Carpe Diem escrita por Maga Clari


Capítulo 5
Por que tão rude?


Notas iniciais do capítulo

Hello, everybody!
As aulas começaram, estou muito atarefada. Por isso a demora.
A música de hoje é: Rude - Magic! ♥
Espero que gostem!
Beijocas



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*Rose,*

Espero que os aurores em sua casa não a tenham estuporado ou torturado.

Sei que há duas polaridades entre nós, aurores, divididas por uma linha marcada entre altruísmo e agressividade.

Mas não leve tudo tão a sério.

Estou apenas brincando.

Escrevo para convidá-la para um passeio na Marina.

Leve roupa que possa molhar.

*Assinado: Scorpius Malfoy*

Eu já estava há quase meia hora esperando pelo garoto-grude em frente ao píer. Consultava o relógio a cada segundo, como se o tempo fosse passar mais rápido se permanecesse fazendo contato visual.

Encolhi-me em meus próprios braços, recordando os acontecimentos do dia anterior:

— Rose Granger Weasley!

Quando aparatei no jardim, encontrei meus pais, Dominique e Hugo correndo em minha direção. Mamãe abraçou-me a princípio, mas não tardou a me dar sermão.

— Tem noção do quanto ficamos preocupados, Rose?! Por Merlin! Você precisa ser mais atenciosa. Aonde você foi?!

— Sua idiota! — meu irmão empurrou-me de leve quando mamãe me largou — Eles me fizeram ir atrás de você! De madrugada!

Esperei todos eles despejarem tudo que queria sobre o quanto eu era irresponsável; o quanto eu era insensível; que eu devia ter deixado recado com a Nique; que eu devia ter avisado a eles que iria sair; e que eu estava fazendo uma “cara” de quem não estava ouvindo porra nenhuma.

E realmente não estava.

Aliás, depois do quinto grito da mamãe, eu parei de ouvir com atenção.

— Terminaram? — perguntei, finalmente.

Seguiu-se um momento de silêncio, então aproveitei para me pronunciar:

— Primeira coisa: estou completando vinte e um anos. Segunda coisa: sou muito responsável com minha vida sim. Não se preocupem. Logo eu ganho o suficiente para me mudar daqui e vocês não precisam mais me aturar ou se preocupar comigo.

E então, corri para dentro de casa e me tranquei no quarto. Uma vez lá, comecei a chorar.

No fundo, sempre soube que a preocupação era válida. Eles me amavam. Sempre me amaram. Mas eu ainda não havia percebido o quão idiota eu era por ignorar isso.

Preferia, ao invés disso, colocar-me no papel de vítima e encarar aquilo como uma prisão.

Não parei para pensar que meu irmãozinho veio de Hogwarts até Londres, só porque era meu aniversário. E no quanto ele deve ter me procurado tarde da noite.

Não reparei em suas olheiras.

Ou que ainda usava as vestes da escola.

É claro que eu não iria reparar.

— Rose?

Ouvi alguém bater na porta, e chamar-me em seguida.

— Rose, posso entrar? — Hugo insistiu.

Respirei fundo e abri a porta para ele.

Eu ainda estava com o rosto inchado e vermelho. E tudo que vi meu irmãozinho (que era bem mais alto que eu, por sinal) fazer foi me abraçar bem forte.

— Sei como se sente — ele disse, em sussurros — Mas você sumiu faz umas doze horas. Havíamos preparado uma surpresa de aniversário, mas você não estava.

Enxuguei meu rosto com a palma da mão e observei Hugo ir até minha cama e se sentar. Ele fez sinal para que eu o imitasse.

— Eu cheguei aqui às dez. E desde esse horário fiquei procurando você, acredita?

— Fui ao novo pub no Beco Diagonal — atropelei sua fala, despejando tudo de uma vez — Eu e Nique. Depois nos separamos e fui dar uma volta...

Meu irmão franziu a testa, analisando tudo o que eu havia dito. Respirou fundo e cruzou os braços.

— Não foi isso que ela disse.

Por um instante, meu coração palpitou.

Ela havia falado sobre Scorpius?

Será?

— O que Nique disse? — perguntei, calmamente.

— Que você saiu da casa dela dizendo que ligaria quando chegasse, mas não ligou nem atendeu o celular.

