Spencer Reid era um jovem americano, que se mudara para Londres após o internamento da mãe, numa instituição psiquiátrica. Dono dos seus 17 anos, era um rapaz alto de aspecto frágil, e cabelos claros compridos. Procurava a sua sorte naquele novo continente, tão diferente da sua amada América, mas precisava de mudar o rumo da sua vida e não havia melhor maneira de o fazer.

Faziam duas semanas que se encontrava lá, sozinho, sem muito dinheiro para gastar em alojamento. Apesar das várias tentativas de arranjar um emprego, ninguém estava disposto a contratar um jovem de aspecto franzino e ainda por cima proveniente de um local tão remoto como o continente americano. Spencer também não procurava um emprego qualquer, gostava de encontrar um emprego que estivesse à altura do seu intelecto, bastante desenvolvido tendo em conta a sua idade.

Datava de 13 de Setembro de 1896, quando pegara num jornal que alguém deixara cair na rua, pois não tinha posses que lhe permitissem comprar o jornal, e encontrara um curioso e pequeno anúncio, colocado num canto da penúltima página.

“Procura-se jovem, de preferência entre os 20 e 35, com conhecimentos a nível social, cientifico e médico para assistente a nível de investigação. Deve ser bem constituído e saudável. Para mais informações dirija-se a 211b em Baker Street.

Dr. John Watson “

Apesar de ser um bocado mais novo do que o pedido no anúncio, resolveu tentar a sua sorte, afinal era a oportunidade perfeita para mostrar o que valia. Tentou arranjar um pouco o seu aspecto descuidado, afinal não era todos os dias que se poderia candidatar a assistente do Dr. John Watson conhecido como sendo companheiro do brilhante Sherlock Holmes.

- Desculpe mas pode indicar-me a direcção de Baker Street? – perguntou Spencer a um dos muitos vagabundos da cidade

As indicações fornecidas eram minuciosamente precisas enumerando pormenores como o aspecto da calçada, o cheiro vulgar da Padaria Buffers que usava uma espécie de especiarias única, algo que o rapaz achou estranho, mas mesmo assim seguiu-as à risca. À porta do edifício, tirou da sua pequena saca um bloco de notas e um par de óculos que a sua mãe lhe dera pouco tempo antes do seu internamento.  A porta fora-lhe aberta por uma mulher que aparentava os seus 56 anos, talvez viúva, que o conduzira até ao segundo andar, onde se encontravam um homem, que pelo aspecto poderia dizer que era Dr. Watson.

-Desculpe meu jovem, mas o que o traz aqui? – Disse num tom solene o médico

-Vim responder ao seu anúncio no jornal de hoje, Dr. Watson. – Disse Spencer num tom nervoso – Vi-o hoje no jornal e achei que poderia ficar com o emprego.

- Anuncio?! – Perguntou confuso o britânico, sendo interrompido pela porta que batera.

Entrara um homem alto, nariz adunco e barba por fazer, pelo menos á uma semana. As roupas apresentavam um aspecto cuidado, á excepção das calças que apresentavam algumas manchas de terra. Parecia examina-lo com o olhar, fazendo o jovem sentir-se indefeso e pouco á vontade com a situação. Podia comparar-se a um animal pronto a ser dissecado pelo olhar misterioso do homem mais alto.

-Sim, Dr. Watson, já não se lembra do anúncio? Em que procuramos um novo assistente. - O olhar de Watson tornara-se mais confuso, como se ouvisse tal coisa pela primeira vez. - Agora você meu jovem, acha que tem as qualidades suficientes para este trabalho? – A sua voz era grave, no entanto melodiosa – alem do mais não serás um pouco novo para este trabalho?

-Suponhamos que sim, Sr. Holmes, que sou bastante novo para o emprego, mas isto só lhe trás vantagens… Além do mais já tenho alguma experiencia na área da investigação criminal, chegando a trabalhar como ajudante de Mr. Mortimer, o conceituado detective.

-Já ouvi falar sobre isso, mas nunca me surpreendeu que esse tal Mr Mortimer se tenha aproveitado do seu talento para a área arrecadando todos os lucros do seu trabalho. Nós iremos certamente deliberar sobre o assunto e amanhã com certeza será avisado na resposta.

-Obrigada Mr. Watson, Mr. Holmes.  Espero que tenham um óptimo dia. E Mr. Holmes – Holmes olhou-o nos olhos fixamente – Obrigada pela oportunidade e por me ter conduzido até cá.