A Culpa - Parte Ii escrita por Mara S


Capítulo 3
Capítulo 3




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Vergil havia saído novamente àquela tarde, me deixando sozinha com Alice, que me seguiu até a varanda e ficou me encarando de maneira curiosa. Talvez fosse o momento certo para conversar sobre seu comportamento.

- Por que você contou para Vergil que eu havia saído de manhã, Alice? – perguntei parando de ler.

Ela continuou sentada no chão da varanda me olhando e disse sorrindo depois de alguns segundos:

- Porque era o certo a se fazer.

Aquela falsa inocência começava a me irritar.

- Você queria que ele me expulsasse?

- Na verdade, eu pensei que ele não se importaria. Mas ele se importou e ficou bem zangado – Alice levantou-se e começou a andar pela mureta da varanda.

Eu continuei calada. Ela parecia uma criança, mas aquela frase não fazia sentido para uma criança.

- Sabe, Taria... Eu gosto de você, mas queria que o Vergil notasse um pouco em mim para variar... Eu não entendo porque ele se preocupa tanto com você! Você é adulta e sabe se cuidar! – falou num tom triste.

- Alice – falei fingindo entendê-la. – Talvez você devesse deixá-lo sozinho por um tempo.

- Ele não se preocupa comigo...

- Não pense assim. Tenho certeza que ele ainda vai retribuir tudo que fez por ele – menti descaradamente. Porque logicamente, Vergil queria aquela criança o mais longe possível dele.

- Como? – ela perguntou e pela primeira notou seus olhos brilharem como uma criança que esperava receber um doce.

- Algo grande. Você precisa esperar e prometer para mim que não irá atrapalhá-lo.

- Você vai me ajudar, Taria?

- Eu farei meu melhor. Mas precisa me prometer que irá esperar a hora certa, promete?

- Por um momento eu te odiei... Desculpe – ela se jogou nos meus braços e me abraçou. – Eu vou esperar.

- Não diga pra Vergil que tivemos essa conversa, sim? Vai ser nosso segredinho. Em troca eu farei o que você deseja – dei um beijo dissimulado em sua testa.

Ela me soltou e disse correndo na direção da porta:

- Como pude desconfiar de você?

 

Depois que ela desapareceu, suspirei mais aliviada. Apesar de odiar ser tratada como criança, Alice era simples como uma. Bom, pelo menos era não precisou usar a força e Vergil poderia utilizá-la como quisesse contra Dante.

- O que será que está passando nessa mente...? – falei baixinho repousando o livro nas pernas.

 

Despertei com o barulho de alguém se distanciando. Abri os olhos e percebi que Vergil se afastava carregando meu livro nas mãos. Já era noite e ao notar que havia acordado ele parou de andar e disse:

- Você havia derrubado o livro.

Olhei para Vergil um pouco surpresa, mas não disse nada. Apesar da vontade de perguntar: você tirou cuidadosamente o livro para não me acordar?

- Não sinto Alice aqui. Você conversou com ela?

- Sim... – falei voltando ao normal. – Não imagino onde ela poderia estar, mas talvez esteja seguindo meu conselho.

- O que disse a ela?

- Prometi segredo – falei ironicamente me levantando. – Mas ela vai se comportar até que você precise dela, novamente.

- Sabia que você conseguiria.

- Você se encontrou com o humano... Arkham, não é mesmo? – falei repentinamente seguindo Vergil para dentro da mansão.

- Como sabe? – Vergil falou, sem disfarçar sua surpresa.

- Eu senti.

Não estava mentindo. Eu realmente sentira algo diferente nele quando chegara. Talvez meu lado demoníaco estivesse começando a perceber coisas diferentes do usual.

- Isso é interessante... As aulas parecem estar surtindo efeito mais rápido que pensei. Deveríamos treinar mais.

- Você não respondeu minha pergunta. Esteve, não é mesmo?

Vergil esboçou um sorriso e logo em seguida disse no seu tom sério:

- Sim, eu estive. Como você mesma notou. Conversamos mais sobre demônios em sua biblioteca.

- Você está se encontrando na casa dele? – falei rindo.

- Algum problema?

- Não. É que eu só não consigo ver você visitando alegremente um humano.

- Ele não é um mero humano e eu preciso da ajuda dele.

- Se você diz...

Vergil me fitou por alguns minutos e disse para si, o que não me impediu de ouvir:

- Talvez ele esteja certo...

