As Sombras de Um Amor escrita por karol_kinomoto


Capítulo 8
O primeiro beijo


Notas iniciais do capítulo

Agradecimento mais que especial a todas vocês que continuam lendo essa fic. E principalmente para:
Franflan,
Liz-chan,
Raquel-Reh,
ODMiyuki,
FLORSAKURA1

Espero que gostem do capitulo, prometo uma agradável surpresa =D



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A semana tinha sido longa para os dois. Já que eles preferiram tentar o possível para se abster da presença um do outro, o que era impossível tendo em vista que se viam na escola todo o dia.

Touya não a tratava mal na sala, ainda a chamando para fazer as leituras e respondendo todas as suas perguntas durante a aula, mas ela podia sentir a parede que se formava entre eles. Quando ele passava por Tomoyo, no corredor, ele não sorria mais, como costumava fazer.

De qualquer forma, o coração da menina batia mais rápido. Ela mantinha a cabeça abaixada, com medo de encontrar com o olhar dele, com medo do que poderia ver ali.

Era tudo culpa dele. E ele sabia disso, mas não sabia o que fazer para consertar. Tomoyo não apareceu mais para as aulas de piano, então todo dia ele voltava para o seu apartamento vazio, sentindo falta da “vida” e a “paz” que a presença dela trazia para o pequeno e solitário lar. Touya sentia falta das conversas sérias deles, regadas a chá, e as piadas durante as aulas de piano. Toda vez que ele tocava, podia sentir a presença dela ao seu lado, podia imaginá-la de olhos fechados apreciando a melodia. E toda vez que ele olhava para o seu ursinho de pelúcia, Tomoyo, ele podia vê-la com aquele vestido verde, sorrindo timidamente enquanto ela lhe presenteava com o ursinho.

Era tudo culpa dela. Ela não sabia no que estava pensando. Ele era lindo, inteligente, experiente... Por que diabos ele se interessaria por alguma garotinha de colégio? Fora aquela música que o fizera olhar pra ela, o momento... Nada mais! De alguma forma, aquela música mexera demais com ela... Ela tentava lembrar das notas no piano para atingir o tom certo, era a música perfeita para cantar no Festival da Escola. Ela tentava se lembrar da letra da música, mas tudo o que pensava era na voz dele, cantando pra ela.

Meiling prestava atenção aos dois com preocupação. Ela odiava ver sua melhor amiga triste e seu professor favorito ainda mais miserável. A semana toda ela os viu tentando evitar o olhar um do outro, mas eles ainda conseguiam ser óbvios demais. Provavelmente não óbvios para os outros. Mas Meiling podia dizer com toda a certeza que eles estavam atentos um ao outro, e toda a vez qeu eles se olhavam ou tinham que falar um com o outro, eles ficavam tensos e o ar parecia mais pesado.

Se Meiling ao menos estivesse errada... Ela tinha certeza que havia química entre eles, sentimentos muito mais fortes do que qualquer um poderia explicar... Eles se entendiam tão bem, tão erroneamente perfeitos um para o outro.

Se houvesse algo que ela pudesse fazer...

-Eu espero que dê certo.  O vídeo tem que ficar perfeito. – Tomoyo disse para Meiling enquanto elas trabalhavam atrás do palco de música, no Festival de Sábado. – É uma exibição de ginástica magnifica.

- Claro, nós somos magníficos. – Meiling replicou. – E eu tenho certeza que nos daremos bem. Faça uma cópia para mim, por favor?

Tomoyo assentiu.

- Sakura-chan me pediu também. Eu fico contente de ter lembrado de trazer minha nova câmera.

- Quem diria que eu viveria para ver Tomoyo ter que “lembrar” de trazer sua câmera... – Uma voz masculina e serena fez o comentário muito próximo às duas meninas.

Aquela voz seria reconhecida em qualquer lugar... Não importava  quanto o  tempo passasse... Eriol sempre teria aquela serenidade e mistério que encantava Tomoyo.

- Pensei que não fosse dar as caras. – Meiling disse abraçando o menino.- Não precisa mais ir para a escola?

