A verdadeira história de Rapunzel escrita por Camila Reis


Capítulo 3
Capítulo Três


Notas iniciais do capítulo

Oiee! Agora começamos a andar na história...Morgana descobre quem é o ladrão e já mencionamos a Rapunzel. Ele ficou um pouco pesado mais para o meio, mas n é nada muuuuito violento. Enfim, espero que gostem.
Boa Leitura C: E vejo vocês nas notas finais.



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Levantei-me e corri até o pomar. Quando cheguei lá, vi um vulto caído embaixo da grande macieira, gemendo. Aproximei-me, e vi quem eu menos esperava:

— Tu és...O marido de Madalena? Já viestes aqui uma vez, buscar o vestido dela. E...Uma camisa tua... - O tecido. Por isso ele era estranhamente macio.

— Por favor, posso explicar-me...

— Pois explique o motivo de roubar minhas maçãs, ladrão.

— Minha esposa. Ela vive com desejo de comer tuas maçãs. Eu só queria agradá-la. Por favor, tenha piedade.

— Se tua esposa desejava minhas maçãs, porque não pedia para mim?

— Ela não sabe que roubei. Pensa apenas que pedi.

— Ótimo, pois eu vou contar à ela amanhã mesmo. Agora saia daqui!

— N-Não, Morgana! Por favor, imploro!

— Jamais! Vou contar à ela sim. Agora, retire-se ou o matarei! - Minha ameaça funcionou: ele levantou-se e saiu correndo. Voltei para o quarto irritada. Ótimo. Minha noite fora arruinada.

xXx

No outro dia logo cedo aproveitei o silêncio da casa e fui até a casa de Madalena. Encontrei-a acordada dobrando os seus vestidos.

Ela guiou-me pela pequena sala e sentou-se em um dos sofás, e eu sentei-me na sua frente.

— Para que viestes? - perguntou ela, com cuidado.

— Eu gostaria de contar algo. Onde está teu marido?

— Ele foi trabalhar. - Falou Madalena, confusa. - O que gostaria com ele?

— Nada. Eu só gostaria que ele estivesse aqui para provar-te o que falo. Mas, paciência.

— Fala, por favor. Estou começando a ficar nervosa.

— Teu marido anda roubando minhas maças durante a noite. Ele disse-me, quando o peguei no flagra, que era por um desejo teu.

— O-O que?! Mas ele só me entregava as maçãs durante a manhã! E dizia-me que havia as comprado! P-Perdoe-me! Eu tenho algumas ainda, posso devolvê-las!

— Não. - Falei rispidamente - Mas vou castigá-los! No pôr do sol eu virei, para dar a vocês o castigo que merecem.

— Por favor, Morgana, não! - Implorou-me ela enquanto eu seguia para a porta. Ela chorava tanto que pensei que isto já era um bom castigo, a ameaça. Saí da casa e fechei a porta com força, ouvindo dali seus soluços desesperados. Uma mulher já se aproximava da minha casa, e corri para lá.

O dia foi mais calmo: muitas iam apenas para pagar-me os vestidos. Poucas quiseram fazer novos. Assim, exatamente quando o sol estava se pondo, fui até a casa vizinha e bati na porta. Quem atendeu foi o seu esposo, que abaixou a cabeça ao ver-me e permitiu que eu entrasse. Madalena estava sentada, ereta, a mão passando suavemente no ventre que começava a crescer.

Sentei-me diante deles, que ficavam olhando nervosamente para mim, esperando minha punição:

— Bem, como teu próprio esposo disseste, de nada sabias. - Comecei - Mas ele sim, sabia do pecado que estava cometendo. Aquelas macieiras são muito importantes para mim, e deves ser castigado pelo roubo.

— O que farás? - perguntou ele, constrangido.

— Tirarei a vida de Madalena. - Falei, friamente.

— O-O que?! Não! - Ele ergueu-se, exaltado. Madalena se encolheu.

