Carpe Diem escrita por Maga Clari


Capítulo 8
Seremos o passageiro


Notas iniciais do capítulo

A música de hoje é Passenger - Iggy Pop
Tem a versão de Capital Inicial também (O passageiro)
Sei que o capítulo é pequeno. Mas se eu escrevesse mais do que isso, seria enrolação demais.
O capítulo só saiu por causa do review que me deixou feliz hoje de noite ^^
Miga, depois eu respondo. A tendinite atacou.
Espero que gostem.
Beijocas



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Depois daquele momento de novas descobertas e novas aventuras, Scorpius e eu voltamos para dentro do carro. Viajamos sem rumo, e nossa conversa não fora muito profunda. Falamos de amenidades e rimos bastante.

Ele jogou o cigarro pelos ares do conversível, e ao fazê-lo, abrira os braços como se quisesse agarrar o mundo. Eu sorri, completamente apaixonada por toda a diversão. E então, Scorpius voltou a por as mãos no volante. Estávamos sobrevoando o rio Tâmisa. E aquela fora a visão mais bonita que eu tivera nos últimos tempos.

— Qual a próxima parada? — perguntei, tirando o cabelo do rosto.

— Que tal mais outra aventura?

Aquilo fez meu coração palpitar. Ou isso ou foi o sorriso charmoso que Scorpius me ofereceu em seguida. Mas me concentrei em acenar com a cabeça, e olhá-lo enquanto ele ria com o canto da boca.

Já estava ficando noite. O crepúsculo nos envolvia enquanto descíamos para as docas da London Eye. Quando havíamos estacionado, Scorpius pegou a minha mão e nós corremos para o centro urbano de Londres.

Adentramos alguns becos que fediam a esgoto de fábrica.  Pisamos em algumas poças de água, e o frio começava a castigar àquela hora. Mas não importava realmente. Eu estava me divertindo. E o calor da aventura me esquentava o suficiente, mesmo que estivéssemos próximos de uma nevasca.

— Esse é um grande amigo. O Mark.

— Mark? — quis saber, apertando as sobrancelhas — Por que nunca ouvi falar dele?

— Mark é aborto. A família quis abafar o caso. Mas continuamos amigos nas férias, sabe. É ele quem estamos indo encontrar.

Os nossos pés eram abafados pelas poças, e eu começava a ficar ansiosa demais com aquela demora em chegar. Scorpius pareceu momentaneamente triste. Seus olhos estavam baixos, sua postura era mais rija, e seu rosto perdera o brilho de antes. Ele tirou mais outro cigarro do bolso e o acendeu.

Eu me perguntava quantas cartelas ele fumava por dia. Aquilo definitivamente não devia fazer bem para sua saúde. Mas eu não podia dizer nada. Era o momento dele. Algo o perturbava, e eu devia respeitá-lo.

Quando chegamos, Scorpius empurrou uma porta de madeira e eu o segui. Era um sebo de música, incluindo instrumentos musicais. Meus olhos percorreram as prateleiras, encantada com tanta variedade. Imaginei os bruxos que tocavam aquilo anos atrás. Fingi não ter visto Scorpius pegando dois discos e colocando no bolso da capa. Logo após, um rapaz mais ou menos de nossa idade surgiu entre as fileiras e se dirigiu à Scorpius.

— Corpi! — ele gritou, animado.

— Grande Mark!

E então, eles se abraçaram.

Mark tinha o cabelo louro-escuro.  E havia algo nele meio familiar. Mas não quis perguntar. Não era da minha conta.

— E quem é essa gatona?

Scorpius apenas puxou meu corpo para perto dele, sem dizer nada. Mark deu uma risadinha e assentiu.

— Já entendi. Mas me conte as novas, cara. Quanto tempo vai ficar por aqui? Nossa, como você fez falta!

— Ainda não defini. Mas nos veremos muitas vezes ainda, fique tranquilo.

Mark sorriu e nos mostrou o seu estabelecimento. Pelo que disse, o lugar havia passado por uma reforma, e agora estava maior. No patamar de cima, ele construíra um palco, onde os clientes poderiam fazer jam sessions.

— Você toca alguma coisa? — Mark perguntou, tentando me incluir na conversa.

