Primaveras escrita por Melli


Capítulo 11
Capítulo 11




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— Lalalalala, você não me pega... – Eu mostrava a língua para Lysandre, provocando-o para me alcançar.

— Vou siiim, porque sou muito rápido! – Rapidamente, ele correu em minha direção.

— Haha, aqui eu tô salva! – Encostei as mãos em uma grande árvore.

Da área de casa, mamãe e vovó observavam nossas brincadeiras enquanto conversavam. Mamãe estava triste, e deveria estar chorando, pois além de estar com o rosto vermelho, ela suspirava sem parar. Doía seu coração em pensar que iria sair da casa de sua mãe, que agora, a vida iria começar a apertar. Sua mãe, amiga de todas as horas, solícita para tudo, não estaria mais presente em sua casa.

— Vou sentir falta daqui... – Mamãe levantou-se da cadeira e olhou a paisagem em sua volta.

— Mas foi você quem quis. Eu disse que poderiam ficar... – Vovó Savannah também parecia um pouco triste.

— É o melhor a ser feito. Não me leve a mal mãe, mas agora Max, eu e a Melli precisamos de uma casa pra gente.

— Tudo bem, é você quem sabe... – Mirou o chão com olhar tristonho.

— Agora que a pequena fez amizades... Vai ter de deixar os amigos... – Agora, me olhava brincar.

— Sim, mas podem voltar aqui quando quiser! Nunca negarei a visita de vocês. – Vovó Savannah abraçava mamãe, que chorava mais ainda.

— Mãããe! – Apareci correndo e abracei as pernas dela.

— Diga. – Ela limpava as lágrimas.

— Porque tá chorando?

— Nada filha... Entrou um coisinho nos meus olhos e está fazendo isso.

— Ah... Mãe, mãe, posso ir na cachoeira nadar?

— Você vai sozinha?

— Não. O Lysandre vai comigo! – sorri.

— Mas eu não vou deixa-los irem sozinhos é nunca! Vou acompanha-los. – Calçava os chinelos.

— LYSAAANDRE, LYSAAANDRE, MINHA MÃE VAI LEVAR A GENTE! – Sai correndo e berrando em direção a ele.

— Quer ir também, mãe?

— Não, muito obrigada. Não gosto muito de água. – Dizendo isso, vovó entrou em casa.

Logo, Lysandre apareceu com uma toalha no pescoço. Parecia estar bem feliz, pois saltitava sem parar. Depois de mamãe aparecer com duas toalhas, partimos em direção á cachoeira cantarolando felizes da vida.

— Sua mãe deixou você ir, Lysandre?

— Sim!

— Ei filha, você já ensinou para ele a musica do sapo? – dizia minha mãe.

— Ele sabe a do sapo não lava o pé.

— Vamos cantaaaar? – Lysandre pediu.

— Vamos!

Cantamos por alguns minutos, quando avistamos em meio às árvores, algo que parecia ser água. Percebemos também, que fazia um maravilhoso som.

— Bem, acho que chegamos.

— Ebaaaaa! – Saimos correndo.

Mas antes que chegássemos até a água, mamãe nos segurou pelo braço. Aquela cachoeira não era muito funda, mas crianças de seis anos de idade não poderiam ficar sozinhas naquele local, já que era arriscado acontecer algum afogamento, ou outra coisa. Era um local de uma beleza esplêndida! Ao fundo, a enorme cachoeira caía em um lago cercado de pedras. O lago também era uma coisa bela de se ver. A água era transparente, onde era possível ver as pedras do fundo, e também, alguns peixes pequenos que habitavam ali. Sentamos em uma pedra, que ficava na beirada do lago, e colocamos nossos pés na água. Ui, estava gelada! Olhei para o lado e vi Lysandre já fazendo farra na água. Batia as mãos na água, jogava água em mim, enfim, parecia que a água fria não o intimidava. Enquanto ele jogava água em mim, eu fugia daquela situação escondendo-se atrás de minha mãe.

— Tia Liza... A Melli não quer brincar comigo... – Lysandre sentou em uma pedra e abaixou a cabeça.

— Não fica triste, ela só está com frio. Daqui a pouco ela se acostuma com a água. – sorriu.

— É mesmo?

— Sim! Jogue mais água nela, que você verá. Hahaha.

— Meelli, vem brincar comigo! – Ele jogava mais água em mim.

— Corre, porque o tubarão vai te pegaaar... – Com a ponta do pé, chutei um pouco de água em direção a ele. 

— Quem vai ser o tubarão?

— EEU! – saí nadando atrás dele, que esquivava-se se mim.

— Crianças, nadem somente nesta parte aqui, onde é raso. – Minha mãe apontava.

— Tá! – respondemos.

— Tubarão quer comer... Tubarão quer o Lysaaaandreee. – Eu imitava uma voz tenebrosa, enquanto partia para cima dele.