— Isto é por ter roubado minhas maçãs. - Rosnei, erguendo-me. Porém, me acalmei com uma segunda ideia... - Mas... Podemos ter outro caminho.

— Qual? - Perguntou ele, sentando-se novamente.

— Antes, prometa-me que me dará o que eu quiser.

— Sim, Morgana. Darei a ti o que quiseres. - Disse ele - Pode confiar em minha palavra.

— Ótimo. Quero de ti teu bem mais precioso.

— Bem precioso? Não tenho ouro. Os móveis desta casa são velhos e a própria está em pedaços. - Começou o homem, confuso com meu pedido.

— Não quero ouro. Quero algo muito mais precioso.

— E o que seria?

— Quero a criança. - Apontei para o ventre de Madalena. - Este, sim, é teu bem mais precioso.

— O que?!

— Não! - Protestou a mulher, desesperada. - Por favor, qualquer coisa, menos meu filho!

Claro que eu não iria querer uma criança. Tudo o que eu queria era ver aquela família em ruínas.

— Sua...Sua bruxa! - Vociferou o homem.

— Tu é quem tem menos direito de reclamar. Agradeça que não tirarei a vida de tua esposa.

— Mas..Isto é igualmente ruim!

— Não quero saber. Assim que a criança nascer, virei pegá-la e a levarei comigo para sempre. Ou é ela, ou Madalena. Tens até o dia do nascimento da criança para escolher. - Virei-me e saí pela porta. Não queria ficar para ouvir pedidos e choros, e o esposo de Madalena sequer me seguiu, o que era bom.

Cheguei em casa e, novamente, senti-me nas alturas. Esta era minha verdadeira face; esta era eu. Fria e maldosa. A verdadeira Morgana.

xXx

Os meses iam se passando e não avistei mais meus vizinhos incomodativos. Sentia-me frustrada e irritada, todavia as lembranças do desespero de Madalena e seu marido melhoravam-me quase que de imediato.

Certa noite acordei com gritos vindos da casa de Madalena, mas não quis ir lá; já sabia o que era. Voltei a dormir e, no dia seguinte, fui até a casa vizinha, indo cobrar o acordo. Esperava que o homem entregasse Madalena à mim. Mataria-a com prazer.

Jamais imaginei que ele entregaria a criança.

Madalena estava adormecida quando ele entregou-me o bebê, enrolado em mantos ásperos. Uma menina, de pele clara e cabelos dourados como a mãe. Um verdadeiro anjo. Quando a vi, tive anseios de devolve-la. Mas não o fiz. Voltei para casa e fiquei olhando para a criança adormecida. Depois de um tempo, ouvi batidas suaves na porta e fui atender, descobrindo ser então Margareth. Ela disse que enfim descobriu onde eu morava e fez um rápido pedido. Quando ela iria falar mais alguma coisa, uma ideia surgiu na minha cabeça e eu pedi para que ela me deixasse, alegando que estava muito ocupada.

Assim que ela sumiu, aproveitei e corri até o quarto, com uma ideia em mente. E isso, caros leitores, a história tão conhecida não conta.

Ainda era cedo quando saí de casa com o bebê nos braços. Corri pelo reino, apressada, desviando das pessoas e ignorando seus olhares. Eu precisava me livrar da criança antes que a mãe despertasse. Como era a região mais pobre e mais afastada, logo cheguei na floresta que cercava o reino.

Meus pés já doíam quando eu cheguei perto de uma antiga árvore. Olhei para a criança por alguns segundos, incerta do que faria. Mas foi só lembrar-me de seus pais que logo a deixei de lado e comecei a cavar com as mãos.

Fiz um buraco médio e coloquei-a envolta nos panos ali, cobrindo-a novamente. Ela sequer chorou quando terminei de cobri-la com terra. Eu ainda fiquei um pouco receosa com o silêncio, mas a abandonei. Seu choro jamais atrairia alguém.

De cabeça erguida, caminhei de volta para minha casa.

xXx

Ao voltar para casa, segui o dia normalmente. Quando o sol se pôs, ouvi batidas desesperadas na porta.

