Just Another Summer Love escrita por IsaW


Capítulo 21
If Music be the food of Love, play on


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, como estão?
Caramba, 5 anos já desde o início dessa história!
A saudade de JASL bateu forte nos últimos dias, e peguei a história para reler nesse final de semana... E poxa! Nem dá pra acreditar que já tem anos desde que comecei a escrever o romance de Connor e Bela! Que saudades! (E que vontade de reescrever algumas partes dessa história... quem sabe no futuro?)
Pois bem, caros leitores, retomei a escrita de JASL com uma pitada de entusiasmo, e voltei com os meus amados clichês.
O capítulo a seguir já estava pronto para ser postado, e por isso trouxe ele aqui para vocês passarem um tempinho... pelo menos enquanto eu retomo ao hobby de escritora.
Tentarei postar os capítulos conforme for me inspirando, sinto que vocês precisam de um final para essa história!
Obrigada a quem ainda está comigo depois de tanto esses anos, e dou boas vindas aos novos leitores (caso estejam por aqui, mandem um olá).



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—Vocês realmente vão me deixar sem saber onde estamos indo? -Pergunto pela segunda vez, dividindo meu olhar entre Connor, no banco da frente, e Liam no de trás.

—Aham. -Liam cruza os braços no peito, depois fazendo sinal de zíper na boca.

Yep. -Connor diz, sem tirar os olhos da estrada. Ele tira uma das mãos do volante e a coloca espalmada no repouso de braço que me separava dele. -Só mais uma horinha... -Ele murmura, sorrindo. Estico minha mão para pegar a sua e entrelaço nossos dedos. Sua pele quente faz com que eu me esqueça do frio lá fora.

—Não acha meio arriscado sair na estrada com essa neve toda? -Eu pergunto, vendo os flocos de neve se acumularem no para brisas de seu carro.

—Fique tranquila, o máximo que pode acontecer é ficarmos presos em uma nevasca. -Ele brinca. Liam dá risada no banco de trás e eu sorrio para mim mesma. Nunca canso de ouvir o riso dele.

—Ah, e só para confirmar, que número você disse que calçava? -Connor pergunta. Olho para ele com os olhos arregalados.

—Como é que é?! -Digo. Liam dá gargalhadas altas no banco de trás e Connor o acompanha. Eu sorrio para os dois, mas nenhum deles me dá uma resposta. Então estico a mão e ligo o rádio em uma música qualquer, aumentando o som e ouvindo Liam murmurar a letra da música enquanto se remexia no banco de couro do carro de Connor. Fecho meus olhos quando pegamos a rodovia.

>< 

92 minutos depois, Connor anuncia que chegamos, onde quer que “aqui” seja. Ele faz uma curva leve à direita e nós passamos por uma via estreita, com árvores em ambos os lados da rua. A paisagem é tão bonita, que fico imaginando se elas formariam um túnel de folhas na primavera. A estrada de terra clara estava livre de neve, o que me fez supor que alguém teria a retirado dali mais cedo. As folhas de Outono repousavam sob algumas pedras que limitavam o caminho. Depois de mais ou menos quatro minutos naquele túnel de árvores alaranjadas, chegamos à um terreno cercado por um muro de pedras cinzas. O portão principal é de madeira escura, e Connor precisa sair do carro para abri-lo, e novamente depois para fechá-lo atrás de nós. A luz do sol, escondida entre nuvens pesadas de neve, dá à casa a aparência de mal-assombrada.

Ao passar pelo portão de madeira, uma outra estrada curta nos leva até a garagem. A casa é alta, com o segundo andar quase que inteiramente revestido por janelas compridas e amplas. É uma construção antiga, rústica, mas com um ar de “moderno” que me deixou encantada. A porta da frente era também de madeira, com um entalho, no centro, de um leão. As paredes de tijolos claros me fazem pensar que estou em algum momento entre a era medieval e a contemporânea.

Quando Connor abre a porta com uma chave, não posso deixar de suspirar. O interior da casa era ainda mais bonito que seu exterior. O piso de madeira estava brilhando, e os móveis claros contrastavam muito bem com o teto de vigas escuras. Uma lareira feita dos mesmos tijolos claros que eu havia visto lá fora estava na maior parede da sala de estar, e cortinas alaranjadas cobriam janelas que iam do teto ao chão. O lustre que Conn acendeu era de um estilo mais rústico, com pequenas bolinhas de cristal que brilhavam ao refletirem-se umas nas outras. 

