3 dias depois

– Killian, devolve o controle remoto! - Peço.

Já se passaram três dias de neve aqui em Nova York. August não me deixa voltar até o perigo acabar. Então, a minha única alternativa é assistir televisão.

Era a minha alternativa até o lindo do Killian Jones roubar o controle remoto e se esconder no quarto.

E, aqui estou eu, na frente da porta fechada, esperando Killian devolver o controle.

– Só se você me dar um beijo! - Ele fala, do outro lado da porta.

– Não. - Cruzo os braços.

– Então você não vai assistir televisão. - Permaneço em silêncio pensando. Ora, é só um beijo, nada mais.

– Tudo bem... - Decido ceder.

Killian abre a porta e me puxa em sua direção. Ele acaba me puxando mais forte do que deveria, então me choco com ele e ambos caímos na cama. E, incrivelmente (não me canso de falar essa palavra, ela me define), eu caio em cima de Killian.

– Se eu soubesse que aconteceria isso, eu teria pedido mais... - Ele sorri.

– Deixa de piadas, Killian. - Quando vou levantar, ele me segura e troca de posição, ficando em cima de mim.

Ninguém nunca ficou em cima de mim, não desse jeito. E, Killian me olhando assim e em cima de mim eu meio que... Gostei.

Mas, eu tenho que complementar aquela listinha dos motivos que eu fico com o coração acelerado perto de Killian.

1 - Killian é muito lindo.
2 - Ele realmente é muito lindo.
3 - Ele quer me conquistar (o que parece estar dando certo).
4 - Ele fica me olhando desse jeito com esses olhos azuis que parecem refletir o mar.
5 - Ele já gosta de sorrir desse jeito para mim.
6 - A voz dele é muito sexy.
7 - Ele é sexy.
8 - Ele consegue me impressionar
9 - Ele fica em cima de mim.

E eu, claro, só consigo olhar para ele.

– Agora, Swan, seja uma mulher de palavra e cumpra o que prometeu. - Ele diz.

– Eu prometi? - Me passo por inocente.

– Sim.

– Não me lembro de ter prometido nada.

– Deixe-me te lembrar... - Ele começa á me beijar de forma calorosa.

Eu pensei que seria apenas um beijo comum. Mas não um beijo tão... Quente.
Mas, o pior é que eu nem esquivei nem nada. Na verdade, estou gostando muito.

– Killian eu fiz a pipoca para... - Ouço a voz de August, mas ele para. Abro os olhos e o vejo boquiaberto com um pote da Popcorn na mão com a pipoca.

Paro de beijar Killian e o empurro de cima de mim.

– Sai de cima de mim, Killian. - Digo. Ele rola na cama e fica ao meu lado.

– Eu vou fingir que não vi isso. - August diz.

– É melhor. - Killian responde.

– Foi Killian que me obrigou. - Aponto para ele.

– Eu? Eu não fiz exatamente nada. - Ele diz se levantando.

– Ta. Tudo bem. Não posso falar nada. Vocês são namorados, isso é totalmente normal e...

– Espera, espera. - Interrompo August. - Não somos namorados.

– Não? - Killian e August falam ao mesmo tempo.

– Não. Caramba, que desatualizados... - Levanto e saio do quarto.

Bem, desisti de assistir televisão.

* * *

Killian não para de olhar para mim. Enquanto eu, bem, estou olhando para a janela. Mas não quer dizer que não olho para ele de vez em quando.

Estamos indo para um restaurante encontrar com alguns amigos de August. Ele falou que eles iriam gostar muito de nós dois. Então, estamos indo.

Mas, Killian fica me olhando o tempo todo. Não desvia o olhar uma única vez.

August percebe e olha para mim pelo pequeno espelho do carro que fica grudado no vidro. Ele olha para Killian e depois para mim, e então lança um olhar que diz: "Quer ajuda?". Balanço a cabeça positivamente, mas, na verdade, eu quero dizer: "Pelo amor de Deus, distrai ele!".

– Então... Killian. - August começa.

– Sim. - Ele responde, mas não tira a atenção de mim.

– Então... O que está achando das Olimpíadas? - Ele pergunta.

– Não sou capaz de opinar. Ainda não parei para assistir o Jogos Olímpicos. - Responde Killian, ainda olhando para mim.

Me viro para a janela de novo e vejo, de longe, o restaurante do qual August falou.

– Bem, poderíamos estar melhor. Mas, acho que podemos faturar umas cem medalhas de ouro. - August diz.

– Cem é muito. Pelo visto, vamos ter que sair com cinquenta.

– Ah, Killian. Para quê tanto pessimismo?

– Não somos os reis das Olimpíadas.

– Mas também não somos tão ruins assim.

– Não vamos ganhar tantas medalhas de ouro, disso eu tenho certeza. Prefiro guardar meus palpites para a próxima Copa Do Mundo.

– O Brasil vai ficar nas semifinais. Isso já dá para perceber.

– Sim. Mas, a Alemanha também tem chance.

Sério que ele foi colocar esse assunto? Um assunto tão entediante. Um assunto tão... Normal. Ah, sei lá, escolhia qualquer tema de conversa, menos esse. Já estou ficando irritada.

– Só porque a Alemanha ganhou do Brasil na última Copa não quer dizer que isso vai se repetir.

– Mas, é fato: O Brasil precisa se preparar para a Copa sem o Neymar.

– Concordo, porque na última Copa...

– Não poderia ser outro assunto, August? - Bufo interrompendo August e saio do carro já estacionado perto ao restaurante.

