Primaveras escrita por Melli


Capítulo 26
Capítulo 26




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/673903/chapter/26

Lá no ballet tudo ia muito bem! Até que enfim a chata da Karen parou de frequentar as aulas, porque eu já estava a ponto de chutar ela pra fora. Ah! Me acostumei com as aulas, comecei a gostar um pouco mais das músicas, e não me chateei por não conseguir fazer algo. Fiz muitas amizades por lá, entre elas, com uma menina que se chama Jully Himura, que era muito simpática e sempre me deixava usar o seu armário para guardar as minhas coisas, quando eu não conseguia achar um que estivesse vago. Jully era sempre muito solícita, do tipo que mesmo sem você buscar ajuda, ela já está ali ao seu lado pronta para te ajudar, e talvez isso era o que eu mais gostava nela, depois do cabelo com mechas azuis, que não sei se eram pintadas ou naturais. Por favor, deixem-me contar mais sobre o que fez a Karen ir embora, necessito contar isso! Foi por um motivo muito bobo. Claro, conhecendo a Karen como ela é, sabe-se que ela adora imitar um pavão. Digo... Adora se enfeitar demais, e nesta época, mais do que nunca, ela adorava se enfeitar. Um dia ia com coroa na cabeça, outra com brincos enormes ou pulseiras que faziam muito barulho ns aulas, além de ir cheia de maquiagem no rosto. Digamos que um dia a professora não aguentou mais e fez a coisa certa: Teve uma séria conversa com ela, dizendo que ela não poderia se enfeitar toda, porque todos aqueles acessórios iriam a atrapalhar, e que não era nada bonito ver uma bailarina cheia de coiseiras espalhadas pelo corpo. Não foi muito bem desse jeito que a professora falou, mas a Karen se sentiu muito ofendida e prometeu para a professora que o querido papaizinho dela iria tomar uma atitude frente ao que aconteceu, tanto que no outro dia estava lá o bajulador da filhinha mimada. Eles passaram horas conversando, e a todo momento o pai da Karen a defendia dizendo que ela era apenas uma criança, que não havia mal ela usar aquilo nas aulas e blábláblá, ele tentou fazer a cabeça da professora, mas ela não cedeu! Disse que enquanto a Karen estivesse lá, que ela tinha de obedecer as regras, como todas as outras meninas. E o que o papaizinho dela fez? A tirou das aulas e disse que ela faria aulas particulares em casa. No outro dia, na escola, tive que aguentar a falação dela dizendo que iria trazer uma professora de ballet da Rússia,e que o papai dela montou uma sala com barra, espelho e blábláblá pra ela na própria casa.

Enfim, eu não senti nem um pouco de inveja. Fiquei muito feliz ao receber essa notícia, e acho que poderia dar uma festa. Hahaha Mas mudando um pouco de assunto, naquele dia a escola iria realizar uma feira cultural. Obaa! E esta seria uma oportunidade de meus pais vizitarem minha escola para outro evento se não a chatíssima reunião de pais. Além dos nossos pais, nós alunos da Red Roses, poderíamos convidar alguns amigos e outros familiares, já que não era um evento do qual havia um limite de convidados. Como disse a professora: "Quanto mais convidados, melhor!" Então, já que eu poderia chamar quantas pessoas eu quisesse, acabei por convidar minha mãe, que com certeza iria, minhas colegas do apartamento e por ultimo., também convidei a Jully, já que ela tinha muita vontade em conhecer a minha escola. Naquele dia, depois da aula de ballet, o combinado era o seguinte: Tia Sara me buscaria no ballet, me levaria para a casa dela, onde lá os gêmeos me ajudariam com os ultimos detalhes para o meu projeto da feira, depois disso iríamos para a escola mais cedo, a fim de deixar tudo pronto, para que os projetos pudessem ser aplicados nos conformes.

— Melli, tem um menino lá fora procurando você! - Uma colega entrou no vestiário correndo, e por pouco não escorregou no chão.

— Um menino?

— Sim! Ele disse pra você ir logo porque ele está com pressa.

— Ai, estou com medo... Como ele é?

— Ele tem cabelo vermelho e...