As escadas eram estreitas, mas magníficas como todo o resto. Ao entrar pela porta, um quadro de frutas está disposto na parede da direita, sobre um móvel branco que continha alguns porta-retratos. Respiro fundo, sentindo o ar quente dos aquecedores da casa preencherem meu nariz e me esquentarem.

—O que achou? – Connor pergunta. Viro-me para ele e sorrio, dando de ombros.

—É um sonho.

Ele dá risada e deixa uma bolsa, que eu não percebia que carregava, cair no chão com um certo pesar. Antes que eu pudesse questioná-lo, Liam passa correndo por nós e vai até a sala de estar da lareira, puxando as cortinas laranjas de uma das janelas e deixando a luz do sol adentrar a casa. Ele começa a dar risada e pular de um lado para o outro.

—Você estava certo! Está mesmo congelado! -Ele diz, virando-se para Connor.

Conn lança um olhar um tanto malicioso para mim e levanta suas sobrancelhas. Sem dizer uma palavra, ele passa por mim e vai até Liam, olhando pela janela com um sorriso no rosto. Sou obrigada a segui-lo, e paro atrás dos dois para uma vista maravilhosa do quintal de trás.

—Eu te disse que estaria perfeito. -Conn murmura para Liam.

O que eu via, ao fundo da casa, era um lago, de tamanho razoável, que se encontrava impressionantemente congelado, por ainda estarmos no Outono. Os muros de pedra do terreno o cercavam e se perdiam no horizonte com as folhas dos pinheiros da floresta mais próxima encobrindo parte dele. A neve que se acumulava no topo das árvores parecia estar lá há pouco tempo. Viro-me para Connor, que me olha com curiosidade.

—E então...?

—Eu não sei nem o que dizer – respondo, com um sorriso no rosto.

—Não te falei que ela iria ficar sem palavras? -Liam aponta para Connor rindo, e depois para mim.

—Anda, - Conn pega minha mão e me puxa para o sofá de couro branco – preciso que experimente um sapato, Cinderela.

>< 

—Connor, é sério, isso aqui é pior que salto alto. -Eu digo, segurando seu braço com força enquanto ele me dá apoio para descermos o caminho de pedrinhas do jardim, até o lago.

—Isso é um baita treino de equilíbrio. -Ele dá risada, descendo mais alguns passos e esperando que eu o seguisse.

—Por que é que não colocamos esses malditos patins lá em baixo?

—Acredite em mim, descer o barranco de patins é melhor do que tentar levantar diretamente do gelo com eles.

Seguro-me com força nos braços de Connor quando dou uma leve escorregada na estradinha. Olho para ele com as sobrancelhas arqueadas.

—Eu juro que se eu cair você vai junto comigo. – Conn dá sua risada espontânea e eu sinto minha pele arrepiar por debaixo das minhas blusas.

—Andem logo ou esse sol vai acabar derretendo o gelo! -Liam grita, já do lago. Ele desliza seus pezinhos pelo gelo com uma facilidade impressionante. Seu corpinho pequeno gira duas vezes antes de ele escorregar e cair de bunda no chão, dando risada. Dois segundos depois, Liam já está de pé, fazendo gestos frenéticos com os braços para que Connor e eu descêssemos mais rápido. A minha caixinha de som está em seu volume máximo, apoiada sobre um dos três bancos de madeira que acompanhavam a margem do lago. Liam tinha colocado em uma playlist de Connor, e eu não reconheci a música que estava tocando.

Quando Connor e eu chegamos até a beira do lago, ele se solta de minha mão e se coloca de pé sobre o gelo, se desequilibrando milimetricamente, depois esticando seus braços para que eu me apoiasse nele.

—Prometo te segurar. -Ele diz, piscando para mim. Reviro meus olhos com um sorriso no rosto e estico minhas mãos para pegar nas suas. – Agora... coloque o pé direito no gelo devagar...

Tento fazer o que ele pede, mas assim que encosto a lâmina da bota naquela superfície, meu pé escorrega para frente e tenho que apertar os braços de Connor para voltar a me equilibrar.

