Primaveras escrita por Melli


Capítulo 5
Capítulo 5




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Sentada dentro do carro da vovó, eu olhava tudo em minha volta. Ficava tão distraída com as paisagens que passavam lá fora, que nem percebia que já não estávamos mais perto de casa. Nos aproximando da cidade, e pouco a pouco, era raro ver árvores altas, rios, mato e animais silvestres...  Com o nariz encostado no vidro do humilde carro, eu ficava impressionada com tudo o que aparecia, e não deixei minha mãe em paz com meus comentários.

— Mãe, mãe, mãe, olha aquele negócio!

— É, muito bonito não é?

— Eu quero!

— Aaiaiai...

Obviamente, a cidade era um lugar muito diferente da fazenda onde eu morava. Milhares de carros, prédios, muitas lojas, outdoors espalhados para todo canto, pessoas falavam alto... Aquele não era um lugar calmo como minha casa, mas tudo aquilo me deixava pasma. Logo chegamos em um prédio alto, onde deveria ser a firma que papai foi chamado. Só de olhar a altura do prédio, mamãe ficou espantada.

— Tem certeza que quer subir nessa coisa aí?

— Hahaha, pra que o medo, mulher? Isso aqui não desmorona não... É coisa moderna, coisa de gente da cidade.

É, pelo jeito não era só eu que estava abismada com tudo isso. Meus pais também estavam, e pelo jeito, nunca vieram para a cidade. Adentramos o tal prédio, e logo avistamos milhares de pessoas andando para todos os lados. Algumas riam, outras andavam apressadamente, deixando cair alguns papeis no chão... Mas que lugar caótico esse, não?  Eu estava ali, de mãos dadas para a minha mãe em minha inocência, olhava pra tudo e não entendia nada do que estava se passando ali. Só me contia em observar uma porta que se abria, na qual saíam muitas pessoas de dentro. Larguei da mão da minha mãe, e me aproximei da tal porta. Com um dedo na boca, eu olhava para aquilo, enquanto pessoas passavam entre mim dizendo:

— Olha que pequenina!

— Que graça de roupinha!

— Own, olhe os sapatinhos...

Enquanto eu era o alvo dos comentários do pessoal,mamãe me procurava desesperadamente. Percebendo a movimentação ali, resolveu entrar ali no meio e descobrir o que estava causando tal tumulto.

— Aí está você! Nunca mais suma de perto de mim, está escutando? – mamãe dizia me puxando pela mão.

— É sua filha? – uma mocinha que estava ali perguntou.

— Sim!

— Muito fofa ela. – sorria.

— Ah, muito obrigada... Fofa e muito sapeca hahaha!

— Desculpe senhora, preciso ir. Foi um prazer conversar com você e com a menina. Tchau!

— Igualmente. Tchau e tenha um ótimo serviço!

— Obrigada. – dizia a moça enquanto saía do prédio.

Depois de tudo o que aconteceu, entramos pela porta que eu tanto olhei, e dentro, tinha um senhor muito bem vestido, o qual educadamente dizia:

— Bom dia! Em qual andar desejam ficar?

Papai parecia estar empolgado. Não parava mais de sorrir e em certos momentos, era possível ver ele admirado com a estrutura do prédio. Seus olhos brilhavam e em seu coração, habitava a imensa vontade de conseguir um trabalho naquele dia, e tinha esperânça que aquilo aconteceria. Chegamos ao sétimo andar, onde papai iria saber se iria ser contratado ou não.  Logo quando saímos daquela tal porta, que deveria de chamar elevador, estávamos em um corredor silêncioso, o qual tinha carpete bege e paredes pintadas de um tom de creme. Ali, era notável também, as multiplas portas que se encontravam espalhadas por aquele longo corredor. Haviam também por ali, alguns bancos. Papai olhou para um papel, e depois para uma das portas.

— Sala 23. É, acho que é aqui.

Era uma porta de cor escura, com uma maçaneta tão polida, que cintilava e chegava a ofuscar a vista. No alto da porta, uma placa dourada que continha cravado o número da sala. Meu pai deu algumas batidas na porta e logo abriu.

— Com licença. – disse apontando a cabeça para dentro da sala.

— Toda. Vamos, pode entrar meu jovem. – dizia um senhor bigodudo que estava lá dentro.

— Vocês podem esperar aqui fora? – papai perguntou.

— Claro, nós esperamos. – disse mamãe com um leve sorriso.

Nos sentamos nos bancos que haviam ali. Passaram-se alguns minutos e nada de papai sair. Depois de uma hora ali esperando, eu começava a chorar, pedindo para ir para casa.

— Calma filha... Nós já vamos. – mamãe parecia estar quase dormindo.

Quando eu quase estava tendo um ataque de tédio, meu pai enfim saiu da sala com alguns papeis nas mãos. Estava contente, tanto que dentro do elevador contava tudo para mamãe.

— Daqui um mês, o moço disse que vai começar meu curso. Ele disse que vou ter que viajar...

— Como assim? Eles vão pagar seu curso?

— Sim, e irão pagar também a viagem.

Chegando no térreo, meu pai cumprimentou o porteiro do prédio, e assim saímos. Enquanto passava em frente a uma vitrine de loja, avistei minha adorável boneca. Meus olhos reluziam com duas pedras de ametista. Fiquei ali parada, quando minha mãe me puxou pela mão. Aquilo doeu... Au! Comecei a chorar e a berrar que queria a qualquer custo a boneca. Todos na rua olhavam para mim, enquanto isso, minha mãe só me pegou no colo e tentou me acalmar. Passado este episódio, meu pai decidiu dar mais uma volta pela cidade, só para apreciar mais aquele lugar o qual achamos tão bonito. Eu ainda estava um pouco emburrada quando entramos em um parque todo florido.

— Olhe quantas flores, filha!

— Quélu pegá!

Neste momento, meu pai me colocou sobre os ombros dele e me aproximou das tais flores. Eram muito belas! Florezinhasbrancas, levemente róseas, de pétalas tão delicadas... Assim, apanhei uma e segurei na minha mão. Depois de algumas voltas no parque,voltamos ao carro e fomos direto para casa.

Engana-se em pensar que meu dia acabou por aqui. Chagando em casa minha avó teria o desafio de cortar meu cabelo. Sentei em uma cadeira alta e logo que vi a tesoura, exclamei:

— NÃO!

— Se você se comportar, depois a vovó vai te dar uma surpresa.

— Oba!

Desta vez, vovó conseguiu cortar meus cabelinhos sem que eu fizesse escândalo, sendo assim, eu ganharia minha surpresa. Acabado de cortar minhas madeixas, vovó entrou em um quarto, do qual tirou uma caixa de embrulho vermelho.

— É pra você... Vamos, abra.

Rasguei todo o papel com um desejo enorme de saber o que tinha ali. Abri a caixa, e deitada no fundo dela, estava uma boneca com olhos de botão, cabelos de retalhos trançados e vestido de chita. Logo que a vi, dei um imenso abraço nela.

— Diga obrigada para a vovó, Melli! – dizia minha mãe.

— Obigada. – sorri.

— Agora da um abraço nela.

Dei um abraço bem gostoso na vovó Savannah e depois, Saí arrastando minha boneca a qual dei o nome de Linda. Dei diversos abraços e beijos nela. Rodopiei, cantei,dancei com ela... Estava muito feliz com a boneca nova.


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