- Temo já ter terminado meus estudos, na Inglaterra. – Ele disse cavalheiro. – Mas sempre será um prazer está na companhia de duas belas moças.

- Isso quer dizer que você virá às aulas? – Tomoyo perguntou sem olhar nos olhos dele.

- Não necessariamente… Mas, sim. Virei assistir algumas aulas com vocês. – Ele disse misteriosamente.

- Eriol, eu já disse que esse seu “ar” de mistério é muito sexy? – Meiling disparou. Fazendo com que o rapaz adquirisse um tom rosado. E Tomoyo soltasse o primeiro sorriso verdadeiro e sincero de toda a semana.

- Só você mesmo para fazer o Mago Clow corar. – Tomoyo disse brincando, só para Meiling ouvir.

- Ah, a culpa é dele. Eu só digo a verdade. – Ela disse levantando as mãos.

- Que horas vocês serão liberadas? – Eriol perguntou. – Pretendo ver as outras exposições na companhia de vocês.

- É, nossa presença, devo dizer, é fundamental na sua vida. – Disse com um sorriso espontâneo na face. Enquanto olhava o relógio e mexia os pés com impaciência. – Aonde estão Chika e Yamura? Eles deveriam supostamente nos liberar há cinco minutos. Nós vamos perder a apresentação…

- Que apresentação? – Tomoyo perguntou quando duas moças se aproximaram.

- Chegamos. – Chika disse. – Eu tive que ajudar Yamura a ajeitar as coisas no ginásio.

Tomoyo estava prestes a falar, mas Meiling a cortou. – Ok. Ok! Apenas se apressem, porque nós precisamos ir embora.

- Certo. Vocês estão indo lá na área de ciências? – Chika perguntou.

- Eu estava por lá. – Kiyomi disse. – Pobre Kinomoto-sensei. Li-kun não está lhe dando tranquilidade.

Tomoyo olhou para Meiling. – Sobre o que eles estão falando? Você sabe o que está acontecendo?

Meiling apenas sorriu nervosa, e puxou Tomoyo e Eriol pelo braço. – Nós já acabamos por aqui, então é melhor averiguarmos o que está acontecendo lá pela área de ciências.

- Averiguar o que? – Tomoyo insistiu.

- Você vai ver...

Quando os três chegaram ao clube de ciências, havia um coro de alunos incentivando Syaoran.

- Oh! – Tomoyo deixou escapar.

Meiling sabia que o certo seria não rir, mas ela não conseguia evitar.

- Aparentemente esse foi uma ideia de mestre... Se construir um taque de água ajuda a entender as aplicações da física... – Eriol observou. – Mas particularmente eu penso que seja apenas uma desculpa para botar um professor sobre uma tábua e derrubá-lo de lá.

Tomoyo estava atônita diante da cena que se formava perante seus olhos. Haviam dezenas de moedas estendidas sobre a mesa,todas de Syaoran, que se preparava para arremessar mais uma bola no alvo, para enfim derrubar Touya.

Touya estava sentado sobre a madeira, usando um short preto de natação e uma blusa azul em que estava escrito: “Propriedade do Departamento de Ciências”. Ele mal teve tempo de retirar os óculos, e caiu dentro do tanque de água. 

-Dê chance para os outros, Li. – Eriol disse calmamente, mas Syaron apenas pegou mais uma moeda e entregou o ursinho de pelúcia que recebera como prêmio para Sakura que estava sentada ao seu lado calada.

Tomoyo se dirigiu a amiga: - Há quanto tempo ele está aqui?

Sakura olhou para o relógio de pulso no braço, respirou fundo e disse: - Desde que Onni-chan chegou aqui. Aqui, pegue o ursinho. – Sakura lhe deu com um sorriso desajeitado no rosto. – Eu já tenho três.

- Li-kun errou alguma vez? – Tomoyo perguntou preocupada com a saúde de Touya, o tempo estava um pouco frio, e com certeza que se Touya fosse derrubado mais vezes ia pegar um resfriado.

