InFamous: Sombras do Passado escrita por Stravinsky


Capítulo 7
Apenas uma dança




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— Delsin? Delsin? Delsin, se você estiver vendo alguma luz, não vá para ela!

         - Eugene, isso não ajudou em nada!

         - Desculpa, Fetch.

         - D? D, vamos lá! Volta para mim! - ele conseguiu reconhecer a voz de Fetch, mesmo que ela parecesse longe. - Isso mesmo! Viu? Nem precisei atirar na sua perna dessa vez!

Ele tinha desmaiado? Delsin se fez essa pergunta durante todo esse tempo na sua cabeça, enquanto era ajudado por Fetch e Eugene, vendo que os outros condutores o olhavam, preocupados. O condutor tentou levantar, mas não conseguiu se manter em pé e caiu novamente nos braços de Fetch e Eugene, que o colocaram no chão.

         - O que... O que houve? - perguntou Delsin, completamente tonto.

Ele consegue reconhecer todos os outros condutores a sua volta, mas sem sinal de Tess.

         - Você passou mal e ficou apagado por alguns minutos. - disse Blake.

         - Quanto tempo? - perguntou Delsin.

         - Uns cinco minutos. - disse Jessie. - Você começou a passar mal enquanto dançava com a Tess, o Benjamin chegou do nada e a levou para dentro de casa.

         - Ela também passou mal. - disse Zoey. - Foi por isso que o Ben apareceu e a levou.

         - Ok, mas de onde ele saiu? - perguntou Jason.

         - Do Obelisco. - disse Delsin, esfregando o rosto. Os outros condutores se olharam. - Eu tive a impressão de ter visto alguém no Obelisco antes de começarmos a dançar e tenho a absoluta certeza de que era ele. Maldição, tenho que ver a Tess.

         - Segura minha mão que a gente te ajuda. - disse Blake.

         - Blake, acho melhor não. - disse Fetch. - O Delsin absorve os poderes dos condutores, então é melhor eu e o Eugene ajudarmos ele.

         - Fetch, eu já consigo controlar meus poderes. - disse Delsin, em um tom baixo. - E eu não sou de recusar ajuda, obrigado.

Assim, ele segura nas mãos de Eugene e Blake, com ambos levantando Delsin. Ele fica tonto por alguns segundos, mas consegue se manter em pé.

         - Consegue, pelo menos, se manter em pé? - perguntou Blake.

         - Estou bem, obrigado. - disse Delsin. Ele esfrega o rosto. - E a Tess? Ela...

         - Dentro de casa, provavelmente o Ben vai estar com ela. - disse Fetch. - Se precisar de ajuda, vamos estar aqui fora.

Ele balançou a cabeça positivamente e entrou para o apartamento, enquanto os outros condutores se olhavam e pensavam no que havia acabado de acontecer. Será que além de condutor, Ben também previa o futuro? Como ele sabia que a garota iria passar mal bem na hora que ela dançasse com Delsin? Tudo ficava mais estranho a cada dia.

Delsin estava subindo as escadas para o segundo andar, quando começou a ouvir a conversa de Ben e Tess, que estavam no quarto da garota.

         - ... Se caso o seu pai não tivesse fugido. - Delsin conseguiu reconhecer a voz de Ben do corredor. E ele parecia um pouco nervoso. - Ele não tem culpa de nada, Tess!

         - Ele não, mas você tem! - Tess estava uma voz mais baixa, parecendo um pouco mais calma. - Foi você que sugeriu que viéssemos para cá. Poderíamos ter arranjado outro apartamento em Portland e...

         - E ai o Campbell e os outros teriam achado vocês. - Ben parecia ter socado a parede. - Você sabe que eu não ia me conformar caso você e o Nick fossem pegos pelos Campbell. Tanto o Vincent, quanto o Vincenzo, iriam revirar Portland até encontrar vocês dois. Olha, o Delsin é um dos melhores condutores que eu já conheci e você sabe que eu daria minha vida para te proteger. Eu confio nele mais do que você pensa e alguma hora, ele vai precisar descobrir, mas enquanto isso, tenta ao máximo não demonstrar sinais. Eu posso não estar aqui em uma próxima vez.

Assim que o condutor havia parado de falar, Delsin bate na porta, deixando um silêncio no lugar. Ben foi quem abriu a porta, observando Delsin, que tentava olhar por cima do ombro do condutor de metais para ver Tess.

