Cartas para Você escrita por Acecena Scream


Capítulo 4
24/12/2015




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24/12/2015

Holland,

Oi? Tudo bem com você? Achei super estranho quando chegou para conversar comigo. Deixa eu começar do começo do dia, pode cair uma lágrima nesse computador, mas tudo bem certo? Certo. Queria avisar também que essa fonte me ajuda demais a tirar o bloqueio, parece com minha letra e fica realmente um diário. Então, ao começo.

Eu acordei ás seis e quarenta como sempre e me arrumei para escola. Acho que todo natal sem minha mãe o clima fica meio pesado aqui em casa, eu vejo o quanto meu pai sofre ao não ver ela comigo de pijama e preparando biscoitos para a nossa noite de desenhos. Eu também fico triste, mas como eu disse: eu escondo. Faço uma cara meio triste e a verdadeira tristeza fica guardada, é bom desabafar isso aqui.

Quando cheguei na escola e estava indo direto para o banco, o pessoal me abraçou. Para um cara tímido como eu, fiquei com uma cara meio boba e um pouco vermelho afinal me abraçaram no meio da entrada para o portão da escola. Eu percebi que todo mundo olhou, inclusive você. Então eu chorei um pouco e Crystal limpou minhas lágrimas e entregou o meu suéter, então eu fiquei feliz porque hoje era o nosso show. Droga de emocional, uma lágrima desceu. Ok.

O assunto do banco de hoje era sobre o show de natal e como estávamos contentes por isso. Acho que o assunto se estendeu demais porque a senhora Cala a Boca na minha aula nos deu uma bronca. É final de ano, fomos alunos legais e resolvemos aprontar. Começamos uma guerra de bolinhas de papel, o que rendeu uma bela ida à direção. Pior era a nossa conversa com o diretor para ele não passasse cartinha nem nada:

— Diretor, nós sempre fomos bons alunos. – argumentei com os dedos cruzados. Eu estava apelando para o meu poder de persuasão.

— Dylan, você é único aqui que não levou cartinha ainda na escola. Os outros já fizeram algo, merecem ser punidos. – Crystal bufou e fez sua melhor cara.

— Mas senhor, a culpa não é nossa se como todo adolescente estamos animados com uma coisa importante para a gente.

— Sim. Estamos muito animados para o show deles. – Shelley respondeu.

— Vão fazer um show? – o diretor perguntou interessado. Tyler e Cody logo perceberam que poderiam compra-lo apenas falando onde seria o show e o que teria que fazer para entrar.

— Vamos sim, senhor. Será no Hills, será pequeno, só para lembrar o natal. No máximo quatro músicas por aí, e qualquer um pode ir já que é a noite da família e jovens.

— Mais para jovens mesmo. – Cody sussurrou e eu dei uma cotovelada nele.

— Interessante. – ele alisava o queixo como se tivesse uma barba lá. E deveria ter: uma barba imaginária.

— E podem entrar doendo um quilo de alimento para a caridade. – respondi.

— Acho que eu e Suzie vamos querer ir.

A namorada do diretor é a professora Cala a Boca, se você não sabe. Descobrimos nessa manhã, depois que ele falou isso e percebemos um porta-retratos dele com ela sorrindo.

— Claro que vão, mas ninguém que ver os dois se beijando. – dessa vez foi Tyler baixinho e levou uma cotovelada da Crystal que também riu.

— O que você disse? – ele se apoiou na mesa.

— Que seria maravilhoso ver os dois lá. – soltou um sorriso falso, e o diretor nem percebeu.

— Eu vou liberar vocês dessa vez. Espero tentar vê-los lá, mas acho que passarei em casa com a Suzie.

— Bom até mais. – levantamos rápido e saímos da sala, logo comemorando.

— Seria estranho demais encontrar ele lá. – comentou Cody. – Imagina se ele beija a nossa professora? Nem imagino um relacionamento entre eles.

— O amor é diferente para cada um. – Shelley falou e nós concordamos indo para as próximas aulas.

Tínhamos levado nossos instrumentos e ajeitados lá e ficamos esperando as pessoas. O Hills é grande como sabe, e eu sabia que você apareceria visto que sua mãe é dona do lugar e deveria te obrigar a vir para cá. Já te falei o quanto admiro você ser modelo? E ainda mais ser modelo da marca de produtos de seu pai, que tem uma das lojas mais conhecidas do nosso país? Não, não falei porque eu sequer te dei um oi. Foram chegando alguns adolescentes com suas namoradas e logo chegou a sua turminha, o Chef estava liberado teríamos pizza de natal. Eu particularmente gostei da ideia.

