Don't Waste It escrita por Sugar High Unicorn


Capítulo 3
Deception


Notas iniciais do capítulo

Capítulo 3/4 :)

Espero que gostem!



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— Sobre o que deveríamos falar hoje? – O psiquiatra questiona após os dez minutos de completo silencio entre eles.

— Futebol? – Sherlock sugere, suspirando e dizendo o primeiro tema que veio a sua cabeça.

— Bem, a copa está próxima e a Argentina precisa de novos jogadores se quiser chegar a algum lugar – Ele comenta, entretido – Por que? É interessado em esportes?

— Não dou a mínima para esportes – Sherlock responde

— Certo... – Weaver revira os olhos – Então eu sugiro falarmos sobre seu vício.

— eu não tenho um vício – Sherlock contradiz.

— Sherlock, pode negar o quanto quiser, precisa de ajuda se quiser cumprir seu objetivo de ficar limpo – O psiquiatra continua

— Meu objetivo é tirar meu irmão do meu pé – Sherlock retruca

— Como é seu relacionamento com seu irmão? – Weaver vê uma brecha para a conversa e logo a toma

— Inexistente – e essa é a última palavra que Sherlock diz durante aquela sessão.

Antes de sair, o psiquiatra tira um bloquinho de um de seus bolsos, seguido de um lápis.

— Se não quer cooperar, talvez vá querer escrever – Ele sugere

— Para que você leia? – Sherlock levanta uma sobrancelha

— Não, para você mesmo, pode fazer bem escrever o que sente – Dr. Weaver responde

— É isso que espera? Poeminhas deprimidos?

— Pode escrever o que quiser, Sherlock – Ele se levanta – Alguns fazem poemas, escrevem histórias ou usam como um diário. Pode escrever de músicas a listas, é seu. Não irei ver.

Sherlock olha para o bloco, e quando levanta o olhar novamente, o psiquiatra já saiu.

...

As semanas passam mais lentas do que deveriam, e Sherlock logo se encontra no sexagésimo segundo dia de reabilitação. Ele não havia progredido muito, ainda se recusava a falar na terapia em grupo e Zoe/Lucy não havia mais comparecido em nenhuma das três reuniões que ele havia sido forçado a ir, o que resultava em ele tendo que se sentar com alguém irritante que falava e fazia perguntas que não eram de seu interesse.

Ele não havia tido tempo de voltar ao jardim durante esses dias, tendo estado ocupado confinado a seu quarto depois de um pequeno escândalo na ala de alimentação, então quando finalmente podia sair do quarto ele foi rumo ao jardim.

O labirinto era um caminho comum e ele rapidamente se encontrou no centro dele, se surpreendendo ao ver os cabelos castanhos de Zoe/Lucy imersos na água da fonte e...

O que ela está fazendo?

Ele olha por alguns segundos enquanto a garota permanece com o rosto enfiado na água da fonte, parecendo não planejar se mover.

Ela está tentando se suicidar?

Ele se aproxima, motivado a não deixar a garota fazer o que quer que esteja tentando fazer, somente para a ver tirar a cabeça da fonte rapidamente com um gritinho animado. Ele arregala os olhos, sem se mover de onde havia parado a alguns passos dela. Voltando seu olhar para a garota, ele nota que ela sorri para algo em sua mão. Com mais atenção ele nota que é uma moeda.

— É uma moeda de dois pence – Ela diz, olhando para ele – foi emitida pela Royal Mint, em 15 de feve...

— Fevereiro de 1971, dia em que a moeda britânica foi decimalizada, eu sei – Sherlock interrompe.

Ela sorri para ele abertamente.

— Meu irmão gosta de moedas – Ela comenta – ele me ensinou algumas coisas.

— Por que não foi à terapia? – Ele se sentiu inclinado a perguntar, já que genuinamente queria saber.

— Não gosto dela – Ela dá de ombros

— Ninguém gosta – Sherlock comenta – Mas não é por isso que não foi. Quando perguntei o que estava fazendo, você pareceu tensa e depois envergonhada, e então se fechou. Agora está fazendo isso novamente, então não foi à terapia para evitar falar sobre isso. Mas continuou vindo aqui, sabendo que eu frequento esse local do jardim, então não devia querer falar sobre o que quer que seja que você faz na terapia, e sim aqui.