Os dois não saem, então me encosto no carro com os braços cruzados. Não gosto do fato de Killian ficar me olhando. E, August, não ajuda.

– O que foi que ela quis dizer? - Ouço Killian perguntar dentro do carro. Por mais que ele tentou falar baixo, eu consegui ouvir.

– Killian, quer um conselho? Disfarça. - August responde. - Não fique olhando para ela assim. Seja amigo, companheiro, não force a barra e espere o tempo dela. Vai por mim, vai ser melhor.

– Tudo bem. - Killian responde e sai do carro. - Então, estressadinha, vamos entrar?

– Suponho que vamos. - August responde antes de eu protestar sobre o apelido "carinhoso" dele. August fecha a porta e nós três entramos.

August caminha até um trio na mesa lateral. Duas mulheres e um homem, os três conversando. Parecem estar se divertindo.

August para na mesa deles, logo os três nos olharam com sorriso animados no rosto.

– Pessoal, essa é Emma Swan. Ela é a minha amiga, da qual falei. - August me apresenta. - E esse é Killian Jones.

– Prazer, Emma e Killian. Eu me chamo Sam. Sou o amigo preferido de August. - Um homem bem bonito, loiro, olhos azul acinzentado, alto e com um grande sorriso no rosto nos cumprimenta. Percebo August revirar os olhos.

– Prazer, Sam. - Eu e Killian dissemos e todos riram por causa da nossa harmonia.

– Meu nome é Amanda e eu namoro com Sam. - Uma morena simpática se apresenta.

– Triste realidade... - August murmura.

– Oi? - Sam finge que não ouviu.

– Nada. - Responde August, tentando disfarçar. É notável o interesse dele por Amanda. Mas, talvez ele só esteja tirando uma com a cara do amigo. O que é bem engraçado.

– Ta, August. Todo mundo entendeu que você gosta de dar em cima cima de Amanda. Agora é o meu momento, então não interrompa. - A ruiva baixinha responde. Rio um pouco com a resposta dela. - Eu sou Sophia.

– A egocêntrica. - August completa.

– Olha, acho que ela combina com alguém... - Digo olhando para Killian.

– Você tem razão em ser egocêntrico, você é um gato. - Sophia responde para Killian, que fica vermelho.

Confesso que senti uma pontinha de ciúmes. Só um pouquinho. Tipo... Um pouquinho mesmo.

– Sophia, não chame ele de gato. - August alerta.

– Ué, por que não? - Ela pergunta.

– Emma é ciumenta. - Ele diz. Todos riram, menos eu.

– Que engraçado. - Dou uma falsa risada e me sento com eles na mesa. Logo Killian e August se sentam ao meu lado.

– Então, Emma... Pode nos contar o motivo do ciúmes? - Sam pergunta.

– Ciúmes? Que ciúmes? - Pergunto.

– Ah... Vocês estão juntos, não é? - Amanda pergunta.

– Não. Não mesmo. - Respondo.

– É um lance complicado... - August diz.

– Complicado? Se eu tivesse um lance com um gato desse eu juro que nunca seria complicado. - Sophia pensa alto.

Confesso... O ciúmes aumentou muito. Prefiro ouvir ele se chamar de gato e eu o chamar de gato na mente do que uma outra pessoa.

– Sophia! - Amanda, Sam e August dizem, chamando a atenção dela. Killian só fez dar um sorriso envergonhado e corar.

– Sophia, você está deixando Killian com vergonha! - Amanda alerta ela.

– Mas eu não estou mentindo. - Ela responde.

– Não é todo mundo que me elogia desse jeito então... - Killian se vira para mim com um sorrisinho tosco no rosto. - Obrigado.

– Posso sentar ao seu lado? - Sophia pergunta para Killian, que balança a cabeça positivamente. Logo ela se senta entre eu e Killian. - Uau, seus olhos são lindos!

Eu tento, tento e tento. Mas não consigo evitar revirar os olhos. O que realmente está acontecendo comigo?

* * *

– Você é xerife? - Sam pergunta para mim.

Já se passaram mais de uma hora de papo. Lógico que não estou gostando de ver essa Sophia se engraçando para cima do meu Killian. Quer dizer, de Killian. Estou fazendo de tudo para ignorar ela.

– Sim. Mas não é um trabalho fácil e também nem tão difícil. Storybrooke é uma cidade calma... Quando quer. - Respondo.

– Então está dizendo que você e seu pai são xerifes? - Amanda pergunta.

– Sim. Mas também tem Graham - Meu estômago embrulha só de lembrar dele - e um ajudante muito prestativo, Killian. - Me viro para ele.

– Deve ser muito prestativo mesmo... - Sophia diz passando a mão pelos músculos de Killian.

Não, não vou aguentar. Agora foi demais. Ela passou dos limites.

Me levanto o mais rápido de consigo, sem dar satisfações e vou em direção aos banheiros. Entro no banheiro feminino e me encosto na parede enquanto respiro fundo olhando para o teto.

– Emma... - Ouço uma voz me chamar. Abaixo a cabeça e vejo Amanda. - O que está fazendo aqui?

– Dando um tempo. - Respondo.

– É Sophia, não é? - Fico em silêncio. - Tudo bem. Já entendi exatamente tudo. Você gosta de Killian, não quer assumir e morre de ciúmes dele com alguém. Olha, se quiser, eu posso tirar Sophia ao lado dele num piscar de olhos.

– Não tem necessidade. Estou ótima.

– Emma, é um conselho que te dou... Aceite isso logo. Porque, quando você resolver assumir, vai ser tarde demais. - Ela sai do banheiro.

Mas, será que eu realmente gosto de Killian?