Lealdade sem Fronteiras #1 escrita por Nath Schnee


Capítulo 7
Capítulo 7 - Versus Ralts


Notas iniciais do capítulo

"Algumas pessoas estão habituadas a alguns tipos de emoções, eu, por exemplo, estou bem acostumado a estresse, tédio, tensão, ansiedade... Mas medo? Pavor? Terror? Eu não sei lidar com isso."



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Dan Young

Há uma grande probabilidade de a resposta ser não, mas já sentiu como se um Snorlax tivesse tirado um cochilo em cima de você e quando acordou, ainda deu umas pisadinhas para ter certeza?

Tudo o que eu lembro é de um estalar de dedos... Depois nada além de caos; uma explosão, desmoronamentos, gritos, o som agonizante de um Supersônico e então só a escuridão total de uma mente desacordada.

Eu tinha a sensação de estar morto. Mas será que a morte era tão dolorida assim? Caramba, já é difícil o bastante morrer, não precisava extrapolar e me deixar desse jeito.

Forcei-me a abrir os olhos, mas não parecia ter forças para isso. A visão de dentro das minhas pálpebras clareou, e eu soube que não estava morto.

Mortos não sentem uma brisa suave, sentem?

Ouvi uma voz me chamando, ou ao menos eu achava que me chamava, pois não conseguia entender corretamente. Abri os olhos devagar e tentei me habituar com o espaço onde me localizava. Pouco podia eu ver dali de baixo, mas consegui perceber que estava deitado em um lugar cheio de pedras e terra, entulhos, preso pela perna esquerda em baixo de uma enorme rocha. Tentei puxar minha perna, mas a dor quase me faz gritar.

Senti algo tocar meu ombro e olhei para cima. Charmander me observava preocupado. Estava coberto de poeira, arranhado em alguns lugares, mas sua chama no rabo de alguma maneira permanecia ardente. Algo me dava a sensação de que eu a vira bem maior em algum momento, mas tentar recordar me dava uma momentânea dor de cabeça.

— Chaaar?

A voz dele pareceu soar como uma pergunta. Eu o encarei, tentando deixar o máximo visível suficiente que eu estava confuso e não entendia. Eu não sei se ele apenas me ignorou ou se entendeu minha expressão, mas ele seguiu até um buraco entre as pedras e dali tirou um objeto amarelado e pontiagudo.

— Um Revive... Pode ser útil.

Ele pulou de volta ao meu lado e tocou em uma das minhas Poké Balls. Desta saiu, ou caiu, o termo correto, Sawk. Estiquei a mão para Charmander e ele me entregou o Revive. Eu o parti em alguns pedaços pequenos como consegui, amassando com a ponta dos dedos e Charmander me ajudou a fazer Sawk comer.

Pude vê-lo voltar a ter forças, voltar a acordar de maneira confiante, apesar de confuso. Ele olhou em volta, tentando entender o cenário, até que parou de se importar ao me ver preso. Com pequeno auxílio de Charmander, ele foi até a rocha e a ergueu aos poucos, soltando minha perna. Eu me arrastei para trás, sem conseguir movê-la. Eles jogaram a rocha para longe.

Sawk me apoiou e me levou para longe daqueles destroços, fazendo-me sentar de costas para uma árvore ali perto. Avaliei minha perna, rasgando uma parte da calça para ver melhor. Eu tinha quase certeza que aquela pedra por cima de mim tinha feito algo ao osso da minha perna esquerda, mas visivelmente havia apenas alguns ferimentos como arranhões e cortes, alguns um pouquinho profundos. Nada tão preocupante, apesar de Charmander parecer um pouco assustado com aquele sangue. Dei um sorriso para ele, demonstrando que eu estava bem. Ele relaxou um pouco.

Agora eu já conseguia lembrar mais ou menos o que aconteceu. Mei e eu estávamos no Monte Lua. Então aquelas pessoas... JH e CG, eu acho, apareceram e aconteceu a confusão. Eu lembrava de ouvir eles dizendo que queria a nós, e também lembrava do meu Golbat e do Graveler de Meiko.

Lembrava de uma explosão, o que provavelmente resultara naquela destruição de parte do Monte Lua. Graveler provavelmente estivera tanto sob controle da mulher que obedeceu uma ordem de usar Auto-Destruição, um dos movimentos mais perigosos dos Pokémon e proibido dentro de competições, ginásios ou qualquer outra coisa. Isso matou Graveler, e como Golbat estava perto, talvez o tenha matado também.

Mas e Meiko? Onde ela estava? E o mais importante:

Ela estava viva?

Ergui o olhar para o Monte Lua. É claro que a caverna não era tão pequena assim para uma explosão a destruir por completo. Ao que parece, Mei e eu estávamos numa parte um pouco isolada, ao leste, apenas uma parede nos separando da Rota seguinte, então a parede e o teto foram tudo o que viera a baixo. Não era tanta destruição assim.

