Amores de Verão escrita por Patty M Lee


Capítulo 4
III - Hyuuga Hinata


Notas iniciais do capítulo

Já faz muito tempo desde a última vez que estive aqui. Exatos quatro meses, céus.
Peço perdão e bom, nem há explicação...
Boa leitura!!



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Para: [Ino Y. ] [Tenten M. ]

De: Hinata H.

Assunto: Saudade!

Poucos dias se passaram desde a última vez que estivemos juntas e eu já sinto falta de ambas. De tê-las perto de mim, e me animarem com suas conversas e brincadeiras! Otou-san faz o possível para me dar atenção. Ele sempre me rodeia e se eu precisar de ajuda basta um estalar de dedos e ele já está ao meu lado, todo atencioso. Isso quando ele não está ocupado com assuntos da empresa. Sinto que o deixo sobrecarregado, e eu não gosto disso!

Desde a última consulta com o especialista, ele sempre me mantém por perto. Eu sinto que ele quer compensar algo que ele não pode oferecer. Sinto que ele quer preencher um buraco que é muito além do que ele poderia resolver.

Gostaria que as coisas não fossem assim. Pelo menos enquanto estivermos aqui em Nova Caillen, ficarei livre de o desapontar e a Kurenai ao não conseguir encontrar o problema em mim... Isso equivale até o fim do verão, quando retornarmos.

Acabamos de nos hospedar, é tarde da noite e eu não consigo dormir. Foi uma longa viagem. Percorremos por algumas horas de carro, ficamos outras no avião, e logo entramos na "Locomotiva do paraíso". Talvez vocês não saibam, mas oka-chan costumava rotulá-la assim... Enfim. O serviço que a hotelaria oferece é excelente. Otou-san escolheu um lugar reservado de frente para o mar, e são apenas alguns passos para chegar até ele. Aqui do quarto dá para ouvir o som das ondas, a ventania na costa...

Tudo ocorreu de maneira pacífica, a não ser por um incidente na estação final — quando dois garotos fugiam dos seguranças da estação, acabaram esbarrando em mim. Otou-san ainda está nervoso por isso, por mais eu faça questão de deixar claro que não foi nada. Ele não me entende, e creio que amanhã fará questão de ir até às autoridades prestar algum tipo ocorrência. Vocês sabem como ele é!

Espero que a férias de vocês seja legal. Queria muito estar aí, mas nada é da forma que queremos... Conte-me detalhes :)

Com amor, Hinata.

...

Bocejei enquanto pressionava a tecla para enviar e-mail para elas. O cansaço do dia turbulento caía sobre meus ombros, aumentava meu desejo de cair na cama e descansar. Todavia, a ansiedade corria em minhas veias, se espalhava por meu corpo, causando uma adrenalina que há tempos não provava.

A viagem fora muita mais cansativa que eu lembrava. Não que minha saúde fosse debilitada, mas me sentia esgotada e ao mesmo tempo, revigorada. Queria dormir, mas algo me mantinha acordada.

O receio de mencionar os garotos desconhecidos no e-mail me soava burrice. Elas ficariam eufóricas e iriam me especular até descobrir o tipo sanguíneo de ambos. Foi na emoção do momento, algo que sequer pude controlar.

Boba — meu consciente gritou. E de certa forma, concordava com ele.

Segui até a sala a procura do otou-san. O local era silencioso. Admirei o adorno luxuoso do ambiente simplório e que dava a sensação de estar em casa. Ao fundo soava o som das ondas do mar, o que me causou uma comoção diferente.

Lembro-me o quanto isso me acalmava antigamente, parece que foi há anos.

O encontrei no escritório improvisado, atento no folheto que tinha em mãos. O óculos de leitura deslizava por seu nariz e otou-san constantemente o ajeitava, tornando um processo repetitivo. Ele não parecia se importar, aliás, nem notar minha presença ele tinha. Estava concentrado demais.