- Certo sobre o que? – perguntei sem pensar duas vezes se isso o irritaria.

- Sobre você, Taria. Sobre você.

Saiu caminhando depois de me deixar mais curiosa do que nunca com sua frase.

- O que você quer dizer com isso? Você falou de mim para ele?

- Eu disse antes, Taria. Não me faça perder a paciência de novo com você. Tudo no seu devido tempo... Na hora certa, terá suas respostas.

Depois de seu tom ameaçador, não pude fazer muita coisa. Não teria utilidade nenhuma prolongar esse assunto, pois sabia qual seria sua reação. Mesmo contrariada, esperei ele desaparecer pela porta logo da frente, para depois subir lentamente para meu quarto.

 

- Não está certo... Esse mistério todo... – comecei a divagar andando de um lado para outro já dentro do quarto. Parei na janela e fiquei fitando o vazio pensando no que poderia ser não só plano de Vergil, mas o que ele poderia estar escondendo e que tinha a ver comigo.

- Perder a paciência! Quem vai perdê-la serei eu!

Sem pensar duas vezes, agindo por puro instinto, sai do meu quarto e bati violentamente na porta do final do corredor.

Não adianta. Ele não está aqui.

-Fechei os olhos por alguns instantes e logo em seguida sorri, pois sabia onde ele se encontrava.

Caminhei decidida até o outro lado do primeiro andar, passando por mais um corredor e cheguei ao seu refúgio. Biblioteca.

Não me importei em passar despercebida e muito menos pedi permissão para entrar, por que sabia que Vergil sentira minha presença. E como esperado, lá estava ele parado na frente de uma estante, seus olhos parados na direção que me encontrava e com um olhar de censura.

- O que você quer?

- Você vai me escutar agora. Realmente, não me importo com quem esteja conversando, mas eu tenho o direito de saber o que está planejando.

- Por que isso agora? – perguntou friamente, apesar de saber que ele se irritara com a minha presença.

- Por que você está escondendo algo. O que Arkham sabe sobre mim?

- Não sei o que está falando.

Caminhei até sua direção sem medo e disse parando à poucos centímetros dele.

- Você disse que Arkham estava certo sobre mim. Você deixou isso bem claro. Agora eu gostaria de saber o que um humano que nunca teve contato comigo antes poderia saber à meu respeito e que ainda lhe faça concordar com ele.

- Eu lhe avisei que não toleraria sua curiosidade.

- Um pouco tarde para corrigir o erro, querido. Tenho certeza que você adoraria saber se começasse a falar de você para minhas novas amizades – falei sarcasticamente.

- Nós dois sabemos que isso não aconteceria. E além do mais, eu não preciso dar satisfações para você, afinal de contas, quem está no comando sou eu.

Segurei-me para não me descontrolar completamente depois de ouvir aquela frase.

- Acho que está esquecendo algo: se quiser eu posso arruinar seu plano perfeito. Só o que preciso fazer é roubar um amuleto... Quem sabe encontrar Dante depois – frisei o nome do irmão, franzindo a testa irritada.

- E porque você ainda não tentou? – Vergil falou se aproximando mais de mim. Sentia que a qualquer momento ele tentaria me matar novamente.

Eu sorri maliciosamente e disse:

- Por que eu ainda confio em você, infelizmente. E agora, Arkham, sim?

- Ele quis saber sobre minha misteriosa companheira. Saber se ela era digna...

- É estranho que você confie num humano, mesmo sendo um vendido.

- É mais complicado que isso.

- E o que você falou para ele? – perguntei um pouco mais calma.

- Você sabe muito bem o que – falou seriamente. –Ele queria utilizá-la antes do meu planejado, mas não sei se devo.

- Em que?

- Algo grande. Eu estou avaliando os riscos.

- Agora está preocupado comigo?

- Quem disse que os riscos seriam somente seus?

- Claro... – ri afetadamente.

- Eu não posso lhe falar mais coisas à respeito do plano e não tente descobrir sozinha. Seria irracional de sua parte.

Dizendo isso Vergil ameaçou sair, mas eu o impedi falando inquieta:

- O que está passando em sua mente?

Ele voltou novamente e disse colocando sua mão no meu rosto:

- Coisas que não gostaria de fazer.

Depois saiu me deixando intrigada com aquele gesto.


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Notas finais do capítulo

Algo parece estar saindo fora do controle...
muahahahahaha xDD

Espero que tenham gostado



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