Após algumas horas de tortura me fazendo pensar que eu iria morrer a qualquer momento, os soldados pararam e me deixaram pendurada,  sangrando por um tempo. Por sorte meu rosto não foi atingido várias vezes, fico feliz por saber que não vou ter que fazer uma cirurgia se eu sair daqui. Meus olhos estavam pesados e meus ouvidos apitando alto, como se fossem explodir, essa sensação de que não vou aproveitar minha vida que sonhei, aperta meu coração.  Então imagens de um futuro platônico passou pela minha cabeça.
Eu acariciando minha Grande barriga enquanto vejo Thomas brincando com um garoto pequeno e um cachorrinho em um parque.
Dei um pequeno sorriso ao imaginar isso, mas uma lágrima escorreu ao tentar abrir os olhos e enxergar as marcas de socos, chicotes e facas em meu corpo, e uma poça de meu sangue que pingava fazendo eco no local.
A porta se abriu e encontrei Lucas parado sobre a batente da mesma. Ele olhou para mim a colocou a mão na boca em sinal de surpreso e assustado.
Acho que foi imaginação minha, porém,  parecia que ele iria chorar. Meus olhos estavam bem pesados e meu corpo doendo pois eu estava literalmente pendurada pelos braços, sentido o gelado do chão com apenas a ponta dos dedos dos pés.
Fechei os olhos e senti as correntes ficarem frouxas, percebi que meu corpo iria cair e se chocar no chão,  mas algo quente me protegeu. Forcei meus olhos e encontrei Lucas me abraçando e chorando.
— Me perdoe.  Por favor. Eu não imaginava que ele iria fazer isso com você.
Eu não sabia se isso era real ou imaginação minha... sendo um ou outro eu não conseguia entender meus sentimentos. Eu apenas queria sair de perto dele,  fugir para longe dele. Pegar meus amigos e voltar para casa, deitar na minha cama e dormir até o dia seguinte.
Mas não.  Eu não conseguia mexer nem um dedo no momento e a cada respiração meu corpo gritava de dor.
— Eu... te... odeio.
Menti. Com todas as minhas forças,  eu queria que ele me deixasse, mesmo que fosse jogado aqui nesse chão sujo com meu sangue e gelado como o everest. Mas não foi assim. Ele me apertou contra seu peito e suspirou em meu ouvido.
— Eu sei. Eu também me odeio. Por isso vou te tirar daqui assim que possível. Por favor, aguente firme. Não me deixe agora.
Não sabia de era ilusão,  apenas adormeci sem saber se acordaria novamente.