Fix Me escrita por Angel


Capítulo 2
Sorriso Meigo




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Depois de ficar com Lucas até o horário da visita acabar, olhei para meu criado mudo e vi um bolinho de baunilha.
"Essas enfermeiras querem mesmo me matar, não é?!"
Peguei o bolinho e fui visitar o garoto, que não vejo desde de manhã. Bati na porta mas não ouvi resposta.
" O silêncio é uma resposta!"— pensei e logo entrei. Sorte a minha que aquela porta não rangia. Encontrei ele sentado no sofá, usando seu celular.
Ele olhou para mim sem expressão, mostrei o bolinho para ele e o coloquei em sua mesa e voltei para a porta.
— Obrigado. - ouvi bem baixinho, pensei que era apenas minha cabeça pregando uma peça, virei automaticamente em direção dele e vi... vi aquela expressão de anjo que havia visto ontem. Parecia um sonho, senti meu rosto queimar, fechei a boca (que percebi que estava até o chão) e voltei para meu quarto quase correndo.
"Qual o problema daquela cara? Ele é bipolar? Se fosse, ele não estaria aqui e sim num hospício!"
Não conseguia ficar em meu quarto e muito menos dormir, então sai para ver o céu estrelado pela grande janela do corredor, não consegui parar de pensar "nele" e em suas expressões... Porque estou me preocupando com isso?!
Sentei na cadeira na frente da janela e encostei na parede ao lado, cai num sono ali mesmo.
Sonhei com uma lembrança de quando era pequena, eu estava chorando porque meus pais não estavam em casa e Lucas estava na cama com muito frio. Fiquei ao seu lado mandando que ele melhorasse, ele abriu os olhos lentamente, deu um pequeno sorriso e falou que estava tudo bem. Eu o abracei e mandei ele prometer que nunca iria me deixar.
Acordei ainda no sofá, senti meu rosto queimar, encostei apenas dois dedos e senti as lágrimas em minhas bochechas. Olhei para o lado e, com muito esforço, vi aquele garoto me encarando assustado. Ótimo, mais uma expressão totalmente diferente! Enxuguei meus olhos com a manga da minha camiseta e sai de lá sem encará-lo.
— Espera!
Ele pegar meu pulso e senti sua mão gelada. Apenas parei, mas não consegui olhar para trás.
— Desculpe por ser grosso hoje mais cedo. -Voltei a sentar encarando o chão. Ele suspirou e soltou meu pulso. - Desculpe por ter sido um idiota, você não merecia isso, eu estava de mal humor e descontei tudo em você. Olhei para ele com os olhos inchados, ele me deu um sorriso meigo... outra expressão diferente, mas que me deixou calma.
Ao limpar novamente o rosto, vi ele esticando a mão para mim.
— Podemos começar de novo? Pode me chamar de... James.
Apertei sua mão gelada.
— Mary Anne.
Mary Anne?!? Porque senhor eu falei o nome da minha mãe?! Será que foi automático? Ou senti que ele também estava escondendo alguma coisa de mim... eu não confiava nele, mas queria conhecê-lo. Voltei a terra quando ele começou a falar.
— Espero que você possa me desculpar por hoje, houve umas coisas que não me deixaram muito feliz.
— Sei que ainda sou uma estranha, mas se quiser falar. Pode começar.
Falei enquanto ficava de "índio" em cima da cadeira esperando que ele falasse.
— Não é nada de mais.
— Então não tem problema em me contar.
Dei um pequeno sorriso e me inclinei para frente me apoiando com as mãos fechadas esperando a história. Ele olhou para mim com uma expressão de dúvida, depois suspirou.
— Tudo bem. Hoje era para ser um dia especial, um dia feliz. Eu iria receber muitas visitas e sorrisos, e meu quarto estaria cheio. Mas ninguém apareceu. É só isso.
— Oi? Com certeza você está esquecendo de alguma coisa! Que dia é hoje? E... Quem viria? Porque esse rancor todo por causa de hoje?!
— Acho que já é o bastante. E além do mais, já está tarde. Boa noite.
— Espera! - peguei em seu braço antes de ele virar a cadeira. Olhei para ele, seu rosto estava triste, como de uma criança que não ganhou presente de ... - Hoje é seu aniversário?
Ele olhou espantado e logo virou o rosto, ignorando minha pergunta e indo embora. Descobri! Por chute! Acho que já posso tentar apostar num cassino!
Depois que ele foi embora, fiquei pensando na história que ele disse e fui até a recepção falar com Marcia, uma das enfermeiras do plantão da noite.
— Em que posso ajudar, meu bem? Já não está tarde para passear nos corredores?
— Marcia, quem é aquele garoto do último quarto. E você sabe que dia é hoje?
Ela olhou para mim assustada e depois olhou para duas colegas que também estavam com as mesmas expressões ao ouvir minha pergunta.
— Alice, você falou com ele?
— Sim. Tentei conversar com ele, mas ele é muito mal humorado e misterioso.
— Minha pequena, ele não fala com ninguém. Poucas pessoas o visitam, pois dizem que ele matou várias pessoas de uma gangue e como vingança, quebraram as pernas dele.
Minha boca caiu ao ouvir tudo aquilo. Não conseguia acreditar.
— E quem te falou isso?
— É difícil saber a fonte das fofocas neste hospital, pois ele é imenso. Mas me contaram que foi uma moça de cabelos negros e curtos que o viu fazendo tudo isso.
— Sei. Aposto que essa mulher queria apenas atenção!
— Mas ele não fala com ninguém do hospital! E sobra para eu cuidar dele, pois todos tem medo de entrar naquele quarto.
— Nesse caso, só acredito vendo!
— Mas tenha cuidado, doce. Não se cutuca uma fera com vara curta!
— Você e suas frases. - ri um pouco com a careta de Marcia. - E que dia é hoje?
— hoje é quinta, 6 de novembro.
— Valeu, tia! - dei um beijo em sua bochecha fofa e rosada e voltei ao meu quarto, pensando no que ouvi hoje e o que eu poderia fazer para saber mais.


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