— Ah, acho que é o Sage. - Saí do vestiário, rumo á saída e junto de mim vinham as colegas.

— Hmmmm é seu namorado?

— Claro que não! É só meu amigo.

— Aaaah sei! - Ironizou. - Porque outro dia te vi abraçando ele, hein?

— Mas eu nunca...

— Nhé nhé nhé, que foi bando de chatas? A Melli, minha namorada? Não é do interesse de vocês saber! Vão brincar de boneca, vão! -Sage interferiu na conversa, que agora ocorria do lado de fora.

— Mas que menino sem educação! Eu vou embora mesmo. Tchau Melli, até a próxima aula.

— Tchau Ashley! - Acenei enquanto deixei minha bolsa no chão.

Nunca eu colocara tanta coisa na minha bolsa! Parecia era que eu tinha colocado tijolo ali, e não roupas! Hahaha

— Me dê a sua bolsa. - Sage estendeu a mão.

— O que?

— Está pesada. Deixa que eu levo até o carro pra você.

— Ah tá. Toma. - Entreguei-lhe a bolsa pesada.

— Nossa menina, carrega pedra aqui?

— Não, são roupas. É que aí dentro tem muitas peças, e tem também toalha de banho.

— Ah, tô ligado.

— Mas Sage, onde está a Sagi?

— Ela foi ali na padaria comprar uns negócios e já deve ir pro carro.

O carro estava um pouco longe, por isso tivemos que virar a esquina e descer alguns quarteirões. Sage me disse que a mãe dele não tinha conseguido uma vaga mais perto, e por isso é que tivemos que andar bastante, mas o que mais me preocupava, era o fato de ele carregar minha bolsa pesada até lá. Nestas circunstâncias, ou em similares, eu sempre acabava me colocando no lugar das outras pessoas e pensando como elas. Mas ao mesmo tempo que eu pensava que ele poderia estar com dores por carregar aquela bolsa tão pesada, pensava que era um favor que estava me fazendo. Mas espere... Ele normalmente deixaria que eu carregasse a bolsa, independente de ser perto ou longe, então, se ele está carregando pra mim quer dizer que... Ele quer ser meu namorado? Movida por meus pensamentos, acabei andando demais, deixando ele para trás, vidrado em uma vitrine de brinquedos.

— Eeeeei! - Ele gritou lá de trás.

— Ah, nooossa! Eu te deixei e não vi!

— Venha ver!

— Mas e o carro? Não está longe?

— Ele esta aqui do lado! Olha mãe, é aquele jogo novo que eu te pedi!

Achei que ele estivesse falando sozinho, porque não consegui ver tia Sara e o carro em lugar nenhum, mas de repente, a voz dela responde:

— Deixa disso menino! Você tem um monte desses jogos e são todos iguais! Vamos logo, entre aqui no carro!

Eu agitava minha cabeça pra lá e pra cá tentando achar o carro, mas não conseguia.

— Vem logo! - Sage entrou no carro em frente a loja de brinquedos.

Antes que eu pudesse entrar, a figura saltitante chegou. Adivinha quem? Sagi, é claro, trazendo muitos embrulhos em baixo do braços. Anciosamente entrou no carro esparramando todos os pacotes nos bancos de trás.

— Filha, pra que tanta coisa? Eu te pedi para comprar apenas fermento. - Tia Sara olhava pelo retrovisor.

— Ah mãe, é que as rosquinhas estavam tão baratas, que eu resolvi levar. O pão estava na promoção, e resolvi também levar alguns, e as balinhas de goma estavam muito bonitas, e eu fiquei com vontade de comer...

— Está bem minha filha... Mas da próxima vez, compre apenas o que eu te pedir!

— Tá mãe.

— Vai, abre um saco aí e bora mandar pra dentro! - Sage cutucava a irmã.

— Nada disso! Antes do almoço nada de doces, entenderam?

— Sim, mamãe... - Responderam os dois, cabisbaixos.

— Vamos pra casa, vocês devem estar com fome. Está cansada, Melli?

— Ah, não muito, tia. Mas a aula de hoje foi muito legal! Nós aprendemos um passo novo!

— Que interessante! Logo você já vai se tornar uma grande bailarina!

