InFamous: Sombras do Passado escrita por Stravinsky


Capítulo 3
Bom começo




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O condutor havia recém tomado o café da manhã e após correr até chegar ao centro de Seattle, ele vê o apartamento aonde Nicholas e Tess haviam se mudado. De acordo com Ben, era um duplex em um grande prédio, sendo que as portas de entradas ficavam para a rua, com alguns apartamentos tendo ou sacadas ou jardins e no caso da nova família, eles tinham um jardim pequeno, junto com uma lareira em destruição. Delsin analisa o número que havia recebido, bate na porta e espera ela ser aberta pelo cientista cheio de tinta cinza nos cabelos ruivos.

         - Ah! Delsin! - ele disse. - Seja bem vindo novamente!

         - Hã... Seu cabelo está cinza.

         - Ah, deve ser da tinta. Entre, eu e Tess estamos tirando o papel de parede.

Entrando no lugar e sentindo um forte cheiro de tinta, ele vê Tess, de cabelos amarrados a um rabo de cavalo, usando um velho avental branco que agora tinha várias manchas coloridas por toda a roupa, enquanto puxava um papel de parede. O lugar era grande, cheio de grandes caixas pelo lugar, junto com móveis cobertos por um pano branco e o depressivo papel de parede que estava mais furado que um queijo, sendo arrancado pela garota.

         - Querida, olha quem veio nos ver. - disse Nicholas.

Tess solta o papel de parede e olha para o condutor, que apenas acena, coisa que a garota ignora e volta a puxar o objeto colado na parede. Nicholas arruma os óculos e vai em direção a um canto da sala que já havia sido removido o papel, sendo que tinha uma camada de tinta cinza, junto com um grande pincel e uma lata de tinta, enquanto Delsin vai até Tess.

         - Quer... Quer ajuda? - perguntou o condutor.

         - Não, obrigada. - ela disse, puxando com força o papel. - Eu posso... Me virar sozinha.

         - Mas acho que você... Você não vai conseguir isso tão fácil.

         - Eu me viro!

         - Mas...

         - Delsin, me deixa! Eu me viro!

Puxando mais uma vez para esgotar totalmente suas forças, o papel finalmente é arrancado e a garota é jogada para trás, caindo em Delsin.

         - Pelo cientista, vocês estão bem? - perguntou Nicholas, abaixando o pincel.

Ambos reclamam e começam a se levantar, se encarando. Delsin percebe que mesmo com os cabelos presos, Tess continuava a o encantar com seu olhar, até que ela reclama de algo em sua mão. Imediatamente, Nicholas larga o pincel no chão e corre até sua filha.

         - Ah, maldição! - reclamou a garota.

         - O que foi, Tess? - perguntou Nicholas.

Ela mostra um grande corte na palma da mão, que deveria ter sido feito pelo papel de parede rasgado.

         - Não se preocupe, querida, vai melhorar. - disse Nicholas.

         - Se você tivesse pedido minha ajuda, talvez isso não teria acontecido. - disse Delsin.

Olhando feio para o condutor, Tess pega o papel de parede ao chão, o enrola e o joga no chão da sala, pegando outro pincel ao lado da lata de tinta de Nicholas.

         - Delsin, me conte, como você descobriu que era condutor? - perguntou Nicholas, ainda pintando a parede.

         - Foi um acidente que houve com um carro do D.U.P. - disse Delsin. - Haviam três condutores dentro, dois conseguiram fugir e um ficou preso. Eu ajudei o condutor que ficou preso e ele me fez refém quando meu irmão apareceu. A única coisa que eu fiz foi pegar na mão dele e eu também ganhei a fumaça.

         - Eu espero que isso não tenha lhe causado muitos problemas - disse Nicholas. - Um dom assim é fantástico, Delsin.

O condutor riu e se encostou em uma das parede que ainda estavam com o papel de parede, a socando. Tess abaixa o pincel e coloca as duas mãos na cintura, dando a oportunidade de Delsin perceber que a palma da mão da garota estava normal, nem parecendo que havia ganhado um grande corte há muito pouco tempo.

         - Não acha que cinza é uma cor muito depressiva, pai? - perguntou Tess.

         - Não tão depressivo quanto esse papel de parede de caveiras. - disse Nicholas. - Acho que podemos chamar aquele seu amigo para vir pintar aqui.

         - O Blake? - perguntou Tess. - É uma boa ideia, eu ligo para ele.

Colocando o pincel no chão, a garota puxa o celular do bolso da calça e começa a digitar números na tela, enquanto subia as escadas para o segundo andar. Nicholas observa para ver se sua filha já estava fora das escadas, para largar o pincel, arrumar os óculos e ir até o condutor.

         - Delsin, preciso falar com você. - disse o cientista. - Preciso de uma ajuda sua.

         - Claro, o que?

         - Eu sei que nos conhecemos a pouco, mas você parece até ser mais normal que o antigo namorado da Tess.

O condutor ri.

         - Eu tento ser, senhor. Mesmo depois de ter feito tudo aquilo com a Augustine.

