20 Primaveras escrita por Thayná Soares


Capítulo 12
Tarde demais


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!! E aí, como estão?
Soltando pulinhos de alegria - acredito eu - por mais um capítulo dessa história. hahahaha, brincadeiras a parte, bora ler!



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O frio que fazia lá fora não se comparava com o que habitava em mim. As aulas parecem ser eternas e se eu pudesse nem teria vindo a faculdade hoje, mas compromisso é compromisso e eu não podia perder aulas. Desde ontem eu não prego os olhos e não consigo aquietar o meu coração.

Eu escutei a Letícia falando umas três horas seguidas e vi minha amiga sair furiosa do apartamento por ver que eu não quis voltar atrás da atitude que havia tomado: a de mandar o Guilherme embora, não só da capital mas também da minha vida. Foram passados alguns trabalhos e já estava tudo muito bem anotado no meu caderno, seriam daquele individuais então menos mal, do jeito que eu estou não seria bom um trabalho em grupo, não estou com cabeça e muito menos com cara de ser sociável.

Estava saindo da minha sala quando vi Lê andando pelo pátio.

Corri até ela e a segurei pelo braço, tive que fazer isso porque ela ignorou as 5 vezes que gritei seu nome. Ok, eu havia conseguido afastar até minha amiga de mim.

— Me escuta!- comecei falando- Você está completamente certa, eu devia sim ter engolido o orgulho sem fazer careta nenhuma. Mas você me conhece bem e sabe que eu sou um poço de teimosia misturado com atrevimento e eu nunca soube dosar isso na minha vida de uma forma que fosse positivo. Eu não preciso que você se afaste de mim, você não, sempre aguentou minhas manias e vai continuar aguentando, se não vou ter que te obrigar – falei a última frase em tom de brincadeira para descontrair e consegui.

Letícia desmanchou a cara de brava e me deu um abraço de urso.

— Eu sempre vou aturar e apoiar você. Ah, e abrir seus olhos também – disse.

Ter a Letícia como amiga, era se sentir extremamente feliz e presenteada por Deus. Só eu sei o quanto essa louca faz parte da minha vida e me atura a anos. Nos conhecemos desde o primário e lembro que nos apresentamos quando jogamos bolo de uma festinha de um colega, na cabeça uma da outra.

Levamos uma bronca da nossa professora e na hora de omitir o que realmente havia acontecido combinamos o ato, dando uma piscadela uma para a outra e afirmando com toda a certeza do mundo, que foi apenas um acidente. Desde aquele dia não nos separamos mais e rezo para que continue assim pro resto de nossas vidas.

Saímos da escola enroladas em nossos casacos, fazia muito frio no dia e fomos papeando até encontrar um táxi e irmos para casa. Estava na cara que iria chover e isso estava nítido sobre nossas cabeças, o céu de São Paulo não estava de brincadeira e era melhor nos proteger em nossas casas.

Chegamos no prédio e Letícia foi para o seu apartamento e eu pro meu, isso porque ambas tinham coisas da faculdade para fazer. Fiz minha comida tipicamente enlatada, se minha mãe visse como eu me alimento me daria uma surra. Não é porque não sei cozinhar, sei sim e modéstia a parte muito bem. Mas geralmente tenho preguiça e o tempo é extremamente corrido então, recorro ao que é mais fácil.

Quando terminei de comer deitei no sofá, para descansar um pouco e também porque sinceramente eu não estava com cabeça para fazer nada. Letícia sim até que poderia adiantar coisas da faculdade mas eu estava afim de adiantar e resolver minha vida, essa sim estava mais bagunçada do que qualquer outra coisa.

16/07/2011

“Se o Guilherme me pedisse em casamento hoje, eu recolheria todo o ar necessário e gritaria para o mundo inteiro ouvir que SIM!

Eu não tenho dúvidas de que ele é o homem da minha vida. Eu não tenho dúvidas que eu quero ser a mulher da vida dele. E ninguém tem dúvida de que nos amamos como nunca houve na história, talvez não seja para tanto, mas preciso me expressar assim porque dessa forma ficará gravado eternamente nessa folha que eu o amo e não me importo com que os outros dizem.

Preciso registrar também que ele me disse hoje uma frase que eu nunca esquecerei:

“ Para ser pra sempre não precisa ser eterno, precisa ser verdadeiro”

Ahhh, esse homem é lindo demais, se eu tivesse coragem tatuaria agora mesmo em minha pele essas lindas palavras que saíram dos lábios mais doces do universo, do meu Gui.

Letícia sempre me diz que eu tenho sorte e eu sempre concordo com ela, todas as nossas amigas dizem que amor como esse, sorte tem que encontra desde jovem. Eu com apenas 16 anos já conheci o homem da minha vida. Namoramos a menos de 2 semanas mas sinto que já o amava desde antes de nos conhecer. Clichê? Pode ser, mas quem que quando está amando não é?