Abri-a, deparando-me com Madalena em um estado deplorável. Os cabelos estavam desgrenhados e parecia tão frágil que um mero toque a quebraria em mil pedaços.

— Cadê? - Ela entrou sem pedir permissão, os olhos cuidando cada canto da casa - Cadê?!

— Quem te disse que dei licença?! - Perguntei, irritada.

—Onde está a Rapunzel?!

— Rapunzel? - Ergui uma sobrancelha - Ah...Claro. A menina.

— Isso! Isso! - Madalena se aproximou - Onde ela está? Por favor, diga-me!

— Poderia dizer-lhe, mas nem eu sei exatamente. Talvez, em algum canto da floresta.

— Floresta? Não me diga que a deixou lá sozinha!

— Não se preocupe, Madalena - consolei-a - Ela não estará sozinha. Pelo contrário, à uma hora dessas, ela está muito bem acompanhada...Pela morte. - Terminei a frase sorrindo.

— M-Morte? C-Como assim? O que você fez com ela?!

— Eu a enterrei, oras. O que mais faria? Entregaria a delicada menina às fadas?

— Sua...Bruxa! - Vociferou a mulher, de repente tomada por uma cólera nunca antes vista - Maldita! Como ousa fazer isso com um ser inocente?!

— Pergunte ao teu marido. - Respondi, zombando do desespero dela - Ele quem me entregou a criança esta manhã.

— A minha Rapunzel...A minha menina... - Ela caminhava em círculos pela sala, passando a mão pelo rosto. - O que será dela, sozinha? Que Deus ajude e ela esteja bem!

— Por favor...Eu a enterrei pela manhã. Ela já está morta agora.

— Não! Ela não está! Eu vou até a floresta e vou encontrá-la!

— Pode ir. Cave a floresta inteira, se quiser. Não vai encontrá-la, mesmo se passar anos. - Sorri mais uma vez, me divertindo com a cena.

Madalena, tomada por uma fúria imensa, correu até mim e deu um tapa no meu rosto. Fitei-a, surpresa.

— Tu vais pagar, bruxa. Pela vida de Rapunzel. Irás pagar! - Condenou-me correndo até a porta e a batendo com força. Estava paralisada demais para responder algo, passando os dedos na marca ardente da mão dela em mim. Maldita.

— Quem vai pagar és tu. - Rosnei, cerrando os punhos. Ah, ela iria pagar. Eu iria voltar à floresta para pegar o cadáver da criança e colocá-lo na porta da casa de Madalena. Sim. Eu faria isso.

Saí de casa pisando forte e quando me afastei um pouco mais invoquei o mesmo cavalo que me levou para o baile. Subi em seu lombo nú e puxei a crina, fazendo ele galopar velozmente. Fui pelo mesmo caminho de antes, atenta aos detalhes. Ao chegar no exato local onde enterrei a menina, desci do cavalo e comecei a cavar com rapidez.

Puxei os panos - agora sujos - e ouvi um choro. Olhei assustada para a pequena. Ela chorava, ou melhor, berrava.

— Eu a deixei pela manhã...Como? - Mas ela estava ali. Tão viva quanto eu. Tão viva quanto tu, leitor. Era pequena, e tão frágil que algo dentro de mim gritava para abraçá-la.

Esfreguei os olhos com força, fitando-a novamente. Viva. Ela estava viva.

— Rapunzel... - Murmurei, pegando-a no colo e a embalando em meus braços, assustada e ao mesmo tempo maravilhada. Depois de um tempo a embalando ela dormiu em meus braços, serena.

Rapunzel.

Rapunzel.


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Notas finais do capítulo

Esse foi o lado mais malvado da Morgana (sinceramente, gosto de escrever assim kkkkk), mas ela sentiu algo em relação à Rapunzel. O que será?
E aí? Gostaram? Amaram? Odiaram? COMENTEM! Eu não mordo C:
Até a próxima!



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