         - Eu sei que você fez para proteger os condutores e até mais outras pessoas.

         - Pode ter certeza disso, doutor.

         - Então eu peço para você que cuide da Tess por mim.

         - Espera... Cuidar?

         - É... Eu sei que isso pode parecer bem idiota. Meu emprego no laboratório de Seattle ocupa toda a manhã e quase toda a tarde e... Nós tivemos um pequeno problema em... Washington. Eu tenho medo que ela fique sozinha e algo aconteça.

         - Como o que?

         - É melhor você descobrir por conta própria, Delsin. Eu posso ser o pai da Tess, mas vai depender dela para você saber a verdade.

Pensando no que o cientista falou, o condutor houve o som dos passos que Tess dava com suas botas militares, descendo as escadas e segurando o celular em mãos ao chegar na sala.

         - Eu falei com o Blake. - disse Tess. - Ele e o pessoal chegam depois de amanhã em Seattle.

         - O pessoal? - perguntou Nicholas. - Está se referindo a todo o grupo?

         - Exatamente. - disse Tess, colocando o celular no bolso da calça novamente. - Eles estão em Edmonton, no Canadá. Vai demorar um pouco até eles chegarem aqui.

         - Isso, por um lado é ótimo, querida, porque eu e o Delsin conversamos a respeito de você. - disse Nicholas.

         - De... Mim? - perguntou Tess.

         - Sim e... - o cientista olha para Delsin, que balança a cabeça positivamente. - E ele vai cuidar de você enquanto eu estiver no trabalho.

Surpresa, a garota olha para o pai e em seguida para o condutor, que estava dando uma risada abafada.

         - Cuidar? - ela perguntou. - Você disse cuidar?

         - É, eu disse isso. - disse o cientista.

         - Pai, você pensa que eu ainda tenho 15 anos? - perguntou Tess. - Eu sei muito bem me virar sozinha! Não preciso de uma criança para me vigiar!

         - Então no caso, a criança seria você? - perguntou Delsin.

Tess olha feio para o condutor, enquanto o mesmo a encarava, rindo.

         - Querida, eu sei que você pode muito bem se virar sozinha! Você me provou isso em Las Vegas. - a garota riu ao se lembrar de uma das antigas cidades que ambos haviam morado. - Mas foi lá que eu vi que você não pode ficar sozinha e você sabe porque.

         - Então por isso você chamou o pior condutor de Seattle para fazer isso? - perguntou Tess. - O condutor que derrubou a Brooke do D.U.P.?

         - Brooke? - perguntou Delsin. - Quem chama ela assim?

         - Apenas quem era próximo dela, gênio. - disse Tess.

         - Tess, por favor, pare de ser que nem a sua mãe uma vez na vida e veja o que está acontecendo agora! - a filha olhou para o pai, sabendo que ele havia exagerado dessa vez. Ele suspira e a abraça. - Desculpa meu amor, me desculpa. Mas... Você sabe que não temos muitas opções agora. Eu sei que a personalidade da sua mãe está falando mais alto agora, - ambos riram. - Mas eu não vou te perder. Não agora e nem nunca. Nem que eu tenha que contratar um grupo de condutores para te proteger. E para que contratar eles, sendo que temos um que vale por um todo aqui?

Apontando para Delsin, Nicholas ri com Tess e o condutor. Era verdade, Delsin poderia valer como um exército inteiro, já que conseguia manipular quatro tipos de poderes e tinha conseguido expulsar o próprio D.U.P. de Seattle em menos de um ano. É, ele era o cara.

         - Então... Estamos combinados? - perguntou Nicholas.

A garota olha para Delsin e o observa. O condutor deveria ser alguns centímetros maior que ela, sendo que a garota deveria bater no ombro de Delsin e porque ele tinha uma corrente enrolada no braço? Talvez aquilo deveria ser das suas “aventuras” em Seattle enquanto ele procurava Augustine. Mas mesmo hesitando e ainda desconfiando de Delsin, ela arruma seu rabo de cavalo e cruza os braços.

         - Ok então. - disse Tess. - Eu acho que não tenho muita escolha. Mas é melhor você não ficar me incomodando e nem me espionando.

         - Ei, quem você pensa que eu sou? - perguntou Delsin.

         - Um vagabundo que só sabe ficar brincando de tudo. - disse Tess.

         - E tem algo que eu possa fazer para mudar essa sua impressão de mim? - perguntou Delsin.

         - Eu acho que sim. - ela o puxa pelo colete, enquanto Nicholas ria, e o leva para um canto do lugar. - Comece a tirar o papel de parede sem o rasgar.

O condutor ri e observa pai e filha voltarem a pintar a parede de cinza, enquanto ele mesmo começava a remover o papel de caveiras que havia na sala de estar. Fazer amizade com um cientista militar poderia ser para qualquer um, mas não Delsin. Nicholas era uma boa pessoa e deveria ter muita história para contar, mas sua filha... O condutor nunca havia enfrentado alguém como Tess, que mesmo se impondo a várias coisas, era fiel a suas escolhas e nunca parecia fraquejar. Ele mal havia a conhecido e será que já estava apaixonado por aquela garota chata e irritante que havia feito seu machucado desaparecer? Será que ela era uma condutora? Se fosse, não se parecia nada com uma.