- Apenas uma vez. Ele se distraiu quando eu “acidentalmente” derrubei todos os ursinhos. – Nos olhos de Sakura, Tomoyo poda ver que a menina estava confusa se sentia pena do irmão ou chateação para com o namorado.

- Você vai cantar mais tarde?

Tomoyo confirmou, virando-se para não ver mais uma queda de Touya na água. – Será uma pequena competição, então eu estou um pouco nervosa.

- Eriol. – Syaoran lhe entregou um ursinho quando percebeu que Sakura não conseguiria segurar mais um.

- Não se preocupe. Tomoyo-chan. É sempre amável à forma como você canta. E eu estarei lá pra te dar meu apoio. – Eriol passou um braço sobre o ombro dela.

Tomoyo agradeceu ao apoio de Eriol, com o rosto um tanto quanto vermelho, já que Sakura lhe lançara um olhar de quem tinha entendido tudo errado... Sim, ela definitivamente pensara que Eriol estava interessado na amiga. E que a recíproca era verdadeira... Se ela ao menos soubesse!

Tomoyo viu pelo canto do olho, Touya dar passagem para que um novo professor fosse alvo dos alunos. Também viu quando ele começou a secar os cabelos com uma toalha. Ela virou-se para Meiling, que estava estranhamente calada há muito tempo. – Você pode segurar pra mim? – E entregou-lhe os ursinhos. – Eu já volto.

A menina foi até uma grande barraquinha e pediu um café quente. Quando ela andou em direção a Touya, ela pensou ter visto uma ponta de surpresa em seus olhos castanhos. – Eu imaginei que você poderia precisar. – Tomoyo lhe estendeu o copo.

Sim. Touya estava surpreso, porque Tomoyo estava evitando conversar com ele. –Obrigado. – Disse e tomou um grande gole daquele líquido quente. Ele não se importava se iria ou não queimar a língua, porque aquilo fez com que ele se esquentasse um pouco. – Você é uma salvadora. – Tomoyo ainda estava pensativa sobre “aquela” ( o quase beijo) tarde desastrosa.

E ele não sabia como agir perto dela, e por isso ele também a evitou. Não demorou muito tempo para que o silencio incomodo se instaurasse. – Como você está? – Ele soltou, sem ter algo melhor para dizer.

- Eu estou bem. – Mas ela não estava. Nem um pouco. – E você?

Horrível. Ele pensou, mas disse apenas: – Molhado. – Ele deu outro gole. – Eu juro que se eu pegar pneumonia, Eu mato aquele moleque.

- Você deveria trocar de roupa. – Porque ela era sempre tão óbvia? Por que eles não podiam conversar como antes.

- É, é melhor que eu entre. – Ele não podia suportar isso. – E não sabia como explicar o que tinha acontecido, mas ele tinha que tentar. – Então, eu...

- Daidouji? – Tomoyo deixou escapar um suspiro de frustração. – Yamura-sensei quer falar com você, ele está no Ginásio. – Eriol se aproximou e olhou fixamente para Touya.

- Obrigada, Eriol. – Mas por dentro Tomoyo se corria de curiosidade em saber o que Touya falaria. Ela apenas lançou um olhar frio para Eriol e saiu. Definitivamente, ele não tinha ideia de que tinha interrompido uma conversa importante. Ou tinha?

- Então eu acho que o vejo depois. – Tomoyo disse para Touya.

E os dois homens ficaram para trás. Touya com um olhar mortal para Eriol, já que não havia gostado da interrupção e nem do abraço “amigável” que ele dera em Tomoyo mais cedo. Já Eriol encarava o professor com um de seus milhares de sorrisos amigáveis, mas enigmáticos.

- Não temos o que conversar, Touya. – Parecia que o menino tinha adivinhado os pensamentos do professor. - Eu só estou avisando que quero o mesmo que você. – E essa última declaração fez com que Touya pensasse em Tomoyo e tivesse a certeza de que era dela de quem estavam falando. – Ainda bem que entendeu. – O mago Clow seguia na mesma direção que a menina havia ido.

