A Culpa - Parte Ii escrita por Mara S


Capítulo 14
Capítulo 14




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CAPÍTULO XIV

 

Temen-ni-Gru...

 

Fui tudo tão rápido. Eu senti a torre erguer-se imponente e podia vê-la de longe, mas nada podia fazer. Sentada, sozinha, permaneci com medo que algo ocorresse, pois algo em mim dizia que nosso plano falharia.

 

Quando falhamos senti todo meu corpo perder a força e ao ouvir o barulho distante da torre desmoronando não consegui me mover. Odiava ter aquele sentimento dentro de mim, pois o que aconteceu era a prova de minhas dores mais intimas. Reuni coragem para visitar os escombros, não naquele mesmo dia, já que ainda ardia com a perda e solidão.

Talvez estivesse vivo, pensei enquanto me aproximava do lugar, mas logo percebi que estava errada.

Ele havia partido.

Não chorei, mas observei de longe as ruínas da Torre. Contudo, não sabia o que poderia ter ocorrido, pois sua partida não significa sua morte, pensei. Dante era o único que poderia saber qual fora o final de Vergil.

 

Sim, Dante... Qual teria sido seu final?

 

Lutei contra minha dor e parti até Devil May Cry. Algo gritava em meu intimo e precisava exorcizar meus próprios demônios visitando o mestiço. Precisava de respostas para minha dor. Não me importava se ele fosse descobrir a verdade ou não. Não me importava se fosse odiá-lo e perdesse o meu único amigo. Eu precisava saber.

 

Abri a porta da loja com um estrondo e deparei-me com o mestiço mexendo em seu jukebox. Parecia normal e não sofria. Será que Vergil não havia morrido?

- Taria? O que aconteceu? – foi a primeira coisa que o mestiço disse ao me ver entrando desesperada.

- O que aconteceu na torre?

- Que torre? Por que quer saber?

- Eu preciso saber, Dante! Vergil morreu? – perguntei caminhando até ele.

Dante me encarou demoradamente, talvez tentando entender minha preocupação. Até que disse:

- Ele morreu, mas mereceu a morte que teve. Caiu no inferno no portal aberto por um demônio. Tentei impedi-lo, mas acho que ele queria aquilo afinal. Lutar com Mundus... Suponho.

- Não... – foi o máximo que pude falar. A dor da derrota só não era maior que a dor da perda.

Taria... Por que está tão preocupada com isso? Como sabia que... Oh, não – ele finalmente havia entendido. – Era isso que você não podia me contar? Todo esse tempo... Você esteve com meu irmão?

- Você o deixou cair? – perguntei ignorando sua frase.

- Taria... Me responda! Você sabia que Vergil estava vivo todo esse tempo? Sabia da torre e do plano?

- Sim... Não me olhe assim! Eu não me sinto culpada!

Ele me segurou com força e disse:

- Como pode?

- Não me toque! – o empurrei. – Você deixou seu irmão morrer!

- Eu não deixei meu irmão morrer! – respondeu irritado.

- Mas não se preocupou com sua morte também...

- Ele era meu irmão! Claro que me importei! Eu achava que ele estava morto! Tem idéia do que senti quando o vi novamente depois de todos esses anos? Tem idéia do que senti quando o vi partir? Mas ele queria isso. Mereceu, afinal despertou um grande mal. Não posso me remoer eternamente por isso!

- Era tudo tão perfeito... Não havia falhas, mas mesmo assim eu sentia que ele não iria voltar. Oh... Droga – me apoiei na parede mais próxima, pois o enjôo que me acompanhava constantemente decidira voltar naquele momento.

Dante tentou se aproximar, mas eu o barrei com a mão.

- Agora eu entendo quando disse que estava grávida e duvidava que fosse um humano. Você está grávida de Vergil... Não acredito como fui tão cego e não percebi que havia algo errado.

- Você nunca foi muito espero, não é mesmo? – falei ironicamente. Sentia o ódio por Dante crescer consideravelmente. Como ele poderia ter deixado seu próprio irmão cair?