Mesmo sendo fim de semana, Delsin sabia que Fetch e Eugene deveriam estar por ai, zoando como eles sempre faziam e seria difícil os encontrar antes das oito da noite, então ele decidiu voltar para a casa e dar uma descansada, já que havia acordado cedo para encontrar a família Wright. Assim que entra no apartamento e tranca a porta, ele percebe que havia alguém sentado no sofá e tomava uma de suas cervejas. O ser bebe um gole, tosse e se levanta, mostrando ser Ben, sem sua jaqueta cinza, sendo que ela estava ao seu lado, mostrando uma camisa lisa de manga curta e branca.

         - Cara, que tipo de cerveja é essa? - perguntou Ben. Ele tosse várias vezes. - Parece que foi deixado na geladeira depois da validade!

Delsin ri e toma a lata de sua mão, bebendo um gole.

         - Você não sabe apreciar uma boa bebida. - ele disse rindo. O condutor olha para a porta e em seguida olha para Ben. - E como entrou na minha casa, sendo que só eu tenho a chave?

         - Do que é feita sua maçaneta?

         - Bom, eu acho que deve ser de cobre ou então... - ele pára e pensa, voltando a olhar para Ben, que pega a lata de suas mãos. - Você é um filho da mãe, Ben!

         - Eu sempre soube disso. - disse Ben, se sentando novamente no sofá. - E cuidado com essas mãos, você já tem poderes suficientes.

         - Não se preocupe, já aprendi a controlar. - ele se senta no sofá em frente a Ben. - Eu pelo menos acho...

O condutor de metais toma um gole da cerveja, fazendo uma careta que Delsin ri e em seguida se pergunta o que Ben fazia ali.

         - Então... Como foi com o Nick e a Tess ontem?

         - Aquela garota me deixou nos nervos! Meu Deus, Ben! Porque não me disse que ela era bem nervosinha?

         - Queria ver como você iria se sair. - Ben bebe mais um gole da cerveja. - Tess é uma garota difícil porque o ramo que ela seguiu precisa desse tipo de comportamento. Ela é militar, você sabia?

         - Não brinca! E você me pediu para receber eles porque os militares querem minha cabeça porque eu derrubei o D.U.P.?

         - Nada disso, cara. O Nick está aposentado desde que ela nasceu e a Tess pode ter entrado para o exército aos 13...

         - 13? Ela tinha 13 anos quando entrou? - perguntou Delsin, surpreso. - Eu pensei que tinha uma idade certa!

         - E tem, mas os pais dela foram militares e com a permissão do Nick, ela pode começar bem cedo.

Delsin suspira e se atira no sofá.

         - Se ela não tivesse sido tão grossa comigo, eu não iria conseguir imaginar ela levando uma arma. - disse o condutor de fumaça.

Ben riu e colocou nos pés na mesa que havia entre os sofás. Delsin também ri, mas pensa no que Nicholas havia lhe pedido mais cedo. Cuidar de Tess. Deveria ser algo muito sério para que ele pedisse que o condutor cuidasse de sua filha.

         - Pensando em algo, fumaça?

         - Nicholas falou que eles se mudaram inúmeras vezes, mas não disse o porque. Você sabe?

         - Eu não posso contar, fumaça. Isso é coisa da Tess. Você pode fazer ela falar, sendo amigo dela.

O condutor da fumaça ri e soca o sofá.

         - Como se eu fosse muito amigável, Ben.

         - Para mim você é. - Ben se levanta e coloca a lata em cima da mesa. - Bom, eu tenho que me mandar.

         - Mas ainda é cedo. Posso chamar a Fetch e o Eugene, nós podemos ficar conversando até mais tarde.

         - Nada disso, Delsin. Eu vou levar a Fetch lá em casa mais tarde. Para minha irmã conhecer ela.

         - Ah! Então aquela cabeça de neon resolveu me excluir das novidades?

         - Você vai ficar muito ocupado cuidando da Tess para ficar se preocupando com a Fetch.

         - Como você...

Ben pega a jaqueta ao seu lado, tira o celular do bolso e se levanta do sofá, mostrando o aparelho a Delsin.

         - Conhece a tecnologia chamada celular? Não é muito nova, já tem alguns anos.

Ambos condutores começam a rir e Delsin se levanta, dando um abraço em Ben.

         - Amanhã você me conta como foi o primeiro dia com a Tess, fumaça.

         - Olha, se eu ficar vivo até amanhã. Só espero que ela não atire em mim, posso ter cura rápida, mas não vou conseguir suportar muitos tiros de AK-47.

         - Não exagera, Delsin. No máximo, ela consegue acertar sua cabeça de longe enquanto você vem para a casa dela. - Ben coloca a jaqueta.

         - E ela é sniper?

         - Militares sabem mexer com a maioria das armas, Delsin.

         - Legal. Estou mega animado para amanhã.

         - Esse era o meu objetivo, cara.


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