Meu pesadelo Benjamim escrita por Larissa Lionel


Capítulo 19
Com amor, Ariel. – Capítulo Final.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, antes de começarem, recomendo lerem ouvindo essa música
— Zelda’s Lullaby – até o final do capítulo. Escrevi escutando ela.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=cAVn71rNImI

Boa leitura!



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Os tios de Benjamin nunca mais entraram em contanto com ele. – não que realmente fizessem falta, isso deixou nossas vidas mais leve. No final de semana, resolvemos ir até a antiga casa dele.

Demorou muito, a casa parecia ficar do outro lado do universo. Bento nos levou de carro até lá. Uma hora sentado num banco de couro quente, meu Deus... Ítalo – que também foi conosco – saiu correndo logo que chegou.

Lugar lindo. Ficava perto do litoral, além de ser envolto por uma linda gama de plantas variadas. Era grande, se comparado ao meu apartamento. Três quartos, sendo um suíte, uma cozinha + sala de jantar e estar, dois banheiros, garagem, e um quintal com varanda.

Resumindo, a casa dos meus sonhos. Estava mobiliada – ainda que muito empoeirada – era simplesmente lindo e bem iluminado pela grandes janelas. Benjamin pareceu entrar numa nostalgia particular enquanto tocava naqueles móveis.

Bento demonstrou sentir o mesmo. Os olhares cintilavam a cada nova lembrança que surgia de uma peça antiga, ou quadro esquecido daquela casa. Era agradável. Fui até a varanda, apenas olhei aquela jardinagem tão vasta e descuidada pelo tempo, senti a brisa me dar boas-vindas.

— Você gostou? – perguntou Benjamin, me abraçando por trás.

— É um lugar incrível.... Só fica um pouco longe.... – um pouco?! É absurdamente longe!

— Ariel.... Você viria morar aqui comigo?

— Claro. – respondi de imediato.

Ele fica surpreso.

— Mesmo se tiver de deixar sua antiga casa, trabalho e amigos?

— Mesmo se eu tiver de deixar minha antiga casa, trabalho e amigos.

Olho para ele.

— Minha casa é de aluguel, meu trabalho é de meio período, e meus amigos... Só tenho Sara, posso ligar para ela, conversar pelo facebook, ou qualquer outra rede social.  – falei.

— Você largaria tudo por mim?!

— Abri mão da minha masculinidade por você, não é o suficiente? – sorri.

— Ariel.... E se eu ficar doente?

Começo a estranhar.

— Eu cuido de você.

— E se um dia eu vá sofrer um acidente e nunca mais volte a andar?

— Estou cursando medicina, não estou? Seria seu médico particular para sempre... Benjamin, eu não já te disse?

Ele olha para mim, ainda abraçado.

— Irei ficar ao seu lado até quando você respirar....

Ele sorriu de imediato, me virou para ele bruscamente, e me disse olhando nos meus olhos.

— Ariel, eu te amo...... Você….

Silêncio breve.

— Quer casar comigo?   

                                                     ...

Eu tive vontade de gritar, de pular, de sair rodando feito retardado, mas, a única coisa que fiz, foi, colocar a mão no rosto dele, e responder.

— Precisa mesmo perguntar? – sorri, o beijo doce e macio me envolveu num paraíso particular.

Quando eu iria imaginar.... Não existia motivos para que eu recusasse, eu era apaixonado por ele. A cada dia que passava, ele me fazia descobrir um sentimento novo, era como se eu o amasse cada vez mais de uma maneira diferente...

Não senti vergonha ao assumir a todos que estava noivo dele, ao contrário, eu ficava feliz, e isso apenas aumentava...  

— Obrigado por não desistir de mim, Ariel... Você me acolheu de uma forma que nenhuma outra pessoa fez....  

Era o que ele costumava me dizer quase todas as vezes que estava triste. Ele também me acolheu, também me amou quando ninguém esteve comigo, Benjamin era meu príncipe encantado, e eu.... Quem sabe talvez fosse a tal princesa Ariel, afinal, ele me salvou de um mar recheado de tabus, medos, preconceitos e mistérios, ele me fez criar pernas para conhecer um mundo novo....

                                                             ...

Depois de quatro meses, nos casamos no cartório. Sara, Isaac, Bento, a minha chefe, e claro, Ítalo, estavam presentes. Foi algo simples, assinatura de papéis e a troca de alianças.

A surpresa veio quando chegamos na minha casa. Sara vestiu-se de padre e fingiu iniciar uma cerimônia.

— Senhorrrrrrr Benjamin – falava de um jeito absurdamente estranho puxando para o R e o S – aceita este homem como seu legítimo esposo?

Remexeu o óculos minúsculo que usava.

— Aceito! – bateu o pé no chão.

Estávamos um do lado do outro, com os braços entrelaçados e ainda vestidos de terno.

— Senhorrrrrrrrrr Ariel! – dessa vez cuspiu – aceita este homem como seu legítimo esposo?

— Até quando eu respirar... – respondi.

Escutamos um Awwwn vindo da plateia.

— Então! Eu vosssss declaro, marido e esposo!