Não que isso convencesse meu coração agitado que ela tinha tido chance de escapar.

Usando a árvore de apoio e sob vigilância silenciosa de Sawk e Charmander, eu fiquei de pé. Olhei para eles, torcendo para que entendesse o que eu dizia.

— Eu preciso encontrá-la.

Sawk me observou um longo instante. Charmander apenas inclinou a cabeça. Pelo visto não entenderam.

— Sua treinadora antiga, a que te capturou, Sawk. E a menina que te ajudou quando eu gritei contigo, Charmander.

No final, ela estava envolvida com meus Pokémon, e consequentemente eu, mesmo antes de viajarmos, fazermos a jornada juntos. Não que eu fosse admitir um dia, mas às vezes o destino está bem na nossa cara e nós não vemos. Era óbvio que eu viajaria com ela, ela sendo ou não um Pokémon.

— Preciso achar ela.

Sawk assentiu e novamente passou meu braço ao redor de si. Eu segui com ajuda dele até os escombros, enquanto Charmander andava aqui e ali olhando ao redor, também procurando.

Apoiei-me numa pedra e me soltei de Sawk. Assenti para ele. Conseguiria improvisar pulando como um Spoink em uma perna só.

Charmander, Sawk e eu ficamos um tempo procurando, mas mesmo que sendo um espaço pequeno comparado ao que poderia ter sido, ainda tínhamos dificuldades em achar alguma pista. Até que ouvi algo muito baixo, como um choramingo, quase imperceptível com o som dos Pokémon da Rota.

Manquei até a direção do som. Não passava de outro monte de pedras, mas com ajuda dos meus Pokémon, conseguimos tirar algumas e encontrar quem tanto procurávamos.

O Growlithe estava ali, demonstrando algo que eu nunca vira nele. Rex, o Pokémon que tanto se mostrava ser valente e até impaciente, que tanto demonstrava desgosto quanto a mim, estava completamente sujo, arranhado, não prestava atenção a nada além do que observava com tanta angústia. As patas dianteiras no corpo da treinadora, chorava feito um filhote perdido.

Eu me sentei numa pedra, a dor na perna já não incomodando mais por conta de toda a vontade de salvá-la, se é que estava viva ainda. Tirei mais algumas pedras de cima dela e com grande esforço por conta da minha fraqueza, a peguei no colo e manquei com ela até a árvore que eu estava antes.

Deitei ela no meu colo, queria ver como ela estava. Seu corpo por completo tinha machucados semelhantes aos da minha perna, e estava tão empoeirado quanto Charmander e Growlithe. Mas o mais preocupante era o motivo de sua insistente inconsciência:

Um corte profundo acima da testa, próximo à raiz do cabelo preto, que sujava mais da metade do seu rosto pálido de sangue.

Mas ela respirava. Eu podia sentir sua pulsação a segurando no colo daquele jeito. Rex olhou para mim, os olhinhos angustiados a procura da minha resposta para a pergunta que eu me fizera antes de encontrá-la.

Ou eu ao menos imaginava que ele se perguntava.

— Ela está viva. Mas eu não sei dizer o estado dela.

O Growlithe caminhou até o meu lado, o mais próximo que já havia ficado de mim sem parecer incomodado, e deu uma carinhosa lambida na bochecha da menina. Em seguida encostou seu focinho no rosto da treinadora, esfregando seu pelo bem lentamente, e ali ficou um longo tempo, demonstrando um nível de afeto que achei ser impossível vindo dos Monstros de Bolso.

Eu apenas observei. Lembrava-me de Mei dizer que, assim como Magi, tinha Rex antes da jornada. Perguntei-me como se conheceram e como era possível serem tão apegados.

Olhei para o rosto de Mei, mas o sangue me trouxe à realidade.

Precisávamos de ajuda.

Olhei para os três Pokémon.

— Vocês sabem o caminho para Cerulean? Acho que é a cidade mais próxima.

Os três se entreolharam. Charmander balançou a cabeça. Sawk cutucava o chão com o pé, como se decepcionado por não saber. O Growlithe soltou um costumeiro rosnado baixo e assentiu.

— Tragam alguém. Por favor. Precisamos de ajuda.

Rex saiu correndo através da estrada sem hesitar, seguido por Sawk. Charmander deu alguns passos, mas desistiu e se sentou ao meu lado.

Depois de alguns minutos, a canseira já voltava a me atingir. A dor na minha perna permanecia forte, meus olhos pesavam. Charmander me observava preocupado, mas nada pude dizer, pois acabei por fechar os olhos e adormecer ainda encostado na árvore, com a misteriosa Meiko deitada no meu colo.



Quando acordei, não estava nem um pouco afim de abrir os olhos. Dormir mais parecia algo tão atrativo que eu poderia fazê-lo pelo resto da minha vida.

