Carpe Diem escrita por Maga Clari


Capítulo 12
Não seria legal? Por que esperar?


Notas iniciais do capítulo

A música de hoje é "Wouldn't it be nice" dos Beach Boys por falta de outra melhor kkkkkkk
Espero que gostem.
Capítulo dedicado a minha linda Annie Bonney que enviou uma recomendação ♥



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Algumas semanas se sucederam àquele dia.

Estávamos nas férias de Páscoa.

 De alguns anos para cá, Hogwarts tem permitido que seus alunos visitem suas famílias, caso queiram. E foi o que Hugo e Lily fizeram este ano.

— Tem certeza que não quer ver seu irmão?

Respirei fundo ao ouvir Scorpius na mesa da cozinha.

— Não quero voltar para lá. Agora não.

— Rose — seu tom era de advertência. De novo, me tratava como uma criança — Você está aqui há quase um mês. Eu não estou te expulsando. Na verdade, amo ter você aqui. Mas me dói vê-la desprezar algo que eu morreria para ter...

— Já conversamos sobre isso, Scorp.

— Vamos vê-los só hoje. Faz isso por mim?

Scorpius carregava um sorriso pequeno nos lábios, e então mordeu-os para controlar seu nervosismo evidente.

Meu coração não parava de pulsar. Havia algo que eu não saberia explicar. E embora eu quisesse muito fazer aquilo por ele, as palavras me escaparam antes que pudesse agarrá-las de novo:

— Ninguém veio me procurar, Scorpius. Minha presença é irrelevante.

— Não diga o que você não sabe.

— O que quer dizer?

— Escute, Rose. Não estou afim de discutir com você. Sua família a ama. Vamos, por favor?

Diante dos seus olhos em súplica, tudo que pude fazer foi assentir, hesitantemente.

Não levei nada porque pretendíamos somente uma visita. Não é como se eu fosse voltar para casa.

De jeito nenhum.

Por isso, segurei a mão de Scorpius e deixei que a sensação de repuxo me levasse para casa.

Uma vez lá, virei-me para ele, nos jardins, sussurrando o mais baixo possível:

— Se meu pai implicar, ignore. Sei que você o fará mudar de ideia com relação a você. Uma hora ele precisará aceitar.

— Acho que está amadurecendo, cabelo-de-fogo — ele sorriu, beijando minha testa — Mas sabe de uma coisa? Não dou a mínima para o que ele pensa de mim. Vamos logo, Rose.

Então, Scorpius abraçou-me de lado, e dei uma última olhada em sua aparência: ele estava, aos poucos, deixando o cabelo crescer. Aquilo me lembrou do quão sortuda eu era por estar com meu amor de infância.

Mas afastei o pensamento.

A última coisa que eu queria era parecer boba na frente dos meus pais.

É claro que não.

— Bom dia? — cumprimentei-os, incerta, para ninguém em especial.

Mamãe estava descendo as escadas, papai havia abaixado o jornal. Nenhum sinal de Hugo.

— A prisioneira recém-fugida resolveu que tem uma família, então? — esse comentário foi de mamãe.

Respirei fundo para não estragar a minha visita.

— Vim ver o Hugo — disse simplesmente.

— E ela ainda o trouxe junto, querida — papai falou, como se nem estivéssemos lá — Isso é o cúmulo!

— Que você não estava com Dominique eu já sabia — mamãe revelou, aproximando-se de nós — Não sou burra, como temo achar que você pense assim. Mas, Rose, minha filha...

Mamãe soltou um longo suspiro, apertando os olhos.

— Não precisava ter saído daquela forma. Você sabe que sempre quis ter uma boa relação com você. Se me dissesse que queria morar com Scorpius, eu certamente teria...

— Ei, ei, ei! — intervi, apressadamente — Não estamos casados ou algo assim.

— Senhor e senhora Weasley — Scorpius resolvera se intrometer — Rose foi atrás de mim pedir ajuda. Somos amigos, antes de qualquer coisa. Ela está de provas que tentei trazê-la de volta, mas ela não quis. Existem momentos em que precisamos simplesmente ajudar do jeito que o amigo precisa. Não do jeito melhor para ele. Vocês me entendem, eu sei.

Papai já estava de pé. Apontava seu dedo ameaçadoramente na frente de Scorpius.

Ah, o deja vú!

Papai poderia ser mais previsível?

— Espero que o senhor não tenha dado uma de espertinho para o lado de minha Rose.

— Perdão, senhor — Scorpius voltara a falar, em tom de naturalidade — Somos adultos. Rose e eu. Imagino que o senhor também seja. Não nos trate como adolescentes se não quiser que o tratemos do mesmo modo.

Ao lado de papai, mamãe tentava inutilmente reprimir uma risadinha.

Suspeito que isto fora o que ela sempre teve vontade de dizer para ele.

Papai abaixou o dedo e voltou para sua poltrona.

Scorpius sorriu de satisfação.

— Pois então — continuou ele, como se nada houvesse acontecido — Onde está o Hugo?

— Fazendo qualquer coisa no jardim — mamãe respondeu.

— Sério? Por que não o vimos?

— Deve estar na casa da árvore — ela amoleceu um pouco, sendo gentil — Hugo ama este negócio. Ele deveria mudar o quarto para lá de uma vez.

O comentário fez a todos nós rir.