Ela o estava observando, agora parecendo irritada.

— E como acha que sabe disso? – Ela levanta uma sobrancelha

— Do mesmo modo que sei que você usava heroína antes de ser mandada para cá, tem um irmão aproximadamente dois anos mais velho que você, uma mãe ausente, indícios de anorexia e TEPT – Ele responde, ela arregala os olhos. Ele resolve continuar – Eu já havia percebido a blusa, se deixaram você a manter é muito importante, então tem grande valor emocional. É maior que você e masculina, mas não grande o suficiente para um homem adulto, isso mais o valor emocional indica um irmão, o tamanho da blusa diz dois anos mais velho. Heroína é fácil, as marcas de agulha e o fato de ser mais fácil de conseguir com a sua idade. O corte de cabelo e o jeito que anda e se porta mostram um pouco menos de feminismo que a maioria, e você é sempre a primeira na cafeteria na maioria das refeições que pode ter fora de seu quarto, o que significa que tinha que começar a comer primeiro onde morava ou não sobraria muito, mas sua aparência magra me diz que você normalmente não conseguia chegar primeiro, isso somando com o interesse em futebol diz que sua mãe não estava por perto. O Transtorno de estresse pós traumático é evidente pelas olheiras e aparência cansada, você não dorme, os pesadelos te mantêm acordada de noite, a fazendo perder a fome e mesmo que chegue primeiro no refeitório, não come muito, e aí vem a anorexia.

Ela estava o olhando estática, e ele esperou para que ela gritasse para ele se ferrar ou algo pior, talvez o batesse e mandasse ficar longe dela, como alguns já fizeram.

— Isso foi brilhante – Ele ouve o murmúrio baixo e se surpreende

— Você acha? – Ele levanta as sobrancelhas

— Sim... foi incrível – Ela sorri – Extraordinário, realmente.

— Não é a reação que recebo normalmente – ele comenta

— E qual seria? – Ela inclina levemente a cabeça

— Vários palavrões seguidos ou não de um soco – Ele responde e após um segundo os dois estão rindo.

Eles não notaram, entre risos, quando uma enfermeira chega por trás deles.

— Lucy! – Ela exclama – Quantas vezes terei de dizer para não sumir assim, você deveria estar na... – Ela sai arrastando a garota, que somente suspira e acena para Sherlock enquanto é levada para longe.

Ele franze a sobrancelha e então resolve voltar para o quarto. Ao deitar em sua cama, ele pega o bloco de notas que o psiquiatra havia lhe dado e começa a rabiscar uma lista.

— Coisas horríveis na reabilitação:

A comida é péssima

É tedioso

O chuveiro é muito frio

As enfermeiras são um saco

Minha cama é dura

Não tenho meu casaco

— Coisas que não são horríveis na reabilitação

Zoe/Lucy

...

Aparentemente, ninguém dali falava muito com ela, e mesmo que ela se apresentasse como Zoe, todos se referiam a ela como a esquizofrênica. Alguns até perguntaram se ele queria saber porque ela não estava em um sanatório ao contrário da reabilitação, mas ele se recusou a ter uma conversação com tais indivíduos.

Dois dias se passaram até ele a ver novamente, ele estava a caminho do centro do jardim e ouviu um grunhido do outro lado de uma parede. Ao resolver verificar, encontrou Zoe/Lucy encolhida no chão, apertando a cabeça entre as mãos.

— Lucy? – Ele tenta. Ela não o nota – Zoe?

— Faz parar – Ela murmura e ele se abaixa. Ela está sem o casaco, deixando mais a mostra quão magra está. A falta do casaco dá visão a seus braços, que além de marcas de agulha portam vários cortes já cicatrizados, uma estimativa de terem sido feitos a três ou quatro semanas. Há olheiras profundas em seus olhos e ela os aperta como se um som a estivesse ensurdecendo – Por favor, faz parar.

— O que? – Sherlock questiona

— Os sinais – Ela diz de modo quase inaudível. Sherlock franze as sobrancelhas, olhando para a garota, ainda tampando seus ouvidos.