—Com calma, Bela. – Ele dá uma risadinha leve. – Só apoie o pé, não tente andar.

Então coloco meu pé no gelo, tentando mantê-lo o mais estável possível, e assim que consigo me equilibrar, coloco o outro pé no gelo mais rapidamente, cambaleando um pouco antes de ganhar o equilíbrio outra vez.

—Agora estique esse corpo, Isabela – Connor diz, rindo de mim. Estou curvada, com os joelhos dobrados e a coluna torta. Levanto o rosto para ele e levanto minhas sobrancelhas.

—Se eu me mexer agora, eu juro que vou pro chão.

Ele sorri de lado, o canto direito de sua boca sendo puxado para cima como se estivesse preso por um anzol.

—Tente logo ou eu vou te soltar – Ele ameaça soltar meus braços, e eu grito um “não” ao mesmo tempo que me desequilibro e meu corpo é praticamente jogado contra o seu. Abraço ele com força, mas meus pés deslizam no gelo e eu não consigo me colocar de pé. A risada de Connor ecoa tão alta nos meus ouvidos, que ele mal consegue falar. – Bela... fica... de pé...

—VOCÊ ACHA QUE NÃO ESTOU TENTANDO? -Eu digo, irritada, com minha cara quase sendo esmagada contra o peito de Connor. Deslizo meus pés no gelo mais uma vez, e então sinto as mãos firmes de Connor me abraçarem no quadril e me puxarem para cima. Meu corpo é levemente erguido e eu coloco meus pés no gelo e, finalmente, consigo ficar de pé.

Connor ainda está rindo e ainda está me abraçando pelo quadril. Seu rosto está vermelho e eu tenho vontade de beijar suas bochechas rosadas.

—Quanto você pesa? – Diz, arfando, fingindo cansaço.

Dou um soco em seu ombro e mordo meu lábio em um sorriso.

—Babaca, duvido que você não caiu na primeira vez que andou com essas coisas aqui. -Aponto para meus pés.

—Depois de tudo isso— ele meneia a cabeça, referindo-se ao meu desequilíbrio pateta – eu ainda estou de pé, então acho que algumas coisas vêm do berço, né? – Connor dá de ombros, se gabando.

Reviro meus olhos e me afasto dele lentamente, empurrando seu corpo para longe e deixando que minhas botinhas deslizassem sozinha pelo gelo e me levassem para longe. Tenho que dobrar um pouco meus joelhos para me manter equilibrada, mas começo a achar que estou pegando o jeito.

Quando chego longe o suficiente, me concentro para tentar, efetivamente, patinar. Deslizo meus pés sobre o gelo como se fosse andar, mas com lentidão.

—Está indo bem!! – Grita Liam, do outro lado do lago. – Tente olhar para cima agora.

Percebo que meus olhos estão fixos nos meus pés. Quando levanto a cabeça, Connor está há poucos metros de mim, com os braços cruzados sobre o peito e seu sorriso de lado no rosto. Os cabelos desgrenhados dele possuem alguns flocos de neve nas pontas, o deixando ainda mais brilhante. Seu olhar penetra no meu com uma intensidade que não consigo descrever. Então, quando estou chegando perto dele, estico meus braços e ele estica os seus, e nossas mãos se agarram como se fossem feitas para isso.

No fundo, ouço a voz de Sam Smith cantar os primeiros versos de Lay Me Down. Tento fazer um giro no gelo mas me desequilibro, com um gritinho. E antes que eu virasse meus pés o suficiente para cair, Connor me puxa para si e me abraça, sua risada ecoando em meus ouvidos. Levanto meu rosto para vê-lo, e ele me lança seu melhor sorriso torto.

The moon, and the stars, are nothing without you

(As luas, as estrelas, elas não são nada sem você)

Your touch, your skin, where do I begin?

(Seu toque, sua pele, por onde começo?)

Naquele momento, eu não queria mais nada além dele. Eu poderia ficar horas ali, sentido o calor de seu corpo esquentar o meu, sentindo o leve balançar de corpos que os patins de gelo nos proporcionavam. Podia ouvir aquela música e me lembrar desse exato momento pelo resto de minha vida. O vento gelado não importava mais, a neve caindo não fazia diferença alguma. Porque eu estava com ele. E estar ali, sentindo sua presença, sentindo seu corpo colado ao meu, apoiando meu queixo em seu ombro e inspirando o cheiro de seu perfume, era tudo o que eu queria.

