para Olivia, ele via uma mistura perfeita dele e de Felicity e até mesmo na forma de agir, enquanto Will era exatamente como ele e Connor perfeitamente a versão masculina da mãe. – Como você está?

                - Agora estou bem. Estou com minha família por perto e as provas finalmente acabaram e eu posso respirar um pouquinho aliviada. – Ela gesticulou fazendo seu pai sorrir. – Esse silêncio me perturba, saber que tem alguém logo ali fora nos vigiando que não manda mais ameaças exatamente a 5 dias eu juro que estou começando a surtar.

                - Por isso eu queria você e seus irmãos longe disso. Essa vida é perigosa demais e eu juro que preciso de ajuda para conseguir persuadir Connor.

                - Connor é só um garoto pai, mas ele tem um espírito de coragem dos Smoak você sabe, assim como a mamãe.

                - Isso me preocupa. – Ele apontou para a menina.

                - Pai. – Ela pegou na mão do homem. – Somos uma família de heróis certo? E mesmo eu que você sentia-se aliviado por não querer entrar para essa vida o destino arrumou um jeito de me colocar nesta história.

                - O que você está querendo dizer?

                - Que não adianta tentar interferir no nosso futuro de qualquer maneira se esse for o nosso legado e tentarmos interferir irá apenas atrasar aquilo que é inadiável, nos tornarmos heróis. Não é nossa escolha proteger o mundo é o mundo que escolhe quem é digno de protegê-lo.

                Dias Atuais...

                Don rapidamente pegou seu celular em seu bolso antes que pudesse entrar em casa. As horas e os dias que estavam marcando não lhe deixavam dúvidas que a viagem no tempo havia sido concretizada.

                - Eu consegui, voltei no tempo. – Ele sorriu sentindo-se aliviado ao continuar observando a data reluzente na tela de seu celular que constava que ele havia voltado um dia antes do incidente. Não era a primeira vez que o moreno havia feito uma viagem como aquela, mas a primeira que ele havia voltado um dia inteiro, seu sorriso de satisfação era imenso e mesmo sabendo dos riscos de interferir no passado ele não via outro caminho a não ser salvar Olivia Queen.


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