Just Another Summer Love escrita por IsaW


Capítulo 22
Trick or Treat? - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Bom dia leitoresss!! Como vocês estão?
Trouxe mais um capítulo para vocês aproveitarem, e a parte dois já está no forno, quase prontinha!! Logo, logo estou de volta!
Boa leitura!



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Acordo no dia seguinte com dor de cabeça. O despertador toca alto quando eu empurro as cobertas para fora da cama e coloco meus pés gelados no chão. Antes de me arrumar para a aula, abro as cortinas da janela para ver o tempo lá fora. Depois da nevasca de ontem, o tempo abriu consideravelmente. Alguns amontoados de neve ainda se acumulavam nas calçadas, mas a maior parte da rua já estava limpa novamente. Opto por um suéter azul escuro e jeans brancas, e calço minhas botas marrons antes de descer as escadas.

—Bom dia, Nat.

—Feliz Halloween! – Minha irmã fecha a porta da geladeira com um iogurte em mãos. Usava um pijama azul claro de mangas longas e uma meia felpuda de bolinhas amarelas até o meio das canelas, e vê-la assim me lembrava a época do Natal na casa da vovó. Olho para o calendário pendurado ao lado da geladeira e suspiro com a data impressa: 31 de outubro.

—Tinha me esquecido de que dia era. – Pego um copo de água do armário e abro a torneira para enchê-lo. – Você não trabalha hoje?

— Não, hoje não. – Nat murmura, com a boca cheia de iogurte. – Vou almoçar com o Finn mais tarde, tudo bem?

Faço que sim com a cabeça enquanto tomo minha água.

—Acho que as aulas terminam mais cedo hoje. Vou pra casa da Riley, então.

—Tudo bem. Quer iogurte? – Ela oferece uma colher do creme de morango para mim.

—Não, vou passar na Gordon’s antes da aula. – Pego minha mochila no chão da sala e passo-a sobre o ombro. – Beijo, Nat.

—Se cuida! – Ela manda um beijo no ar antes de eu fechar a porta atrás de mim.

 

Dou graças a Deus por conseguir um lugar para estacionar na frente da Gordon’s. Quando abro a porta, Tina me lança um sorriso do balcão e faz um sinal para o funcionário limpando a máquina de café atrás dela.

—Um cappuccino quente, Giorgio.

O rapaz assente e começa a preparar meu pedido antes mesmo de eu chegar ao balcão e cumprimentar Tina. Ela pergunta sobre minha irmã enquanto eu lhe entrego o dinheiro trocado.

— Teremos algumas rosquinhas de graça hoje para o Halloween, se quiser passar aqui mais tarde. -Ela pisca para mim enquanto me entrega o copo com meu pedido.

— Acho que estou um pouco velha para doces ou travessuras – dou uma risadinha. – Mas não negaria essas rosquinhas por nada. Até mais tarde, Tina!

— Até logo, Bele, querida.

 

A caminho do colégio, escolho uma playlist calma. Canto junto da voz de The Weeknd em Earned It, sentindo minha dor de cabeça se esvair aos poucos. Escolho um lugar longe das árvores para estacionar o carro no pátio da escola, para que os blocos de neve acumulados nos galhos não caiam sobre o capô. Enquanto pego minhas coisas no banco de trás, a porta do motorista é aberta, e viro-me para encontrar uma Riley corada.

—Você chegou cedo hoje – Sua voz escandalosa está um pouco rouca por conta do frio.

—Bom dia pra você também, Ry. -Sorrio para ela, tirando meu cinto e saindo do carro com a mochila no ombro e o copo da Gordon’s na mão.

—Feliz Halloween! – Ela me abraça, e tenho que tirar o copo da frente para ela não esbarrar nele.

—Eu odeio Halloween. – reviro os olhos.

—Eu sei – Ela se afasta com as mãos nos meus ombros – Mas você vai ficar linda na fantasia que arrumei para você.

—Você está brincando, né?

—Ah, vamos – ela segura meu braço enquanto caminhamos em direção à camionete preta de Jason, que hoje parecia mais fosca. – você sabe da nossa tradição anual.

—Você vai fazer outra festa? – Reviro meus olhos novamente. – Você não me disse nada.

