POV Elijah Mickaelson

  Mal dormi a noite, ansiava pela manhã para que pudesse me encontrar com Audrey. Cada parte dela me intrigava, por mais que ela já tivesse contado sua história havia algo nela que sempre me fazia querer saber mais. Sinto que algo me conecta a ela.

  Quando a claridade começa a invadir meu quarto, me levanto e em cerca de meia hora já estou saindo de casa rumo ao ponto de encontro determinado por Audrey. Pelo que ela me disse, Mystic Falls é uma cidade vigiada. Os próprios governantes sabem sobre o sobrenatural e não importa o quão discreto sejamos... eles sempre nos descobrem.

  Vejo nos olhos de Audrey que ela vive em constante medo, estou indo até esse encontro para saber o porque de permanecer aqui em meio a tanto risco.

  O dia está frio, não se vê o sol e é possível contar nos dedos de uma só mão o número de pessoas que estão na rua. Tento chamar o mínimo de atenção, transmitir que estou apenas caminhando pela manhã.

  Quando me aproximo da entrada do bosque já a avisto. Está usando um vestido da cor creme e uma capa verde escura, seus cabelos ruivos caem até um pouco acima da cintura cacheando nas pontas e o vento faz com que alguns fios voem.

 - Vejo que é pontual - Digo me aproximando dela.

 - Ou talvez seja você que está atrasado. Vamos logo, não podemos ser vistos - Diz ela com sua típica frieza, adentramos no bosque e caminhos para alguns minutos em pleno silêncio.

  Após mais alguns minutos, consigo ver o que seria o final do bosque e minha suspeita estava certa. As árvores acabam e me deparo com um belo campo aberto, com uma grama alta e algumas flores.

 - Esse é o único lugar em que posso considerar seguro, as pessoas não tem o costume de explorar o bosque. Aqui podemos conversar sem correr o risco de sermos escutados.

 - Para onde está me levantado?

 - Você verá - Ela vira a direita e vai reto, até que um pouco mais além avisto uma ponte de madeira rústica, atravessamos e andamos mais um pouco por um caminho de terra e enfim vejo uma casa.

 - É por este motivo que permaneço em Mystic Falls - Diz Audrey olhando para a casa.

 - Você mora ai?

 - Quando me transformei pela primeira vez, demorei um certo tempo para assumir o controle perante as minhas ações. Mas quando o encontrei me lembrei que a minha avó tinha uma irmã que morava aqui, então eu vim pra cá em busca de ajuda - diz ela não olhando para mim - Quando ela me viu de início não queria me ajudar, mas depois de um tempo ela enxergou o desespero em meus olhos e me acolheu.

 - Qual o nome dela? - Pergunto.

 - Era Natacha, eu contei a história toda para ela e avisei que nossa família estava morta. Ela me ajudou a encontrar uma harmonia entre o sangue bruxo e o sangue vampiro e fez de tudo para me proteger, chegando a lançar um feitiço sob essa casa que impede que as pessoas que passem a vejam.

 - Então por que eu consigo enxerga-la?

 - Por que eu estou deixando. Caso o contrário tudo o que veria seria árvores. Ela veio a falecer já faz alguns anos, mas eu permaneci nessa casa pois a considero segura. É distante da cidade e não é visível aos olhos deles.

 - Então por que ainda sente medo? - Lanço a pergunta.

 - O que?! - Ela se volta para mim.

 - Vejo em seus olhos que teme a tudo e a todos nessa cidade, não só a mim. Anda pelas ruas olhando para os lados, em alerta constante. Está me pedindo para partir Audrey, mas eu não sou o seu verdadeiro problema...

 - Elijah - Ela tenta me interromper, mas eu não permito.

 - Olhe pra você, perdeu toda a sua família, está carregando uma maldição e insiste em permanecer em uma cidade repleta de caçadores. Isso vai te matar.

 - O que você tem a ver com a minha vida Elijah? Isso não interfere nada em você eu estou te alertando para te poupar dessa vida!

 - Não, você está pedindo que eu vá por que tem medo de mim. Tem medo que eu a ataque, mesmo sabendo que é capaz de me derrotar. Tem medo que eu seja que nem o meu irmão.

  Ela se cala, atingi um ponto sensível demais. Mas não andarei para trás agora.

 - Por mais que eu te diga que sou diferente dele, você não acreditará em mim. O que você quer que eu faça para acreditar em mim?

 - Eu não sei Elijah! - Diz ela gritando - Mas mesmo que eu saia de Mystic Falls e fosse para qualquer outro lugar eu continuaria vivendo em constante medo - Ela retira a capa, deixando seu rosto mais nítido - Olhe para mim, como eu vou poder ter uma vida normal sem me esconder tendo esse rosto! A minha vida nunca mais será a mesma, independentemente de onde eu estiver e você nunca parou pra pensar que talvez eu queira ficar aqui por ser o lugar que me lembra mais a minha família.

  Eu me calo. Ela está certa, Klaus fez uma cicatriz tão grande que a fez desconfiar de tudo e de todos. Essa casa é a coisa que a faz se sentir mais perto da família, não estou no direito de questiona-la.

 - Perdoe-me, eu não quis...

 - Esqueça Elijah. Eu já deveria ter me acostumado com isso, afinal já faz mais de 700 anos.

  Eu me aproximo mais dela e retiro uma mexa de seus olhos.

 - Nós nunca nos acostumamos com o sofrimento, o máximo que conseguimos e aprender a lidar com ele.

  Ela me olha de maneira curiosa, sinto a confusão mental em sua mente. É como se uma parte dela quisesse confiar em mim, mas a cicatriz emocional acaba falando mais alto. Estamos muito próximos, consigo sentir o cheiro dela e a sua respiração.

 - Por que está aqui Elijah?

 - Como?

 - Os Mickaelson se sacrificam um pelo outro, por que está aqui, distante de todos?

   Me afasto.

 - Precisava de um tempo de tudo, respirar novos ares. A Europa já estava começando a me sufocar.

 - A Europa ou isso tem a ver com alguma garota?

 - Muita coisa aconteceu entre mim e os meus irmãos nesses últimos anos e devo admitir, uma garota entrou em minha vida. Se chamava Katherina, uma beleza estonteante, mas sinto que o coração dela já não seria mais o mesmo.

 - Como assim? - Não posso conta-la que estive ajudando Klaus a se tornar um híbrido. Se disser Audrey jamais se quer pensará confiar em mim.

 - Ela teve de partir, não sei mais onde se encontra. Apenas sei que ela estava diferente da última vez como se nunca mais fosse ser a mesma.

 - Em outras palavras você está fugindo da sua família, querendo ou não Elijah você não quer que eles o encontrem. Temos mais coisas em comum do que eu pensava.

  É então que trovões começam a se ouvidos e pingos de chuva começam a cair sobre nós.

 - Entre antes que piore - Diz ela indo pra casa, seus cabelos vão ficando úmidos junto com o seu vestido.

 - Por que praticamente todas as vezes que nos encontramos está chovendo?

 - Não sei, mas eu gosto de chuva. Talvez seja por isso, a natureza gosta de aceitar os meus desejos - E pela primeira vez eu a vejo sorrir, um sorriso aberto que faz seus olhos se fecharem e eu não consigo deixar de acha-la mais linda do que já é.