Guilherme eu te amo, e sei que por você eu ignoraria o meu orgulho e te pediria desculpas, mesmo que a culpa não fosse minha. Eu não travaria ao dizer “eu te amo” e nem acharia ridículo se você depois de uma briga me chamasse de “meu amor”. Todos os preconceitos que eu tinha de casais terminaram quando eu conheci você. Porque eu percebi que quem ama não tem vergonha de mostrar o que sente e muito menos aceita que fique preso e escondido do mundo um sentimento tão único como esse. E prometo a você e prometo a nós que eu nunca vou deixar você ir, mesmo que tenha todos os motivos do mundo para fazer isso, vou te mostrar que o seu lugar é do meu lado.

                                                                                Eu te amo!”

Eu já me afogava em minha próprias lágrimas e me arrepiava ao ler essas palavras que eu escrevi quando tinha apenas 16 anos. Havia começado a namorar o Guilherme e sempre anotava as minha felicidades nessa agendinha. Quando decidi me deitar no sofá após almoçar, pensei que seria bacana trazer comigo um livro e em meio as minhas bagunças reencontrei essa agendinha que não era um diário, nunca gostei dessas coisas, mas era um lugar aonde eu escrevia sobre o amor, o qual eu abandonei a 2 anos atrás e até hoje não quis pegar novamente.

Tem cada coisa aqui, tem muito aqui.

Esse foi o desabafo que preencheu a primeira folha dessa agenda e agora 4 anos depois, era o que preenchia o vazio que eu estava sentindo. Mostrou a mim mesma que deixar o Guilherme nunca foi o que eu quis, e por que agora eu agiria assim?

Um trovão que veio lá de fora me assustou eu corri e fechei as janelas, a chuva que armava já estava chegando.

Eu tenho certeza que a Rebecca que escreveu tudo isso não ficaria feliz com a Rebeca de hoje, que se por orgulho ignorasse tudo o que ela havia escrito um dia. Eu escrevia sobre esse amor, o qual eu continuo sentindo e não é justo comigo simplesmente deixar voar das minhas mãos a minha felicidade.

A chuva caia agora lá fora mostrando que o tempo não estava bem. E eu chorava aqui no meu sofá , mostrando que meu coração não estava bem também. Mas ambos, tanto a chuva como minhas lágrimas, serviam de limpeza para qualquer coisa que não estivesse nos conformes.

E eu, definitivamente nunca fui uma fracassada e não era por esse maldito orgulho que eu deixaria ele ir embora.

Nessa hora limpei as lágrimas, peguei meu casaco, sombrinha e bolsa e decidi que iria atrás dele.

Ao chegar no térreo do prédio, avistei um táxi e em desespero corri até ele e exigi de todas as formas possíveis para que o motorista me levasse ao meu destino. E assim ele fez.

Durante todo o caminho eu não criei nem decorei nenhuma frase feita, eu chegaria lá e rezaria para que ele não tivesse ido embora. Levando em conta o acontecido de ontem é bem provável que ele já tem pego o caminho de volta para o interior.

Já são 16:00 horas mas parece pela escuridão, que já são 20:00. Quando o táxi parou eu só entreguei o dinheiro para o motorista e peguei minhas coisas, minha sombrinha não quis abrir e nessa hora eu a deixei dentro do carro.

— Moça, não pegue essa chuva- gritou o motorista o qual eu ignorei e saí pela chuva mesmo até entrar no hotel.

Pingando, eu fui até a recepcionista que me olhou com descaso e pedi para ela me anunciar para o quarto 205.

— Esse quarto já estava desocupado. – disse olhando no caderno de hóspedes.

Arrependimento, resumia o que eu sentia agora. Sabe quando você vê todos os seus esforços sendo jogados no lixo? Minha cabeça começou a rodar e eu queria chorar como uma louca por ter deixado o meu amor ir embora...

Mas não fiquei contente com a resposta da recepcionista e a ignorei, decidi checar com meus próprios olhos que aquele quarto realmente estava vazio. Entrei desesperada no elevador e empurrei todos que tentavam fazer o mesmo recebendo palavras como:

“Mal educada “

“Não se trata as pessoas assim”

“ O que é isso? Parece que está com o pai na forca”

É minha senhora eu poderia não estar com a pai na forca, mas com o coração na mão, haha, isso sim eu estava.

Cheguei no andar do Guilherme e em passos curtos e lentos, respiração ofegante, caminhei até a porta do seu quarto.

Bati com as mãos trêmulas e em segundo a porta de abriu. Na mesma hora ergui a cabeça.

— Em que posso ajudar a senhorita? – disse a arrumadeira do hotel.

Merda! Não pode ser... Eu cheguei tarde demais, eu pensei demais e fiz de menos. Ele já se foi.

A recepcionista não mentiu, esse quarto está realmente vazio, sendo assim... o meu Guilherme já não está mais perto de mim.

E agora...eu me casaria com o meu orgulho?


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Notas finais do capítulo

Rebecca, Rebecca, agora sim você vacilou e feio, hein?
Amores, o que vocês diriam a ela? Podem esbravejar bastante hahahaha
Deixem seus comentários.
Beijos!



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