— E precisava? – ela dá de ombros – Como eu disse, se todo ano tem, já virou tradição.

Troco a bolsa de ombro e suspiro. Como sempre, a festa de Halloween desse ano será na casa da Ry. Desde pequenas, saíamos pela rua do bairro pedindo doces ou travessuras com fantasias que combinavam. Daphne e Velma, Alice e o coelho, as Meninas Super Poderosas... Fico nervosa só de lembrar que, no ano passado, tive que tirar todas as roupas verdes do guarda roupa até ela encontrar a “fantasia perfeita” para me vestir de Luigi. A partir de uma certa época, Riley criou o costume de preparar festas à fantasia para nossos colegas de classe, tornando seu evento e sua competição de fantasias anuais uma tradição entre muitos dos alunos do colégio.

—Espero que eu não precise revirar meu guarda-roupas de novo. – murmuro, tomando um gole de meu cappuccino. Repuxo meu nariz. Esqueci o açúcar.

—Fique tranquila, eu preparei tudo – Ela murmura, esfregando as mãos no meu braço.

—Por favor me digam que vocês estudaram para a prova de Literatura – Jason fecha a apostila que segurava nas mãos e faz bico quando nos aproximamos.

—Claro que sim – Riley responde, revirando os olhos, irônica – O professor Yusef nunca pega pesado nas provas Jay, relaxe.

—Onde está o Connor quando preciso? – Ele procura o carro de Conn pelo estacionamento e suspira, se encostando no capô de sua camionete. – Eu odeio semana de provas.

—Lembrando que sua formação depende disso – Peter, que estava sentado no capô, dá risada. Riley vai até ele, que a abraça entre suas pernas e deposita um beijo no topo de sua cabeça.

Jason me puxa para si e coloca o braço apoiado em meu ombro, em um abraço.

—É aquele período do ano de novo... – a voz dele sai em ritmo de música. Reviro meus olhos pela segunda vez naquela manhã.

—Nem me fale...- Tomo mais um gole do cappuccino. – Você vai hoje?

—Claro – Ele sorri – Ash preparou fantasias que combinam. Ela está determinada em ganhar o concurso esse ano.

Owwnnn... – Peter murmura – Que romântico.

Jason dá um tapa nele com a apostila e todos riem em uníssono.

Eu estava distraída naquela manhã. Enquanto bebia meu cappuccino, fixava meu olhar em um ponto no horizonte e ouvia o vento frio bater em minhas orelhas levemente, com as conversas de Peter e Jason ao fundo, baixas, como zumbidos de abelha. Penso em Connor, e em como eu tinha me divertido ontem, com ele e com Liam. Penso em seu abraço, e em como seu beijo me faria esquecer do frio incomum deste Outono. Então, sem perceber, penso em William. Por alguns segundos, tenho raiva de mim mesma por constantemente ter sua imagem em meus pensamentos. William me faz mal, me machuca, me deprime. Por que é que eu não conseguia tirá-lo da minha cabeça? Então, associo sua imagem ao dia em que ele me disse que sua mãe tinha falecido. Estaria tudo bem? Como ele estaria lidando com isso? Será que ele precisava de ajuda?

Tomo mais um gole de meu cappuccino. Drogaeu preciso de terapia.

—Ah! -Jason exclama, tirando-me de meus pensamentos – Minha aula particular chegou.

O carro de Connor passa por nós e ele o estaciona ao lado do meu, a poucos passos de nós. Connor sai do carro com dois livros na mão e a mochila preta pendurada em seu ombro direito. Ele usa uma jaqueta verde escura por cima de um suéter branco, que destacam os verdes de seus olhos. Seu cabelo tem fios bagunçados caindo em sua testa, e o estilo despojado dele me faz suspirar.

—E aí? – Ele se aproxima, os olhos fixados em mim e o sorriso torto pronto para ser erguido. Quando dou um passo à frente para cumprimenta-lo com um beijo, Jason o puxa pelo braço e abre sua apostila ao meio.

—Sobre William Faulkner, o que eu preciso saber? -Ele pergunta, apontando para a página.