— Vai ter que me pega-ar!

— Pegueeeei!

— Então agora, eu sou um tubarão e você é um... um...

— Uma sereia!

— Boa ideia! Eu vou pegar você, sereiaaaa!

— Tubarão malvado, não pode me machucar...

— Porque?

— Meu papai vai chorar se você me machucar...

— Eu... Eu sou tubarão do bem, eu sou amigo!

— Então, me ajude a levar algumas pedras pra minha mamãe. Ela precisa pra construir a casa dela!

Aquela foi uma tarde realmente muito boa! Até mamãe acabou entrando na brincadeira e ajudou-nos a construir um castelo de pedregulhos. Mas logo quando voltamos para casa, a tristeza de mamãe parecia ter voltado e papai, que havia ido levar algumas coisas para a casa nova, estava de volta á fazenda. Mamãe subiu as a escadas de mãos dadas comigo, e me levou ao banheiro para que eu pudesse tomar banho, onde findado este, entrei em meu quarto, que, aliás, não parecia ser o mesmo.  Em meio aquele quarto era possível ver milhares de coisas encaixotadas encostadas ao lugar onde ficava o guarda roupa e em um canto, encostado a parede, estava meu colchão e o travesseiro.  Mamãe começou a vasculhar aquelas coisas, e acabou encontrando um álbum de fotos de quando eu era apenas um bebê.

— Veja filha... Esta aqui é você com quase uma semana de vida.

— Eu era bem pequetitica!

— Sim, e bem chorona também. Olhe esta foto... É de seu aniversário de dois anos.

— Olha, aquela ali é a vó Savannah?

— É ela sim, e a que está do lado dela, você sabe quem é?

— É você, mãe!

— Pois é... Tem foto aqui de você, o Leigh e o Lysandre também... Bem, vamos guardar isso, e continuar arrumando as coisas pra amanhã. – Ela parecia ter ficado triste, novamente.

— O que tem amanhã?

— Bem... Amanhã iremos nos mudar.  Vamos ir para um apartamento... – Mamãe suspirava.

— Eu não quero ir... Não quero. - Emburrei.

— Vai ser melhor pra gente, filha. Lá tem...

— NÃÃÃÃO...  O Leigh e o Lysandre vão ficar aqui... Buáááááá!

— Mas você vai ter amiguinhas lá também, filha... – Ela acariciava minha cabeça, na esperança de que eu ficasse mais calma.

— Não tem meus amiguinhos... buáááa!

— Deixa a mãe falar uma coisa pra você. – Ela se abaixou a minha altura. – Você irá ver eles toda vez que viermos aqui! Nós iremos voltar pra ver a vovó de vez em quando. Outra coisa, nós iremos morar perto da casa da Sagi, isso não é legal?

— É verdade?

— Sim! Vem cá, me de um abraço. – ela me envolveu em seus braços.

Agarrei o ursinho que meu pai me deu em um aniversário, encostei o nariz na janela, e suspirava observando a paisagem do lado de fora, que era consumida pela chuva. As árvores, as cercas, o balanço de pneu... Nada escapava da chuva, que também era acompanhada de um vento forte, que fazia um barulho estranho. Acabei adormecendo ali, e só acordei no outro dia com mamãe dizendo:

— É hora de partirmos.

Ainda sonolenta, eu desci as escadas, peguei um biscoito e fui para a área. Sentei-me na pequena mureta, e logo vi Lysandre e Leigh vindo em minha direção.

— Melli, você vai embora?

— Sim...

— Eu não quero que você vá... – Lysandre quase chorava.

— Fica aqui com a gente, Melli... –Leigh fazia cara de cachorrinho pidão.

— Eu... Não posso... – Uma lágrima escorreu de meus olhos.

— Bem... Estamos indo. Tchau mãe, obrigada por tudo! Desculpa por alguma coisa... - Mamãe abraçava vovó aos prantos.

— Tchau dona Savannah. Muito obrigada por deixar-nos morar aqui. Deus abençoe a senhora. – Papai também abraçou vovó.

— Venha se despedir de sua avó, filha.

Levantei da mureta, e fui em direção á minha avó.

— Tchau meu anjo. Tudo de bom pra você, e venha sempre ver a vovó, tá? – Ela me deu um beijo e um abraço gostoso.

Estávamos indo em direção ao carro, quando ouvimos Lysandre e Leigh gritando.

— Esperem, Esperem! Temos algo pra você.

— Leve esta pedrinha pra você se lembrar de mim. – Leigh tirou do bolso da camisa, um pedregulho com seu nome escrito com tinta e me deu um abraço.

— Eu vou sentir saudade da gente brincá... – Lysandre deu um beijo em minha bochecha e me entregou uma margarida. – Isso é para você...


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