— Ah... Eu nunca vi ela dançar. Um dia eu posso te assistir? - Sagi voltou-se para a amiga.

— Pode! Sempre a gente faz o dia do amigo lá na academia. Você já está convidada para acompanhar a minha aula neste dia!

— Obaaa!

— Eu hein! - Sage virou seu rosto para a janela, não mostrando interesse pela conversa.

— No final de todo ano nós nos apresentamos no teatro. É sempre muito lindo! Se vocês quiserem me assistir, eu vou ficar muuuuito feliz!

— Mãe, nós podemos? nós podemos? Diz que sim, vai, por favor! - Sagi passava pro banco da frente, ao lado da mãe.

— Sim, nós podemos! Agora volte lá pra trás, antes que eu seja multada por você andar sem cintos.

Depois que chegamos na casa dos gêmeos, ainda tínhamos coisas para tratar. Teríamos de terminar algumas partes do projeto a tempo, e para o meu, era necessário que fossem feitas algumas borboletinhas de papel, que seriam distribuídas como lembrança do nosso projeto da feira, que abordaria o tema da metamorfose da borboleta. Desta vez, os gêmeos decidiram fazer o trabalho sozinhos, o que me deixou junto da Alessa e da Roxy. Já os gêmeos, falariam de algo que é bem próximo para ambos, já que apresentam uma paixão imensa pelo tema: As artes marciais.

— Alguém poderia me ajudar a fazer mais borboletas, por favor? Eu preciso de mais! - Sentada ao chão, eu segurava um monte de papel.

— Borboleta? Isso é coisa de menininha! Além do mais, estou ocupado. Essa porcaria de impressora não imprime nada rápido! Ajuda ela, Sagi. - Impaciente, Sage andava de um lado para o outro em frente a impressora.

— Você não tem paciência mesmo, hein! Ela vai imprimir, a não ser que acabe a tinta.  - Disse a ruiva, sentando ao chão.

— Não diga isso...

— Como é que se faz as borboletas?

— Ah, é assim! - peguei um pedaço de papel verde - Primeiro você dobra aqui... Da uma torcidinha e cola aqui!

— Só isso?

— Sim!

— Aaaaah, é fácil! Vou pegar um vermelho, que é a cor que eu mais gosto.

Fiquei feliz de ela poder me ajudar, porque afinal, duas pessoas é melhor que uma, e eu acabaria rapidinho de fazer as borboletas. Mas eu ainda ficava pensando no momento em que o Sage me ajudou a carregar minha bolsa pesada. Pra mim era um pouco estranho, mas ao mesmo tempo muito lindo! Era estranho porque na infância ele me batia, quebrava meus brinquedos e tudo mais, e hoje ele quer me agradar repartindo bolo de chocolate, me ajudando com a bolsa... E acho que é por isso que nos tornamos tão amigos, mas eu ainda acho que ele gosta de mim! Ai, se ele gostar de mim, todos os dias ele vai repartir o seu lanche comigo, e me ajudar com a bolsa pesada, e vamos passar o intervalo juntos, e poderemos voltar sozinhos da escola e...

— Melli, porque está suspirando? Você está com dor?

— Não, não tem nada doendo.

— Parece que sim, hein! Quer remédio?

— Não...

— Então o que foi?

— Ah, não é nada não...

— É sim, pode dizeee... Oh, olha quanta cola você está despejando no papel!

— Hm? Aaaaai! Acho que colei minha mão. Hahahaha

— Viish, hahahaha Vai lá lavar, enquanto eu limpo aqui.

Corri pro banheiro, lavei a mão e voltei rápido, ainda rindo da situação.

— Bem, acho que já é o suficiente de borboletas.

— Oba! Então acabamos?

— Sim!

— E aí Sage, já terminou de imprimir as figuras?

— Acabei. Poxa, estou com fome... Minha barriga está roncando!

— Será que a Rachel já fez o almoço? Hoje eu quero comer macarrão! E você, o que quer, Melli?

— Ah... Eu não sei. Hahaha

— Hmm, "Eu não sei" não tem! hahaha.