Antes de responder, Connor dá uma olhadinha para mim, e eu sorrio para ele, tomando um gole de meu cappuccino enquanto ele sorri de volta.

—Ahn... tá, o importante aqui é saber que... – Connor começa a explicar, e eu volto meu olhar para o horizonte. Nos pés da escadaria da escola, vejo a razão de meus pensamentos confusos sentado sozinho. William parecia mais pálido que o normal, e ele não parecia saudável. Olhava para o horizonte como se procurasse algo, mas suas pálpebras estavam caídas e o rosto estava um pouco mais fino. Ele traga um cigarro antes de encontrar meu olhar. Mas eu não o desvio, e encaramos um ao outro por alguns longos segundos. Will dá um semi-sorriso fraco e acena com dois dedos para mim, depois abaixando o olhar e apagando o cigarro em um pequeno monte de neve acumulado entre suas pernas. Então ele se levanta e vai em direção à porta de entrada, desaparecendo de minha vista. E eu não sinto nada por ele além de pena.

— Feliz Halloween – sinto a mão de Connor passar por minha nuca e repousar em meu ombro esquerdo. Ele me dá um beijo no rosto que me esquentou por inteira. Coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha e sorrio para ele, tirando William de meus pensamentos.

—Cappuccino? – Ofereço meu copo, e ele aceita sem pensar duas vezes, tomando um longo gole do líquido quente.

—Sem açúcar? – Ele faz uma careta.

—Esqueci. – Pego o copo e tomo mais um gole. – Hoje estou meio distraída.

Connor franze a testa, mas não me questiona o porquê. Ele tira seu braço de meu ombro e sua mão vai de encontro com a minha. Sinto seus dedos entrelaçarem nos meus como uma luva quente me aquecendo. Lanço um sorriso gentil para Connor antes de ouvir o sinal da escola ecoar alto pelo estacionamento. Vamos em direção às escadas do prédio juntos, encontrando Ashley no meio do caminho, que diz estar animada para as últimas duas semanas de aula.

Queria poder dizer o mesmo.

>< 

A manhã passa rapidamente. A primeira prova que termino é a de Biologia, e apesar de eu e minha dupla nos confundirmos um pouco na preparação do microscópio, estou bem confiante do resultado. Depois, fiz a de História e Literatura, que foram relativamente tranquilas, mesmo ficando um tanto nervosa por ouvir Jason murmurar durante toda a prova, falando consigo mesmo. Saio da última avaliação antes do meio dia, e fico agradecida por estarmos liberados antes do almoço para o feriado de Halloween. Enfim, um ponto positivo desta data.

Como tinha combinado com Riley, espero ela sair da sua prova perto de seu carro, e quando a avisto descendo as escadarias do colégio, coloco minha mochila no ombro e dou um sinal com os dedos para ela. Saio do estacionamento perto das 12:30, seguindo o carro de Riley, e posso jurar que consigo ouvir a música do seu rádio quando abro uma fresta da minha janela. Almoçamos uma Lasanha maravilhosa, que fiz questão de repetir, e elogio incansavelmente a mãe de Ry por sua culinária. Depois de comer, subimos para o quarto de Ry e deitamos na sua cama, exaustas de tanto comer. Acho que acabo cochilando por um tempo, enquanto ela falava no telefone com Peter sobre os preparos da festa de hoje. E acabo acordando com Puffy, sua gatinha, me lambendo no rosto enquanto ronronava.

—Por quanto tempo eu dormi? – Pergunto, me levantando sonolenta. A gatinha mia para mim e eu passo minha mão pela extensão do seu corpo.

Riley olha por cima do ombro, sentada em sua escrivaninha com uma agulha em mãos.

—Bom dia! – Ela brinca – São quinze para as quatro. Trouxe biscoito.

Sigo o dedo de Riley, que apontava para seu criado mudo, e pego um biscoito quentinho de chocolate do prato azul. Ele tem um leve sabor de menta.

—O que tá fazendo? – pergunto, entre mastigadas.

—Ajustes no meu vestido para o festival. – Ela mostra. Levanto-me para ir até sua escrivaninha. Na mesa, vejo uma saia cor-de-rosa longa e de babados, que combinava com o busto prateado do vestido de Ry. -Estou tão ansiosa para a formatura... – Ela suspira.