Me desencosto dele para encará-lo, e quando o faço, ele imediatamente inclina seu rosto para beijar meus lábios. Eles estão frios e um tanto rachados, mas ainda assim o toque deles contra os meus é especial. Sua língua é quente, e quando ela dança em minha boca eu sinto vontade de tirar meu casaco. Sua mão sai do apoio de meu quadril e vai até meu rosto, e ele o segura com suas luvas como se não quisesse que eu saísse dali nunca mais. Sinto nosso beijo esquentar, e quando tiro minha mão de seu torso para leva-las à sua nuca, acabo me desequilibrando. Em uma tentativa desesperada de me segurar, Connor tropeça no meu pé e eu sinto o gelo frio bater em minha perna, quando caio de lado no gelo, com o corpo de Connor por cima de mim.

—Meu Deus você tá bem? – Ele diz, em meio a gargalhadas. Acompanho sua risada, mas uma lágrima se forma no canto de meu olho direito.

—Ai – Eu digo, ainda rindo.

Liam vem do outro lado do lago e para na nossa frente, se contorcendo de rir.

— Não fique aí parado rindo, seu pestinha – Connor ri para ele – Me ajuda aqui – Ele estica a mão para o menino. E, em poucos instantes, estamos de volta no gelo e, depois de algumas tentativas, Connor consegue me rodopiar sob os patins sem escorregar e cair de bunda no chão.

>< 

—Sabe... – Connor move seu peão e tira meu cavalo da jogada, colocando a peça de volta na caixa de madeira branca que acompanhava o tabuleiro. – Acho que ficar preso nessa nevasca não foi tão ruim, afinal.

Connor arruma a almofada que usava de apoio para os cotovelos e deita no chão com a barriga para cima, esperando meu movimento no jogo. Ele olha para o teto, sorrindo. Consigo ver as covinhas de suas bochechas aparecerem levemente. Suspiro e puxo uma das cobertas que Connor deixou jogada no chão para cobrir minhas pernas. Fico de barriga para baixo no chão e apoio meu queixo em minhas mãos, analisando o tabuleiro.

—Se eu estivesse ganhando, eu diria a mesma coisa. -Eu digo, baixinho. Conn dá uma risada baixa e se vira para mim, também apoiando seu rosto em uma das mãos.

Olho pela janela e franzo a testa. Não consigo enxergar um palmo da paisagem lá fora. A nevasca veio de uma hora para a outra, em pleno Outono. Liam tinha comentado que não tinha visto previsão alguma para um temporal de neve, e Connor complementou com o irmão que, naquela parte do Canadá, nevascas inesperadas eram normais, e que costumavam durar menos de duas horas. Pego meu celular e olho as horas. Já passa das 14:30. Volto a deitar de bruços sobre as cobertas esticadas no chão da sala. Ao fundo, uma playlist de músicas calmas toca, e eu identifico a voz da cantora Celine Dion no refrão de Always be Your Girl.

—Está com fome? – Connor pergunta. Suspiro enquanto estico minha mão para alcançar a cesta de piquenique que Liam tinha aprontado para a viagem.

—Não – mordo um morango e jogo o caule verdinho em um dos copos descartáveis vazios espalhados pelo chão – as guloseimas deram uma boa disfarçada no almoço.

—Desculpe, Bela – Ele resmunga – Não foi esse o dia que eu planejei ter com você.

—Shhhh... – Aponto para Liam, que dorme no sofá da sala profundamente. – Não precisa se desculpar. Está tudo perfeito. – Volto a me concentrar no tabuleiro de xadrez em minha frente.

—Você faz uma cara fofinha quando se concentra. – Ele diz. Mostro a língua para ele, recebendo outra risada como resposta, e volto a analisar minhas peças. Acabo mexendo um peão qualquer e me deito no chão de costas, com um suspiro.

—Desisto de você. -Eu digo, rindo baixinho. Com o canto do olho, vejo Connor levantar e dar a volta no tabuleiro, engatinhando. Ele se senta em minha frente, com os joelhos dobrados, e os abraça.