De fato estávamos certos, porque a Rachel já estava com o almoço pronto e só estava aguardando a tia Sara e nós para que o almoço pudesse ser servido. Tia Sara era mesmo uma mulher muito boa! Ao invés de deixar que a Rachel só nos olhasse almoçar, ou que ela ficasse só com a obrigação de preparar a refeição, a Tia Sara deixava que ela se sentasse junto de nós para que juntos pudessemos comer, porque ela dizia que a Rachel também era da casa, era uma companhia tanto pra ela, quanto para os gêmeos desde que ela ficara sozinha com os dois em casa. Rachel era de confiança, e além de preparar as refeições, também cuidava dos gêmeos quando a Tia Sara tinha de sair. A confiança era tanta, que em poucas semanas de trabalho, Rachel conseguiu um quarto para residir na casa dos Yamazaki, e se tornou a melhor empregada que trabalhou ali.

Depois de nos arrumar, pegamos todas as coisas para a feira, e partimos para o carro. Estávamos ansiosos e ao mesmo tempo, muito nervosos também, pois iriam ter muitas pessoas na feira, e isso queria dizer que teríamos muitas visitas de curiosos em nossas barraquinhas, significando que teríamos de explicar muito bem, para que todos entendessem e saíssem satisfeitos dali. Quando chegamos na escola, os gêmeos seguiram para a sua barraca, e eu procurei Alessa e Roxy, as quais não foram difíceis de encontrar. Nossa barraca era enfeitada das famosas borboletinhas de papel, aquelas que a Sagi me ajudou a fazer. Ao fundo e nos lados internos, foram colados alguns cartázes, e em cima de algumas carteiras que foram cobertas por uma toalha, tínhamos três vidros: No primeiro tínhamos uma lagarta em um pedaço de graveto, no segundo um casulo preso a uma flor, e no terceiro, uma borboleta já morta. Quem foi que pegou estes três bichinhos? Eu! Mas confesso, minha avó me ajudou. Passei uma tarde com a vovó revirando o campo de margaridas, mas conseguimos encontrar os bichinhos! Bom, até que não foi tão difícil de encontrar.

Os portões da escola foram abertos, as pessoas entravam rapidamente, se instalando em algumas barraquinhas. Por sorte (ou não), a nossa ainda não tinha nenhuma visita. Estávamos reunidos no pátio, e como ele era grande, uma imensidão de barraquinhas foram montadas por ali, e todas estas barraquinhas não eram somente da quinta série, como também de todas as outras a seguir, até chegar ao ensino médio. Bem, estávamos ajeitando nossos chapéus "borboletosos" na cabeça, porque achávamos que um chapéu colorido iria acabar chamando mais a atenção para a nossa barraca, além da decoração que fizemos, e quando nos viramos para frente, nos deparamos com uma menininha em frente á nossa barraca. Era pequenina, magrelinha e segurava um saco enorme de pipoca nas mãos. Perguntamos o seu nome, e depois de um sorriso banguela ela disse: Me chamo Rebeca! Logo nossa pequena amiga perguntou o que era aquilo dentro dos potes, então expliquei a ela que eram bichinhos.

— Neste primeiro... - Segurei o pote nas mãos - É uma lagartinha, que assim como nós, precisa muito comer! Então, para que ela cresça, é preciso que se alimente da folha das plantas.

— Ah, mas que legal! E o que acontece depois que ela come come e come? Ela fica grandona?

Ao explicar, notei que algumas pessoas se aproximavam dali, e se posicionavam para ouvirem uma explicação.

— Depois que ela comeu muuuita folha... - Alessa pegou o segundo pote nas mãos. - A lagartinha passa por algumas transformações em seu corpo, o que acaba fazendo uma crisálida, ou seja, o casulo da borboleta!

— Casulo? - Perguntava Rebeca, mastigando pipoca.

— Sim! o casulo é um tipo de casinha, onde a borboleta fica.

— E é dentro desta casinha que a lagartinha vai crescendo, crescendo, crescendo, e mais mudanças vão acontecendo no corpo dela, e quando o casulo fica pequeno pra ela... Ela o estoura e sai voando por aí como uma liiinda borboleta! - Dizia Roxy, enquanto mostrava o terceiro vidro para todos.

— Obaaa, obaa! A borboleta vai embora! - A pequena menininha saltitava.