Durante alguns poucos segundos, permaneci muda. Nique não queria me dedurar.

Sorri ao pensar nisso.

— Sei que deveria ter ao menos avisado a ela. Mas eu gosto de ser livre. Independente. Você sabe do que estou falando.

— Entendo perfeitamente. Imagino quando... — e então, ele olhou para a porta, certificando-se de que realmente estávamos sozinhos — Quando eu e Lily assumirmos nosso relacionamento. Nossa! Todos irão me matar.

Rimos um bocado, e terminamos aquela conversa indo comer na cozinha. Era o meu aniversário, e havia um bolo de chocolate todo mal feito, mas com bastante carinho.

Hugo disse que ele e papai haviam cozinhado para mim.

Ele disse que havia biscoitos. Mas foram todos devorados enquanto esperavam ansiosamente a minha chegada.

Logo o ressentimento havia ido embora, e estávamos nós todos nos divertindo na sala de estar.

Este era o bom da minha família: perdoávamos super-rápido.

O problema é que os momentos de paz não duravam muito.

Ficamos bem demais.

Já estava mesmo demorando...

Tão rápido quanto veio, a atmosfera leve que nos rodeava se dissolveu assim que bateram na porta da sala.

— Ih, acho que errou o endereço — Hugo tinha um sorriso no canto da boca ao abrir, ou melhor, escancarar, a porta para Scorpius — Não me lembro de ter pedido um filhote de doninha por delivery.

— E eu não me lembro de ter pedido sua opinião. Rose está?

Hugo fez uma reverência ridícula e apontou para o canto da sala.

Observei Scorpius caminhar, imponentemente, até onde eu estava. Já era próximo ao horário do jantar, e notei que ele havia trocado de roupa, obviamente. Agora, trajava jeans, camiseta preta e um par de tênis vermelho.

Sorri ao notar o patriotismo grifinório em minha paixão platônica. E enquanto o fazia, Scorpius me alcançava e estendia um pequeno embrulho.

— Achei que iria combinar com o vestido.

— Vestido? Que vestido?!

Só então ele pareceu notar a presença de Ronald e Hermione Weasley. Virou-se lentamente para então encontrar uma expressão dura no rosto de papai.

— Rose, o que está acontecendo? — insistiu em questionar. Algumas veias haviam saltado de seu rosto — Desde quando você resolveu confraternizar com o inimigo?!

— Não somos inimigos — Scorpius respondeu, simplesmente.

— É claro que são. Todos somos.

— Não somos não — reforcei o que o garoto-grude havia dito.          

— Já entendemos que você é Molfóbico, tio — Nique tomou a palavra, levantando-se do sofá e dirigindo-se a nós — Mas se o Malfoy está aqui, vamos deixá-lo dizer o que ele quer.

Scorpius não resistiu ao riso que escapou de seus lábios. Só então (talvez por estarmos sob a luz da sala) notei o piercing em seu nariz, quase próximo à boca no ato de rir.

— O que o trouxe até aqui, afinal? — papai questionou-o de modo marrento.

— Hoje é aniversário de Rose.

Papai não se deu por convencido. Cruzou os braços, do mesmo modo que Hugo (caramba, eles são tão parecidos!), e deu um passo à frente.

Scorpius sentiu que deveria dizer algo mais.

Na realidade, aurores foram treinados para isso.

Para entender as pessoas.

— Estou de volta a Londres por uns dias. Achei que seria legal retomar o contato com antigos colegas.

— Você nunca apareceu aqui antes!

Papai estava impossível!

Scorpius e eu respiramos fundo ao mesmo tempo. Atrás de nós, mamãe aparecera com um chá quente no bule.

— Seja mais educado, Ronald! Nunca é tarde para fazer amigos. É muita gentileza sua ter trazido um presente, Scorpius. Aceita um chá?

— Não se recusa nada de pessoas educadas, senhora Weasley. Obrigado.

Achei engraçado quando Scorpius tirou um aparelhinho do bolso e escaneou o líquido em sua xícara. Pelo visto, papai sabia exatamente do que se tratava, e mesmo Scorpius sendo discreto, aquilo trouxe mais outra discussão.

— Agora já chega! — ele gritou, batendo as mãos na mesa — Isso é uma falta de respeito enorme! O que acha que somos, Malfoy?

