Arborescente escrita por nywphadora, nywphadora


Capítulo 8
Capítulo oito




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Rachel Ward era uma garota baixinha e morena de olhos cinzentos, que parecia ter 14 anos. Aparentemente, seus “negócios” eram o que ajudava nos sustentos dos seus aliados. Onde conseguia as coisas era um mistério para mim, preferi não perguntar.

, ― Quem são vocês? ― perguntou, descendo as escadas do prédio.

Parecia que só tinha eles dois ali, mas eu não contaria com isso.

― Aeryn e Karen ― disse a minha amiga ― Somos da Franqueza. Viemos aqui porque Nolan Denski nos pediu.

― Aquele viado... ― Rachel revirou os olhos ― Está bem! O que ele quer desta vez?

― Bebida alcoólica ― disse, ela me olhou debochada como se eu fosse uma criança.

― Nolan é um bêbado ― debochou ― Que tipo?

― Whisky ― respondeu Karen.

― Certo, pegarei vodca ― disse Rachel, virando as costas para nós e subindo as escadas novamente.

― Acho que ela estava te testando ― sussurrei.

― Nolan sempre pede vodca ― o garoto confirmou.

― Qual o seu nome? ― Karen sorriu, e eu arregalei os olhos pela sua audácia em tentar conversar com o garoto.

Ele deixou escapar uma risada, sem responder. Tinha certeza de que eu estava vermelha de vergonha pelo surto dela, descontei isso dando-lhe um tapa nada discreto.

― Ai! ― reclamou Karen, desfazendo o sorriso.

Para minha sorte, Rachel logo chegou, segurando duas garrafas de líquido transparente.

― Espero que seja suficiente ― ela disse, dando uma garrafa para mim e outra para Karen.

― Obrigada ― agradeci, antes que saíssemos.

― Evan ― o garoto murmurou, antes de sairmos.

Karen não escutou, eu virei-me para ele, confusa.

― O meu nome é Evan ― disse, antes de fechar a porta do prédio.

***

― Ai, meu Deus! Finalmente vocês chegaram! ― exclamou Todd, levantando-se.

― Preocupado, Pilger? ― provocou Karen, deixando a garrafa de vodca bem aparente.

― É claro que sim! Se a Trudie nos pegar, nos ferramos os cinco ― ele disfarçou, mas eu não acreditei nem um pouco nessa história.

― Passa a bebida pra cá! ― disse Jesse, estendendo a mão.

Dei a minha para ele, mas Karen abriu a tampa da que segurava e bebeu uma longa  tragada.

― Opa! Vai com calma! ― exclamou Todd.

Ela o ignorou, continuando a beber avidamente. Depois, estendeu a garrafa para mim, mas eu neguei com a cabeça. Não me importava que me chamassem de Careta, não depois de ir até a área dos sem facção para pegar bebidas alcoólicas clandestinamente, embora Karen me acompanhasse.

― Aquele garoto era um gatinho ― comentou Karen, como se falasse do tempo.

― A bebida já tá fazendo efeito ― brinquei, nervosa pelas sobrancelhas levantadas dos garotos.

― Que garoto? ― perguntou Todd, com a expressão séria, pegando a garrafa de Nolan.

― A área tá cheia de garotos ― disse Jesse, revirando os olhos ― Anda logo com isso!

Todd levou a garrafa para a boca e deu um gole rápido, antes de devolvê-la, sem desviar o olhar de Karen.

― Ele nos levou a Rachel ― disse Karen, casualmente ― Não nos disse o seu nome.

Isso não convenceu aos três, mas Nolan e Jesse resolveram deixar o assunto de lado. Depois de um tempo ali, consegui encontrar um lugar onde a fumaça do cigarro não viesse, por causa do curso do vento. Estava surpresa de como eles fumavam, já tinham quase acabado com o maço.

― É melhor irmos para dentro ― disse Karen, por fim ― Odeio dizer isso...

― Não ― choramingou Todd, abraçando a cintura dela, que o empurrou.

― Tire as mãos de mim, Pilger! ― reclamou, levantando-se.

― Acho melhor irmos atrás de remédios para ressaca, esse daí vai precisar ― disse Nolan, olhando debochado.

― Tanto faz! Eu só quero chegar no dormitório antes da Trudie ― me manifestei, começando a caminhar em direção à sede ― Duvido que nossos colegas vão nos acobertar.

― É óbvio que não! Estamos na Franqueza ― disse Karen, revirando os olhos, e percebi a idiotice que disse.

― Por isso mesmo ― tentei não me envergonhar pelo meu deslize.

Nolan e Jesse, como previsto, tiveram que carregar Todd até lá. Depois disso, os três desapareceram e eu tive que seguir com Karen até o dormitório.

― Parece que a tarde foi boa ― disse Mischa, rancorosa.

― Foi ― disse Karen, com simplicidade, antes de subir na sua parte do beliche.

Peguei a apostila e comecei a ler, mesmo sabendo que estaria mais despreparada em relação aos outros no dia seguinte. Não subi para ver o que Karen fazia. Provavelmente, estava dormindo, sem nem se importar com isso. Nascendo na Franqueza, já dava para  saber algumas leis de lá.

― Vamos esperar a Trudie ― escutei Reilly cochichando.

O que elas iriam fazer? Nos entregar?

Não esperava que fossem nos encobrir, caso perguntassem por nós, mas também não esperava que fossem nos entregar sem motivo algum. Talvez fosse para terem melhor posição na qualificação.

Ignorei os cochichos dela e voltei a prestar atenção na página da minha apostila. A porta abriu um tempo depois, mas não me importei em subir o olhar.

― Entrem! Rápido! Ela está vindo! ― alguém gritou.

Todos correram para seus beliches, pegando suas apostilas no meio de toda a correria, para fingir estar estudando. A porta se abriu de novo, e Trudie entrou.

― Já estiveram estudando por toda a tarde, é hora de descansar agora ― disse, sorrindo orgulhosa de nós.

― Trudie, tem horário de recolher, mas já estamos recolhidos ― disse Mischa.

― Tenho certeza de que alguém vai querer dormir aí ― disse Trudie ― E precisam estar descansados para amanhã de manhã.

― Deixa a gente ficar mais um pouco ― pediu a voz de Pacey.

― Não somos da Erudição ― alguém gritou.

― Resolvam-se entre si ― Trudie deu de ombros, antes de sair do quarto e fechar a porta.

Ouvi um suspiro coletivo quando ela sumiu e um dos garotos correu para a porta, para conferir o som de seus passos enquanto ela ia embora.

― Eu vou é dormir! ― ouvi Jesse reclamar, enfiando-se debaixo das cobertas.

Eu continuei lendo a apostila, na medida do possível, até que o cansaço não me deu mais espaço para raciocinar e entender o que estava na minha frente.

Olhei ao redor, e percebi que vários estavam com a cabeça caída em cima da apostila. Parecia que apenas eu e Pacey ainda estávamos acordados, lendo. Apaguei a luz do meu abajur, coloquei a apostila em cima da mesa de cabeceira e virei-me para descansar.

 


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