— Rebeca, onde está você? - Uma voz bem conhecida estava próxima.

— Acho que alguém está te procurando!

— Ah, até que enfim te achei! - Era Jully Himura. - Oh, Melli! te encontrei também, que bom!

— Bem, já que vocês acompanharam nossa apresentação, fiquem com uma borboletinha como forma de recordação. - Alessa estendia uma cesta cheia de borboletinha de papel para as pessoas.

— Oiii Jully! Que bom que você veio! Está gostando da feira?

— Estou sim! Nunca tinha vindo em uma feira tão animada quanto essa. Vejo que já conheceu minha priminha Rebeca.

— Oh, é sua priminha? Ela é muito fofa!

— Muito esperta também! -Roxy alisava os cabelos da menininha, que estava no colo de Jully.

— Eu quero mais, quero mais! - Rebeca recolhia duas borboletas da cesta.

— Só uma já está bom! -Jully tirava uma borboleta da mão da prima.

— Toma... -Ela pegou de novo. - É pra você!

— Ah, obrigada então! Melli, vou indo para aproveitar o resto da feira. Te vejo na aula de ballet na quinta!

— Até!

Nos apresentamos umas cinco ou seis vezes e a feira estava chegando ao final. Como percebemos que ninguém mais visitava a nossa barraca, acabamos fechando ela uns quarenta minutos antes da feira terminar, então fomos dar algumas voltas pela feira, e aproveitar para comer algo. Não andamos muito até que encontramos uma barraca com uma fila enorme e um alvoroço só! Nos aproximamos e o que escutamos das pessoas da fila foi: Estão dando biscoitos de graça! disseram que o suco é muito bom! E as balinhas de goma? São as melhores que comi!

Resolvi ir até a ponta da fila só para espionar e quem vi lá na frente entregando panfletos e saquinhos de biscoitos? Se você pensou na Karen, pode acreditar, era a própria. Junto dela estava o querido papai e mais um moço de cabelos roxos e olhos verdes, que entregava panfletos e sorria para todos os que passavam por ali.

— Gostou dos biscoitos, não é? Com certeza são os melhores que já comeu! Pegue este panfleto, temos a sua disposição uma variedade infinita de guloseimas! Teremos o maior prazer em ajuda-los! -O tiozinho dizia, todo sorridente.

Enquanto fiquei ali também escutei a Karen dizendo: Meu pai faz os melhores biscoitos! Obrigada pelo elogio. Podem levar quantos vocês quiserem! Com certeza ela estava fazendo a propaganda do negócio do pai. Enquanto eu estava ali bisbilhotando, Roxy e Alessa foram comer, e senti que alguém chegava por trás de mim.

— Bu!

— Aaaai! - Me assustei.

— Oie! E aí, como foram as apresentações? - Ufa, era a tia Sara.

— Boas! Foi muito legal, tia! nós falamos sobre as borboletas. Ah! tia, você gosta de biscoito?

— Gosto sim, porque?

— Venha comigo! - Puxei ela pela mão até dentro da barraca, perto do moço sorridente.

— Nossa, quantos biscoitos!

— MANHÊÊÊÊÊÊÊ!! - Um carro de corrida? um furacão? Não! Eram os gêmeos correndo rápido com uma lata de tinta em mãos.

— Cuidado, não corram se não...

Eu sabia que aquilo ia dar errado... Acabaram tropeçando em uma pedra, fazendo com que toda aquela tinta vermelha se espalhasse em cima do papi querido da Karen.

— Ma que bagunça é essa? Ah, vocês! Tinha que ser as pestes dos Yamazaki!

— Espere aí senhor... - Tia Sara resolveu defende-los.

— Espere aí coisa nenhuma! A senhora não sabe disciplinar seus filhos? Eles estão na escola, e não em um parque de diversões!

— Está chamando meus filhos de mau educados? Pois saiba que mal educado é o senhor que não deixa os outros falarem! Eles estão na escola sim, mas que eu saiba ninguém proíbe as crianças de correrem aqui! E em segundo lugar, foi um acidente. Eles tropeçaram na pedra, o senhor viu?

— Calma senhor, também não é assim... A moça está certa, aqui é o lugar das crianças brincarem, então é normal que corram. E a sua camisa, é só lavar que sai.

