Thomas

Comecei a correr por todos os lado procurando Thomas. Dany foi procurar dentro da casa e eu do lado de fora. Procurei em todos os lugares por perto da casa, mas tive a grande ideia de procurar pela floresta que havia ali perto. Era uma floresta grande, e de noite era bem escura, sorte a minha que peguei a lanterna do Dany.
— Tommy!
Comecei a gritar seu nome com a esperando de ele aparecer mas não tive nenhum sinal dele. Andei por algum tempo até perceber que eu estava perdida.
— Merda!
Aproveitei que Dany não estava lá para brigar comigo pelo palavrão. Pensei em chamar ele com o chaveiro de coração que eu tenho, mas ouvi um fraco barulho de cachoeira e segui até encontrar um pequena cachoeira linda. Me surpreendi com os vaga-lumes que davam charme ao lugar de noite. Olhei em todos os cantos até fixar em um canto que havia alguém.
— Tommy?
Ele estava encolhido numa árvore. Fui até ele e toquei em seu ombro sem ter lembrado do que ele havia feito comigo algum tempo atrás.
Thomas pulou e virou me olhando assustado e  com o rosto vermelho.
— Você está bem?
Me aproximei mas ele logo se afastou. Percebi que ele estava gelado e tremendo. Tirei sua blusa que ainda estava comigo e dei para ele, que logo pegou e vestiu.
— O que houve?
— Eu me lembro de tudo.
Falou baixo.
— Vamos voltar e você me explicar tudo por mímica para não abusar da voz.
Peguei em seu pulso e puxei para cima, mas ele logo recusou.
— Eu não posso voltar.
— Porque?
— Porque posso te machucar de novo.
Falou virando o rosto. Peguei em sua bochecha e limpei uma lágrima de lá e virei seu rosto para me encarar.
— Thomas, você é meu amigo e eu confio em você.  Vamos superar isso junto, lembra?
Ele abaixou a cabeça e chorou um pouco.
— Não posso voltar. Eu ... me lembro de tudo.
— Como assim?
— Lembro de todas as vezes que eu te machuquei. Como se eu estivesse assistindo e não tivesse controle do meu próprio corpo.  Lembro de Dragon colocando algo em minha nuca com uma seringa pessoalmente para ver minha dor. Lembro de todas as torturas que fizeram em mim e lembro de você.
— De mim?
Ele assentiu.
— Quando era pequena e teimosa.
Vi uma sombra de um sorriso em seu rosto que logo sumiu.
— Thomas, você não percebeu? Essa é a melhor coisa! Talvez com essas informações que você lembrou possa ajudar Charlie a achar uma cura!
Ele olhou para mim assustado.
— E se ele não achar? E se eu tiver outra recaída e te matar desta vez?!
Ele levantou e se aproximou de mim.
— Eu sei que você vai se controlar. E.. eu confio em você.
— Confia? Confiaria numa fera? - Aquilo me lembrou de hoje de manhã fazendo minhas pernas tremerem um pouco. - Você não tem medo de mim, Alice? De eu te machucar?
Encostei numa árvore e Thomas continuava a se aproximar.
— N-Não.
Ele colocou sua mão na árvore, próximo ao meu rosto e se aproximou mais um pouco.
— Tem certeza?
Respirei fundo e coloquei minha mãos em seu rosto enxugando as antigas lágrimas que passaram por lá.
— Absoluta.
Beijei-o com delicadeza mostrando meus sentimento. Thomas correspondeu, se afastou e me abraçou.
— Me perdoe.
— Para de falar isso. A culpa não é sua.
— Mas fui eu que te machuquei, te assustei,  quase te matei e hoje eu quase...
— Ei, eu disse para parar! - me afastei um pouco para olhar em seus olhos. - Vamos superar juntos, ok?
Ele sorriu com lágrimas nos olhos.
"Esse garoto está muito chorão ultimamente"
O beijei e depois de um tempo,  tentamos voltar. Mas estávamos perdidos e com frio. Usei meu chaveiro do SOS,  como diz Charlie e esperei por algum sinal de socorro, mas logo lembro que os dois estão ocupados.
— Tommy,  vamos ter que dormir aqui hoje. Os dois estão ocupados.
— Dois?
Expliquei para ele sobre o chaveiro e ele achou interessante.
— Dany estava te procurando dentro da casa, duvido que isso seja a longo alcance. E Charlie foi fazer o parto de Alex.
— O que?!
— Ah é.  Esqueci de te avisar. Alex entrou em trabalho de parto antes de eu vir te buscar.
Ele me puxou e assim corremos.
— O que você está fazendo?!
— Você vai mesmo deixar sua amiga sozinha?!
— Ela não está sozinha.  Esta com o Nick.
— Que Nick?
— O ruivo! Sarkozy!
— O QUE AQUELE IDIOTA FILHO DA MÃE ESTÁ FAZENDO AQUI?!
— Não precisa gritar! Olha, já que estamos perdidos até amanhã,  vou te contar o que você perdeu.
Contei para Thomas tudo desde a fuga até hoje. Ele só ouvia, mudava suas expressões e fazia algumas perguntas no meio.
— Eu perdi tudo isso?!