— Já fiz uma performance escondida com a bateria do meu irmão, serve?

Scorpius olhou para mim com uma expressão engraçada. Então disse:

— Sempre me surpreendendo, cabelo-de-fogo.

— Qual é mesmo seu nome? — Mark perguntou.

— Rose.

— Quer tentar algum som na bateria, Rose? Não fique com vergonha.

A última coisa que eu tinha era vergonha.

Encarei aquilo como um desafio e me coloquei atrás dos tambores e pratos mágicos. Não demorou nada até Scorpius se balançar e dançar no meio do salão. De olhos fechados, ele enfeitiçara uma guitarra, que cantava loucamente durante meus compassos.

Mark também dançava. Ele tinha uma camisa xadrez amarrada na cintura, e uma garrafinha de cerveja nas mãos. Mas a voz que saía de seus lábios era soturna e melódica, nem um pouco bêbada.

Talvez meus compassos lembrassem a eles alguma música específica, porque eles me acompanhavam com facilidade, e cantavam uma letra que eu nunca havia escutado antes.

A letra falava de um cara que caminhava pelas ruas observando as estrelas e o mundo ao seu redor. De repente, peguei-me pensando nas minhas aventuras com Scorpius. E no quanto a sua chegada à Inglaterra havia alegrado minha vidinha sem graça.

— És mesmo uma roqueira adorável, cabelo-de-fogo — Scorpius confessou quando demos uma pausa lá fora.

— Está falando bonito agora? Parece até poeta.

— Quem disse que não sou?

— Sempre me surpreendendo, garoto-grude.

E então senti seu olhar bem acima da minha camisa. Não direi que estava legal com aquilo. Seria uma mentira. Mas fiquei feliz em saber que Scorpius encarava a tatuagem, não meus seios.

— O que os aurores em sua casa dirão quando vê-la da próxima vez?

— Não haverá próxima vez, Scorpius.

— Perdão?

— Com o dinheiro de Xenophilius, pretendo alugar um apartamento.

— Mas agora?

— É. Agora.

— Mas, Rose...

— Não tenho paciência para sermões, se é isso que pretende fazer. Preciso de minha independência. Não aguento mais ser vigiada.

Scorpius olhou para mim de forma estranha. Sua expressão era indecifrável. Embora parecesse preocupado, algo nele me irritava profundamente. Talvez me lembrasse do papai quando brigava comigo. Mas eu não tinha certeza.

O fato é que Scorpius colocou as mãos atrás da cabeça e hesitou. E naquele momento, eu deixei de ver o garoto que seria auror algum dia. Apenas via uma espécie de irmão mais velho sério, aconselhando sua irmãzinha.

E eu odiava estar nesse lugar

Odiava mesmo.

— Escuta, Rose — ele começou, respirando ainda mais fundo — Não faça decisões precipitadas. Pense muito antes. Quer mesmo abandonar sua família?

— Eles são um porre!

— Será? Rose, você uma dia se arrependerá.

— Ainda estamos falando sobre mim?

— Rose, não mude de assunto. Um dia você irá querer voltar a morar com eles. Mas seu orgulho poderá ser empecilho, entende?

— Você não sabe nada sobre minha vida. Por que está falando isso?

— Porque me preocupo com você.

— Pois não devia.

— Rose Weasley!

Ele havia se levantado.

Scorpius estava gritando comigo.

— Dá para você deixar essa baixa autoestima para lá por um segundo que seja?! Pessoas gostam umas das outras. Pessoas se amam. Pessoas se preocupam. Pare de afastar todo mundo. Simplesmente pare!

— Aonde você vai?! — gritei de volta, puta da vida. Tudo bem, eu menti. Eu estava mesmo era assustada.

Entretanto, tudo que tive como resposta foi a mão de Scorpius suspensa no ar, como uma placa de “pare”. Ele estava de costas para mim, indo para sei lá onde.  Sua cabeça já estava envolvida em fumaça, e naquele momento eu não conseguia nem mesmo pensar nos malefícios da nicotina.

— Scorpius! — tentei novamente.

Mas o garoto-grude já estava longe demais para ouvir.

Ou para que eu o alcançasse.


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