Cada um possuía uma válvula de escape aos problemas, o de papai era o trabalho.

Passaram-se alguns minutos até ele me notar. O sorriso nasceu em seus lábios e o amor que refletia nas esferas cinzentas engrandeceu, aquecendo-me.

— Está há muito tempo aí, filha? — ele disse.

Adentrei no recinto, parando ao seu lado. Seu braço me envolveu carinhosamente enquanto afastava os folhetos que minutos atrás lia.

Neguei, o que alargou seu sorriso. Era possível ver uma centelha de escuridão em seu semblante. Não era por querer, duvidava que ele próprio notava e isso me causava aflição.

Ele não aceitava minha situação. O pior de tudo é que eu sabia que ele se culpava.

— Tenho uma surpresa pra você — franzi as sobrancelhas ansiosa. Propositalmente, ele fez mistério. — O que acha da Kurenai ganhar férias?

"Você não fez isso" sinalizei a ele, o que fez alargar o sorriso, quase travesso por conta do meu.

— Amanhã mesmo ela chega.

Joguei-me em seus braços, agradecida. Ele se afastou o suficiente para ajeitar minha franja e ergueu-se me levando para fora do recinto.

— O processo de conclusão do fechamento do negócio será mais trabalhoso que imaginei. Achei que gostaria de uma companhia. Por mais que a Ilha seja segura, é melhor sempre se precaver de arruaceiros como os da estação.

Revirei os olhos. Devia ter imaginado isso. Hiashi e sua mania de proteger aqueles que ele ama. Aliás, até que estava estranhando nós dois sozinhos nessa viagem. Provavelmente, já era causo pensado trazer Kurenai depois. Ao contrário do aconteceria por esse sufocamento que ele me faz sentir, fico feliz por ter alguém meu lado.

Não é como se fosse fácil fazer amizades.

Estamos em meu quarto, sigo para cama. Otou-san me cobre, depositando um beijo em minha testa antes de sair, seus lábios se movem sem emitir som algum desejando-me bons sonhos. Ele apaga a luz e se retira. Encaro o teto até o sono aparecer, antes de mergulhar no breu um leve deslumbre roda minha mente, e me vejo de novo diante daqueles olhos: a imensidão azul e o abismo ônix.

+++

Quando o dia amanhece, Hinata acorda ao som das aves que sobrevoam a costa. Ela esfrega os olhos e ruma até a vidraça, afasta a cortina e depara-se com a piscina mediana, com duas cadeiras reclináveis perto de uma mesa com guarda sol. O céu está azulado e sem nenhuma nuvem, e o sol traz a combinação estonteante aos seus olhos.

Isso arranca um sorriso dos lábios dela. Prontamente vestida para estação quente, com um vestido lilás pouco acima do joelho, solto ao corpo e cabelos escorridos rente ao corpo, ela seguiu a sala de café da manhã encontrando Hiashi a mesa lendo um jornal enquanto tomava um café forte. Fora recepcionada com um pequeno sorriso.

"Bom dia, otou-san"

— Bom dia, querida.

Ela sentou-se próximo a ele e admirou a mesa farta, confusa com o que comer serviu-se um suco e abocanhou o sanduíche. Só então ela notou o terno que ele vestia, mesmo com o calor daquele dia.

Notando a confusão dela, ele esclareceu:

— Tenho uma reunião, querida. — o sorriso dela murchou. Havia pensado que passariam aquele dia juntos. — Antes do almoço eu voltarei. Podemos dar um passeio de barco, o que acha?

Ele odiava automóveis marítimos, Hinata sabia. Ficava enjoado rapidamente, o sacrifício que ele se dispusera fazer a fez ficar menos chateada.

"Tudo bem" ela sorriu.

— Ah, se não for pedir muito, você poderia não sair enquanto eu não chegar? — Hinata assentiu.

Hiashi depositara um beijo sobre a espessa franja e lhe bagunçou os fios azulados, o avaliou ir até a maleta sobre a mesa de centro no outro cômodo e acenou em resposta antes dele sair porta a fora.