Levei um tempo para abrir os olhos, lentamente. Sentia meu corpo bem mais descansado do que antes, na caverna, mas também me sentia muito dolorido ainda.

Quando minha visão se adaptou à luminosidade local, vi-me encarando um teto branco. Paredes azuladas também eram visíveis. Meu corpo, sob um cobertor branco, repousava numa cama de mesma cor. Eu levantei com uma careta, e foi quando ouvi uma voz que fiquei preocupadíssimo não ouvir novamente.

— É melhor deitar, herói.

Sua voz soava irônica, mas quando olhei para ela, tinha um sorriso sincero. Ou ao menos pensei ser sincero. Ela novamente usava um capuz, que deixava suas feições sombrias como antes, mas seus olhos brilhavam com algo perto de gratidão, mesmo com o rosto coberto. Por um momento, nada parecia ter acontecido, ela parecia intacta, porém eu percebi que, debaixo do capuz preto, na altura da testa, havia um curativo grande e branco.

Eu tentei não pensar no quanto fiquei preocupado com sua saúde.

— Você também não deveria estar deitada?

Não que eu realmente conseguisse esconder que me importava. Enquanto eu removia o cobertor de cima de mim e avaliava minha perna dolorida, ela dava de ombros e olhava atentamente para a porta.

— Você fez um esforço bem maior que o meu, eu só machuquei cabeça e fiquei inconsciente. Obviamente poderia ser bem mais sério, mas quem teve a perna esmagada foi você.

Eu fiz uma careta.

— Isso. Toca na ferida.

Ela riu e parou de repente, olhando para a porta de novo, completamente séria.

— Eu tenho que sair desse lugar assim que possível. Estou muito exposta aqui.

— Para onde vamos?

Meiko olhou para mim de sobrancelha erguida, acredito eu que surpresa pelo meu uso da primeira pessoa no plural.

— Para algum lugar que não saberiam nunca que eu estaria. Em Pewter, eles não imaginavam que eu fosse me esconder atrás do ginásio, muito menos desafiá-lo. Em Cerulean, onde estamos, talvez seja um pouco mais complicado. Aqui há mais policiais.

Era inacreditável como ela podia saber tanto daquelas cidades se ela era de Johto. Tentei pensar nos lugares que havia em Cerulean City, mas uma perguntava me assombrava ainda.

— Como chegamos aqui?

Ela olhou para a porta, e só então eu percebi uma pequena sombra na fresta dali de baixo.

— Rex. Ele e Sawk conseguiram achar alguns moradores que ligaram para a emergência quando encontraram você desmaiado, o Charmander desesperado e eu inconsciente. Foi uma sorte completa a polícia ter se distraído com a destruição daquela parte do Monte Lua e não percebido que eu estava aqui no hospital da cidade.

Ela suspirou e, mesmo assim, me fitou com agradecimento.

— Rex me disse que você me resgatou dos entulhos, e ele raramente mente, então... Muito obrigada.

Ela fez uma reverência profunda e educada, mas eu só a encarei cético. Mas balancei a cabeça sorrindo. Segurei minha perna com cuidado e me virei, ficando sentado na beira da cama. Ela se levantou da cadeira que estava e veio até mim.

— Cuidado.

Ela parecia preocupada, algo que eu não esperava. Ela era uma genocida, certo?

Se bem que nem eu acreditava mais naquilo…

Meiko me ajudou a levantar. Eu não conseguia não mancar. Não era a primeira vez que tinha que andar assim, na verdade. Já sofrera um acidente quando criança e segui meu pai até as minas que ele trabalhava em Pewter, então já não era novidade para mim. Olhei para Mei, lembrando de algo que quase esquecera.

— Charmander e Sawk estavam fora da Ball. Eles estão bem?

Mei me observou com um olhar de dúvida, como se me avaliasse.

— Está preocupado com eles?

Eu levei um longo momento para admitir, balançando a cabeça. Hikari (ou eu deveria dizer Ketchum?) apenas apontou para trás de mim.

— Ali.

Segui o que ela indicava. Num criado mudo do lado da cama, havia Poké Bolas. Cinco ao todo. E também minha mochila. Segui até lá tentando não esbarrar em nada e abri minha mochila na cama. Estava tudo certo, até onde eu havia lembrado, apesar da sensação que eu tinha de estar esquecendo algo. Eu estava vasculhando tudo, e foi quando encontrei algo que havia dias que eu precisava lembrar de entregar, mas nunca o fazia. Peguei a Poké Flauta rosada e estendi para ela, depois de colocar a mochila nos ombros e estar pronto para ir embora.

— É sua.

— Eu não tenho Poké Flautas. — estranhou.

— Foi o prêmio por bater recorde da Floresta de Viridian.

Ela aceitou o objeto, apesar de o encarar com um olhar tristonho e distante.

— O verdadeiro prêmio que eu queria era uma pista do meu pai. — ela suspirou e guardou a flauta no bolso da mochila preta que tinha. — Vamos?