— Esta camisa é importada! Não sairá nunca mais... Aaaah estas pestes vão ver só!

— Pode deixar senhor! Irei lava-la e deixar tudo impecável!

— Ótimo!

Quando começou a confusão, acabei me escondendo ao lado da barraca e espiando tudo. E puxa, por pouco não sai pancadaria. Hahaha Mas percebi alguma coisa ali no meio... Não sei não... A Tia Sara e o moço do biscoito ficaram se olhando por um bom tempo, e os dois saíram em direção a cantina sem que o pai da Karen visse. Será que eles querem ser namorados? Ah, mas que lindo, que romântico, que fofo que...

— Sabia que é feio ficar espiando os outros? Hahaha - Sage chegou por trás de mim e quase me derrubou.

— M-m-mas eu não estava espiando... Eu só...

— Tudo bem, eles irão voltar. E você, quer dar uma volta também? Deve estar com fome, assim como eu.

— Eu? Ah sim, é verdade estou com fome!

— Vamos? A cabeçuda da Sagi está lá guardando lugar pra gente na fila.

— Vamos!

Quando chegamos na fila, Sagi estava lá guardando lugar para nós e logo atrás estava o Ken, todo acanhado esperando a sua vez chegar. Enquanto a fila não andava começamos a conversar com ele sobre a feira, e quase sem que nós percebessemos, um menino da sexta série entrou na frente do Ken, furando a fila.

— É, nós mostramos tudo sobre artes marciais e todo mundo gostou! - Sage dizia enquanto figia posicionar-se para golpear alguém.

— Ei ei ei... O final da fila é lá! - Sagi apontava.

— Pois eu já estava aqui. - Dizia o espertalhão.

— Mentira! O Ken estava aqui. Vá lá para trás...

— Mas...

— Vá pra trás, ou te quebro a fuça!

— Aaaaaah! - O medroso saiu correndo para o banheiro.

Naquele momento olhei para o Ken, e os olhos dele brilhavam como duas estrelinhas. Talvez eu deva ter entendido o porque, pois comigo acontecia a mesma coisa sempre que o Sage me defendia de alguém.

— Sagi... - Dizia Ken, segurando na camisa da menina.

— Oi?

— Pode deixar, eu compro algo pra você comer. Por favor, me deixe comprar como forma de agradecer o que você fez por mim.

— Hm? Ah não, não se preocupe, tá? - Sorriu.

Juro que ele quase desmaiou ali quando ela sorriu para ele, hahaha. Será que está apaixonado? Até hoje não sei o que deixa uma mulher apaixonada por um homem ou o contrário. Talvez eu não queira descobrir tão cedo, porque essa coisa de namoro e casamento são só para os grandes, e eu tenho só onze anos. Mas não nego que gosto muito do Sage, e que futuramente eu possa querer ele como namorado, porém eu o acho bonito, e quando ele fala comigo eu fico com vergonha e sinto um calor no meu rosto. E a tia Sara? Por onde será que anda? Bem, nos sentamos nos bancos pra comer e o Kentin queria a todo custo se sentar ao lado da Sagi, tanto que me disse para sentar em outro lado.

— Só tem lugar pra três aí... E agora, onde eu vou sentar? - De pé, eu olhava para os três no banco.

— Pode ficar com o meu lugar, eu fico de pé. -Sage se levantou.

— Sage anda muito bonzinho... O que te deu menino? Você é um bicho do mato... Estou te estranhando. - Sagi cutucava o irmão.

— Fica quieta... Vai Melli, pode sentar. Eu não ligo de ficar em pé.

Enquanto isso, o Ken colocava delicadamente sua cabeça no ombro da Sagi. E ela paralisada, não entendia nada. Sage e eu caímos na risada.

— Ele dormiu? - Quis saber a ruiva.

— Não, está bem acordado! -Hahahaha

— Ken... Você poderia...

— ~ suspiro ~ Você é tão bonita... E valente...

— E-eu? M-mas... Sage, o que eu faço?

Sage não conseguia dizer nada, apenas chorava de tanto rir.

— Sage, seu besta! Ao invés de rir, deveria era me ajudar!

