Carpe Diem escrita por Maga Clari


Capítulo 13
E ele dizia "ainda é cedo"


Notas iniciais do capítulo

Olá, people.
A música de hoje tem partes parecidas com o capítulo e com a história de modo geral. Mas nem tudo, obviamente.
Ainda é Cedo - Legião Urbana ♥
Beijocas



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Quando Scorpius disse aquilo, meu coração parou de vez.

— O que me diz, Rose? Quer casar comigo?

Aquelas palavras ecoaram na minha cabeça de novo, de novo e de novo. Fechei os olhos, temendo o pior. Meus pais estavam assistindo a tudo atrás de mim, eu já sabia.

Juro que tentei falar de uma vez, mas papai fora mais rápido do que eu:

— Só pode ser um pesadelo!

Virei-me rapidamente para vê-lo espumando pela boca.

Foi o bastante para me dar forças para responder:

— Quero sim, Scorp!

E então, a sua expressão incerta mudou para alegre em poucos segundos. Por um momento, enxerguei-o verdadeiramente. Sem máscaras, sem nada.

Era apenas Scorpius.

Um recém-soldado tentando esconder seus sentimentos atrás de tanta delinquência.

Ou o que eu pensei que fosse.

— Vo-vo-você aceita? — ele gaguejou, surpreso com minha resposta demorada.

Acho que Scorpius estava blefando, afinal. Para ver se eu transformaria aquilo numa brincadeira ou se estaria aceitando pra valer.

É claro que eu estava.

Esbocei um sorriso contido, para então beijá-lo com fervor.

Papai gritava atrás de mim, tentando me puxar, mas Scorpius e eu ríamos adorando pirraça-lo.

— Rose Jean Granger Weasley! Minha filha! Está me ouvindo, Rose?! E você tire suas mãos sujas da minha filha, seu filhote de Comensal da Morte!

E aí veio o som do tapa.

Seguido do murro.

Papai havia se esquecido com quem estava lidando. Mas Scorpius parecia tentar ao máximo se controlar, porque eu vi suas narinas subirem e descerem, contendo um acesso de raiva.

Os olhos de Scorpius eram pura ameaça.

— Não se atreva a encostar mais um dedo em mim — ele disse, assustadoramente calmo — Está me ouvindo, Ronald Weasley?

Àquela altura, já estávamos todos em pé. Um encarando o outro.

Papai deixou escapar um riso recheado de sarcasmo.

Ah! Por isso odeio aquela casa!

— Faremos o acordo, então — papai respondeu, procurando a varinha em seu bolso — Não precisarei encostar em você se o senhor sumir da vida de Rose e da nossa.

— Ronald! — foi a vez de mamãe — Perdeu o juízo?! Não há motivos para sacar varinha alguma!

— Se você não vê, Mione, é uma grande pena. Mas ainda preciso fazer meu papel de pai aqui.

— Um bom pai não bate no noivo de sua filha — Scorpius cuspiu as palavras, puto da vida.

Depois disso, lembro-me de ter sido tudo muito rápido.

Papai tentou um estupefaça, mas Scorpius foi bom o bastante para pular e desviar. Em poucos segundos, já tinha a própria varinha nas mãos, para desarmá-lo e prendê-lo com cordas invisíveis.

— Disse para não tocar em mim — Scorpius anunciou, abaixando-se para pressionar o corpo de papai no chão. Mamãe apenas assistia a tudo muito intrigada, sem se meter — E isso inclui feitiços também, senhor.

Pelo visto, papai estava velho demais para continuar sua carreira de auror. Ou isso, ou a raiva o consumia mais do que o normal.

Nessa hora, Hugo e Lily desceram as escadas, alarmados com o barulho que fazíamos na sala de visitas.

— O que está havendo aqui?! — Hugo gritou, assustado.

— Você me ouviu? — Scorpius voltou a falar com papai, como se mais ninguém estivesse lá — Porque não quero nem pretendo repetir esta situação.

E então, ele se levantou para finalmente olhar para meu irmão e minha prima.

— Falem logo de uma vez — Scorpius pediu, sem paciência alguma — Aproveitem as cordas invisíveis.

Hugo estava meio chocado, Lily apenas mordeu os lábios.

— Andem logo, senão conto eu.

— Contar o quê? — mamãe finalmente abriu a boca, lembrando-me de que ela também estava lá.

— Não somos os únicos namorando no momento, senhora Weasley.

Os olhos desconfiados de mamãe pararam em Hugo e Lily, que se afastaram um do outro, sem que percebessem.

Mamãe cruzou os braços, esperando por mais respostas.

— Desde quando? — ela perguntou.

— Desde Setembro — Hugo respondeu, fechando os olhos.

