Storm Born escrita por esa


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

oezão, seres de luz
bem, esse é prólogo, portanto sejam bonzinhos e segurem firme, eu sei que vai ficar confuso no começo, mas prometo que tenho as melhores e mais puras intenções de desconfundí-los depois
espero que gostem ♡



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            Por que diabos eu decidi sair de casa?, era a pergunta que se repetia várias e várias vezes em minha mente enquanto eu corria com a mochila de Jack sobre a cabeça, tão pesada e ensopada quanto minhas roupas, e me abrigava junto às construções, tentando inutilmente escapar do vento.

Passava da meia noite e eu não enxergava um palmo à frente devido à chuva. Sendo bem honesta, chamar aquilo de chuva era provavelmente o maior eufemismo do mundo. Certo, chovia há pelo menos dois meses sem parar, mas nunca nada como aquilo – não que eu me lembrasse.

Minhas pernas estavam tão frias que eu começava a sentir cãibras, os dentes batendo, o cabelo molhado grudando em meu rosto toda vez que o vento lançava as gostas de chuva em minha direção. Certo, nada de se desesperar, eu tentava me acalmar, mas entrara em uma área vazia com exceção de árvores. E ficar junto à árvores durante uma tempestade não é uma das melhores ideias do mundo.

—- Mer-da. – soletrei bem baixinho, uma nuvenzinha branca saindo de meus lábios roxos. Soltei a mochila, que escorregou por meus ombros, e corri em, o que me pareceu ser, linha reta, os braços meio erguidos à frente do corpo.

Qualquer carro que passar com certeza sentirá pena de mim e me oferecerá uma carona, eu tentava me convencer, mas aquilo parecia absurdamente ridículo e impossível quando me lembrava que passava da meia noite de uma terça-feira. Foi quando meu braço esquerdo atingiu – com força – uma estrutura de metal.

Era – ou pelo menos deveria ser, já que eu mal enxergava – um daqueles pontos de ônibus cobertos, mas com o vento chicoteando a chuva em todas as direções, de pouco importava o acrílico sobre minha cabeça.

Vamos considerar minhas opções: eu posso a) continuar aqui e me encolher contra meu próprio corpo embaixo dos bancos e então, quem sabe, em algumas horas, quando clarear, alguém vai me encontrar em estado de hipotermia e chamar uma ambulância, e então quem sabe eu talvez – talvez – sobreviva ou b) correr em direção às luzinhas ao longe, onde talvez ainda haja alguma loja de conveniência aberta.

Bufei contra as gotas de chuva e me sentei em um dos bancos. Apoiei os cotovelos congelados nos joelhos congelados e o queixo nas palmas das mãos que nunca estiveram antes tão brancas. Jack vai adorar rir da minha cara quando eu pegar uma pneumonia. A chuva não parecia disposta a diminuir, mas eu sentia que se não respirasse um pouco antes de continuar correndo meu corpo ignoraria minhas pretensões e se desligaria.

Estava tão cansada! Saíra de casa há umas duas horas e caminhara sem direção, virando à direita rua sim, rua não. Caminhar era o que fazia o nó dos meus pensamentos se desatar. Teresa avisara que choveria, mas quando saí tudo que caia do céu era uma garoa fininha.

E então começara a chover. Chover muito. E eu começara a correr, mas com todas as luzes apagadas e o vento e as gotas de chuva não conseguia enxergar nada, o que resultou em: acabei me perdendo. Sim, eu saí para dar uma volta e acabei me perdendo.

Certo, vou contar quatro vezes até dez. Um, dois... Balancei as pernas energicamente, na vã esperança de aquecê-las. Da próxima vez que Teresa tiver qualquer previsão mística e mágica sobre o clima, vou ouvi-la. Eu juro, juro, juro, vou ouvi-la e nunca mais vou... Meu pé direito atingiu alguma coisa por baixo do banco.

Me dobrei sobre mim mesma, mas não conseguia enxergar nada. Escorreguei um pouco no assento e enganchei meu pé no objeto, arrastando-o para frente. Continuava sem conseguir enxergar. Abri a mochila e remexi o conteúdo molhado, encontrando meu celular. Com sorte ele ainda tem um pouco de bateria...ou ainda funcione. Com sorte, ele funcionava. Acionei a lanterna.

Era um caderninho preto, praticamente do mesmo tamanho do meu celular. Me abaixei e o apanhei entre dois dedos tão frios que mal se dobravam. Não estava tão molhado quanto deveria, mas quando folheei rapidamente suas páginas vi a tinta borrada de uma caneta.

 Um carro passou acelerando do outro lado da rua, espalhando água das poças aos meus pés. Deixei as coisas sobre o banco ao lado e me levantei em um pulo, o mais rápido que consegui, mexendo os braços e gritando.

Mas não, ele não parou para mim, é claro que não, não enquanto parecia que as nuvens tocariam o chão e afogariam até mesmo os prédios. Você é, com certeza, a rainha do drama, Lee..., pensei e ergui suavemente os cantos dos lábios – minhas bochechas doíam à menção de qualquer movimento, meu nariz tão congelado que até mesmo respirar se tornara desconfortável.

Me sentei novamente e encolhi as pernas junto ao peito. Minha calça jeans havia colado em meu corpo, gelada, e a camisa que um dia fora de Harry não estava muito melhor. Desbloqueei o celular outra vez. Havia bateria o suficiente – por que essas coisas só ficam sem bateria quando precisamos que não fiquem sem bateria?— para uma ligação. Uma ligação bem rápida.

Disquei o número com meus dedos congelados e semi mortos, entrando em desespero ao errar um dos dígitos. Celular, por favor, mantenha-se firme. Não foi preciso esperar nem mesmo até o segundo toque.

—- Eu sabia que você me ligaria. – a voz dele soava abafada por uma risada e pelo barulho ensurdecedor da chuva que agora se tornava mais forte, meio distante do outro lado da linha. Revirei os olhos e bufei baixo o suficiente para que ele não escutasse. – Onde você está?

—- Acho que... – silêncio completo do outro lado da linha. Uma falha na ligação que quase custou meu coração – acho que estou em frente à casa dos Jones, mas eu não consigo enxergar nada, então...

—- Certo. Me dê cinco minutos.

Eu não me torturei tentando calcular o tempo, mas não deve ter levado só cinco minutos – porque nunca leva só cinco minutos. E quando um carro buzinou em frente ao ponto de ônibus, nem mesmo me preocupei em checar se era o certo. Me atirei no banco do carona e ainda sorri para o motorista.


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Notas finais do capítulo

bem, por favor, me digam o que acharamouvi dizer por aí que deixar review faz bem pra pele, pro coração e também para a autora ♡



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