Assenti seguindo até a porta. Quando lá, ela hesitou.

— É melhor andarmos separadamente. Marcamos um ponto de encontro e vamos para lá.

Olhei pela janela do hospital.

— Há um prédio ao lado da loja de bicicletas. Atrás dele?

Ela seguiu meu olhar.

— Ótimo. Vá na frente. Nos vemos lá.

Abri a porta, me deparando com Rex. Nos encaramos um instante e apenas balançamos a cabeça afirmativamente juntos. Eu me apressei pelo corredor. Uma enfermeira me acompanhou um pouco, perguntando como eu estava. Respondi tudo sendo breve e saí do lugar.

 Não foi problema chegar ao local. As pessoas eram bem distraídas ali. Ao que parece, havia uma famosa caverna nas redondezas que atraía bastante atenção dos turistas.  

Pelo pouco que ouvi, a caverna tinha sua fama por conta da sua história. Dizia a lenda que um dos mais poderosos Pokémon habitou aquele local e o Lendário Red, vulgo meu avô, teve uma intensa batalha, resultando na captura do Pokémon Lendário.

Mas também havia outra história, onde pouco antes de ir ao Planalto Índico, meu avô havia ido procurar por um Pokémon que assombrava Cerulean, causando destruição. Meu avô acabou por descobrir ser aquele lendário e, com ajuda de todos os seus Pokémon, além da ajuda de um Líder de Ginásio misterioso, ele conseguiu capturar o Mewtwo e entregá-lo ao seu dono.

Qual das duas lendas era a verdadeira? Ninguém sabe.

E ao que parece, poucos anos atrás um Pokémon semelhante ficou por lá. Eu estava curioso. Será que haveria alguma pista que provasse aquelas lendas?

Eu segui até a parte de trás do prédio sem dificuldades e ali esperei. Meiko não demorou a chegar, eu não a vi chegando. Na verdade, quando me virei, ela já estava ali e eu quase dei um pulo de susto.

— Não faça mais isso! Como você chegou aqui?!

Ela apenas olhou para Rex aos seus pés e me observou com uma sobrancelha erguida.

— Andando. Não conhece o atalho?

Eu apenas balancei a cabeça e tentei ir direto ao assunto.

— E agora?

— Pesquisei um pouco enquanto vinha para cá e o ginásio está fechado. Mas em poucas horas ele abrirá, aproximadamente cinco horas da tarde. Ao que parece, só uma pessoa poderá desafiar, estão fazendo uma reforma. Acredito que semana que vem estará tudo normal. Podemos nos distrair na cidade e desafiar hoje e amanhã ou podemos procurar um lugar para ficar.

Eu já tinha algo em mente.

— Ouviu falar da Caverna de Cerulean? Um ponto turístico que me deu curiosidade!

No breu que era a sombra do prédio, eu nada mais via do que o contorno do seu corpo. Eu não conseguia ver sua expressão, mas sua voz estava mais baixa.

— É melhor não...

— Por que não?! Parece ser interessante. Vamos! — insisti animado.

— Não, Dan, eu não…

A interrompi, procurando e pegando sua mão no escuro.

— Eu tenho certeza que vai ser legal. Você disse que ninguém esperava você num lugar comum como o ginásio, como poderiam esperar num ponto turístico?! Vamos lá!

Eu estava bem animado. A puxei na direção que sabia ser a doca e logo, mesmo que mancando, eu estava correndo com ela até lá. Rex nos seguia, sério.

Quando chegamos ao local, eu estava ofegante. Entramos na fila. Ao que parece, iríamos numa lancha, de quatro em quatro pessoas. Ela também estava ofegante, mas parecia hesitante. Eu olhei para ela sorrindo debochado.

— Ficou traumatizada depois do Monte Lua foi?

Ela parecia bastante temerosa.

— Eu não sei se isso é seguro…

Sua voz era baixa, mas eu apenas ignorei. O que custava tentar?!

— Você ouviu falar do lendário que tinha lá, não é? Não se preocupa! Ele foi embora! Ninguém nunca mais o viu.

Eu citava o que ouvira dos turistas, mas sua expressão não mudou.

— Não é esse tipo de segurança.

Ela puxou o capuz ainda mais para o rosto. Foi então que percebi que ela não queria conversar. Pegou Rex no colo e eu olhei para frente.

Levaram poucos minutos. Havia apenas oito pessoas na nossa frente e eram duas lanchas. Logo havia apenas nós dois. Uma das lanchas voltou e o piloto foi embora, o horário de visitas à caverna estava acabando, então ninguém mais estava atrás de nós. Quando a outra lancha voltou trazendo de volta os turistas, eu me apressei com Mei, mesmo que ela estivesse mais afim de sair correndo.

Ela puxou o capuz por cima da cabeça novamente, apesar de já não sei possível vê-la direito, num ato de nervosismo. Nós subimos na lancha.