Ah, claro, o tão esperado curso de moda era o sonho de Ry desde criança. Lembro-me como se fosse ontem do dia em que ela me convenceu, pela primeira vez, a desfilar para os pais dela enquanto ela “fazia os vestidos” que eu usaria. Costumávamos prender as barras das saias de sua mãe nas minhas costas, para que não se arrastasse tanto, e eu demorava um pouco a descer as escadarias de sua casa com o salto alto largo dela. Sempre que chegava no andar de baixo, os pais de Ry aplaudiam o “vestido” e pediam por mais, e tudo que se ouvia em resposta eram os gritinhos animados da pequena Riley, que saia correndo pelo corredor para buscar outro look do guarda-roupa da mãe.

Riley havia optado pela UoT, a Universidade de Toronto, pela proximidade de casa e pelas altas avaliações e elogios relacionados ao curso de moda. E ela não via a hora de se formar no ensino médio e começar, de fato, a seguir seu sonho.

—Você não está animada? – Ela pergunta, direcionando sua agulha para a barra do vestido e passando-a por sua longitude.

Eu suspiro. Confesso que nunca tive certeza do que queria para minha vida depois do ensino médio. Tinha o sonho de ir para a faculdade, descobrir novas possibilidades, conhecer pessoas, estudar sobre coisas que eu amava, mas tenho muita dificuldade em assimilar esse sonho com meu futuro profissional. Passei um ano inteiro visitando o orientador do colégio no meu segundo ano, e já cogitei Arquitetura, Publicidade, Psicologia, e até mesmo Enfermagem. Mas minha escolha acabou sendo o Jornalismo, na UoT. Minha paixão sempre foi relacionada à leitura, à escrita, mas nunca havia pensado em trabalhar com isso. Depois de longas conversas com meu orientador e com Nat, senti-me intrigada pelo curso, mas não totalmente presa a ele.  

—Sim – eu digo, pensativa. – Estou animada.

—E Connor? Ele vai estar por aqui no ano que vem? – Ela indaga. E então eu paro de mastigar.

Eu não sabia o que Connor faria depois do ensino médio, e percebo que nossas perspectivas futuras nunca foram comentadas de fato. Começo a me perguntar se ele seguiria um caminho diferente do meu, se ele iria para outra cidade, outro estado, talvez. Engulo o biscoito com dificuldade.

—Acho que nunca comentei com ele sobre isso – Digo, sentando-me na beira da cama de Ry. Ela gira sua cadeira para me lançar um olhar sereno.

—Espero que ele fique. – Ela estica a mão e coloca sobre a minha - Mas se não ficar, está tudo bem, Bela. Vocês podem dar um jeito, não é?

Não sei o que responder para Riley. Connor faz parte da minha vida agora, e pensar em um futuro sem ele morando na casa da frente me deixava com medo e de estômago embrulhado. Paro para imaginar como seria se Connor ficasse na UoT comigo. Poderíamos ir para a faculdade juntos e discutir os mais diversos assuntos que aprenderíamos conforme as aulas. Passaríamos os intervalos das aulas no café mais próximo, tomando uma boa xícara de cappuccino açucarado, e Connor me leria suas incansáveis poesias, que escreveria durante suas aulas mais tediosas. Mordo meu lábio para tentar me afastar desses pensamentos e evitar uma possível ilusão. Riley percebe meu desconforto e suspira.

—Vem, vou te mostrar sua fantasia para hoje – Ela desvia do assunto, se levanta da escrivaninha e abre seu guarda-roupas, mas minha cabeça já está em outro lugar. Preciso questionar Connor sobre seu futuro, e sobre o nosso futuro, mas meu medo pela resposta quer me fazer desistir. Agarro-me à esperança de que ele fique por perto, que possamos continuar juntos, e que o que quer tivéssemos fosse muito mais que uma paixonite de verão.

E a voz de Connor, serena e calma, se repete em minha cabeça, como um mantra que me trazia paz, que me tranquilizava em meio a pensamentos tão agonizantes: Não importa o que aconteça, tudo vai ficar bem.


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