Primaveras escrita por Melli


Capítulo 6
Capítulo 6




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/673903/chapter/6

— Vamos acordar, mocinha! – minha mãe dizia, me dando alguns cutucões.

Não queria levantar de jeito nenhum! Acho que com quatro aninhos já era hora de começar a ir para a escolinha, não é mesmo? Pois era exatamente isso o que iria acontecer. Acordei, com o travesseiro nas mãos, e esfregando os olhos parti em direção ao banheiro. Logo, minha mãe apareceu para me dar banho.

— Você está ficando grandinha, filha. Não acha que está hora de aprender a tomar banho sozinha?

— Oba! Mas eu quero que a mãe me dê banho...

— Ok, hoje eu te dou banho, mas depois você vai tentar sozinha.

— Tá!-sorri.

Depois do banho, me enrolei na toalha e fui para meu quartinho. Em cima da cama, uma blusa branca com um emblema de uma rosa vinho e short saia na mesma cor. Este era o uniforme da minha nova escolinha. Eu ainda estava com muito sono, quando mamãe colocava o uniforme em mim, coisa rara de se acontecer... Eu, ficar quietinha pra colocar roupa? Milagre! Depois disso, ela penteou meus cabelos (e dessa vez não doeu!) e colocou uma linda tiara vermelha, a qual tinha como enfeite, um pequeno laço de fita. Meias três quartos, sapatilhas polidas... Me pergunto onde mamãe conseguiu dinheiro para comprar tudo isso... Ah! Papai já está trabalhando, com isso já deu para comprar meu uniforme. Desci com mamãe para a cozinha, vovó Savannah estava por lá, fazendo o café. Parece que ela ficou feliz em me ver de uniforme.

— Bom dia, Melli! – dizia vovó, enquanto colocava um bolo sobre a mesa.

— Vamos, filha... Diga bom dia para sua avó.

— Bom dia. – ainda estava com um pouco de sono.

Me sentei em uma cadeira que estava perto da janela. Fiquei de joelhos nela e me coloquei a observar a paisagem do lado de fora. Tudo estava tão escuro... As vacas ainda não estavam no pasto, e nem os cavalos estavam soltos. Ouvia-se o galo cantar e ao longe, de trás das montanhas, eu via uma pequena claridade. Fiquei intrigada com aquilo, e comecei a fazer perguntas para minha avó.

— Vó...

— Diga, filha...

— Onde tá o sol?

— Ele vai acordar daqui a pouco!

— Ele tava dormindo?

— Sim... Ele vai dormir de noite, e acorda de manhã.

— Ah... Eu também!

O café já estava na mesa, e eu começava a despertar quando vi aquela imensidão de coisas gostosas para comer. Pães, bolos, bolachinhas... Tudo aquilo fez abrir meu apetite, tanto que comi mais do que costumava. Depois de tomar café, subi para escovar meus dentinhos, quando desci, mamãe estava preparando meu lanche, onde feito isso, pudemos partir. 20 minutos seria o tempo para chegar até a escola, 10 minutos para ir da fazenda até a cidade, e mais 10 até chegar na escola, que se localizava no centro. Mamãe foi quem me levou de carro até lá, já que meu pai estava viajando a trabalho. O carro parou diante de um imenso portão e atrás dele, via-se milhares de crianças, tanto grandes, quanto pequenas. Algumas correndo, outras cantando, algumas sentadas no chão brincando com jogos... Minha mãe desceu do carro e me ajudou a fazer o mesmo. Com uma mão, ela segurava minha mochila e com a outra, segurava minha mão enquanto atravessávamos a rua. Adentramos aquele portão e mamãe ainda me segurava pela mão. Logo, chegamos a um corredor enorme o qual estava enfeitado por milhares de desenhos e trabalhos que com certeza seriam dos aluninhos que estudavam ali. Na porta de uma das salas, uma moça de cabelos curtos e óculos aguardava algo com um largo sorriso no rosto.

— Olá, bom dia! – disse a moça de óculos.

— Bom dia! Professora Christine?- mamãe perguntava.

— Isso mesmo! E quem é a pequena?

— Esta é a Amellie, mas pode chama-la de Melli. Diga um oi para ela, filha!

Enquanto a moça dos cabelos curtos se abaixava até mim, eu me escondia atras das pernas da minha mãe. Ai, que vergonha dessa moça... Ela me parece legal,mas tenho vergonha. Não quero deixar minha mamãe...

— Venha, entre... Seus amiguinhos já estão aqui! – dizia a moça, me pegando pela mão.

Assim que vi minha mãe se distanciar, comecei a chorar, foi então que a moça tentou me acalmar me mostrando alguns brinquedos que haviam na sala. Sentei-me ao lado de uma menina que tinha duas tranças no cabelo e no fim delas, um laço de fita amarelo. Notava-se que ela ainda tinha algumas lágrimas escorrendo dos olhos cor de rosa os quais miravam os rechonchudos dedos, que deslizavam sobre a mesa. Na mesa vizinha, um casal de gêmeos brigavam por um vidro de cola brilhante. Cada um puxava o vidro para seu lado, até que o mesmo se abriu, fazendo esparramar cola pela mesa. A professora que ainda aguardava alguns alunos fora da sala, não percebeu a bagunça feita pelos dois, mas logo foi informada por uma criança que sentava ali perto. Quando todos chegaram na sala, a professora entrou na sala e encostou a porta, acabando com o barulho que adentrava os corredores.

— Bom dia, meu nome é Christine e serei a professora de vocês. Espero que todos estejam gostando da escola Red Roses e espero também que possamos ser ótimos amigos! Estou aqui para ajudar vocês no que quiserem. Se alguém sentir vontade de ir ai banheiro ou beber água, é só me chamar levantando a mão, entendido turma?