—Está com frio? – Ele me pergunta.

Sento-me e puxo uma almofada do chão para o meu colo. Balanço minha cabeça.

—Estou bem.

Connor então se levanta e vai até o sofá atrás de nós, e eu o acompanho com o olhar. Ele puxa a coberta que Liam tinha amontoada em seus pés e cobre o garotinho, que dormia pesadamente no sofá, seu rosto virado para o encosto.

Sorrio comigo mesma enquanto Connor volta e se senta no chão novamente, agora ao meu lado. Ele pega outra coberta que estava jogada ao nosso redor e a coloca nas costas, me instruindo a pegar a outra ponta. E assim, ficamos por cinco minutos: em silêncio, abraçados e aquecidos, com apenas a luz da lareira iluminando a sala moderna em que nos encontrávamos. O chão de madeira escura refletia as chamas do fogo e pareciam dançar ao som do vento lá fora.

A mão de Connor passa pelas minhas costas e se apoia do outro lado, em meu quadril.  Continuo com meu olhar fixo nas chamas da lareira, mas consigo vê-lo me observar pelo canto dos meus olhos. Ele então beija meu rosto com ternura, calma e sutileza. Seus lábios são frios, mas dão a sensação perfeita em meu rosto quente.

—Amo essa sua cara de concentração. -ele sussurra ao meu ouvido, me arrancando uma risada anasalada. Ainda assim, não retiro meus olhos do fogo. Quase posso enxergar duas silhuetas. Duas pessoas, dançando juntas. As chamas são rápidas, sensuais, quase que poéticas. Começam a subir da lenha até onde conseguem, passando de vermelho vivo para alaranjado, depois amarelo, e vai até o azul, gradativamente. Depois, simplesmente desaparecem, quebrando-se em várias partículas laranjas, que estralavam gentilmente e sumiam.

—Em que está pensando? -Conn pergunta, chamando minha atenção. Viro meu rosto para encará-lo e levo minha mão à sua bochecha.

—Nada...- eu sorrio. – Acho que estou só viajando em poesias.

Conn aproxima seu rosto do meu com uma risada fraca.

—Desculpe, eu tenho essa influência nas pessoas.

—Ah, cale a boca. – Digo, unindo nossos lábios em um selinho. Sinto o sorriso de Connor sobre nosso beijo e a sensação apenas me faz querer mais. Então, beijo-o intensamente, brincando com os fios de seu cabelo quando passo minha mão para sua nuca. Sua língua dança com a minha assim como as chamas da lareira dançam no calor da madeira. Conn me abraça no quadril e faz com que eu me mova para sentar-me sobre suas coxas. Então ele interrompe nosso beijo, um tanto quanto ofegante.

—Liam? – ele pergunta. Olho por cima de seu ombro e vejo o garotinho ainda em sono profundo, no sofá. Faço que não com a cabeça e volto a unir meus lábios nos de Connor. Ele solta um gemido baixo quando passo minhas unhas levemente por sua nuca. Ele então me puxa pelo quadril para si, e passo minhas pernas ao redor de seu corpo. Nosso beijo é urgente, intenso. Nunca tinha beijado Connor como eu o beijava naquele momento. Passo um tempo apreciando nosso beijo, sentindo cada pedaço de seus lábios tocarem os meus, sentindo suas mãos puxarem o tecido de meu moletom, suas pernas contraídas por baixo de mim. Sinto meu ventre no seu, o calor efervescente dos nossos corpos me fazendo derreter por dentro. Naquele momento, eu sentia tudo.

Em um movimento cuidadoso, Connor troca nossas posições, me levantando e colocando-me deitada sobre as cobertas espalhadas no chão. Deixo minhas pernas caírem, e o corpo dele se encaixa perfeitamente entre elas. Ele deixa meus lábios e passa a distribuir alguns beijos carinhosos e silenciosos por meu pescoço. Uma de suas mãos estava apoiada no chão para que ele não soltasse seu peso sobre mim, enquanto a outra repousava entre o osso de meu quadril e minha última costela. Ele calmamente passa seus dedos pela minha blusa levantada e os direciona para baixo dela, deixando rastros frios pela minha pele quente. Sinto a ponta de seus dedos tocarem a base de meu sutiã e arfo.