Ele apenas observou o menino partir e nem percebeu quem se aproximava.

- Sensei? – Ele apenas se perguntou da aonde Meiling surgira.- Nós estamos indo ver a Tomoyo cantar.- Você gostaria de se sentar conosco?

Tomoyo realmente havia comentado algo sobre isso. Vários alunos, também de outras escolas, se apresentariam numa competição solo.

- Iria significar muito pra ela. – Meiling adicionou quando Touya não disse nada.

Ele não pensou em perguntar pra Meiling como ela poderia saber disso. Ele apenas sabia que queria estar lá, para mostrar a Tomoyo que, apesar de tudo, ele se importava com ela e a apoiaria sempre. Os seus afazeres haviam terminado, e foi apenas quando ele espirrou que percebeu que ainda estava molhado.

- Eu preciso me trocar. – Ele finalmente disse. Não era uma resposta, mas Meiling assentiu.

- Eu guardarei um lugar. – Ela lhe lançou um sorriso, e correu para alcançar Sakura e Syaoron  que já estavam entrando no Ginásio.

======******======

Havia um lugar vazio ao lado de sua irmã. Ele sorriu ao ver a surpresa estampada no rosto de Sakura: - Você?

- Obrigada por guardar o meu lugar, monstrenga!

- Eu não sou uma monstrenga. – Ela pisou no pé dele. Aquilo doía, mas ele nunca daria o prazer dela descobrir isso.

Syaoran tossiu na direção de Sakura, mas virou-se abruptamente para a pessoa que estava do seu lado. – Você quer me dizer o porquê de termos guardado um lugar pra ELE?

- É o mínimo que você pode fazer depois de ter tentado afogá-lo. – O menino ainda disse algumas palavras inapropriadas, mas que ninguém deu muita importância.

Nos bastidores, Tomoyo aguardava nervosa. Ela ouviu as palmas educadas de algumas pessoas quando Yamura-sensei lhe apresentou.

Estava acontecendo muito rápido. Ela deu um longo suspiro e entrou no palco.

Não havia nenhum acompanhamento sonoro, então cabia a ela começar a música quando estivesse pronta. Ela se aproximou do microfone, milhões de borboletas mexiam no seu estomago – era a excitação pelo espetáculo. E ela sabia que quando as borboletas cessassem ela estaria pronta. E assim a hora chegou.

Ela procurou na plateia, seus amigos. A presença deles e das borboletas eram essenciais. Ela avistou Eriol; Meiling, que estava com sua câmera e filmando; Syaoran; Sakura, que lhe sorria e gritava e... Touya, cuja expressão ela não conseguia ler. Mas ao menos ele estava lá. Ele havia lembrado.

Ela manteve seus olhos focados  nos dele, o usando como seu porto de segurança. Botou ambas as mãos sobre o coração e começou a cantar.

Era uma canção sobre solidão, errar, precisar de algo. Era sobre aprender, ter esperança, encontrar algo. Tomoyo conseguia fazer com que a música fosse real, como se fosse o que realmente sentia. Ela acreditava na música, então não eram apenas palavras, eram sentimentos. Sentimentos dela que agora poderiam ser compartilhados com todos.

Por mais que Touya estivesse meio preocupado pela atenção da menina estar nele, não tinha como negar a sensação de que só existiam os dois naquele momento. A voz dela tinha amadurecido tanto, não era a voz de uma menina, mas sim de uma mulher – cheia de emoção e paixão. Assim como os olhos violetas que encaravam os castanhos.

Mesmo depois que a última palavra foi cantada, os olhos de ambos continuavam um no outro, e nada poderia fazer com que ele desviasse da atenção que ela lhe dava.

- Uma voz linda. – A mulher que se sentava atrás de Touya sussurrou.

- Como a de um anjo. – Outra pessoa também opinava.

Touya apenas sorriu, seus olhos ainda fixos em Tomoyo enquanto ela agradecia modestamente os aplausos... Não era um anjo, Tomoyo era como uma sereia. Ela poderia levá-lo ao fundo do poço, mas Touya agora tinha a certeza de que iria sorrindo.