O silêncio tomou o ambiente, ela olhou cada canto e se sentiu só, deixou a refeição de lado e rumou a parte exterior. Uma vontade descontrolada de ver o mar a fez voltar para dentro do recinto e colocar um chapéu para proteger-se do sol, ela acenou as serviçais que retiravam a mesa e correu com entusiasmo até o portão que dava a saída. Tinha consciência que estava descumprindo o pedido do pai, porém a necessidade de ver o mar falou mais alto, além do mais, Hinata não iria longe.

A brisa que passara por ela quase arrancou-lhe o chapéu. Hinata admirou a calçada revestida a pedras brilhosas disforme que levavam direto ao mar aberto. E que visão! Quase imaginou estar diante do paraíso diante tamanho deslumbre, a água cristalina num azul claro quase esverdeado lhe dera as boas vindas. Havia um número considerado de turistas aproveitando o dia quente, ao fundo barcos trafegavam, surfistas esperavam a onda certa ou vislumbravam os parceiros em ações. Quando percebera, Hinata já estava a beira do mar, as correntezas molhavam as pontas dos pés lhe proporcionando uma boa sensação.

As pessoas que passavam por ela cumprimentavam-a com leve sorrisos, às vezes ofereciam-lhe um excelente dia e diante a impossibilidade de respondê-las, Hinata apenas sorria e acenava.

Crianças corriam de um lado para o outro brincando entre elas, alguns jogavam bola outras tentavam surfar com pranchas específicas. Era incrível como as férias proporcionava o bem estar em todos, muitos que ali estavam deixavam os problemas em casa e davam um brecha na agenda agitada para simplesmente relaxar e aproveitar a felicidade que a Ilha oferecia.

Por um longo tempo ela ficara apenas assim, caminhando a beira do mar observando cada rosto por quem passava. A certa altura, Hinata pausou o passeio o olhou o caminho recém percorrido verificando a distância que havia ido.

— Ei, cuidado!! — alguém alertou.

No entanto, tinha sido tarde demais. O impacto contra Hinata queimou-lhe a pele ao levar uma bolada. Tamanho o susto, ela recuara apressada acabando por estabacar na água.

— Você viu o que fez, Teme?

Hinata apoiou-se no chão a fim de erguer-se, todavia, aquela voz a fizera congelar. Foi quase em câmera lenta que ela erguera o olhar e deparou-se com o rapaz da estação correndo até si, ainda olhando para trás mandando um gesto obsceno ao moreno que o seguia, ainda que consideravelmente mais lento e menos empolgado.

Naruto voltou-se para ela com um sorriso envergonhado enquanto lhe oferecia ajuda.

— Desculpe, é que meu amigo ali não tem uma boa coordenação motora — e sorrir tomando-lhe a mão e a colocando em pé com facilidade.

— Seu baka, foi você que acertou a bola nela! — Sasuke acusou praticamente enfiando o indicador entre os olhos do louro.

— Quê? Eu não iria acertá-la se você não tivesse jogado errado!

— É claro que ía, seu burro! Nunca vi ninguém mais ruim que você.

— Pera lá, Teme. Eu não sou burro e muito menos ruim... Assim você magoa meus sentimentos — teatralmente, Naruto colocou a mão sobre o peito.

Hinata apenas observava atônita a discussão deles, realmente intrigada pelo afeto que trocavam.

— Dane-se seus sentimentos. — o Uchiha grunhiu, embora a feição séria houvesse aliviada.

Diante o palavrão, Hinata arregalou os olhos e só então ambos se deram conta da cena ridícula frente a desconhecida.

— Ah, não liga pra ele — pediu Naruto olhando-a fixamente. — Uma vez já tentei lavar essa boca suja dele com um esfregão de privada, e acredite, o objeto quase se desintegrou tamanha a sujeira acumulado entre os dentes brancos desse aí — Naruto fez uma concha com a mão e aproximou-se dela para esconder as próximas palavras que diria. — O que eu acho ser uma prótese que ele roubou da avó dele. — e riu.