Solto uma risada fraca quando direciono minhas mãos até seu rosto, o segurando.

— Não aqui, não agora. -Murmuro. Ele dá mais um beijo em meu pescoço antes de direcionar seu olhar ao meu.  

—Você é literalmente uma estraga prazeres. -Ele sussurra, com seu sorriso de lado casual estampado em seu rosto. Suas mãos agora estão ambas apoiadas no chão. Sinto vontade de reclamar porque não consigo sentir o contato de seu corpo no meu, mas resolvo me conter com uma mordida no lábio inferior.

—Anda logo, vamos. -Empurro seu peito, fazendo-o sair de cima de mim e sentar-se novamente no chão. Imediatamente me arrependo de ter o feito e sinto vontade de jogá-lo contra o chão novamente.

Sento-me ao seu lado e percebo que estou suando. Uma sensação boa toma parte de meu baixo ventre e tento cruzar minhas pernas como índio para me distrair. Puxo meus cabelos para o alto e prendo-o em um coque mal feito. E só então volto a encarar Connor. Ele dá risada quando nossos olhares se encontram e deixa o peso de seu peito deixa-lo cair, deitando-se novamente no chão com as pernas dobradas e os antebraços cobrindo seus olhos.

—O que?! -Eu o questiono, sorrindo com o som de sua risada baixa.

—Você. -Connor responde, não me olhando. Ele puxa a almofada mais próxima e também procura cobrir a parte baixa de seu quadril. Dou risada da situação e me coloco de pé na sala. Conn tira os braços do rosto e me olha com suas bochechas contraídas em um sorriso. Só agora percebo o quão corado ele está.

—Onde pensa que vai? – Ele pergunta, buscando se distrair.

—Preciso de água. -digo, passando por cima de seu corpo jogado no chão da sala e vou até a cozinha pegar um copo d’agua. Quando abro a geladeira, fico ali por alguns segundos, deixando com que o ar gélido de lá dentro refresque o súbito calor que me deu. Aproveito para arrancar meu moletom de cima e tomo dois copos de água fria antes de voltar para a sala.

Quando volto, Connor está sentado de novo, a almofada ainda em seu colo e suas pernas cruzadas. Sento-me de frente para ele, observando seu rosto corar quando nossos olhos se encontram mais uma vez. Ele dá mais uma risada.

—Você é impossível. -diz.

Eu sorrio, mordendo meu lábio, e direciono meu olhar para o lado.

—Pelo menos as peças de xadrez continuam no mesmo lugar.

Connor então impulsiona seu corpo para frente e alcança meu quadril, me pegando de surpresa. Ele puxa minha cintura para si mais uma vez, deixa a almofada cair e me coloca de joelhos entre suas pernas, que quase fecham um círculo ao meu redor. Seguro seu rosto com as mãos e dou uma acariciada em seus cabelos.

—Eu amo você. -digo, arrancando-lhe meu sorriso predileto. Uno nossos lábios para beijá-lo calmamente, mas não como antes. Eu só... o beijei, como na nossa primeira vez, com calma, hesitante e com tranquilidade. E então sua mão vai até aquele mesmo lugar que me fez surtar na noite passada. E eu consigo me controlar o suficiente para simplesmente me afastar dele com sutileza.

—O que foi? -Ele pergunta. Suas mãos ainda estão em meu quadril, mas me sento sobre meus calcanhares e deixo minhas mãos repousarem em meus joelhos. Mordo meu lábio mais uma vez.

—Preciso te contar uma coisa.

Connor franze sua testa e se endireita, com postura.

—O que é?

Respiro fundo e coloco algumas mechas teimosas de meu cabelo atrás das orelhas antes de começar a falar. Céus, por onde começar?

—É sobre William... e eu. -Connor contrai seu maxilar discretamente. -Quando... -respiro fundo, olhando para minhas próprias mãos enquanto pensava nas palavras certas para dizer. – Quando fui para a cama com ele, pela primeira e única vez... ele estava bêbado. -Consigo ouvir a respiração de Connor se acelerar, mas não levanto meus olhos para ele, porque eu sabia que eu não aguentaria segurar meu choro. -E essa... não foi uma experiência boa.

