Tornei a apertar o repetir e a música começou novamente. O som já estava deixando meus ouvidos doloridos, tentei ignorar essa parte e fechei os olhos enquanto sentia a música a fluir.Mas então alguém puxou os fones de meus ouvidos fazendo eu abrir os olhos.

—Chegamos.

Encarei Jaspe furiosa enquanto retirava meu fone de suas mãos.

—Onde está a educação? - Questionei irritada.

Jaspe deu de ombros sem se importar enquanto abria a porta de seu lado do carro.

—Crianças, não briguem. - Minha mãe falou. - Hoje é um dia feliz. -ela completou, no entanto, duvido que ela acreditasse realmente nisso.

Olhei pela janela do carro e suspirei pesarosamente. A casa impecavelmente branca parecia exalar paz, era bonita e tinha detalhes que as outras casas da rua não tinham. Mas é claro que tinham, minha querida irmã que havia decorado ela. A casa não era tão grande quanto eu estava acostumada, mas era o suficiente para meus irmãos, minha mãe e eu.

Meu pai não morava mais conosco desde dois natais passados, quando ele e mamãe decidiram se separar. Eu não questionei, naquela época eu pouco me importava com o que meus pais pensavam ou sentiam, eu apenas empurrei para frente como qualquer outra coisa. Mas isso foi antes, antes de dias atrás, antes de nos mudarmos para kilometros de distância de tudo o que eu conhecia e venerava. Minha mãe não podia mais continuar naquela cidade, nem eu.

Papai havia se casado com uma mulher mais jovem, não era novidade, ele tinha dinheiro, pessoas aproveitadoras gostam de dinheiro, minha eu do passado pelo menos gostava.

Meu nome é Rose, tenho 17 anos e antigamente não era uma pessoa boa. Eu achava que era legal, mas na verdade eu nunca fui.

Tenho dois irmãos mais novos, Jaspe e Jade, eles são gêmeos e sim! minha mãe tem uma estranha queda por pedras preciosas - Uma queda medonha - que fez com que ela colocasse o nome de seus filhos de pedras preciosas. Vai entender.

Parei na soleira de meu novo quarto e suspirei. 

Tudo parecia tão branco, tão parado e tão sem vida. 

—A vista é linda não é mesmo? -Perguntou minha mãe chegando por trás de mim.

Nem havia reparado na bela vista que a janela do meu quarto no segundo andar me proporcionava. Imaginei que nossa casa fosse próxima a praia, no entanto, não sabia que poderia avista-la todos os dias pela minha janela. Me senti grata, pelo menos algo com o qual eu não teria que viver sem. As mãos de minha mãe repousaram em meus ombros.

—Seu quarto está tão apagado. -Ela comentou. -Creio que depois que você arruma-lo com suas coisas ela ganhará mais vida.

Eu assenti mesmo sabendo que ela estava errada. Não eram as coisas materiais que trariam valor ao quarto, seriam meus sentimentos nele, e pelo que poderia constar ele continuaria sem vida.

—Querida. - Ela forçou meu corpo a se virar em sua direção. -Relaxe, recomece novamente, você me parece tão abatida. Não está feliz com a mudança?

—Não é isso mãe. - Nego. - Estou feliz, não estou animada.

Minha mãe parece identificar o traço de tristeza que me percorre e me abraça gentilmente apoiando minha cabeça em seu ombro, não deixo durar e me afasto rapidamente. Ela nem tem ideia do quanto estou assombrada, do quanto fico assustada quando pessoas me tocam, ela não faz ideia, e não posso contar, prefiro preservar alguém bem e feliz, mesmo eu não estando assim.

—Tudo ficará melhor meu amor, as coisas irão melhorar.

E eu desejo fortemente que melhorem.