         - Entra logo antes que eu perca minha paciência que ainda resta. - disse Ben.

Ben foi para o fundo do quarto, enquanto Delsin entrava e fechava a porta. Tess estava deitada na cama, parecendo cansada e com um copo d’água em cima da mesa de cabeceira, enquanto o condutor de metais foi para a janela que dava ao jardim, vendo os outros condutores todos preocupados. Delsin, nervoso, começa a andar de lá para cá, com as mãos na cintura, sendo que Tess continuava a encarar o condutor e pensando no que eles estava tentando fazer.

         - Pare de andar para todos os lados, Delsin. - a garota parecia sonolenta. - Vai me fazer ficar pior...

         - Pior do que? - perguntou Delsin, confuso. - O que... O que eu fiz para você? O que eu fiz para você ter ficado assim?!

         - Além de ter entrado na minha vida? - Tess tentou se levantar, mas ao cambalear, Delsin a segura pelos braços. - Você insiste. Você insiste em tudo! Insiste em saber até mesmo que não te interessa! Insiste em...

         - Tess... Se acalme, não queremos chamar mais atenção do que já chamamos. - disse Ben, de braços cruzados e encostado na parede. - O que você precisa saber, Delsin, é que Tess precisa de proteção e eu não posso estar aqui o tempo todo. Foi o Nick que me ligou quando o pessoal chegou e disse que estava preocupado com o que poderia acontecer enquanto ele estivesse fora. E ele estava certo.

O condutor de fumaça ajuda Tess a sentar na cama e a observa enquanto bebia um gole d’água, colocando o copo novamente na mesa de cabeceira.

         - O que eu falo para o pessoal? - perguntou Delsin.

         - Que ela teve uma crise de pressão alta e não precisa entrar em mais detalhes. - disse Ben. Ele puxa o celular do bolso e percebe uma mensagem de sua irmã, parecendo ser urgente. - Eu preciso ir, Bonnie já chegou do trabalho e preciso ir atrás dela, antes que algo mais aconteça. - Ben beija o topo da cabeça de Tess e encara Delsin. - Se algo acontecer novamente com a Tess e eu não estiver por perto... A culpa vai ser toda sua.

E assim, o condutor de metais sai porta afora, deixando Delsin e Tess juntos novamente e com um pesado clima no lugar. Enquanto a garota arrumava os cabelos ruivos para atrás da cabeça, o condutor suspira e senta ao lado de Tess, que ainda não olhava Delsin.

         - Crise de pressão alta, não é? - o condutor perguntou.

         - Olha, se vai continuar fazendo piadas sobre isso...

         - Ok! Ok! Só se acalme! Me desculpe. - Delsin coça o pescoço e olha para o retrato da mãe de Tess. - Eu paro, ok? Eu prometo que paro de fazer tantas perguntas sobre você.

         - Você jura?

         - Prometo e juro!

         - Prometer e jurar não é a mesma coisa? - Tess riu.

         - Quase. - ele se levanta e estica a mão para a garota, que a pegou rapidamente e se levantou. Ambos pareciam estar bem novamente. - Posso vir amanhã e cuidar de você?

         - Você prometeu ao meu pai.

         - Mas eu quero saber se vossa majestade deixa. Ou eu vou entrar pela lareira em pedaços novamente.

         - Você vai entrar por lá de qualquer jeito.

         - Eu sei.

Ainda com vergonha pelo o que havia acontecido, Tess ri novamente e encara Delsin. Mesmo depois de tudo aquilo, ela ainda queria o condutor por perto, ela realmente se sentia segura com Delsin ao seu lado, mas obviamente não iria admitir isso tão cedo. E nem ele.

         - Eu te espero amanhã, Delsin Rowe.

Delsin e Tess haviam voltado ao jardim e explicado o que havia acontecido com a garota, mesmo que aquilo que eles haviam falado fosse mentira, era o mínimo que eles poderiam fazer após a preocupação de todos. Nicholas havia sido liberado do trabalho mais cedo e estava a caminho de casa, enquanto os outros condutores se despediam de Delsin, Fetch, Eugene e Tess e iam para o apartamento que haviam alugado em Belltown. Blake deu o endereço a Delsin e assim, BP, Jessie, Jason e Zoey, usando seus poderes, foram em direção ao seu distrito. Enquanto Delsin, Fetch e Eugene caminhavam para a rua, Tess os observava da porta do apartamento, esperando seus convidados irem embora.