— Sim, professora! – respondeu em coro a turma.

— Ok então. Agora que já me apresentei, quero saber de vocês. Cada um vai levantar e dizer seu nome e sua idade...

Antes da professora terminar de dar o recado, muitas crianças saíram de seus lugares e começaram a tagarelar, mas logo a professora os repreendeu.

— Ei ei, crianças! Um de cada vez... Eu vou escolher quem começa. Você, de cabelo cor de rosa com tranças... Não tenha vergonha, chegue aqui no centro da sala e diga seu nome. – dizia a professora enquanto encaminhava a menina para o centro da sala.

A menina parecia não estar animada com aquilo tudo. Colocou-se em pé e segurando as mãos, disse em um tom de vóz quase imperceptível:

— Meu nome é Roxy...

— Quantos anos você tem?

— Tenho 5.

— Ah, que legal! Bem vinda á escola, Roxy.

— Agora... quem vou escolher? Venha você, ruivinha. Muito bonito seu cabelo, é uma cor diferente. Como você se chama?

— Sagiii! – a menina deu um pulo.

— Nossa, que alegria! Está gostando da escola?

— Aham! – ela balançava a cabeça inumeras vezes.

— Muito bem, agora chame o menino que está ao seu lado, por favor.

Sagi seu um empurrãozinho no menino que foi para o centro da sala com uma feição brava.

— Eu sou Sage tenho... tenho... não sei quantos anos eu tenho. – Sentou-se em seu lugar.

— Olha, que interessante! É seu irmão, Sagi?

— É, professora! Ele é meu irmão gêmeo!

E assim, todo muito foi se apresentando e eu achava super legal conhecer meus amiguinhos, tanto que já sentia uma enorme vontade de ir brincar com eles no parquinho que tinha no pátio da escola. Foi então que a professora me chamou para me apresentar.

— Mas que tiara bonita! Venha cá menininha...

Eu olhei para a professora e não sabia o que fazer. Fiquei parada no meu lugar, e ela me chamou de novo.

— Venha! – sorriu.

Eu me levantei e fui andando. Nem percebi que minha saia tinha enroscado na cadeira. Percebendo a situação, a professora veio até mim e me ajudou.

— Como se chama?

— Amellie – disse enquanto segurava a barra da saia.

— Pode soltar a saia... Não vai enrroscar mais. – dizia a professora.

— Tenho assim, ó. – mostrei quarto dedos da minha mão.

Acabada as apresentações, fizemos uma atividade de desenhar a nossa escola. A professora colocou muitos lápis de cera em cima da mesa á nossa disposição. Desenhar me deixou muito feliz, e parecia que também deixara Roxy mais animada.

— Olhe o meu sol.- Roxy me mostrava sua folha.

— Lindo sol. E o meu?

— Lindão! Haha, ele tem olho.

Eu estava muito feliz de conversar com ela. Dividimos os lápis de cera e rimos muito dos nossos desenhos. A professora anunciou a chegada do intervalo, com isso, muitas crianças corriam para as prateleiras onde haviam deixado suas lancheiras. Eu ainda estava um pouco tímida, não havia me familiarizado com a escola ainda, então, não corria de um lado para o outro como as outras crianças. Quando todo mundo pegou sua lancheira, tia Christine pediu para que nós formássemos duas filas : uma dos meninos e outra das meninas, em ordem de tamanho e foi aquela bagunça na hora de organizar, mas depois de um tempo, conseguimos entrar em um acordo. Chegando no pátio, a professora pediu para que todos ficássemos juntos, sentados nas mesinhas que tinham por ali. Era um lugar bem gostoso, com muitas árvores e sombra das boas. Oba, é assim que eu gosto!

Onde será que Roxy estaria? Ah sim, estava sentada no final da longa mesa, juntamente com outras meninas. Timidamente me sentei em um lugar vago no meio da mesa e abri minha lancheira, estendi minha toalhinha na mesa e coloquei meu lanche em cima dela. Quando ia morder meu sanduíche, escutei uma vozinha bem aguda me chamar.

— Oi.

Olhei para ver quem era, e me deparei com Sagi, a menina ruiva de maria chiquinha no cabelo. Ela me olhava com um grande sorriso e olhava também para meu sanduíche.

— Você gosta de biscoito de chocolate?- ela me perguntou.

— Eu... Adoro!

— Quer trocar seu sanduíche pelos meus biscoitos?

— Tudo bem! – disse dando meu sanduíche pra ela.

Até que essa menina parecia legal, estava sempre sorrindo... Depois que comemos, fomos até a brinquedoteca, onde mais uma vez a criançada saiu correndo em direção aos brinquedos. Sagi ficou comigo ali, mas logo achou algo para brincar e saiu de perto de mim. Eu estava sentada no chão vendo as outras crianças brincarem, quando vi um menino ruivo de olhos puxados brincando com um carrinho. Engraçado, ele se parecia muito com a Sagi...

— Nhéééúuu....pchhhhhh bibiiiiiii

— Oi... posso brincar com você? - Me aproximei dele.

— NÃO!

— Porque?

— VAI BRINCAR COM AS MENINAS! – dizia me dando um empurrão, que me fez cair no chão.

— Buáááá!

Sagi, que tinha visto tudo aquilo, apareceu por ali e deu um tapa no menino, que era seu irmão. Este, revidou puxando o cabelo dela, e assim, os 3 choravam. Tia Christine que estava conversando com outra professora na porta, parou imediatamente e foi ver o que de passava. Depois de uma conversa, todo mundo parou de brigar e de chorar. Estava na hora da saída e assim, todos puderam ir para suas casas depois do primeiro dia de aula.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Primaveras" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.