O piloto era um homem jovem, mas com aparência carrancuda. Era magro, com roupas surradas e mascava um chiclete. Nos encarou por um instante até resolver se pronunciar.

— Vocês são os últimos e não parecem do tipo que dão trabalho. Vamos fazer o seguinte. Eu deixo vocês até às cinco por lá sozinhos. Mas vocês não falam que eu não fui junto, pois é obrigação minha ir. Quites?

Eu olhei no relógio no pulso. Eram 4h20min da tarde. O tempo por lá era no máximo trinta minutos. Eu assenti para o homem.

— Pode ser.

— Só mais uma coisa. — Esperei que ele dissesse, mas ele apenas apontou para Rex, que estava tão quieto que esqueci de sua presença. — É melhor ele ficar no barco ou ser retornado à sua Poké Bola. Há muito Pokémon Aquático por lá.

Mei, sem olhar para ele, assentiu. O homem voltou a mastigar aquilo que tinha na boca e fez um gesto para que continuássemos nosso caminho.

Eu segui até a ponta da lancha e olhei para a água, apesar de ainda estarmos parados. Meiko não parecia aflita ao meu lado, o que descartava minha hipótese de medo de barcos. O Growlithe tinha uma expressão de quem queria morder todo mundo, mas não contestou. O único momento que o ouvi foi um rosnado de quando a voz do homem de antes soou novamente, dessa vez bem perto e atrás de nós.

— Espere um instante.

Eu me virei para descobrir o que ele queria, mas ele tocou o ombro de Meiko e a virou, tirando seu capuz em seguida e a encarando. Meiko ficou ainda mais pálida. Mas não disse nada. Os dois se encararam por um longo instante.

— Não. — ele declarou por vez, se afastando com um gesto de desdém. — Achei que você era a garota que vi no noticiário, mas ela não tinha um curativo e muito menos olhos brancos bizarros.

Brancos?!

Olhei para Mei, que voltava a colocar o capuz. Era verdade. Seus olhos estavam realmente brancos, com as bordas vagamente castanhas. Sua pupila ficava muito visível, mas sua íris, se não fosse por aquele contorno, se misturaria à esclera com facilidade.

Eu queria muito perguntar como ela podia ter mudado a cor dos olhos novamente, mas ela balançou quase que imperceptivelmente a cabeça de forma negativa e, sem som algum, gesticulou uma frase que penetrou na minha mente.

Calado. Ou quem vai acabar morto nas mãos da polícia é você.

Talvez ela fosse sim uma genocida... Ou assassina.

 
Não demoramos a avistar terra firme. Na verdade, mal saímos de Cerulean e já podíamos ver algumas rochas na nossa frente.

Visualmente falando, ela não parecia ser tão diferente de uma caverna como o Monte Lua, por exemplo. Mas no Monte Lua nós podíamos ao menos ver nossos caminhos por conta de alguns buracos no teto, dessa vez, tudo o que eu via era um corretor em frente enorme até a escuridão.

Nós descemos da lancha e paramos naquele pedaço de terra. Meiko encarou a caverna um longo momento, estremeceu e olhou para o chão.

O que há de errado com ela?

O homem nos entregou duas lanternas, um guia que contava um pouco da caverna e Repelente Máximo suficiente para ir e voltar da parte mais profunda.

Nós entramos. Caminhávamos lentamente. Eu podia ver vários Pokémon, mas eles se afastavam. Psyduck e sua evolução junto com Slowpoke e Slowbro mergulhando na água, Wobbufet e Kadabra se escondendo em estalagmites, estalactites que escondiam Ditto desconfiados... Ao que parecia, o predomínio ali era de Pokémon Psíquico. Eu não tinha nenhum Pokémon que tivesse vantagem contra Psíquico, mas liberei Ralts. Ele ao menos poderia ser resistente. Mei também não tinha muita opção, então apenas seguiu em frente conosco.

Eu não sabia dizer se Hikari se abraçava apenas por hábito ou se realmente temia algo ali dentro. Conforme avançávamos, a luz se tornava completamente escassa. Apenas nos guiávamos pelos círculos de luz que as lanternas faziam a nossa frente. O silêncio só era interrompido pelo som dos nossos passos e pelo barulho de alguns Pokémon. Tínhamos gastado metade dos Repel quando eu percebi que só havia um par de pés andando.

Olhei para trás, para Meiko. Havia alguma fonte fraca de luz vindo da nossa frente, então vi um pouco do seu rosto.

Acho que nada poderia resumir o que eu vi. Há momentos da nossa vida que não importa quantas palavras existam, quantas palavras sejam criadas, nenhuma nunca chegará a descrever um momento.

Um desses momentos foi quando eu vi a expressão de Mei.

Para quem estava acostumado à uma menina que sempre se fazia de forte, corajosa, que não teve medo nem mesmo quando estava naquela situação do Monte Lua, vê-la como eu a vi naquele momento foi um choque e tanto para mim.