— Não acho que essa é a resposta que eu quero. Desde quando herdou a covardia de seu pai? Hugo, eu esperava que você mesmo me contasse. Foi preciso que Scorpius dissesse isso pra mim?!

Papai estava tão furioso, mas tão furioso, que conseguiu realizar um feitiço não-verbal para retirar as cordas invisíveis. Logo, sua varinha veio de Scorpius para ele, e meu então noivo não impediu nem nada.

Acho que a lição que ele queria já havia sido dada.

— Eu não consigo entender... — mamãe tornou a falar — Por que não confiam em nós? Em mim, ao menos? A omissão e a mentira são muito piores do que a verdade, entendem?

— Mas o que fazem também são!

— Ronald, você quer ajudar ou piorar as coisas? — mamãe gritou, aborrecendo-se com ele — Hugo, chega aqui.

Meu irmão foi até ela, que abraçou-o com carinho.

— Sua velha mãe não vê problema nenhum, Hugo. Você está feliz, não está?

Ele fez que sim, o desespero estampado em sua cara.

— É isso que importa.  Sei que Harry aceitará numa boa — a indireta de mamãe para papai foi tão direta que me fez rir.

— Por favor, tia, amoleça o coração dele independente disso. É sempre bom, não é?

Desta vez, até mesmo papai riu com o pedido de Lily.

— Mas é claro — mamãe sorriu, desvencilhando-se de Hugo e abrindo os braços para Lily — Vem me dar um abraço também.

E então, as duas sorriram, sentindo uma provável calma.

Mas eu não saberia dizer.

Estava mais preocupada em descobrir onde Scorpius havia se metido, porque num piscar de olhos ele sumira de nossa frente.

Somente eu parecia ter notado.

E enquanto todos faziam as pazes e riam, felizes, eu comecei a correr pela casa toda, assustada com a ideia de Scorpius ter me deixado.

Encontrei-o, enfim, sentado no chão do meu quarto, escrevendo num pergaminho qualquer que ele havia encontrado.

Pigarreei para anunciar minha chegada.

— Achei que não se importaria. Não bisbilhotei nada, eu juro.

— O que está fazendo, Scorp?

— Deixando uma carta para seu pai.  Nossa vida não pode ficar assim, cabelo-de-fogo. Há drama demais para uma única encarnação, não acha?

— Acredita em vidas passadas?

— Mas é claro que sim, Rose. Você não?

Ao meu silêncio, ele balançou a cabeça.

— Você precisa pensar fora da caixa, sabe. Mas não quero falar disso agora. Deixe-me terminar de escrever.

Tentei esperar o seu tempo.

Juro que tentei.

Mas não aguentaria muito mais do que aquilo. Quando observei-o escrever seu nome no final, atirei-me sobre ele, mas Scorpius afastou-se de mim.

— Chega por hoje, cabelo-de-fogo. Seu pai precisa sentir segurança entre nós. Não o darei motivos para começar outra briga.

E então ele se levantou.

— Adeus, Rose. Mandarei suas coisas por Dominique.

Uma ruga surgiu em minhas têmporas, à medida em que a confusão dava lugar à raiva.

— Volte aqui, Scorpius. Pare de se mandar o tempo inteiro!

— Mas não é isso o que você costuma fazer também? — ele se virou, olhando-me no meio do corredor — Somos exatamente iguais, Rose. Nem adianta me atacar com suas próprias manias.

Eu fiquei momentaneamente muda.

Scorpius era mesmo bom nisso.

— Quando for a hora, voltarei para buscá-la.

Meus lábios tremiam, eu estava a ponto de chorar.

— Rose... — sua hesitação era contagiante. Seus olhos pareciam se desculpar verdadeiramente — Quero mesmo morar com você. Casar com você. Mas não podemos fazer isso agora. Por favor, confie em mim.

E aí, de repente, notei um rabisco com hidrocor vermelho em sua mão esquerda.

— O que é isso?

Scorpius sorriu.

— Estou deixando meu amuleto aqui. Não me arriscaria ir-me embora nu.

Segurei sua mão para então encontrar um coração mal feito. Dentro dele, nossas iniciais.

— Há muita paixão na Grifinória. Sabia disso, sua corvinal-fake?

Ignorei o que ele havia dito. Estava abalada demais.

— Só não suma por muito tempo.

— Só se você aproveitar o restinho do feriado com sua família. Promete pra mim?

— Tudo bem.

Scorpius tinha um olhar triste, mas ainda assim beijou a minha testa e desceu as escadas.

O resto de minha família já estava jantando na cozinha, concentrados demais para vê-lo aparatar no jardim.

Ou para ao menos lembrar de me chamar para a grande celebração.

Eu disse que não era importante.

Mas eu continuaria lá.

Prometi a Scorpius, afinal.


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