Syaron aplaudiu de pé e entusiasmado sendo seguido de perto por Meiling, Eriol e Sakura. – Não foi magnifico? – Sakura perguntou para seu namorado, que apenas concordou. Quando Sakura virou-se para o outro lado. – Ei, Touya o que você...

Mas Touya já não estava ali.

- Eu preciso falar com você.

Tomoyo tinha permanecido nos bastidores para ver as outras apresentações, portanto fora fácil para Touya encontra-la. Não que ela esperasse por ele. Ela estava, na verdade, surpresa por ele estar ali. Ele não disse mais nada, então a menina apenas o seguiu pelo corredor.

O único som que se podia ouvir agora, que estavam distantes o suficiente do Ginásio, era o da chave dele. Eles já estavam dentro da escola, e muitos alunos estavam dentro de sala, preparando-se para as festividades que se seguiriam.

Eles passaram por muita gente, mas ninguém maliciou nada. Subiram para o laboratório de química, que estava deserto em comparação ao corredor.

Mais uma vez o barulho da chave. Era Touya destrancando o laboratório. Eles entraram, mas ele não acendeu as luzes, apenas deixou que a luz do sol que se infiltrava minimamente pela cortina iluminasse o local.

Era ele quem queria falar, então Tomoyo permaneceu em silencio, esperando que ele começasse. Talvez ele devesse ter preparado alguma espécie de discurso, mas ao contrário disso, ele cuspiu a primeira coisa que veio em sua mente.

- Por Deus, o que foi aquilo?

Ela apenas o olhou por alguns segundos antes de responder.

- Eu não sei o que você quer dizer. – A confusão explicita em seus olhos violetas.

- A forma como você estava me olhando. O que foi aquilo?

Ele estava com raiva. Parecia que a única coisa que ela conseguia fazer com que ele sentisse fosse isso, e isso apenas porque ela não sabia lidar com seus sentimentos. – Acho que me deixei levar pela emoção da música. – Ela respondeu devagar. – Eu não tive nenhuma intenção com isso.

- Você não teve intenção. – Ele repetiu. E riu enquanto se afastava dela. Ele se aproximou da janela, entreabriu- a um pouco e apenas passou a vista sem realmente enxergar alguma coisa. – Você nunca tem, certo? Você me olha de uma forma diferente, e nem ao menos sabe o que isso causa em mim. E quando você “inocentemente” me toca, você não tem a mínima ideia de quanto me enlouquece, mas é óbvio que você não tem a intenção de fazer eu me sentir assim. – O discurso dele estava saindo totalmente errado. Ele a estava culpando pela forma como se sentia.

Mas, então ele tinha notado as patéticas tentativas dela em chamar atenção. O que ela não sabia é que o havia incomodado tanto. –Me desculpe, sensei. – Ela suspirou.

- Páre de me chamar de sensei. – Ele ordenou ainda de costa para ela. – Meu nome é Touya.

- Sei disso.

- Bem, isso é bom. – Ele levantou a mão, marcando as coisas que queria numa espécie de placar invisível. – Essa foi a primeira. – O dedo indicador levantado.

Tomoyo não costumava se chatear facilmente, mas ele estava sendo injusto. E ela tinha que revidar, antes que começasse a chorar. – Qual o seu problema?

Agora, ele a encarava. – O problema é você, tanto faz se você tem ou não a intenção, mas, por favor, pare! Senão eu... Senão eu..

- Vai fazer o que? – Ela o desafiou. Tomoyo sabia que Touya nunca a machucaria, e por isso exigiria a maior honestidade possível da parte dele.

Com três pequenos passos, ele estava na frente dela. – Isso.

Ele a beijou.

Desde o momento que seus lábios tocaram o dela, ele sentiu toda a raiva se esvair. Todas as suas frustrações e confusões eram agora memórias de um tempo distante. Tudo o que se passava na cabeça dele era quão macios eram os lábios dela, e como eram saborosos, mais ainda do que ele imaginara.