Sua expressão era de completo horror. Seus olhos, amedrontados ao extremo e demonstrando uma distância inacreditável, estavam até mesmo marejados. De todas as vezes que ela podia ter chorado na minha frente, sendo que nem foram tão poucas, era a primeira vez que eu a via tão frágil.

Mei cambaleou para trás, as lágrimas escapando. Eu segui seu olhar assustado, achando que veria uma ameaça, mas não havia nada além de água e o centro da caverna, que estava completamente vazio. Os sons que ouvíamos não passavam de gotas, alguns bater de asas, sons normais de uma caverna.

Quando voltei a olhar para ela, Meiko já tinha se afastado ainda mais. Encostava numa parede, abraçando as pernas em posição fetal. Murmurava palavras que eu não conseguia ouvir. Olhei para Ralts, mas mesmo que eu não pudesse ver sua expressão no escuro e com aquele cabelo cobrindo, ele parecia tão confuso quanto eu. Uma voz soou em minha mente, algo me dizia que era a voz de Ralts, num sussurro, e levei um longo tempo para conseguir entender que era sua Telepatia.

Medo… Muito...

Fitei Ralts, confuso, mas ele ainda parecia observar Meiko ainda, estava imóvel. Olhei para ela. Acho que nunca havia visto alguém tão assustado e tão trêmulo na minha vida. Isso sem contar a palidez. Ela já tinha uma pele bem clara, mas eu nunca imaginara que ela podia ficar ainda mais branca, com os lábios perdendo a cor e as bochechas sumindo com o rosado que sempre continham.

— Mei?

Ela não parecia nem perto de me ouvir. Murmurava cada vez mais alto e se abraçava cada vez mais forte. Eu quase podia entender o que ela dizia, mas ainda era um pouco baixo. Cheguei mais perto.

— Mei, ei, o que…

— NÃO!

Mei me interrompeu gritando e assustando vários Zubat que havia acima de nós. Mas não foi só eles. Eu dei um pulo para trás com o susto e olhei ao redor. Não. Não havia nada nem ninguém. O que estava acontecendo afinal?

Ela começou a se balançar ainda abraçada a si mesma. Eu podia ouvir o que ela dizia, mas não tinha certeza se estava entendendo certo.

— Não... Por favor... Não... Não me machuque... Não... NÃO! — a menina se encolheu mais, gritando novamente.

Eu não cheguei mais perto. Ela agia como se eu fosse ferí-la gravemente se o fizesse, e isso era a última coisa que eu queria. Completamente confuso e bastante preocupado, observei enquanto a garota chorava e chorava feito uma criança traumatizada.

Espera um momento…

Criança traumatizada?

Foi quando algo passou pela minha mente. Talvez fosse aquilo que houvesse de errado com ela. Talvez ela tivesse algum trauma que estivesse a fazendo ficar presa naquele surto emocional irracional sem poder perceber que a realidade não era tão perigosa assim.

Eu tentei chegar perto novamente, chamando seu nome como se realmente falasse com uma criança pequena, mas Mei apenas abaixou a cabeça, escondendo o rosto naquela posição encolhida, e ficou quieta. Não murmurava, não gritava, não se mexia.

— Meiko?

Eu me abaixei em frente a ela, mas Mei nem notou. Toquei seu ombro. Foi quando percebi que havia algo errado.

— Mei? Ei…

Balancei ela levemente, mas seu corpo estava tão mole…

— MEIKO!

Dessa vez, eu que gritei, mas de nada adiantou. Eu observei seu peito de maneira desesperada, mas senti alívio quando vi que ela ainda respirava, por mais fraco que fosse.

Ela desmaiou, pensei comigo mesmo, me desesperando. Mas, como antes, parecia que era no momento do desespero que eu sabia o que fazer.

Guardei os itens na bolsa e me virei para Meiko. Com todo o cuidado do mundo, passei meu braço esquerdo pelos seus ombros e meu braço direito atrás de seus joelhos, erguendo ela no meu colo com certa dificuldade. Ela era magra, o que facilitava caminhar para a saída com ela, mas era maior que eu em alguns centímetros. Eu tinha quase certeza que, se não fosse pelo tempo que passei nas minas com meu pai, carregando vários e vários carrinhos pesados, não conseguiria pegar ela nunca.

Ralts foi inteligente. Sabendo que eu não poderia usar a lanterna, tentava iluminar o caminho com seu Confusão, usando o movimento em algumas pedras no caminho, mas depois de um tempo ele usou os próprios Poderes Psíquicos para pegar a lanterna na minha bolsa, ativá-la e apontar para a nossa frente.

Eu me desesperava a cada passo. Quando estávamos quase na saída, percebi que o cheiro ligeiramente desagradável do Repel havia parado. Os Pokémon já avançavam na minha direção. Eu apressei meu passo e comecei a correr. Alguns Pokémon tentavam atacar Ralts, mas pela primeira vez o Teleporte foi útil, fugindo das batalhas e me ajudando a nos aproximar mais da saída.

