Don't Waste It escrita por Sugar High Unicorn


Capítulo 1
Rehab


Notas iniciais do capítulo

Capítulo 1/4 :)

espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/674536/chapter/1

Ao contrário do credo comum, Sherlock não havia ido para a reabilitação por vontade própria. Claro, o fato de que ninguém em Londres aceitava lhe vender e ele não podia se aproximar de cenas de crime se estivesse ‘usando’ foram fatores decisivos ao aceitar a oferta do irmão, que se recusava a o deixar em paz.

Bem, ser arrastado pelos guarda-costas de seu irmão e enfiado na maldita clínica foi a parte mais o influenciou a finalmente ser colocado em reabilitação.

A instituição era bem cuidada, com bastantes empregados e comodidade. Ele não esperaria mais nada da clínica de reabilitação mais cara que o dinheiro podia pagar, e até se sentiria mal, se não estivesse saindo do bolso de Mycroft.

Havia quartos individuais, várias salas de recreação – as quais ele evitava como a praga – e um enorme jardim. Cada parte do local coberta com câmeras que ele havia localizado em seus primeiros dias e haviam funcionários a cada esquina. No geral, para a pessoa comum, não seria tão ruim.

Sherlock não era uma pessoa comum, e para ele o local era o epítome do tédio.

Tudo completamente limpo e organizado, pessoas por todos os lados fingindo se importar e não estarem ali só pelo tamanho do salário, sem falar nos viciados... ah, ele odiava os viciados. Não podia negar, vendo as pessoas deteriorarem vagarosamente no local, ou terem crises, alguns implorando por só uma dose de qualquer droga disponível mesmo que fosse da enfermaria, o fazia questionar se alguma vez havia parecido tão patético e desesperado.

Após um mês no local, ele daria de tudo para sair nem que fosse um segundo da presença de tanta gente patética que eram passatempos ridiculamente fáceis. Ele já havia deduzido a vida de quase todos os funcionários e de alguns viciados também, além de ter ao menos cinco possíveis planos de fuga em mente. Claro, ele não planejava executar nenhum deles momentaneamente, mas ainda estavam ali como uma hipótese.

Era o fim de seu segundo mês quando resolveu que ficar enfiado em seu quarto não diminuiria seu tedio, mas aumentaria o número de funcionários que o irritariam para que saísse, trazendo remédios ou até tentando o convencer a ver o terapeuta local. Ele havia aceitado vir para a reabilitação, mas se comportar era outra história.

Finalmente saindo de seu quarto após no mínimo cinco dias ali, ele cruzou a sala de recreação rumo ao jardim do lado de fora. Poucos residentes frequentavam o jardim, alguns por alergias, outros por que a coleção de diferentes aromas florais possa ser um pouco pesada para seus sentidos, e alguns simplesmente por terem algo melhor para fazer, como por exemplo tentar conseguir algum acesso a drogas.

O jardim era extenso, e quanto mais ao fundo ele ia, percebia que a quantidade de pessoas presentes diminuía. Sherlock não havia se aventurado pelo jardim desde que chegou ao local, preferindo ficar emburrado em seu quarto, então se surpreendeu ao ver um pequeno labirinto no mesmo.

Ele se ocupou em dar voltas pelo mesmo, as paredes de folhas chegavam até dois metros, mas iam diminuindo até o centro. O leve barulho de água indicava a presença de uma pequena fonte no centro do mesmo e ele se viu indo na direção do som.

Ele se surpreendeu ao chegar no centro do local e ver a fonte, pois havia uma garota sentada na beira da mesma. Ela olhava para cima, movendo as mãos como se separasse informações invisíveis a outros olhos, e parecia concentrada em algo que ele não podia identificar. Um pouco da água do chafariz da fonte pingava na blusa dela, mas isso não parecia a incomodar.

Após alguns segundos de observá-la, Sherlock notou que ela provavelmente não fazia ideia de que ele estava ali, se mantendo de costas para ele com as mãos se movimentando no ar. Ele tirou então algum tempo para a observar.

Ela era baixa, as calças eram do uniforme fornecido para os residentes, mas ela usava um casaco masculino sobre a blusa. Era um pouco grande para ela, mas muito pequena para um homem adulto, então era algum parente de idade próxima. O material, à distância, informava que não era muito cara, então ela não a mantinha por valor monetário. Com uma idade estimada entre quinze e dezoito, sem poder ver o rosto dela, ele imagina que ela mantenha a blusa por sentimentalismo. É uma clínica de reabilitação, não deixam manter objetos pessoais se forem insignificantes, então é algo vital para ela, o que exclui a possibilidade de ser de algum parente distante como primos, então é de um irmão. Um irmão mais velho, talvez dois anos estimando pelo tamanho da blusa.