— Eu nunca te disse isso, mas gosto de você... Gosto muito de você!

Quando ele ia abraça-la, ela saiu correndo pro banheiro, e ele foi atrás dela.

— Hahaha um menino... Gostando da Sagi... Hahahaha - Sage apoiava as mãos no joelho para não cair.

— Mas o que tem de mau? -Perguntei.

— Sagi é tão molecona, que nenhum menino a quer. Hahahaha

— Hm, o Ken pelo jeito gosta dela do jeito que ela é.

— E você, vai me dizer que também está gostando de um menino?

— Eu... Eu... Não, claro que não estou. Minha mãe me diz que sou criança ainda, e não tenho que pensar nisso agora.

— Não gosta de ninguém, é? Pois ficou nervosa demais pra responder... Vamos, pode me dizer quem é, eu não digo pra ninguém.

Eu sentia tanta vergonha naquele momento, que sequer olhava pro rosto do Sage, e tudo o que eu fiz foi abaixar a cabeça para evitar contato visual. Quando eu estava quase saindo correndo dali, minha mãe apareceu, e disse que tinha me procurado na barraca, mas que já não estávamos lá, então eu disse que fechamos mais cedo porque ninguém estava visitando mais. O sol estava se pondo e estava na hora de todos irmos embora, mas e tia Sara? Onde estaria?

~ Naquele mesmo instante, um pouco distante dali... ~

— Puxa, conversamos tanto que até me esqueci de me apresentar! Me desculpe... - Dizia tia Sara.

— Ora, que isso... Não se preocupe. Sou Leon, muito prazer. - Carinhosamente segurou a mão de tia Sara e a beijou.

— O prazer é meu. Me chamo Sara. Sara Yamazaki. - Um pouco acanhada, sorriu.

— Você é mãe dos gêmeos, acertei?

— Sim, sou mãe dos dois. São muito elétricos, não é?

— Hahahaha São crianças, é normal que não pare no lugar. É bom mesmo que eles brinquem, porque daqui a pouco...

— Irão crescer! Hahaha Eu concordo com você, por isso os deixo brincar a vontade. Se querem trazer os amiguinhos em casa eu deixo, se querem acampar eu deixo, se querem brincar na rua eu deixo, mas sempre fico de olho!

— Que legal! Então eles brincam bastante.

 - Sim! Sabe, eu sou mãe solteira, então prefiro ocupa-los um pouco para que não pensem muito no pai...

— Desculpe perguntar, mas ele faleceu?

— Não, é que me divorciei quando os gêmeos eram pequenos, mas as vezes eles me perguntam do pai e eu não sei o que dizer...

— Oh, é mesmo uma situação difícil. Me desculpe, mas vou ter que ir. O patrão deve estar me procurando, e ainda tenho que lavar a camisa dele.

— Ah sim, tudo bem! Adorei te conhecer, Leon! Nos vemos por aí qualquer dia...

— Tome. - Ele entregou um papel á ela. -Este é meu endereço e telefone. Qualquer dia passa lá em casa com as crianças para jantar. Me sentirei honrado com a companhia de vocês.

— Oh! Muito obrigada! Gentil de sua parte em nos convidar para um jantar. -Sorriu.

— Adorei te conhecer também! Aliás, você é uma senhorita encantadora... - Delicadamente beijou a mão de tia Sara de novo. - Até mais!

Ele saiu meio apressado e a tia ficou ali sentada no banco, imóvel e suspirando. Ah, mais um casal de apaixonados formado! Ou será que não? Ah, não sei, mas tudo indica que daí brotará um amor. Ai que romântico! Eu adoro coisas românticas... Bem, depois de muitos suspiros apaixonados a tia Sara acabou nos encontrando do outro lado do pátio bem quando eu estava por ir embora, e eis que as duas mamães travaram uma conversa. Como eram amigas ha muito tempo, a tia Sara acabou contando do Leon, e mamãe ficou muito feliz em ouvir aquilo, pois há muito tempo a tia Sara estava sozinha cuidado dos gêmeos, e um papai novo não seria má ideia. Depois que elas conversaram, cada um seguiu para a sua casa. Que dia, não?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Primaveras" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.