         - D, tem mais alguma coisa. - Fetch olhou para Tess e em seguida, encarou Delsin. - A Tess não teve a cara de quem passou mal por pressão alta. O que você está escondendo de nós?

         - Olha, eu também queria saber, mas não faço ideia. - o condutor acenou para Tess na porta. - Foi o Ben que pediu que falássemos que foi algo da pressão. Eles mesmos não me contaram e eu estou meio cansado de brigar com a Tess. Eu vou parar de insistir no assunto de que ela tem algo escondendo.

         - Mas ela tem algo escondendo? - perguntou Fetch, cruzando os braços.

         - Tem! Isso é lógico! - Delsin colocou as mãos na cintura. - Mas eu prefiro ficar longe disso, a não ser que eu acabe entrando na jogada.

         - E se ela tiver alguma doença? - perguntou Eugene.

         - Coloca essa boca para lá, Eugene! - disse Delsin. - Querem apostar uma corrida até a minha casa?

         - Você não vai trapacear de novo? - perguntou Fetch, rindo.

         - Prometo não trapacear e te dar uma vantagem. - disse Delsin.

         - Vocês vão se dar mal! - Eugene saiu correndo e se transformou em um anjo. - Vejo vocês lá!

         - Ei! Ele trapaceou agora! - Fetch começou a rir e saiu correndo. - Vem, Delsin!

Com Fetch deixando seu rastro de neon por onde andava, Delsin sai correndo pela rua, mas não consegue se transformar em fumaça. Ele pára e olha para si mesmo várias vezes, vendo que nem conseguia atirar sua fumaça, enquanto Fetch pára a distância e observa Delsin.

         - Eu... Eu perdi fumaça?

Fetch, usando o neon, volta até Delsin e percebe o condutor fazendo cara feia.

         - D, o que foi? - Fetch riu e socou o braço de Delsin. - Qual é o problema? Vamos! Eugene vai ganhar da gente de novo!

         - Eu não consigo!

         - Não consegue o que?

         - Eu perdi a fumaça!

Tess ouve o que Delsin havia acabado de falar e pensando várias vezes, volta para dentro de casa, enquanto o condutor cai de joelhos no chão, se abraçando e com Fetch o olhando.

         - Não... Não! Não! Não! - Delsin estava desesperado. - Isso não pode estar acontecendo!

         - Delsin...

         - Eu perdi meus poderes, Fetch! Eu perdi tudo!

         - Delsin, por favor, mantém o controle!

Ele agarra a mão da condutora e vê que nada acontece. Parecia que nem mesmo seu poder de absorção funcionava. Ao soltar a mão de Fetch, Delsin se levanta e começa a andar em círculos pela rua.

         - Não... Não...

         - D, ficar assim não vai adiantar em nada!

         - Não foi você que perdeu os poderes!

Fetch avista Eugene e seus anjos no final da rua e sinaliza para que ele viesse até ambos.

         - Delsin, por favor, você precisa se acalmar! - Fetch colocou a mão no ombro de Delsin, tentando o acalmar.

         - O que aconteceu? - perguntou Eugene, pousando ao lado de ambos os condutores.

         - Eu perdi meus poderes! - Delsin continuava em pânico.

         - Talvez não! - a condutora abriu um sorriso falso, tentando fazer que Delsin se acalmasse. - Quem sabe pode ter sido só pode ser algo passageiro! Se você se acalmar, talvez consiga descobrir! Você acabou de agarrar minha mão! Talvez a transferência não tenha dado certo porque você já tem esse poder!

Delsin parou e pensou. Vendo que Fetch o encarava com um olhar forte, o condutor coloca as mãos atrás da cabeça e olha para a porta do apartamento de Tess, vendo que a garota já tinha entrado. Talvez a garota não tivesse visto nada e era o que ele queria que fosse. Delsin não queria fraquejar em sua frente, já que ela havia demonstrado seu lado fraco. Era preciso tudo para conseguir que Tess confiasse no condutor e pudesse revelar seu segredo. Vendo que estava mais calmo, ele suspira e esfrega o rosto, encarando Fetch e Eugene.

         - Pelo menos conseguiu se acalmar, D. - a garota riu. - Vamos, vamos voltar para sua casa a pé.

         - Melhor, assim eu sei que você não vão trapacear. - Delsin falou, enquanto os três começavam a andar em direção a Uptown.

         - Querem apostar uma corrida à pé? - perguntou Eugene.

         - Cale a boca, Eugene. - Fetch riu.


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