— Você gosta de futebol? – A voz baixa feminina o tirou de suas deduções e ele viu que a garota não havia se virado para ele ou parado as mãos que ainda se movimentavam no ar – Não o americano, aquele com as bolas redondas.

Ele por um momento se perguntou se ela falava com outra pessoa, talvez um amigo imaginário? Mas então ela teria de estar na ala psiquiátrica. Não, ela estava falando com ele.

— Não me importo muito por esportes – Sherlock responde sem considerar muito a pergunta

— Uh – É o único som que ela faz, e então para um pouco de mover as mãos. Ela encara algo com muita concentração, e então suspira em decepção – Bem, a Alemanha precisa de melhores jogadores.

Sherlock franze a testa, sem entender exatamente sobre o que ela está falando, o que o irrita um pouco.

— Zoe – Ela diz após alguns segundos, mas é tão baixo que Sherlock mal ouve.

— O que disse? – Ele se aproxima dela, e ela rapidamente se vira para ele. Os olhos azuis o analisando por alguns segundos, e então ela sorri fracamente, de modo que não seria notável se ele não fosse muito observador.

— Zoe – Ela repete – É meu nome, Zoe.

Sherlock assente, observando o rosto dela.

A dedução da idade da garota passa para algo entre dezesseis e dezessete, embora ela pudesse ser mais nova. Os olhos azuis tinham aparência cansada e algumas olheiras a baixo deles, enquanto ela parecia mais magra do que o indicado para ser saudável. A pele pálida ajudava na aparência de desnutrição e ele não podia ver os braços dela, mas se pudesse provavelmente veria marcas de agulhas onde ela injetava a droga de escolha.

— Pode me dizer seu nome? – Ela pede, após ver que ele não o diria por vontade própria.

— Sherlock Holmes – Ele resolve responder a garota, e ela assente, voltando a observar o nada.

Eles passam alguns segundos em silencio, e então passos apressados se aproximam e uma mulher emerge de um dos arbustos, parecendo irritada e um pouco preocupada.

— Lucy, aí está você – Ela então muda suas expressões para a de alívio. Sherlock olha a garota, que lhe informou se chamar Zoe. Por que ela mentiria? Não é como se ele houvesse perguntado, para começar.

— Não – A garota demonstra incerteza olhando a mulher, que ele reconhece como uma das enfermeiras da ala psiquiatra.

— Você não tomou seus remédios depois do almoço, o que eu disse sobre isso? – Ela tira dois comprimidos do bolso e os oferece para Zoe/Lucy.

— Que me deixaria sem jantar se eu fizesse outra vez – Ela responde, o olhar fixado novamente em algum ponto do céu – Eu não quero comer. Então não preciso tomar os remédios. São ruins e me dão dor de cabeça.

— Venha comigo, mocinha – A mulher agarra o braço da garota, a arrastando para fora do labirinto. A garota, pequena como era, não consegue fazer nada além de protestar com alguns “nãos” numa altura não muito chamativa, se deixando ser arrastada.

Sherlock permanece no jardim por mais alguns minutos antes de voltar a seu quarto.

...

— Sr. Holmes? – Uma das funcionárias entra no quarto. Como é uma instituição mental além de recuperação, as portas não tinham trancas.

Boas notícias para suicidas, péssimas para quem quer privacidade.

Ele, como sempre, não responde. Ele já estava ali, sem se drogar por quarenta e cinco dias, não era suficiente? Eles tinham que o irritar com a presença deles?

— Sr. Holmes, estamos adiando suas consultas há mais de um mês, não podemos continuar a fazer isso – Ele olha para ela de canto de olho, vendo que não é uma das enfermeiras ou cuidadoras que andam por aí. Ela aparenta mais importância. Talvez administradora? A roupa branca como as outras deixa um pouco difícil distinguir, mas ele provavelmente está certo.

Ele continua a ignorá-la.

— Bem, se quer agir como uma criança, somente lhe aviso. Tem uma consulta com o Doutor Weaver amanhã após o café – Ela diz, por fim – Seu irmão disse para colaborar ou pode demorar mais a sair. Boa noite, Sr. Holmes.

Ele suspira e muda de posição na cama, um dos travesseiros brancos caindo de onde estava anteriormente.

Essa vai ser uma longa estadia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Que tal?

Aguardo vocês no próximo :)

Kisses!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Don't Waste It" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.