Mas então ela voltou a nos encarar, seriamente:

— Rose. Não estou brava. Só ressentida. Mais tarde conversamos, tenho uma reunião no Ministério agora. Rony, você não vem?

— E deixar minha casa com um Malfoy? Não mesmo.

— Ronald!

Ele olhou-a, sem paciência, e falou, muito pausadamente:

— Encontro você depois. Agora não.

Mamãe deu de ombros e foi conosco ao jardim, para aparatar. Acenou para nós e sumiu no ar.

— Já teve uma casa na árvore, garoto-grude?

— É claro que sim. Que tipo de criança você acha que eu fui?

Scorpius deu uma risadinha e subiu comigo as escadas de madeira velha.

Mas ele tivera uma surpresa daquelas quando encontramos Hugo aos beijos calorosos com Lily Luna.

Scorpius olhou para mim com uma expressão divertida, sem saber se entrava na casa ou descia as escadas.

— Vamos assustá-los? — sussurrei em seu ouvido.

— Como? — devolveu o sussurro.

— Eu já sabia. Mas Lily não sabe que eu sei. Nem sabe sobre você. Entre primeiro, Scorpius.

Scorpius segurou o riso e adentrou a casinha. Fiquei olhando pela fresta da porta.

Eles já estavam bem avançados, e temo o que poderia ter acontecido caso não aparecêssemos naquela hora.

— Olá, Hugo. Como vai?

O grito dos dois, seguido pela gargalhada de Scorpius, quase me fez cair de susto dos degraus.

Scorpius teve dificuldade em parar de rir, então tive que salvá-lo:

— Oi, pessoal! Está quente aqui, não é?

— Rose, sua filha de um troll! — berrou Hugo, aborrecido. Ele estava vermelho feito pimentão. Não sei se de raiva ou vergonha.

— O quê que esse imbecil faz aqui, Rose? — Lily finalmente se pronunciou.

— Não é como se eu ligasse para o que pensam sobre meus amigos, Lílian. Aliás, nunca disse nada sobre você e Hugo. Sim, Lily, eu sabia.

A expressão de nossa prima foi de raiva para surpresa.

— E estava realmente disposta a ajudá-los com a família. Mas não sei se vale a pena. Você é muito grosseira, Lily.

— O que você queria?! Foi invasão de privacidade!

— Foi só uma brincadeira — Scorpius se justificou — Ninguém aqui está apto a julgá-los.

E então, Scorpius olhou para mim, como se compartilhássemos um segredo.

Esperava que meu irmão não houvesse entendido.

Se havia entendido, não dissera nada.

— Soube que saiu de casa — Hugo soltou, de repente.

— Seu informante está certo — respondi, falhando em evitar uma resposta seca.

— Por quê? Tem a ver com o que conversamos no seu aniversário?

 — Bem por aí, irmãozinho — suspirei, balançando a cabeça — Bem por aí. Mas eu vim aqui para ver você. E quem sabe ajudar vocês dois.

Sorri levemente para Lily, como um pedido de desculpas mudo. Ela aceitou-o, porque dissera em seguida:

— Qual sua sugestão?

— Vamos usar sentimentalismo. Falar do passado deles, das guerras. E contar junto, obviamente.

— Junto? Como assim?

Hugo riu, entendendo aonde eu queria chegar.

— Scorpius e Rose estão namorando, Lily. Não é óbvio? Papai o odeia.

Um silêncio incômodo surgiu.

Não tardei em quebrá-lo:

— Vai dar tudo certo, irmãozinho. Você vai ver.

Hugo sorriu e nós todos começamos a jogar conversa fora o resto da manhã e tarde. Almoçamos num restaurante qualquer em Londres, e foi bem divertido, para ser sincera.

Scorpius tinha razão.

Scorpius sempre tem razão.

Eu não havia tomado consciência da saudade que eu estava de meu irmão. E ao constatar isso, deixei Scorpius feliz. E era o que eu mais queria. Vê-lo feliz.

Por este motivo, estava tentando me dar bem com a minha família. E esperava que todos se dessem bem com ele também.

Eu resolvera fazer minha parte. Mas se mais um desrespeitasse Scorpius, eu estava disposta a não aparecer naquele lugar por um bom tempo.

Não é que eu estivesse apaixonada.

Não era isso.

Eu só entendia Scorpius.

Eu o amava.

Tentei não pensar nisso ao vê-lo infestar os pulmões de nicotina enquanto aguardávamos meus pais voltarem do trabalho.

Ele estava nervoso.

Sei que estava.

Quem não estaria?

— Scorpius, não há motivo para tanto nervosismo. Já disse antes. Não estamos casados ou algo do tipo.

— Ah, não?

Fiquei muda.

— O que falta, então? Quer fazer um checklist?

Scorpius soprou a fumaça e enumerou cada um dos itens no dedos.

— Moramos na mesma casa. Nos vemos todos os dias desde Fevereiro. Apoiamos um ao outro.  Conhecemos ambas as famílias. Dormimos juntos. Gostamos da companhia um do outro. O que falta, Rose?

Meu coração pareceu pular da minha boca.

Eu ainda não havia me atrevido a dizer nada.

— O que me diz?

O mundo repentinamente rodou quando Scorpius ajoelhou-se de frente para mim. O barulho da porta batendo atrás de nós não pareceu assustá-lo ou incomodá-lo.

— O que me diz, cabelo-de-fogo? Quer casar comigo?


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