Ela nunca havia sido beijada antes. E ela não sabia o que fazer, nem um pouco. Tudo o que podia era deixar ser beijada e tentar dar vazão aos sentimentos que isso lhe acarretava.

Os braços dele, acharam um bom lugar ao redor da cintura dela. E assim ele a beijou e a abraçou da forma que vinha desejando há tempos. Mas havia sido a apenas um mês que ela viera ao seu apartamento e apenas uma semana desde que ele quase caíra em tentação.

Ele ainda não sabia mensurar o que sentia, mas ele tinha certeza de que era algo bom. E não podia lutar contra isso, não queria. Ele separou as bocas, e roçou a ponta de seu nariz no dela, esperando de que alguma forma ela correspondesse ao que ele estava tentando lhe expressar.

Os braços de Tomoyo continuavam paralisados ao lado de seu corpo. Ela queria tocá-lo, mas tinha medo de acordar e perceber que tudo não passara de um sonho.

Ficou surpresa quando não acordou. – geralmente eram nesses momentos em que ela acordava. Ele ainda a segurava pela cintura, e a beijava. Ela pôde constatar que a realidade era bem melhor que o sonho. Tomoyo nem ao menos percebeu que estava chorando, até sentir o gosto salgado das lágrimas em seus lábios.

Ele observou o rosto da menina, e o líquido escorrer por sua bochecha, agora rosada. – Oh, Deus. – Ele se desesperou.- Desculpe-me. – Ele tentou enxugar as lágrimas dela, mas elas não paravam de cair. – Oh meu Deus, por favor, não chore. – Ele botou atrás da orelha dela uma mecha que insistia em cair. – Por favor, não chore, Tomoyo.

Ela não conseguia lembrar-se da última vez que ele a chamara pelo nome, e ela amou a forma como ele disse.  Estava trêmula enquanto levantava os braços e os posicionava sobre os ombros de Touya. Ele não havia desaparecido. Não era sonho. Ela enroscou-se no pescoço dele, e levantou o rosto, sabendo que dessa vez, ele não a rejeitaria. – Então não pare. – ela disse. – Touya. – Ela não tinha a intenção de fazer soar tão familiar, mas continuar com as formalidades seria ridículo.

Ele não tinha percebido o quanto desejava que ela o chamasse pelo nome, até ele escutar. – Ainda bem, Tomoyo.

Ele a beijou mais uma vez, e ela sentiu-se aquecida em seus braços.  Era errado, ambos sabiam. Mas a única coisa que passava em suas cabeças era: é tão bom! E por que está nos braços um do outro parecia fazer tanto sentido?

Ele ainda não estava pronto para nomear essa relação deles, porém isso não importava no momento. O mais relevante nisso tudo era saber que ela também sentia. Sentia o mesmo que ele...

Ambos perderam a noção do tempo, nada mais existia a não ser eles. Enquanto eles não parassem, não teriam que se preocupar com o que é que estivesse acontecendo. Logo, não haveriam consequências ou problemas. E o mais importante: não haveriam que tomar decisões.

Infelizmente, nada dura para sempre. E eles voltaram a realidade daquela sala escura, ainda abraçados.

- Eu queria. – Ela sussurrou contra o ombro dele. – Eu sempre quis. E tive a intenção.

- Eu também. – Ele encostou o queixo sobre a cabeça dela, e sentiu o perfume dos cabelos, invadir de forma avassaladora suas narinas. – Você aparecerá para as aulas de piano, amanhã? – Ainda havia muito o que conversarem.

Ela se afastou um pouco e mirou os olhos castanhos dele. – É isso realmente o que quer?

Os olhos violetas estavam brilhando tanto, que pareciam prestes a derramar lágrimas, era a mesma pergunta que ela havia feito da última vez. Mas ela sabia que a resposta seria positiva dessa vez. E sorriu.

- Sim.


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Notas finais do capítulo

E ai meninas? O que acharam? Heim? Heim?
Espero que tenham gostado e que não me abandonem... hehehe!
Se quiserem recomendar, ficaria imensamente feliz!
Bjos a todos e todas



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