— AEEE FINALMENTE! – aparece Ítalo jogando arroz em nós.

A verdade era que, não podíamos casar na igreja por sermos dois homens, mas isso não foi realmente um problema.  

É.... Tivemos de passar por muitas coisas ruins como os olhares tortos e frases preconceituosas, isso porque fazíamos questão de nos assumir na frente de todos que perguntassem.

Acabamos nos acostumando com o passar dos anos, no caso, três. Isso, esse foi o tempo necessário para que pudéssemos nos formar. Larguei meu emprego e fomos morar na antiga casa de Benjamin.

Fizemos uma pequena reforma, claro, mas nada que afetasse as lembranças dele. Benjamin e eu já trabalhávamos como médicos, mas ele não era médico apenas de gente. Na garagem, construímos um pequeno hospital de brinquedos – onde ele era o melhor médico do mundo!

Ainda lembro do trabalho que deu quando pintamos as paredes sem cor, nasceram dali, pinturas de pássaros, crianças, e claro, um belo ARCO-ÍRIS. Me sujei todo.  Bento se casou e virou nosso vizinho, além da Sara, aquela louca largou tudo e foi morar ali perto também – junto com outro namorado.

Ítalo – agora com quatorze anos – costumava levar seus novos amigos da escola para o hospital de bonecas, geralmente em caso de emergência, já que os brinquedos que vinham estavam um desastre!

Ainda lembro quando um garoto perguntou a ele, por que ao invés de um pai e uma mãe, ele tinha dois homens casados cuidando dele. Qual a sua resposta?

— Sabe qual é a diferença entre uma mãe mulher, e uma mãe homem? – perguntou Ítalo.

O outro garoto, sardento, nega com a cabeça.

— É que um é menina e outro não. O amor é o mesmo. – sorriu – na realidade, ele é meu irmão, mas cuida de mim como um pai…. Ou mãe.

— Sério? – perguntou o garotinho.

— Sério, e quer saber? A verdade é que eu cuido mais deles do que eles mesmos! Afinal, eu sou o único adulto desta casa! – sorriu, inchando o peito de orgulho.

É um garoto prodígio não é? Sim, Ítalo cuidava da gente como ninguém, era nosso maior presente... Ele nos fazia não sentir falta de um filho. E sabe, ainda vendia chocolates, vivia dizendo que suas economias iriam ajudá-lo a abrir sua confeitaria no futuro.

Apesar disso, nos preocupávamos com outra coisa, já que um dia desses veio falar comigo e Benjamin na cozinha sobre algo que tínhamos esquecido.

— Sabe Ben – sentou na cadeira – acho que já tenho uma resposta para aquela sua pergunta.

— Minha pergunta? – ele coça a cabeça.

— Sim, eu sinto atração por meninas. – sorriu.

Olhei para o Benjamin, lembramos na hora... Isso era ótimo. Descobri porque ele disse aquilo, todo entardecer, uma garotinha que morava nos arredores, ia levar uma boneca, que estranhamente se quebrava muito.

Eles ficavam conversando enquanto Benjamin a recuperava, e no final, ele sempre dava um chocolate de graça e um beijo na bochecha de despedida.

Será que….

É, nosso menininho estava crescendo.

                                                                 ...

Um dia, enquanto arrumava as roupas de Benjamin no guarda-roupa, encontrei uma blusa antiga.... Não uma qualquer, era aquela que tinha escrito “perigo”

Então as lembranças fluíram na minha mente... O dia em que o conheci, e o quanto eu fiquei confuso....

Percebi uma coisa, o aviso de perigo poderia representar todas as consequências que temos de nos adaptar por causa de uma escolha. Onde eu estaria agora se eu não tivesse dado a ele toda essa atenção? Ou, o que teria acontecido se eu me recusasse tê-lo como parceiro apenas por ser um garoto?

Eu não sei, mas a minha escolha foi sim perigosa. Todas as escolhas são.

E a você, que tem a mesma dúvida que eu tive, apenas esqueça o que as pessoas ao seu redor falam. Escute a voz que ecoa na sua cabeça e lhe diz que aquilo irá ser o melhor, pois essa voz é a única que te levará a sua felicidade, você é o único que pode fazer isso por si mesmo.

Se você gosta de um garoto, corra atrás sem medo, se você gosta de uma garota, vá atrás sem olhar para os lados, e como o próprio Ítalo me disse uma vez,

“Menino com menino é um tipo de amor meio excêntrico, mas é amor. Amar não é sempre o melhor caminho? Então ame.”

Tire o rótulo de você e corra atrás do que te faz feliz, independente do que seja.

                                             ...

Com amor, Ariel.

E é claro, Benjamin & Ítalo. 


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Notas finais do capítulo

Ei pessoas, chegamos ao fim da história de Ariel – tristeza – obrigado a todos que acompanharam, obrigado pelos comentários e críticas construtivas, vocês deixaram essa história nascer e ter força para chegarmos até aqui.
Obrigado, obrigado, obrigado!

Confesso que essa é minha primeira fic, e não esperava que fosse ter tantas visualizações em tão pouco tempo. – obrigado novamente!!

XOXO =*



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