Quando saímos, a luz do sol poente, mesmo que fraca, já me incomodava depois de tanto tempo na escuridão. Eu corri até o barco de antes. O homem parecia distraído, mas soltou a garrafa de água que tomava e correu até mim, para me ajudar.

— O que diabos aconteceu lá dentro?! Vocês não podiam não se machucar?!

Ele pegou Mei e levou para o barco. Eu me apoiei nos joelhos, ofegante. Meus braços estavam dormentes e minhas costas doíam, além da perna ter voltado com a dor, mas eu estava mais preocupado com Mei. Retornei Ralts e corri até a lancha.

O homem havia deixado Meiko sentada no chão com um cobertor velho jogado nos braços e corpo. Agora, na luz do sol, eu podia ver o quanto ela estava pálida e não era um nível que eu chamaria de normal. Rex, que estava nos esperando no barco, latia desesperado, numa inocente tentativa de acordar Mei. Mas ela estava em completa inconsciência.

Balancei o ombro dela novamente, mas não adiantou. O homem pegou a garrafa d'água que deixou cair antes e aproveitou um resto da água que havia ali dentro e derramou no rosto de Mei e dentro de sua boca. Ela engasgou e tossiu. Levou um longo momento para abrir os olhos brancos.

Sua expressão era sonolenta, parecia confusa, como se não lembrasse de nada ao olhar ao redor.

— Mei? — arrisquei-me a chamar.

Ela olhou para mim.

— Dan...? Eu... — ela esfregou os olhos. — A caverna... — Mei levantou repentinamente, mas o homem a segurou pelo ombro e a fez sentar novamente.

— Olha. Seja lá que merda vocês fizeram lá dentro, não vão voltar tão cedo. Muito menos você, nem levantar conseguiria. Vamos embora daqui. Espero que não coloquem a culpa em mim quando chegarmos lá.

Ele caminhou até dentro da lancha de novo e senti pouco depois, com o movimento do veículo, que voltávamos para Cerulean. Olhei para Mei.

— O que aconteceu? Você estava estranha, não deixava eu chegar perto, toda vez que eu tentava você...

Ela tocou meus lábios com os dedos, me fazendo ficar quieto automaticamente. Seus olhos demonstravam algo que eu ainda não tinha visto. Um pedido, um clamor, por ajuda.

— Por favor... Não. Hoje não.

Mei voltou a abraçar os joelhos, evitando olhar para mim.

E ela ficou assim, evitando meu olhar e sem conversar comigo sobre o assunto por mais um longo tempo.

 
Uma semana se passou sem que ela se sentisse pronta para o ginásio. Não que acreditasse que perderia. Mei dizia não conseguir se concentrar, dar o máximo de si, com a cabeça tão longe quanto estava.

Eu podia muito bem falar que era exagero dela, mas eu percebia o quão mal ela parecia estar. Seja lá o que havia acontecido na mente dela na Caverna de Cerulean, a visita ao lugar havia trazido algo realmente pesado à sua mente. 

Nós estávamos caminhando até o ginásio, com Squirtle e Magi ao nosso lado, até eu ouvir algo estranho. Uma música, como aquelas de parques de diversão. Segui andando e dei de cara com uma espécie de maquina de brinquedos. Eram daquelas bem antigas, onde você controlava uma garra e pegava um brinquedo. Aproximei-me, Mei apenas me seguiu em silêncio. Através do vidro, vi o que pareciam ser pelúcias de Pichu, Pidgey, Rattata, Spearow, etc.

Mas espera um momento…

Pelúcias não se mexem.

Quando me dei conta, os Pokémon, que eram reais, começaram a se agitar, um subindo no outro, procurando algum meio de se afastar de mim. Ouvi um arquejo e olhei para Meiko, que parecia horrorizada.

— Quem prendeu eles aí?!

Observei enquanto ela olhava ao redor, procurando algum dono daquela máquina. Eu sinceramente não estava tão surpreso. Simplesmente peguei uma moeda no bolso e coloquei ali. Ela olhou para mim com um olhar de quem pretendia me dar um sermão. Eu me adiantei.

— Tecnicamente eu vou estar ajudando um deles, certo?

Meiko apenas fez uma careta e cruzou os braços. Eu tentei não pensar no quanto ela era assustadora com aquele conjunto moletom preto e o capuz que nunca baixava em público.

Olhei para baixo. Havia um nome ali, aparentemente o nome do brinquedo. Pega-Mon¹. Que criativo.

Girei a chave na máquina e logo me foi permitido o movimento da garra.

Os Pokémon pareciam em desespero, mas eu pude notar que havia um mais rápido que todos. Ele sempre escapava do alcance da garra, mas eu não desisti. Persegui ele por um ou dois minutos e ameacei pegar um Rattata, que se encolheu. Consegui rapidamente mudar a trajetória e pegar aquele ligeirinho.