Então subimos ao palco e começamos a cantar. A primeira era Pass Me By, e eu cantei olhando para você porque foi justamente eu que escrevi essa música pensando em você. Rezei mentalmente, tentando não esquecer a letra, para que o Max – o seu namorado ou ficante sério – não reparasse no meu olhar para você. Então parecia que você estava prestando atenção na música e se divertindo, além de me dar umas olhadas durante algumas partes. Fiquei feliz que todos estavam se divertindo. Vou colocar uns trechos da música para você:

I never spoke up, yeah, I never said, "Hello, " (Eu nunca falei, yeah, nunca disse "Olá")

But I keep on trying to find a way to meet ya (Mas eu continuo tentando encontrar uma maneira de te conhecer)

Yeah

(...) You could be the one that'll break me (Você pode ser a única que vai me quebrar)

Gostou né? Quando terminamos a música, cantamos a outra da playlist e paramos um pouco deixando para cantar o resto depois. Então você veio falar comigo (eu estava com um suéter tipo natal mesmo, de óculos e gorro no cabelo, caso não lembre) e me puxou para uma mesa para conversar, eu havia pegado um chocolate quente já que nessa época da nossa cidade é frio.

— Eu gostei da banda de vocês, são bons. – você comentou sorrindo e me fez soltar um sorriso.

— Oi, ahm... Obrigado. – então jogou as mãos na mesa.

— Gostei também da sua voz, e da sua aparência. Achei você fofo. – e fez uma careta, que provocou a minha também. – Além do mais fiquei bastante curiosa e interessada depois que tivemos aquela coisa nas mesas da escola.

Eu gosto muito mesmo de você, Holland. Mas eu percebi sua jogada (ou a jogada da sua eu real) porque ao falar isso colocou a mão por cima da minha. E eu sabia no que isso daria. Provavelmente – tipo 99% de chance – você só queria ficar comigo e quando te desse oi, eu nem teria resposta. E te juro, juro mesmo, que meu coração queria pular de vez nisso, e agradeço ao meu cérebro por ter tomado as rédeas nesse momento e não acordar no outro dia com um coração quebrado. Fiquei o mais sério o possível e dirigi minha voz a você:

— Holland, eu te conheço. Não tanto, mas sei suas jogadas. Por favor, se é para ficar comigo e só isso, então melhor nem começar. Meu coração não quer ser picotado por você e depois eu ter que colar pedaço por pedaço com uma cola bem resistente. – arregalou os olhos, acho que não esperava por isso certo?

Então bebeu um pouco da água de coco e engasgou pelo impacto das minhas palavras. Teve que se controlar e tossir baixo, e eu vi o esforço que estava fazendo para não tossir alto e alguém nos vir. E eu quase ri da situação, se não fosse pela seriedade que eu estava. Mentira, nós dois sabemos que eu ri – e como eu vi que se controlou para não chamar a atenção –, ri baixo, quase perdendo o controle e fiquei te olhando se recuperar.

— Eu tenho que ir ao banheiro. – e saiu rápido da mesa.

Perto da meia-noite terminamos as outras duas músicas e comemos as pizzas. Todos adoraram a festa.

Mas já de você desistir de sua nova presa, caça ou sei lá o quê, não desistiu. Porque assim que saiu do banheiro e a olhei discretamente, vi que me olhava e me encarava confiante como se já tivesse me ganhado (ganhou sim, mas não fisicamente acho). Então eu sabia bem o que esperar dos próximos dias.

Do ‘sem confiança em si mesmo’,

Dylan O’Brien.


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Notas finais do capítulo

Aqui estão as músicas, se quiserem ouvir:
https://www.youtube.com/watch?v=lVe6SEH9IsM - Pass Me By
https://www.youtube.com/watch?v=4NdR71bozts - (I Can't) Forget About You
https://www.youtube.com/watch?v=LDSLsLKRn7A - Ain't No Way We're Going Home
https://www.youtube.com/watch?v=fHUntfWkPNo - Christmas Is Coming

> Pessoal, por favor comentem c:



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