Riu tanto que até colocou as mãos na barriga. Um riso de lado ameaçou brincar nos lábios de Hinata — que estava corada —, porém ao ver a expressão carrancuda do motivo dos risos, ela reprimiu fitando o vestido encharcado.

— Antes ter a prótese da minha avó do que o cérebro de um rato.

O riso de Naruto cessou.

— Quem tem o cérebro de um rato? — indagou confuso.

Hinata somente viu o moreno negar enquanto bufava. Tentou buscar uma brecha para sair dali, por mais que fosse divertido acompanhar a discussão. Como se lesse sua intenção, Naruto segurou-a no ombro. O local que ele tocou subitamente aqueceu.

— Ora, onde pensa que vai? — inquiriu retoricamente. — Fazemos questão de nos desculpar levando-a para casa.

Ela tentou esquivar-se negando, porém o louro sequer permitira.

— Fazemos? — Sasuke soou irritado.

Naruto fechou o semblante.

— Sasuke, deixe uma vez na vida de agir como um cavalo e seja um cavaleiro.

— É cavalheiro, dobe.

— Que seja, vamos! — ambos começaram a andar em direção a que Hinata seguia, distanciando ainda mais do residência.

Ela ficou estática no mesmo lugar, olhando-os se afastar confusa com toda a situação. A certa distância, ambos cessaram os passos a olharam sobre o ombro.

Naruto coçou a nuca envergonhado enquanto retornava com Sasuke — que parecia cada minuto mais irritado.

— Acho que fomos na direção errada, é pra lá certo? — sequer esperou-a responder e segurou o pulso delicado, arrastando-a.

A cena era no mínimo constrangedora. Dois rapazes que nem conhecia estavam a levando para casa. Hinata olhou para trás e a maneira que mostrou-se interessada na bola que eles abandonavam atiçou a atenção de Naruto.

— Ah, não é nossa! Na realidade, o Sasuke a roubou de um pivete metido a besta.

Dessa vez o moreno nem se deu ao trabalho de responder, ele enfiou as mãos dentro da bermuda e fitou o trajeto fingindo que não os conhecia, embora a distância entre eles afirmasse o diferente.

Hinata caminhava entre ambos encolhida, analisando os passos como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Os breves minutos que passou com eles a fez querer prolongar pois ali ela sentia como se sua impossibilidade não existia.

Ela ergueu as esferas pérolas e deparou-se com os ônix cravados em si, a análise dele cessou ao ser pego no flagra e ele desviou a atenção enquanto o rubor tomava as bochechas dela.

O silêncio não durou muito.

— Ei, estão vendo aquilo?

Na direção que Naruto indicava havia um pelotão de guardas fardados percorrendo a ilha de encontro a eles.

— São guardas. — Sasuke estava subitamente mais alerta. Ele fitou Naruto e não foi preciso palavras para saberem que era a hora deles.

Naruto voltou-se a Hinata e bagunçou os fios azulados num gesto fraternal como Hiashi fazia com ela.

— Desculpe, mas não poderemos acompanhá-la mais que isso. — nisso, ambos começaram a se distanciar dela.

O louro ainda acenou sorrindo e começaram a correr. Hinata encarou o pelotão e assustou-se ao vê-los ganhar velocidade perseguindo os dois rapazes que estavam a poucos metros de sair da praia indo para a parte asfaltada.

Só quando eles desapareceram da visão de Hinata que ela lembrou-se do pai. Provavelmente o encontraria irritado por tê-lo desobedecido. Ainda sim, ela sorriu e seguiu o mais rápido que pôde para o local que durante as férias chamaria de casa.


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Notas finais do capítulo

Esses meninos ainda me matam de fofura! A próxima narração será focada no Naruto!
Espero que tenham gostado, gente ❤
Beijos.



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