Então começo a me lembrar mais uma vez daquela noite. De como ele me jogou contra a cama com força, ou de como ele me apertou até deixar marcas em meu corpo. Contenho minhas lágrimas teimosas que ousam escapar e fungo. Levanto minha cabeça para encarar Connor.

—Eu me machuquei, Conn. -Eu digo. Sinto que uma lágrima escorreu pelo canto de meu olho direito e tenho que morder meu lábio para conter o restante delas. Não sei dizer qual expressão Connor tinha em seu rosto. Ele tinha a testa franzida, mas as sobrancelhas levemente arqueadas. Sua boca estava entreaberta, e sua respiração agora estava mais calma.

—Me desculpe esconder isso de você, é só que...  -Limpo com o dedo uma segunda lágrima que escorre pelo meu rosto. - eu ainda tenho algumas lembranças e... –

Sou interrompida com o abraço de Connor me puxando para si. Apoio meu queixo na curva de seu ombro e deixo o restante de minhas lágrimas escorrerem silenciosamente pelo meu rosto.

—Me desculpe, Bela, eu não fazia ideia. – Conn diz ao meu ouvido. Imediatamente o afasto e seguro o seu rosto com as mãos.

—Não, Connor, a culpa não é sua. E com você... é tudo tão... diferente. É leve, calmo, natural... -digo.- É que... certas vezes meus pensamentos me levam até aquela noite e eu simplesmente... travo. Sou eu quem lhe deve desculpas.

Connor me dá um selinho demorado.

—Não me deve desculpa alguma. Eu sempre vou te respeitar, tá legal? -Ele me arranca um sorrisinho fraco. -Vou até onde me permitir ir.

Levanto meus olhos para vê-lo sorrir. Ele limpa as lágrimas restantes de meu rosto antes de beijar minha testa.

—Eu amo você, Bela. – Ele diz, e seu hálito de menta perto de minha boca me faz estremecer.

—Eu também amo você, Conn.

>< 

O relógio marcava quase 17 horas quando Connor disse que já era seguro pegar a estrada. Liam dormiu a tarde toda, mas Conn insistiu em acordá-lo para ajudar a arrumar as coisas e levar para o carro, mesmo com meus protestos em deixar o menino descansar. Saímos de lá perto das 17:15, e Liam aproveitou para ligar para Stacey e dizer que estávamos a caminho. O caminho estava silencioso, e os postes de luz iluminavam os flocos de neve que ainda caíam sobre o para-brisas do carro de Connor.

—Ele é um babaca, sabe? – Connor quebra o silêncio no carro, depois de aproximadamente 20 minutos de estrada, falando baixo. Antes de encará-lo, confusa, dou uma olhada para o banco de trás, onde Liam dormia como um bebê, ocupando os três bancos de couro claro.

—O que? -Eu digo, no mesmo tom de voz.

—William. -Connor contrai sua mandíbula, e mesmo com as luzes fracas dos postes da rua, consigo ver que ele tinha as sobrancelhas unidas. Aquele seu olhar não me deixava nada confortável. -Ele é um idiota. – Completou.

Respiro fundo.

—Conn... –

—Não, Bela. -Ele diz, não alterando seu tom de voz para não acordar Liam. – Você não entende. Você o defende, chora por ele, e diz que ainda o ama. – Seus olhos não se desviam da rua por nenhum segundo. – Sim, Bela, eu sei que você diz isso para si mesma. E... você está errada. Aquele cara não merece seu amor, seu perdão. Ele não merece você.

Viro meu rosto para olhar pela janela. Não sei no que pensar. Por um lado, Connor está certo. Por algum motivo, eu ainda amo William. Amo o William que uma vez me amou intensamente, que não era violento, que me beijava com ternura. E que eu acreditava que ainda estava lá, ao fundo, preso no atual William Oasley.

—Não sei o que sinto. -Eu digo, vendo as luzes da estrada passarem rapidamente por meu campo de visão, refletindo seu brilho no restante de neve acumulada na beira do asfalto.

Ouço Connor suspirar fundo, mas ele não diz nada. Acabo focando nas luzes da rua e me sinto sonolenta, então permito-me fechar meus olhos para descansar um pouco.

Mas não houve sonho, e nem pesadelo. Só... escuridão.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a quem leu até o fim ♥



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