Ele passou a mão na cabeça surpreso. Assenti triste. Um forte vento da noite passou e, mesmo com calça e blusa mais quente,  eu ainda sentia frio. Thomas se sentou ao meu lado e me abraçou. Ficamos naquele cantinhos de uma árvore qualquer até o amanhecer,  quando nosso resgate finalmente apareceu. Mas estávamos tão cansados que eles tiveram que nos acordar antes de qualquer coisa.
Expliquei finalmente para Dany o que estava acontecendo e ele simplesmente me ignorou indo até Thomas e o abraçando forte. Sem mudar sua expressão sério.
— Nunca mais me deixe preocupado assim!
Falou para Thomas como um pai. Meu amigo apenas assentiu sem graça.
Voltamos para casa e fui logo ver Alex em seu quarto. Ela estava dormindo enquanto Nicolas encarava o berço que alguns ingleses fizeram para ela (Lauren tinha um igual). Verifiquei se ela estava bem e depois fui até o berço branco que tinha detalhes azuis.
Sim. Era um menino!
Ele era lindo e bem tranquilo.  Estava dormindo como um anjo enquanto Nick o encarava com uma expressão que nunca havia visto em seu rosto.  Ele estava apaixonado pelo bebê.
— Alice.
Sussurrou.
— Que foi?
Sussurrei também para não acordar o bebê.
— É possível eu pagar todos meus erros se eu cuidasse desse garoto?
Ele tinha um olhar preocupado.  Sorri.
— Com certeza.
Ele suspirou aliviado.
— Nick.
— Sim?
— A Alex já decidiu o nome dele?
— Fillmore Conrad.
— Que?!
— Lauren e Evan ofereceram o sobrenome,  já que Alex nunca conheceu os pais dela e sempre foi órfã.
— Entendi.  Ah! Mais uma coisa. O Thomas está lá em baixo e quer falar com você.
— O que?!
Ele falou alto demais, mas logo tapou a boca e nós dois encaramos o bebê que só se remexeu um pouco mas não acordou.
Suspiramos aliviados.
— Alex gastou todas suas forças para ter ele e mais um pouco para ele dormir.  Se ele acordasse agora, ela me mataria.
Ri um pouco e depois saímos do quarto deixando a mãe com o filho e as parteiras da Oceania que ficaram para nada de ruim acontecer.
— O que eu falo para ele?!
Nick estava ansioso.
— Diga a verdade e peça Desculpas. Ele vai entender.
Ele respirou fundo e entrou na sala de estar. Thomas estava em pé, com as mãos nos bolsos e olhando para cada canto da sala até bater os olhos no ruivo. Ele ficou sério na hora, se aproximou de Nick e eu logo senti que a coisa estava séria, então dei um passo para trás.
Thomas logo deu um soco na cara de Nicolas que cambaleou para o lado mas não falou nada.
— Isso... - Ele apontava para Nick, que ainda estava com a cabeça baixa limpando sua boca. - É por tudo que você fez comigo.
— Thomas, eu...
Nicolas levantou o rosto e logo o moreno o abraçou.  Todos ficaram sem entender nada.
— Isso é por ter salvo meus amigos.
Nicolas não aguentou e chorou nos ombros do amigo.
— Eu achei que nunca teria a chance de me redimir com você.
Thomas apenas riu. Após um tempo de drama, começamos a conversar sobre o que seria de nós todos. Dany apenas escutou com um pequeno sorriso no rosto.
Finalmente as coisas estavam ficando bem totalmente.
Lauren logo apareceu com Evan e os dois estavam sorridentes.
— A Alex deu a luz?!
Lauren deu palminhas.
— Muito bem, titia.
Evan logo me zoou.
— Cala a boca. Você vai ser pai daqui alguns dias!
Ele ficou sério e pensativo.
— Verdade, né? Se ele for que nem eu, aposto que vai acabar com esta casa em uma semana!
Todos riram e começamos a dar atenção a vida dos dois pombinhos.  Como seria a vida deles e como seria o casamento deles depois do nascimento de Lorena.
Sim, é uma menina.
Lorena Conrad.
Após algum tempo, sempre aparecia um e entrava na conversa. Se passou duas horas e muitos estavam conversando juntos do lado de fora com uma fogueira no meio. Algumas pessoas pegaram seus violões improvisados e todos começaram a cantar músicas antigas. E assim se passou mais um dia no Refúgio dos herdeiros.
Thomas já estava ficando cansado e Nicolas o levou para dormir e depois ele iria ver Alex.
Fiquei e conversei com Lauren sobre Thomas e tudo que havia acontecido durante esses dois meses. Ela ficou quieta e só mudava suas expressões,  que as vezes me distraia por ser engraçado.
Já estava escuro e todos apenas comeram alguns biscoitos e lanches simples, mas parecia que isso sustentou muitos que estavam ali.
Cansada, decidi seguir Lauren para dentro da mansão e dormir. Deixei-a no quarto dela, que era enorme também e fui para meu querido sótão. Fechei a porta atrás de mim e suspirei, já tirando a roupa e imaginando a quentinha água do chuveiro em meu corpo. Eu estava apenas com as roupas íntimas quando abri a porta do banheiro e dei de cara com Thomas com apenas uma toalha na cintura e todo molhado ainda.
Comecei a gritar.