— Do que você está falando? – Ele questiona, sem entender – Você tomou seus remédios?

— Sim – Ela sussurra – E-esse é... é o problema.

Ela fica ali parado, sem saber o que fazer exatamente, então se senta no chão ao lado da garota. Ela aparenta os sintomas de uma pequena crise de pânico, está suando e tremendo, mãos na cabeça e olhos fechados, falas sem sentido. Ele se lembra de como lidar com crises de pânico, havia visto uma enfermeira o fazendo no hospital em que esteve quando teve a maldita overdose antes de ser enviado para cá, então resolveu tentar reproduzir o mesmo.

Ele se vira, levemente tocando o braço da garota para não a assustar, e então a guia devagar para que os tire da cabeça enquanto sussurra palavras calmantes para a mesma. Ela continua tremendo e apertando os olhos, então ele a pede para os abrir, mas ela se encolhe e cai em sua direção. Sherlock, sem saber exatamente o que fazer, somente envolve os braços envolta dela e acaricia seu cabelo com uma das mãos, escorando o queixo sobre a cabeça dela.

Ele não se lembra quanto tempo ficou ali, mas quando percebe vê que a garota caiu no sono em seus braços. Ele revira os olhos e se levanta, braços sob o pescoço e as juntas dos joelhos dela para a levantar, percebendo que ela é realmente muito leve.

Sem querer a levar de volta para as enfermeiras que ela parece não gostar, ele a mantêm em seu colo enquanto se direciona para mais fundo no labirinto, do outro lado do jardim. Ele anda por alguns minutos até notar o movimento em seus braços.

— Sh-sherlock? – Ela pisca, abrindo os olhos devagar.

— Você realmente deveria comer mais – Ele comenta, parando de andar.

— Obrigada – Ela murmura, corando – Por tentar ajudar... naquela hora.

— O que exatamente aconteceu? – Ele arqueia uma sobrancelha

— Acho que você tem o direito de saber – Ela comenta – Pode me colocar no chão?

É a vez dele de ficar levemente corado e soltar a garota que ele já podia ter colocado no chão antes. Ele só não havia colocado porque queria ter certeza de que ela estava acordada e não cairia, obviamente.

— Eu tenho... habilidades – Ela começa

Ele revira os olhos.

— Não, eu não acho que sou uma super-heroína nem nada, olhe para mim – Ela reclama, puxando o braço dele – Eu vejo... energia. Ondas eletromagnéticas. Eu posso... acessá-las, por assim dizer.

— Certo – Ele suspira. Claro que ele deveria ter cogitado a possibilidade de ela simplesmente ser maluca, mas ele não quis.

— Eu estou falando sério – Ela exclama – Acredite em mim!

— Isso é impossível – Ele retruca

— Eu bem queria que fosse, pode ser divertido, mas as sondas sobrecarregam minha mente às vezes, e acontece o que você presenciou – Ela murmura – As drogas acalmavam minha mente, as ondas iam embora e eu não completamente compreendia as funções básicas e complexas de qualquer assunto relacionado com a medição da quantidade ou o número de um material geralmente estimada pela medição espacial. Basicamente, me fazia não ver ondas, não pensar em malditas fórmulas matemáticas que ainda nem foram inventadas e não desmontar qualquer tecnologia mentalmente com o olhar.

— E eu sou um pirata – Ele diz sarcasticamente

— Eu estou falando sério! – Ela perde a paciência. Estava confiando seu segredo a ele e ele fazia isso?

— Eu realmente achei que você não era só mais uma viciada – Ele comenta, dando as costas a ela – Parece que eu estava errado.

Ele não percebeu o quanto aquelas palavras a atingiram.

Ele voltou ao labirinto e rapidamente saiu do outro lado, indo direto para seu quarto. Chegando lá, pega o bloco de papel e arranca a folha em que havia escrito na noite anterior, a rasgando e amassando, logo a arremessando na parede, fazendo com que a mesma caísse no chão.

Lá se foi a única coisa que havia de interessante no lugar.


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Notas finais do capítulo

Aguardo opiniões :D
Planejo postar o próximo amanhã (estou postando um por dia, se não notaram)
talvez eu poste mais cedo com um coment ;)

Kisses!
—Unicorn



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