Quando o peguei, o Pichu tentou usar Trovoada de Choques, mas não adiantou muito, a garra tinha um revestimento de borracha isolante.

Soltei os controles e observei enquanto uma Poké Ball retornava o Pichu e caía através de um tubo até uma portinha em baixo, onde peguei.

Olhei para trás. Mei conversava com Magi e Squirtle. Ergui a Ball em minhas mãos.

— Pronto. Agora tenho um Pichu.

Ela levantou erguendo uma sobrancelha.

— Vamos logo embora, vovô. — Mei deu um sorriso irônico, apesar de eu ter certeza que ela ainda estava irritada com aquela máquina.

Por um momento eu ainda não tinha entendido, mas depois ri e apenas dei de ombros. Era verdade. Se não fosse por Sawk e Ralts, eu estava com uma equipe semelhante a de Ash Ketchum.

Enquanto caminhávamos, percebi que Squirtle e Magi haviam ficado para trás. Quando olhei, Squirtle usava um Jato D'água na fonte de energia da máquina e a Alakazam quebrava o vidro lentamente, libertando os Pokémon, que se espalharam por aí muito felizes.

Quando voltei a olhar para frente, Meiko andava adiantada, mas tranquilamente. Um Pidgey dos que foram soltos a rondou um momento, mas ela não pareceu perceber. Squirtle e Magi correram até ela e só me restou seguir, guardando a Ball de Pichu.

— Aquilo deve custar muito dinheiro! — avisei quando cheguei ao lado dela. — E você quebrou mesmo assim! Pensei que você havia dito que não era uma criminosa.

A resposta que tive veio seguida de um sorriso perverso.

— Todos nós temos um lado sombrio.

 

O Ginásio de Cerulean era bem grande. Seu formato era um tanto peculiar. A entrada e o pouco que eu podia ver de fora lembrava um dojo, mas as cores e o formato dos portões lembravam muito um cinturão. Como aqueles que Machop e suas evoluções usavam.

Antes de entrar, Meiko me aconselhou a verificar se Pichu estava bem, apesar de eu estar quase certo de que ela só queria conversar com ele. Liberei o Pichu, que olhou ao redor confuso e se encolheu. Ele não parecia ferido, apenas bem assustado. E, como eu havia previsto, Mei se abaixou olhando para ele.

— Pichu? Está tudo bem?

O Pokémon a observou por um longo momento, parecendo avaliar minha amiga. Assentiu. Ela continuou.

— Não se preocupe. Não vou te... prender... — ela hesitou, fechando os olhos um momento. Quando voltou a abrir, estava distante. —... em lugar algum.

Pichu hesitava, chegando perto dela devagar. A última frase dela me fez ficar pensativo.

— Na verdade, eu sei como é a sensação de ser privado da liberdade...

Pichu a abraçou e ela levantou com ele no colo, retribuindo o abraço. Indicou a mim e os dois me observaram.

— Ele é seu novo treinador. Ele é muito chato.

— Ei!

— Mas acho que é a única pessoa que eu conheço que mereceria ganhar a Liga Pokémon.

Dessa vez, a pessoa que hesitou fui eu. Nunca esperaria que ela fosse dizer algo daquele tipo. Na verdade, eu cheguei até mesmo a duvidar que ela falava a verdade, mas mesmo que ainda com o capuz no rosto, aquele lindo sorriso agora era um sorriso muito sincero.

Adentramos no Ginásio sem mais delongas. Seguimos por um longo corredor. Eu admirava a estrutura do lugar. Era totalmente igual a de um dojo!

Quando chegamos ao campo de batalha, eu estava tão distraído que só me dei conta da realidade quando aquela voz inesquecível voltou a me assombrar.

— Ora, vejam só. Dan Young.

Quando olhei para frente, paralisei. Havia uma garota que usava um vestido roxo de veludo com corpete, meio gótico e de aparência de uns dois séculos atrás, com botas pretas pesadas. Seu cabelo era ruivo, seus olhos cor de piche, e tinha um sorriso de deboche no rosto. Mas não foi aquilo que me chamou atenção.

Ao lado dela, se localizava a origem da voz grave. Vestindo uma calça jeans cinzenta e uma camiseta marrom. Observava-me com aqueles olhos castanho claro inexpressivos de cima a baixo por entre os cabelos loiros.

Minha voz saiu engasgada com meu susto.

— Aiden?!


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Notas finais do capítulo

¹: Eu imaginei isso em inglês primeiro. Mas no caso seria Pick-Mon. Como "Escolher-Mon" não soa legal, resolvi colocar algo que combine mais com o nome que imaginei e também com o nome da franquia.
Gostaram? Espero que sim! Podem comentar algum erro, dica, sugestão, opinião, teoria... Aceito comentários com amor ♥
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