- Taria, eu não a reconheço mais.

- Não me olhe assim! Como se tivesse sido traído!

- Duvido que essa criança veio por livre e espontânea vontade. O que estavam planejando?

- Não é do seu interesse – comecei a caminhar com dificuldade até a saída.

- O que vai acontecer com essa criança?

- O que acha?

- Eu só estou pensando aqui... Vocês planejaram isso pensando que nasceria um descendente forte de Sparda. Não quero nem imaginar o que fariam com essa criança, mas e se der errado? E se nascer um humano? Vocês pensaram nisso? – Dante disse com uma nota de ironia.

Ele queria me provocar.

- Como você realmente se importasse com isso.

- Eu me importo. Não é um brinquedo, afinal de contas.

- Eu sei disso.

- Apesar do seu sofrimento eu não posso negar que fico aliviado.

- O que disse? – perguntei inconformada para Dante.

- Assim talvez você possa refletir mais sobre seus atos.

- Seu irmão está morto por sua culpa e tudo que você pode me falar é isso?

- É estranho ver alguém defendendo meu irmão assim, mas eu sinto que ele significava algo em sua vida. Eu vou respeitar o ódio que você deve estar sentindo por mim e tudo o que aconteceu – falou com tristeza nos olhos.

Eu meramente voltei a caminhar para a porta ainda aberta e disse sem olhar novamente para trás:

- Acabo de perder mais uma pessoa que amava e desta vez você foi responsável por isso.

Sabia que Dante continua a me olhar e quando sai de sua loja esperei que ele não tentasse me seguir ou mesmo me ajudar.

 

 

“Você não será prejudicada caso a Torre não abra seu portal. Se eu falhar, você terá sua chance e, claro, você será responsável assim como eu, por alguém melhor que todos que já caminharam nesse mundo humano. Um verdadeiro descendente de Sparda.”

 

Constantemente as palavras de Vergil martelavam em minha cabeça como um aviso para ser forte. Eu sabia que não deveria me martirizar pelo o que havia ocorrido, mas no fundo me sentia culpada, pois não pude ajudá-lo. Se estivesse lá... Talvez o fim tivesse sido diferente. Assim como seria diferente se Dante não tivesse deixado o irmão partir. Seu plano poderia ter falhado, mas não estaria vagando no inferno, onde provavelmente morreria.

 

Sim, eu precisava ser forte. Não fui prejudicada pela queda da Torre, mas era um fardo muito pesado para segurar sozinha. O fato da própria gravidez não estar sendo agradável, deixava as coisas mais complexas ainda.

 

Os meses passaram lentamente enquanto estava sozinha. Todo o dia sentia a dor de colocar no mundo o verdadeiro descendente de Sparda. Muitas vezes me via pensando o que poderia estar acontecendo com Vergil e tentava encontrar alguma solução nos inúmeros livros e anotações do mestiço para minha situação. Se apenas pudesse descobrir um meio para saber se estava vivo ou se havia um meio de reverter o ocorrido.

Na verdade havia... Precisava vender minha alma para algum demônio. Algo que minha honra me impedia de fazer. Não sabia até quando ela me impediria, contudo precisava confiar em mim.

 

Enquanto o tempo passava procurava dicas... Até mesmo descobrira um antigo diário de Vergil escondido entre tantos papéis e pensei se ele realmente esperava que eu o encontrasse. Era repleto de anotações sobre rituais e círculos que bloqueariam demônios, tal como aquele que bloqueava o demônio já morto no abrigo subterrâneo. A maior parte dos escritos era de meu conhecimento, pois vira sua aplicação. Uma parte era desconhecida e com dificuldade compreendi o que Vergil pretendia com aquelas palavras. Prender demônios em selos, transformar humanos em fantoches, controlar demônios menores. Coisas que me intrigaram e que tentaria experimentar uma vez que estivesse novamente saudável


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Notas finais do capítulo

Oh gosh, sinto um bebê a caminho muahahahah

Enfim, espero que gostem



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