— Conhecendo a sua falta de cordialidade com a minha família, senhor, preciso ser mais cuidadoso. Sabe como é, né?

E ele deu um sorrisinho, seguido de uma piscadela.

Papai ficou furioso.

— Você tem exatamente cinco minutos para dar o fora da minha casa.

Scorpius apenas bebeu o último gole do chá, arrastou a cadeira e se levantou.

— Já não planejava demorar muito — falou, e seu tom de voz era incrivelmente calmo — Menos ainda estar onde não sou bem-vindo. Só vim mesmo trazer a lembrancinha. Feliz Aniversário, Rose.

E então, tão rápido quanto um raio, Scorpius beijou minha bochecha e aparatou.

Foi o suficiente para que todos os olhares recaíssem sobre mim e o embrulho em cima da mesa.

Papai, bancando o machão de sempre, fez uma série de feitiços não-verbais antes de me deixar sequer tocar no presente. Eu estava irritada demais para abrir a boca. Além disso, ainda era meu aniversário.

Eu não queria estragar tudo.

Não de novo.

Ao invés disso, limitei-me a respirar fundo e deixá-lo checar se meu presente era composto por bombas ou qualquer idiotice que ele pensava que fosse.

Mamãe estava sem paciência. Há algum tempo, venho percebendo que ela anda assim... Também, né? Papai consegue ser insuportável quando quer.

Hugo só fazia rir.

Nique me olhava com a sobrancelha erguida.

“Depois explico”, mexi os lábios, sem falar em voz alta.

Ela assentiu e então a noite se seguiu normalíssima. Ou talvez o mais normal quanto podia ser quando envolvemos a minha família.

Mais tarde, os primos mais velhos ou de minha idade apareceram para festejar: Victorie, Teddy (ele é meu cunhado, mas considero um primo), James, Albus, Molly e Lucy.

É claro que vovô e vovó ficaram tristes de não ter sido comemorado n’A Toca, mas eu já havia almoçado com eles. O período da noite era dos jovens, claro!

Ligamos o toca-vinil, dançamos, bebemos, rimos até altas horas da madrugada. E lá pelas 3AM todos foram embora.

Eu já estava me preparando para dormir quando vi meu irmãozinho deitado no chão da varanda que temos no quarto. Ele olhava as estrelas com uma expressão melancólica.

— Okay, o que está pegando?

Sentei ao lado dele, olhando-o com carinho.

— Nada. Não é nada, Rose.

— Conheço você... É a Lily, não é?

Hugo balançou a cabeça, hesitantemente.

— Falta pouco para deixarmos Hogwarts. Se já está assim com você, que mal conhece o Malfoy, imagina comigo e Lily?!

Meu irmão fedia a Uísque de Fogo, o responsável por toda aquela confissão. Ri um pouco de seu desespero. Talvez por estar no mesmo barco, na mesma desgraça.

— Ah, conta outra! — ele insistiu, franzindo a testa — Aposto que saiu com ele ontem. Por que ele teria vindo aqui, afinal? Pode confiar em mim, irmãzona. Não vou te dedurar. Minha situação é pior que a sua. Você não saiu com um primo!

— Tudo bem. Eu saí com o Scorpius. Na verdade, eu o encontrei por acaso. E ele está sendo gentil comigo, só isso. Não vejo problema em fazer novos amigos, irmãozinho. E daí que ele é filho do Draco? E daí que você gosta da Lily?

— Os adultos dessa família são muito idiotas.

— Completamente!

Não demoramos muito de voltar ao quarto e dormir.

Na manhã seguinte, contudo, recebi uma coruja. Ela cruzou a janela aberta e adentrou o meu quarto.

Certifiquei-me de avisar a todos que iria “dar um passeio”. Era um Domingo, e não via problema algum nisso. Hugo havia usado a rede flú para voltar a Hogwarts e eu aparatei na Marina de Londres.

E é onde estava enquanto me imergia nos devaneios que acabei de relatar. Em pé, com uma sacola de praia nos ombros, e o corpo cansado de esperar por Scorpius.

De repente, ouço me chamarem. Quando viro o rosto, encontro o garoto-grude acenando para mim no meio do mar.

— Venha logo, cabelo de fogo. Ou o tubarão pode ir te pegar!


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